– Só vocês mesmo – revirou os olhos e entrou no banco da frente. Me sentei na janela, Gabriel no meio e Rafaela do outro lado. Minha mãe veio e ligou o carro. Saiu na garagem, e logo já estávamos na rua.
Tirei meus fones de ouvido da bolsa.
– Qualquer coisa me cutuquem – olhei pro lado, Gabriel também estava com os dele, e Rafaela mexendo no MSN do celular. Mas que vicio, credo.
Coloquei os fones e apoiei a cabeça no vidro, fechando os olhos.
Dormi, é. Eu nem me lembrava mais do caminho, mas nem era muito longe. Uns 90 km da minha cidade apenas.
Senti uma cotovelada.
– oi oi, acordei – dei um pulo, e disse ainda meio tonta. – O que foi?
– É pra você acordar, diz sua mãe que já estamos quase chegando – Rafaela disse, sorrindo.
– Ah, mãe, falta quanto?
– Sei lá, falta pouco – ela disse. Olhei pela janela, agora eu já estava sabendo aonde estou. Mais uns 5 km e já estamos chegando.
Fiquei olhando na janela, até entrarmos numa estrada de chão. É, chegamos. Minha mãe parou o carro de frente pra porteira, e ela se abriu sozinha. Fiquei olhando pela janela, era bonito, tanto verde.
Minha mãe estacionou o carro, e eu desci. A casa continuava a mesma, tudo continuava o mesmo.
A não ser por... Meu pai ?
– Oi gente – Um homem TOTALMENTE diferente do antigo saiu da varanda e desceu as escadas.
Cabelos não-brancos, magro, estilo totalmente humilhante, barba feita, sem óculos, olhos azuis mais azuis que antes, corte de cabelo moderno. Esse não pode ser o Ricardo, não mesmo.

– Oi Nina – é, é ele sim. Ele tem mania de chamar minha mãe assim até hoje – oi Jubs – ele veio até mim e me abraçou. Retribui o abraço, a falta que eu sentia desse abraço não cabia mais em mim.
– Oi pessoal – ele disse acenando.
– Oi – responderam em coro. Fui até Gabriel e Rafa ajudar com as malas.
Entramos dentro de casa, já eram 9:30.
– Vamos armar as barracas? – Dudu perguntou.
– Vamos Dudu – sorri e puxei Gabriel para me ajudar com nossa barraca grande.
Fomos até o gramado, e começamos a montar.
– Eu monto essa aqui com o Dudu – Emilio chegou e foi ajudar o Dudu.
Luiz e Rafa vieram ajudar a montar a nossa, e logo já estava prontinha. Ela era grande, mas nem tanto. Íamos dormir espremidos nós 5. Mas nada ruim, já que estava fazendo frio.
Colocamos os colchonetes e os edredons, travesseiros, repelente, lanterna, tudo que era necessário.
Emilio chegou tirando os sapatos e pulou lá dentro.
– To vendo que vou dormir bem aqui – ele disse colocando a mão atrás da cabeça.
– Ah vá – pausa – meu amor, quem dera, mas você não vai dormir aqui. – Luiz piscou – Vai ser só eu, a Ju, a Rafa, o gostoso do Dudu e o delicia do Gabriel – ele mordeu a boca.
– Xiii, Luiz para senão vai espantar os meninos hein? – Rafaela disse dando um tapinha no braço dele.
– Eu vou dormir do lado da Ju – Eduardo pegou seu travesseiro e colocou do lado do meu que estava na parte do canto da barraca.
– Eu vou dormir no outro canto – Rafaela pegou seu travesseiro e jogou.
– Eu vou dormir com a Ju – Gabriel deu um sorriso e tacou seu travesseiro no MEU canto. Rawr.
– E eu do lado dessa sedução, hm – Luiz viu seu travesseiro sobrando entre Dudu e Rafa.
– E eu? – Emilio fez biquinho.
– Você? Tem sua barraca – Rafaela disse.
– Ah, mas eu queria ficar aqui com vocês.
– Queria Emilio, queria! - dei um sorriso

