– Uau! 2 agarradas só hoje? Hun, eita eu no seu lugar! – Luiz falou, se virando e mexendo no meu estojo para o professor não perceber.

– Luiz! – gritei.

– Algum problema ai? – o professor se virou.

– Não, não... normal, é que ele... estava pegando a caneta sem ela deixar – Rafaela respondeu.

– Hunf – o professor bufou, e se virou pra lousa novamente.

– Não conversem comigo – sussurrei. Encostei minha cabeça no caderno, e fiquei rabiscando a capa, enquanto o professor de matemática enchia nossa cabeça de informação.

Passei as três ultimas aulas, rabiscando a folha do caderno, e rabiscando minha mão. Não prestei atenção em nada, era impossível. E por que? Porque eu não conseguia tirar o Emilio da cabeça.

Mas eu o odeio, ele é idiota, e, afinal, porque estou pensando nele? Parece que meu consciente não aceita que ele é um galinha safado e sem vergonha.

O sinal finalmente tocou, e eu peguei minha mochila, indo para o portão. Agora, mais uma jornada até chegar em casa, e hoje estou indo a pé.

Me despedi de Rafa e Luiz, e sai andando. Estava ficando exausta, mas enfim cheguei em casa.

Abri o portão, seguindo para a porta da cozinha. Minha mãe estava terminando o almoço.

– Oi mãe – falei sorrindo.

– Oi filha! – ela me deu um beijo na testa – como foi sua aula?

– A mesma chatice de sempre, nada de novo. – respondi, saindo da cozinha.

Subi as escadas rápido, e entrei no meu quarto. Joguei a mochila na escrivaninha, e peguei um short. Estava dentro de casa, então, eu me permitia usar roupas curtas.

Entrei no banheiro, e vesti meu short. Prendi o cabelo, e sai do quarto.

Desci as escadas devagar, entrando na cozinha logo em seguida.

– Estou com fome mãe! – gritei da porta.

– Já está servido – ela disse, se virando para mim e pegando dois pratos. Peguei o meu, e olhei na panela.

Minha mãe havia feito arroz com strogonoff. Nada mal, afinal, minha mãe nem faz almoço direito.

Me servi, e sentei na mesa.

– Então filha... O que está achando do... Emilio? – Minha mãe disse. Não acredito que ela está falando naquele inútil traidor. – como foi a carona?

– Ah... foi bom. – respondi tentando olhar para meu garfo.

– Só bom? – ela perguntou.

– É. Você queria que fosse o que? Emocionante? – perguntei.

– Bem... não sei. – ela ficou pensativa.

”Eu perguntava do you wanna dance, e te abraçada do you wanna dance, lembrar você, de um sonh...” (8)

Seu celular começou a tocar, com aquela musica ridícula, aquilo me dava vergonha quando estávamos em publico. Fiquei calada, apenas comendo um pouquinho em cada garfada.

– Oi nenis – ela respondia, aparentemente era o Emilio, eca – Sim, Especial. Ok. Estou esperando – Ela desligou o celular.

Olhei para ela.

– Emilio está chegando para almoçar aqui – ela disse.

Empurrei o prato pra frente.

– Perdi até a fome – disse me levantando da mesa.

– Julia? Você não perdeu a fome coisa nenhuma, para de gracinha. O que foi? – ela disse, apontando para a cadeira.

– Nada mãe – terminei de me levantar.

– Sim Julia, alguma coisa tem ai. O que houve entre vocês? – ela perguntou, desconfiada.

– Nada mãe, já te disse – menti :x

Me afastei da mesa.

– Vocês brigaram? – ela me encarou.

– Não mãe! Já te falei que não aconteceu nada! Apenas já estou cheia! – falei um pouco mais alto.

– Tudo bem... se quiser conversar... – ela disse. Ouvi uma buzina de carro, e ela se levantou.

Revirei os olhos, e sai. Entrei em meu quarto, fechando a porta. Fui ao banheiro, e escovei os dentes.

Peguei o telefone, eu tinha que contar isso para alguém. Fui até a sala, pegando o telefone sem fio.

Coloquei o dedo no botão Power, e o telefone começa a tocar na minha mão.

Telefone on

– Alô? – perguntei.

– Ju? – uma voz conhecida respondeu.

– Sim, quem fala?

– Dudu.

– Dudu, - falei empolgada. Conversar com ele era tudo que eu mais queria agora. Me sentei no sofá da sala.

– Ju, tudo bem?

– Ah, acho que sim...

– Por que acha?

– Coisas.

– Quer desabafar? – ele riu, eu ri.

– Acho melhor não... você vai ter traumas.

– HAHAHHAHAHAHAHA – ele deu uma gargalhada.

– Isso é serio.