Cap. 2 – Katherine.

- seu pai já foi, querida. – Maria entrou no escritório, me assustando, já que eu estava imersa em pensamentos.

- Maria! Pregou-me um susto! – exclamei e pus as mãos sobre o coração, procurando acalmá-lo.

- perdoe-me querida. – ela sorriu, se desculpando.

- minha ama querida não acreditará no assunto que meu pai queria tratar comigo. – disse a ela.

- nem consigo imaginar... – ela disse.

- papai veio me lembrar que meu aniversário de 17 anos está se aproximando e que deseja me ver casada, daqui há, no máximo, dois anos. – suspirei meio indignada.  - Estamos no século XX, as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mundo dos homens e logo meu pai, um dos homens mais modernos que conheço, está se prendendo a um costume tão arraigado quanto o casamento na minha idade! Não preciso de homem algum para viver...

- ele está correto. Não é de bom tom uma menina tão bonita como você, tendo tantas posses quanto você, com tantos homens querendo-a, não ser comprometida. O que me faz lembrar que isso já não é mais um problema, já que existe um Masen em seu caminho. O marido perfeito... – Maria disse animada e eu a olhei abismada.

- contenha-se Maria. O que sinto por Edward é algo que deve ser mantido em segredo. Vamos dar uma volta? – pedi, tentando mudar o assunto.

- tudo bem, vamos... – ela concordou. Então nós saímos para passear. Andamos poucos minutos, até encontrarmos minha amiga, Katherine, e sua ama, Emily.

- bom dia Kathy. Aproveitando o ar fresco? – a cumprimentei com um abraço.

- bom dia Bella. Emily e eu resolvemos espairecer um pouco. – ela sorriu. Sentamos em um banco da praça a conversar sobre diversas coisas, nossas amas conversavam atrás de nós também.

Foi quando eu o vi. Perfeito como sempre, Edward Masen, meu pesadelo, bem como meu sonho, e meu melhor amigo, caminhava em nossa direção com um belo sorriso em seu rosto perfeito que parte de mim dizia que era pra mim e outra parte (a que menos me agradava) se recusava a acreditar. Meu coração perdeu algumas batidas ao encarar aquelas lindas e brilhantes orbes verdes.

- veja quem vem vindo, amiga. Vou deixá-los a sós... – Kathy sussurrou e, antes que eu pudesse revidar, Edward já havia se aproximado o suficiente de nós.

- bom dia meninass... – ele nos cumprimentou com aquela voz rouca e sexy que acelerava minha pulsação toda vez que eu a ouvia.

- bom dia. - Disseram em uníssono. Eu só me dei ao trabalho de sorrir. E ele estranhou.

- que bom que apareceu, Edward. Assim minha amiga terá com quem conversar. Eu já estava de saída. – Kathy disse e eu, disfarçadamente, a fuzilei com os olhos. – vejo os dois mais tarde. – ela sorriu e, levando Emily em seu encalço, puxou Maria para que fosse com elas.

- menina, eu não me demoro. Tome cuidado, entendeu? – Maria disse e, antes que ela saísse, Edward lhe falou:

- eu tomarei conta dela, Maria. Não se preocupe. – eles sorriram e as moças nos deixaram a sós. – você não respondeu ao meu bom dia, minha londrina... – eu adorava aquele apelido, que sua mãe me dera um dia, saindo daquela boca perfeita que eu queria que fosse minha.

- bom dia. – disse seca e dei um pigarro.

- por que está tão fria com seu melhor amigo? Fiz-lhe algum mal? – ele perguntou preocupado e eu suspirei. Ele não tinha culpa de eu gostar dele e não ser correspondida.

- perdoe-me Edward. Estou meio confusa hoje. – falei sincera e vi aquele sorriso torto que eu tanto amava lampejar em seu rosto de anjo.

- que tal darmos uma volta e você me conta o que aconteceu? – ele propôs e me estendeu o braço. Peguei-o e nós começamos a passear. – me diga o que a deixa confusa. Talvez eu possa ajudar...

- meu pai e eu tivemos uma conversa um pouco desagradável depois do café... – murmurei.

- vocês discutiram? – ele perguntou com um tom um pouco incrédulo.