Ele fez biquinho.
Puxamos ele de dentro da barraca, e fomos andando em direção á casa.
Estava de braços dados com Rafa e Gabriel.
– Ju, me explica uma coisa? – Rafa perguntou.
– O que?
– Por que sua mãe e seu pai se separaram?
– É, eu também ia perguntar – Gabriel disse.
– Não sei, mas acho que basicamente porque minha mãe não estava mais gostando de viver aqui, e porque ela achava que meu pai era um velho pra ela.
– Velho? – Gabriel arregalou os olhos.
– É, antes era. Mas acho que ela se impressionou agora – afirmei.
– Eu também acho. Mas como ele era? – Rafa perguntou.
– Bom, tinha cabelos brancos. Usava um óculos horroroso. Tinha barriguinha. Mais cabelos brancos. Barba. – pausa – é, eu também apoiava minha mãe antes, ele era horrível! – retruquei.
– Nossa, em compensação ne...
– É. Daqui a pouco ela tá correndo de volta pra ele, eu acho que ela e o Emilio não vão durar muito. Pra mim isso é só um foguinho dos dois... – disse sorrindo. Eles assentiram com a cabeça, e entramos dentro de casa.
Minha mãe estava sentada na mesa com meu pai conversando e tomando vinho – eca.
Emilio ao ver aquilo, franziu o cenho, soltando um olhar perfurador. Bom, acho que nem minha mãe e meu pai perceberam, mas todos nós sim.
– Hum – resmunguei baixo perto de Emilio.
Pois é eu to torcendo pra minha mãe trair ele com meu pai pra ele ver o que é bom pra tosse.

– Gente, que tal uma fogueira e um churras? – meu pai perguntou se levantando.
– Eu acho bom – sorri.
– Eu acho muito bom – Emilio falou.
– Eu acho melhor ainda, a fome tá me atacando – Luiz exclamou, todos riram.
– Ok, vou mandar providenciar – meu pai sorriu e saiu da sala. Nos sentamos no grande sofá, e liguei a TV – muito grande pro meu gosto – e coloquei em algum canal de TV a cabo.
[...]
– Que frio cara! – exclamei ao sair de dentro da casa. Eram 10:40 da noite, estava congelando.
– Toma Ju – Dudu tirou seu casaco e colocou sobre meus ombros.
– Ah Dudu, não precisa – sorri, tentando devolver o casado.
– Não, faço questão, estou quente aqui – ele mostrou a camisa de manga comprida e riu.
– Se você diz – sorri e me embrulhei na jaqueta. Nos sentamos na mesa grande perto da piscina e da churrasqueira, atrás da fogueira e ficamos conversando, os 8.
Me sentei de frente pra fogueira junto com o Gabriel e o Luiz. Ficamos conversando, e toda hora eu olhava pra direção dos outros que ficaram na mesa, e tipo, estava rolando um certo climinha entre minha mãe e meu pai. Não que isso seja ruim. Mas minha mãe estava abraçada com Emilio, e toda hora ela dava uns olhares pro Ricardão. Me dava vontade de rir. Mas não, eu segurava.
Serviram a carne e tal, e depois ficamos conversando nós todos de frente pra fogueira até mais ou menos 01:30.
[...]
– Todos os meninos saem da barraca porque eu e a Rafa vamos trocar de roupa – disse empurrando Dudu Gabriel e Luiz pra fora.
– Ah – Gabriel fez uma cara triste.
– Nada de safadezas Gabriel, pra fora – apontei e começamos a rir.

– Eu podia ficar – Luiz disse – na verdade vou, vou trocar de roupa logo. – ele entrou dentro da barraca de novo – não quero esses garotinhos vendo minha intimidade – comecei a rir, junto com Rafaela.
– O Luiz pode, só ele – Rafaela fechou a abertura da barraca, e trocamos de roupa rápido.
Vesti uma calça quente, e uma blusa quente. Calcei minha meia e minha pantufa. Coloquei meu travesseiro no meu lugar. Terminei de me vestir e fiquei esperando. Rafaela também já estava vestida e Luiz estava terminando.
Abrimos a porta, e os meninos entraram na barraca.
– Agora vamos nos trocar, podem ficar aqui se quiserem – Gabriel disse, rindo.
– Eu vou ficar, lógico! – Luiz piscou.
Eles entraram debaixo das cobertas – tenso – e saíram vestindo suas roupas. Gabriel estava com um samba-canção e o Dudu com uma bermuda qualquer e uma camisa. Gabriel não usava nada, apenas a cueca – tá, o short.
– ô menino, assim você me mata – Luiz exclamou, e começamos a rir.
– Vai sentir frio – sorri.
– Vou não, você me esquenta – ele piscou – mas é serio, eu não sinto tanto frio assim – sorriu.
– Fecha aí – falei, e Dudu terminou de entrar e entrou debaixo da coberta no seu lugar.
– Vou dormir, to com sono – Rafaela disse abaixando seu protetor de olho ou seja lá o que for aquilo – boa noite, e sonhem com minha pantufa seduzente, RAWR! – ela levantou um pé e mostrou sua pantufa de garras. É, foi engraçado pra quem viu.
Entrei debaixo da minha coberta, e os outros dois ficaram se olhando.
– Anda, deitem – apontei pros lugares .
– Agora a Ju me esquenta, tchau Luiz - Gabriel deu um tchauzinho pra ele.