– Só com um beijo de príncipe – fechei os olhos de novo.

Senti um beijo no canto da boca, de borboleta. Tá, nem chegou a encostar direito.

– Pronto, pode acordar – ele disse. Tomei um susto.

– Seu bobinho – me sentei no banco.

– Vamos?

– Vamos, não vai andar mais?

– Não, já são 15:00, tenho que ir pra casa... infelizmente.

– Ah, então vamos – me levantei e peguei meu patins, pendurando ele nos meus ombros. Desliguei minha musica, mas ele pegou um dos fones da minha orelha, e se juntou a mim.

– Liga alguma aí – ele pegou o Ipod da minha mão e colocou alguma musica pra tocar.

Passou sua mão livre pela minha cintura e ficou abraçado comigo. Olhei pra ele, e ele sorriu.

Saímos andando, e os velhinhos ficaram olhando pra gente com os olhos ainda brilhando, nossa que clichê.

– Vou te deixar em casa – ele sorriu.

– Tudo bem – sorri, e fomos andando. Chegamos na pracinha.

– Agora você me guia até lá – ele olhou pra mim.

– Positivo capitão – coloquei a mão na testa, fazendo um símbolo de exercito, e ele riu junto comigo.

Fomos andando até minha rua.

– Nossa, você mora perto de mim, moro aqui nessa rua.

– Ah, eu também – pausa – pera, serio?

– Aham, moro ali – ele apontou para uma casa branca enorme frente pra minha. É, minha mãe estava certa, eles se mudaram mesmo, e minhas teorias também estavam corretas, era ele.

– E eu aqui – apontei pra minha casa.

– Serio?

– Aham, - peguei a chave no meu bolso e balancei na cara dele.

– Uau, que incrível Ju! – ele me abraçou mais. Já estávamos na porta da minha casa.

Escutei o portão se abrir, e minha mãe saiu abraçada com Emilio.

Emilio narrando

– Julia? – Marina perguntou.

– Não mãe, um coelho – ela revirou os olhos.

Calma, quem é esse garoto? Que mão boba é essa?

– Caham – tossi, cara, eu tinha que tomar alguma atitude.

Julia olhou pra mim

– Algum problema Emilio? – ela perguntou.

– Muitos problemas – respondi sorrindo.

Muitos problemas, vários problemas. Quem é esse aí?

– Quem é Julia? – Marina perguntou, olhando para o garoto. Ela é tão versátil.

– Meu amigo Gabriel – ela sorriu.

– Prazer – ele jogou o skate no chão e estendeu sua mão para MINHA mulher.

– Prazer é todo meu – ela sorriu – você é nosso novo vizinho, ou estou enganada?

NOVO VIZINHO? Então quer dizer que, além de tomar essa porcaria de liberdade com a MINHA Julia, ele ainda vai morar praticamente grudado com ela? Ah não, aí já é demais.

– É mãe, eles são os novos vizinhos, mas por favor, sem entrar em detalhes – Julia sorriu.

– Ah, esse é Emilio, - Marina soltou minha mão e me apresentou a ele.

– Namorados? – ele perguntou. Ah, menino indiscreto é fogo.

– Sim, somos – ela sorriu.

Ele me encarou, com um olhar assustado.

“O que que é, perdeu alguma coisa aqui, tem um guaxinim na minha cara garotinho?” pensei.

– Amor, tenho que ir – na verdade não tinha, mas não estava aguentando mais ver a Ju agarrada com esse garoto.

– Já?

– Sim, tenho uns trabalhos pra fazer – menti. Eu e a Julia iríamos conversar brevemente, mas não podia ser agora. Bateríamos um papo reto.

– Que pena – ela disse, e eu peguei a chaves do carro, destravando o alarme.

– Tchau Emilio – Julia sorriu.

– Tchau Ju – cheguei mais perto dela, segurando discretamente na sua cintura – o outro lado já que o tal Gabriel estava tomando uma – e apertei de leve. Isso poderia ser considerado um abraço. Não no meu ponto de vista.

Ela me deu um beijo na bochecha, e eu sorri. Marina veio até mim me dando um beijo, e eu entrei no carro.

– Até amanhã – ela sorriu.

– Até, te amo – liguei o carro, e ela saiu. Arranquei e dirigi tranquilamente até em casa, tentando tirar a Julia, e principalmente o Gabriel da cabeça. Eu estava sentindo ciúmes? Não pode ser, eu não sinto ciúmes, nunca senti ciúmes, não vai ser dessa vez que estou sentindo, não mesmo.

Xô, sai ciúmes.

Fim da narração de Emilio