- mas é claro que não Ed. Você sabe que eu nunca discutiria com meu pai... – falei e ele sorriu aliviado. Vi um sorriso fofo lampejar em seu rosto quando ouviu o apelido carinhoso que havia lhe dado anos atrás. Eu devia estar enlouquecendo.

- então, sobre o que se tratava esta conversa? – me incitou a continuar.

- ele apenas queria me lembrar do marco após os meus 17 anos. – dei de ombros. Edward pensou um pouco e suspirou assim que entendeu do que eu estava falando.

- ele já escolheu um pretendente? – acho que era apenas meu coração distorcendo as coisas, mas seu tom de voz me pareceu enciumado.

- não. Ele espera que eu escolha. – suspirei. – mas nenhum homem nesta cidade me interessa... – menti. – então, logo ele decidirá por mim...

- nenhum homem mesmo a interessa nesta cidade? – ele nos parou um de frente pro outro e depositou toda a intensidade daqueles olhos verdes em mim.

Esqueci como pronunciar as palavras naquele instante. Esqueci como se respirava. Abaixei a cabeça e olhei para o chão, o rosto fervendo pelo corar. Tentei entender os significados ocultos naquela frase.

- bom... – tentei falar coerentemente assim que lembrei de como respirar e a cor normal de meu rosto havia voltado, olhei pra ele corajosa, meus olhos queimavam seu rosto, mas, antes que eu pudesse pronunciar uma palavra se quer, nós fomos interrompidos pela inconveniente Tracy Gylloward, herdeira de uma fábrica de alguma coisa, mas não mais rica do que eu.

- bom dia Ed! – ela se pôs ao lado dele e pegou sua mão.

Ele fez uma carranca irritada e soltou a mão de Tracy com um pouco de brutalidade. Nada de mais, mas a magoou. Mas vê-la com a mão na dele me deu um ódio tão profundo. Uma sensação estranha no estomago, a respiração um pouco mais rápida e superficial. Eu precisava de calma. Mas que direito ela tem de se dirigir a ele usando o MEU apelido?

- já disse que você não pode me chamar desta forma, Tracy. – ele falou um pouco irritado. Ri internamente. Um sorriso sinceramente deslumbrante brotou em meu rosto. Edward olhava para meus lábios de uma forma... Diferente. Ou eu estava delirando novamente.

- perdoe-me, Edward. - ela disse um pouco frustrada. Olhou pra mim com desdém e me lançou um sorriso falso. – bom dia Isabella.

- bom dia Tracy. – respondi educadamente.

- bom... Edward, podemos conversar? – ela disse a ele e me lançou um olhar sugestivo. Como se me dissesse: “Ande, vá embora! Ele é meu!”. Sorri irônica e dei de ombros.

- ah, me perdoem por estar atrapalhando... Podem conversar a vontade, eu já estou de saída. – Edward me fitou desesperado e eu sorri. – até, Ed. – sorri sinicamente para Tracy, que me fitou furiosa por somente eu poder chamá-lo de Ed.

Saí de lá graciosamente, mas com os olhos marejados de tanta raiva e tristeza. É claro que ela seria a escolhida. E eu? Não sou boa o suficiente? Sou mais educada, mais refinada, mais bonita, mais inteligente, mais pura, mais rica e mais humilde, pois não saio dizendo minhas posses para todo mundo. Mas ela, ao contrário... Tenho certeza que já se deitou com vários homens. E quer dar uma de pura para a sociedade.

- o que houve querida? – Maria me abraçou ternamente, mas eu contive as lágrimas enquanto pude.

- não houve nada, ama. – menti. - eu só quero ir pra casa...

- claro que aconteceu algo. O que aquela garotinha insolente Gylloward fez a você? – Maria parecia conhecer todos os meus pensamentos.

- nada, por favor, me leve embora... – sussurrei.

- não senhora. Não permitirei que estrague seu dia por causa desta desclassificada, por sobrenome Gylloward. Ela não irá impedir nossa diversão... – Kathy disse sorridente e eu sorri. Eu tinha a melhor amiga que existe.

- o que seria de mim sem vocês... – suspirei e nós rimos.