– Olá amor – ele disse descendo a escada e dando um beijo na minha mãe. Eca, garoto corajoso. Ok, nem tanto, minha mãe é bonita sim, e é em forma sim, coisa pra poucas.
– Olá meu bem – ela sorriu – Filha, esse é o Emilio.
– Cara, você estuda na minha escola – ele disse olhando para mim.
– Acho que é. – Eu não achava, eu tinha certeza. Então quer dizer que aquele garoto do terceiro ano, que só andava num grupinho de meninos “zoadores”, se chamava Emilio? Eu não sabia seu nome, até agora, mas, eu e o Luiz costumávamos chama-lo de coiso. Tudo bem, éramos novatos, não tínhamos a obrigação de saber da escola inteira. Mas voltando, eu simplesmente odeio o metido do Emilio/Coiso. O garoto mais chato, insuportável, nojento, invejável e lindo da escola. Ele é, é... ah, nem sei mais que adjetivos escrever pra esse idiota.
– Você é a Julia, do primeiro ano não é? – ele disse olhando pra mim.

– Sou.
– Você deve ser da sala do Eduardo então...
– Não sei, quem é Eduardo? – falei de besta mesmo, eu desconfiava que era o garoto sentado na escada, mas, não custa nada perguntar e irritar um tiquinho, HAHAHA
Emilio revirou os olhos disfarçadamente.
– Ele – apontou pro garoto. Ele olhou pra mim. Cara, ele era perfeito, lindo. Mas nunca vi ele na minha sala, nem na escola.
– Eu não fui essa semana. – ele disse. – de que sala você é Julia?
– 102.
– A mesma da minha. Que bom, podem... – pausa – esquece, esquece.
– Ah tá.- cortei o papo, é. Eu não aguentava mais ficar ali.
– Você é muito diferente da sua mãe – Emilio disse pra mim. Ok, vou considerar isso como uma ironia, afinal não poderia ter sido um elogio – vamos entrar? – ele disse se afastando e pegando na mão da minha mãe.
Eduardo se levantou, e veio em minha direção. Os outros dois “pombinhos” entraram.
Tentei ir atrás, mas não havia jeito.
– Oi Julia.

– Oi.
– Tudo bem com você?
– é... tudo, tudo. – pausa – eu acho – sussurrei. Ele sorriu. – e você?
– Levando. Mas então, piscina daqui a pouco com uns amigos, partiu? – ele disse me olhando de cima abaixo. Não me senti nada á vontade com isso.
– Acho que não...
– Ah, vamos, vai ser legal. Te apresento uns amiguinhos meus, e umas amigas também.
– Não, obrigada.
– Ah vai, não custa nada... prometo que vai ser legal.
– Vou pensar. – disse nervosa. Eu não queria mesmo, só de pensar em biquíni, eu já me arrepio toda. E ainda mais que eu nem conheço ninguém direito, não ia rolar sol e novos amigos, não não.
– Fechou então. – ele saiu e entrou pela porta.
Fiquei olhando pro nada, quando ele aparece só com a cabeça pra fora.
– Não vai entrar? – ele disse com cara de assustado.
– é... vou, vou. – minha espinha gelou. Não pergunte por que, são coisas estranhas que acontecem comigo quando entro em “choque emocional” (qq) mesmo. Menos, muito menos. Fui até a porta, e entrei. Oks, a casa era perfeita, sem descrições. Eduardo estava do meu lado, e eu olhando pra todos os lados. É, super discreta.
– O que foi?
– Nada, nada é só que... – pausa – sua casa é incrível.
– Obrigada. – ele sorriu pra mim.

Entramos na cozinha, e eles estavam conversando sentados na bancada.
– Tem certeza que quer ficar aqui? – Eduardo disse pra mim.
– Acho que não. Papo de “maduros” não me interessa nem um pouco.
– E o que te interessa? – ele me lançou um olhar “20seduzir”. Eu ri, e ele também.
– Coisas.
– Hum, coisas...
– Não pense duplo sentido tá – falei fechando a cara.
– Ok ok, não penso. Mas e então, o que quer fazer?
– Não sei.
– Vamos lá pra fora então. – ele disse me puxando. Eu não sabia para onde estávamos indo. Entramos numa enorme sala de TV, e depois saímos na varanda que dava de frente pra um deck com uma piscina enorme.
– Uou.
– o que?
– é, é... – pausa – lugar bonito.
– Vamos nos sentar ali – ele apontou pra mesinha redonda ao lado da piscina com um guarda sol. Fomos até lá, e me sentei de frente pra ele.

Ele ficou me fitando por um tempo, e eu confesso que fiquei acanhada. Mas, ele tinha alguma coisa, que eu certamente não sei explicar, que eu me sinto mais á vontade do que com qualquer outra pessoa, parece que minha timidez passa, sei lá, é estranho.
– Sua mãe é bem jovem... – ele disse.
– Acha?
– Sim, e tipo, pro MEU IRMÃO gostar dela, tem que ser muito descolada e tal.
– Nossa, eu não acho minha mãe descolada. Acho ela descontrolada, isso sim – ele olhou pra mim e riu.
– Ela é até legalzinha, ela já esteve aqui algumas vezes e a gente se divertiu. Quando ela está no meio de nós, ela parece ter 20 anos no máximo.
– Comigo não, ela parece ter 60. – pausa – tá, menos, uns 40, ou seja, a idade fisiológica dela.
– Mas, já tentou se divertir mesmo com ela, tipo, uma balada, piscina, jogar e tal? Coisa de jovens...
– Não. Sabe, eu não sou muito sociável. – pausa – Ah, estou desabafando, vou parar, você não se interessa.