- Eu dependo de você Gabriel – disse, abrindo os olhos.

Acordei assustada, e me sentei na cama. Era a sétima vez que eu sonhava com Gabriel nesse tempo em que ele se foi. E todos os sonhos eram assim, lembranças.

Eu senti, que se eu estivesse feliz, ele também estaria feliz, aonde quer que fosse. Então, eu devia seguir minha felicidade. Eu estava feliz com Emilio, mais que feliz. Então acho que estava fazendo a coisa certa, vivendo minha felicidade. Eu iria aproveitar enquanto estava com Emilio, que era a pessoa certa para mim.

Olhei no relógio, eram 10:40 da manhã. Me levantei da cama, e fui ao banheiro. Tomei banho, me vesti com uma roupa de ficar em casa, e desci para tomar café.

- Bom dia mãe – sorri me sentando na mesa.

- Bom dia Ju – ela respondeu.

- Hm, o que tem de bom? – perguntei abrindo o pote de biscoitos.

- Hoje? Nada – ela riu.

- Credo – respondi balançando a cabeça – tudo bem, eu vou comer biscoitos – ri, e peguei três dentro do pote.

- Hm, o que vai fazer hoje? – perguntei.

- Hoje? Nada, e você?

- Eu nada, vou estudar, e arrumar minhas coisas, amanhã vou pra escola.

- Vai?

- Vou sim.

- Ah, que bom filha! – ela sorriu – que bom que você vai voltar, sei lá, eu estava ficando preocupada...

- É, vou voltar sim. Só não sei como vou fazer pra esconder isso – disse apontando para minha barriga.

- Ah, esconder o que? – ela disse – ninguém vai ligar, e se alguém ligar, manda ir pra pqp – ela disse e me assustou.

- Nossa... – disse rindo.

- Tá, mas se alguém vier falar alguma coisa, é só você ignorar – ela sorriu – você tá linda, perfeita, e nada vai mudar – ela sorriu.

- Ah então tá ne – olhei assustada e me levantei da mesa com alguns biscoitos na mão.

- Aonde vai?

- Pro meu quarto – sorri.

- Tá bom – ela disse, e eu sai da cozinha. Subi as escadas, e entrei no quarto.

Passei o resto do dia, e da tarde, trancada no meu quarto. Emilio me ligou duas vezes, e minha mãe saiu. Fiquei mexendo nos meus materiais, e no computador conversando com a Rafa, e o povo.

Fui dormir ás 9:00, e minha mãe não havia chegado ainda, ela tinha saído com meu pai sem hora pra voltar. É.

Gotta chance my answering machine, now that I’m alone (8)

Acordei com o despertador tocando, e o desliguei. Me levantei da cama, e fui ao banheiro. Tomei um banho, e vesti meu uniforme. Coloquei uma calça jeans, uma blusa mais larga e um all star azul antigo. Coloquei um casaco da GAP grande, o que ajudou mais ainda a esconder minha barriga. Passei uma maquiagem de leve, e escovei os dentes. Desci para a cozinha, e tomei um copo de Nescau com biscoito. Escovei novamente os dentes, e peguei minha mochila.

Sai de casa, e fui andando para a escola. Andar sozinha me trazia lembranças, terríveis, de quando eu ia pra escola com o Gabriel. Apenas em ir pra escola, me trazia lembranças ruins.

Senti meus olhos arderem, e escorrer uma lagrima por meu rosto. A enxuguei com a manga do casaco, respirando fundo e mordendo a boca, para não chorar mais.

Fui até a escola escutando musicas, e entrei. Todo mundo ficou olhando para mim, com cara de tipo “ãn? Ela voltou?”. Entrei na sala, e me sentei no lugar de sempre. Acabei me lembrando também, do Dudu. Abaixei a cabeça sobre a carteira, e fechei os olhos.

- O que? A Ju? – Luiz chegou me cutucando.

- É, por que? – perguntei assustada olhando para ele.

- Menina, que saudade! – ele gritou me abraçando com força – pera ai, que que isso? – ele olhou assustado para minha barriga, e colocou a mão em cima. Tirei sua mão rápido, antes que pudesse ser notado.

- Eu to grávida – sussurrei, mordendo a boca. Ele não sabia.

- O que? – ele se assustou, colocando a mão no peito e se sentando na carteira.

- É isso mesmo – disse baixo – mas xiu, ninguém pode saber!

- Tá, não vou contar, mas o que? – ele abriu a boca – como assim dona Julia? Como não fiquei sabendo disso antes? Como você não em contou? Como você conseguiu me esconder isso esse tempo todo?

- Ah, num sei – olhei confusa – acho que agora cresceu mais, por isso. Antes dava pra esconder numa boa ne...

- Nossa, me conta tudo! – ele disse, se ajeitando na carteira e dando um sinal para Larissa.

O professor entrou na sala de aula, e me cumprimentou. Contei tudo á Luiz, e ele perecia louco. Surtou principalmente na hora que mostrei minha mão direita com um anel, e contei quem me dera.

- O QUE? – ele gritou. A professora deu um pulo da certeira.

- Calma Luiz – disse o puxando para se sentar de volta.

- Algum problema crianças? – a professora nos olhou com fúria. Crianças, tá.

- Não, nenhum professora – disse e dei um sorriso amarelo a ela – Luiz, se você gritar mais uma vez eu vou dar na tua cara – sussurrei entre dentes, e ele riu.

- Mas Ju, como assim, o Emilio? Casamento? Noivos? – ele olhou assustado abrindo a boca.

- É Luiz, fica calmo – disse.

- Mas como assim, você num odiava o Emilio?

- Ele mudou agora está... diferente. – disse, sorrindo.

- Só espero que ele não faça com você a mesma coisa que ele fez com tua mãe.

- Mas se ele fizer, está ferrado comigo – disse – e eu acredito que ele não faça, não.

- É, já que você diz... – ele disse, e o sinal tocou.