Cap. 3 – Ele vai o que?

Mais tarde naquele mesmo dia, Maria e eu fomos até a casa dos Masen, não muito longe da nossa.

– boa tarde, meu amor! – mamãe me abraçou. – perdoe-me por não estar em casa quando você acordou, mas Elizabeth e eu tínhamos muitos assuntos a tratar.

– boa tarde mamãe... – sorri e olhei sorridente para minha madrinha. – boa tarde tia Liz... – sentei-me no sofá, entre as duas.

– boa tarde, minha londrina... – ela beijou minha testa.

– então, o que fez esta manhã? – mamãe perguntou.

– fiz meu desjejum com meu pai e saí pra passear com minha ama. No caminho encontrei com Katherine, depois com Edward e, para meu pesar, Tracy. – pronunciei com seu nome com nojo. – voltamos para casa, almocei, eu li um pouco e depois viemos para cá. – sorri.

– Tracy? Tracy Gylloward? – Tia Liz questionou.

– infelizmente sim... – suspirei.

– não gosta dela? – minha madrinha perguntou.

– sem ser grosseira, acho o jeito dela se portar um pouco... Vulgar. – pouco é elogio, pensei. - ela parece ser uma caça-dotes, me perdoem a ofensa, mas essa é minha opinião. Ela se vangloria por ser herdeira de uma indústria de sei lá o que, mas sei que ela sente inveja de mim por ser mais rica, mas bonita e ter um sobrenome famoso espalhado pelo mundo. No fundo, ela queria ser eu, herdeira de um dos estilistas mais famosos no mundo e ainda dono de uma editora de prestígio no mundo inteiro. Quem ela pensa que é? – disse ultrajada e percebi a expressão incrédula das mulheres a minha volta. Senti meu rosto esquentar de vergonha e sorri me desculpando. – perdoem-me pelas palavras, mas não pude contê-las.

– já entendemos que não gosta dela, meu amor... – mamãe disse sarcástica e nós rimos. Maria me lançou um olhar sugestivo: “Ciúmes”.

Era isso o que eu sentia? Eu nunca costumei falar tanta coisa ruim de uma pessoa como desta vez, mas nada que eu havia dito era mentira. E eu gostava de Edward. Muito. Ciúmes é uma emoção apaixonada, não era? Estaria eu, apaixonada por Edward Masen?

– já vi que terei de rever meus conceitos... – ouvi minha tia murmurar.

– por quê? – perguntei.

– nós havíamos conversado muito... Achamos que já estava na hora de Edward assumir um compromisso com alguém. Pensamos que Tracy seria a pessoa certa para ele, mas... – ela ia continuar, mas parou ao ver minha expressão pálida. – querida, você está bem?

Mas eu não pude responder. Estava chocada demais para pronunciar qualquer palavra que existisse. Chocada demais até para acenar com a cabeça, mostrando que estava tudo bem. Mas eu não conseguia. Eu estava magoada. É claro que eu não tinha o direito de estar, ele era meu amigo, mas... Ali estava o ponto. Ele era meu amigo. Meu melhor amigo. E não havia me contado que iria se casar. Não havia me contado que ia se casar com aquela mulher.

– ele vai se casar? – sussurrei, o choque mais que evidente em minha voz.

– estávamos procurando alguém boa o suficiente... – Elizabeth disse pesarosa. Mamãe afagou meu rosto, preocupada. Maria me olhava penosa.

– eu vou pra casa... É sempre um prazer ver a senhora, Tia Liz. Repasse minhas lembranças ao tio Edward. Mamãe, vejo-te em casa. Vamos, Maria... – não esperei nenhuma delas responder e, aos prantos, saí porta afora, esbarrando e caindo nos braços de quem eu menos queria ver naquela hora.

– Bella, o que houve? – ele perguntou preocupado. Desvencilhei-me brutalmente de seus braços e o olhei irritadas, com os olhos embaçados e o rosto molhado pelas lágrimas.

– espera que seja muito feliz com a Tracy, Edward. – disse entre dentes e, antes que ele me segurasse, saí correndo de volta a minha casa, com Maria em meu encalço.