Me despedi da Rafa na porta, e sai andando.

Passei pela secretaria e depois pela portaria, e sai andando pela rua.

Eu não estava afim de ir pra casa, não mesmo. Resolvi ir pra pracinha tomar um ar, lá é meu lugar preferido depois da minha casa. E eu tenho uma arvore só minha lá. Bem, não é só minha ne, mas eu já me habituei a sentar debaixo dela toda vez que estou ali.

Andei devagar, tentando pensar em outra coisa pra poder esquecer minha dor de estomago.

Cheguei e me sentei na grama debaixo da sombra da árvore, e peguei meus fones de ouvido. Liguei uma musica qualquer no meu celular e me encostei na arvore, fechando os olhos e tentando prestar atenção na letra da musica pra poder esquecer minha dor, e PRINCIPALMENTE tentar esquecer esse meu ciúme bobo, inútil e errado.

Bom, acho que consegui ne, porque peguei no sono rapidinho. Dormir está me fazendo bem ultimamente.

Dormi uns 10 minutos, até sentir um esbarrão e uma lambida na cara.

Tomei um susto e joguei tudo que estava no meu colo no chão. Abri os olhos. Um cachorro bege me lambendo, que nojo.

– Sai daqui cachorro, anda anda – empurrei ele pela pata. Ele parecia mansinho.

Calma, eu conversando com cachorro? Isso num é normal não.

– Cachorro! Volta aqui! – um menino vinha correndo na minha direção, na verdade na direção do cachorro.

E o cachorro avançava mais em mim.

– Desculpe garota, serio – ele sorriu tentando tirar o cachorro de cima de mim.

– Nada, ele é um doce – doce, sei. Tirando a parte que ele me deixou toda imunda com suas patas marrons de terra e sua língua babada, ele é até agradável, e fofo.

– Prazer, Gabriel – ele sorriu. Morri.

Ele era lindo, loiro com o cabelo jogado na testa, usava um boné e uma bermuda, com uma camisa. E um tênis DC, parecia aqueles playboyzinhos sei lá o que.

– Julia – sorri.

Ele se sentou ao meu lado

– Qual o nome dele? – perguntei, quebrando o silencio.

– Cachorro.

– Cachorro?

– É, o besta do meu irmãozinho que deu esse nome. Estou com ele aqui passeando hoje, mas ele já aprontou demais, já vamos pra casa.

– Ah, nome criativo – ri.

– Onde mora?

– Um pouco aqui perto.

– Estuda no Rio Branco?

– É,

– Isso explica o uniforme – ele riu.

– É, mas, sei lá,

– Por que tá aqui?

– Passei mal, e resolvi dar uma saidinha – pausa – mas já melhorei – eu já havia melhorado.

– Ah... Eu moro aqui perto também, sou novo. Me mudei a pouco tempo – ele sorriu.

– Ah!

– Me passa seu telefone? A gente pode sair qualquer dia pra você me mostrar a vizinhança.

– Claro que sim – peguei sua mão e anotei o numero do meu celular.

– Obrigada – ele se levantou, e puxou o cachorro – tenho que ir, ainda tenho que levar o cachorro no veterinário – sorriu. Ele usava aparelho, era tão meigo o sorriso dele – beijos

– Beleza, pode ir – sorri. – Até depois.

– Depois te ligo Julia – ele sorriu e saiu puxando seu labrador bege de pelos brilhantes calmamente.

Olhei no relógio, eram 10:00. Resolvi ir pra casa.

Peguei minhas coisas, coloquei dentro da bolsa, e me levantei.

Passei na padaria da esquina, e comprei um suco de uva. Sai andando tomando calmamente, e meu celular começa a tocar.

I'm only gonna break break ya break break ya heart (8)

Peguei o telefone e atendi, mas continuei andando.

Telefone on

– Alo?

– Filha?

– Pai?

– Tudo bem?

– AH, PAI QUANTO TEMPO !

– Que saudades,

– Eu também pai,

– Tudo bem Julinha?

– Tudo ótimo, e você? Como vai aí?