O Fantasma e a Mediadora: A terra das sombras escrita por RaySabrina


Capítulo 4
Capítulo 2 parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, olha eu aqui de novo, espero que gostem.
E sejam bem vindos, leitores novos.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/301465/chapter/4

  Com a chegada da manhã, a família acordava agitada, a casa ficou barulhenta. A senhora Ackerman entrou e saiu do quarto muitas vezes, arrumando qualquer detalhe, o que me incomodou. Após algumas horas, toda a família, tirando Max, foram até ao automóvel. Iam a um tal aeroporto, decorei o nome de tanto falarem, buscar a nova moradora. Sentado no assento da janela, observei o carro ir, tentando decidir se ficaria ou não. Mesmo me fazendo essa pergunta não obteve resposta. Não conseguiria ir, algo me prendia a esse lugar, no entanto não podia ficar e dividir o quarto com uma dama. A indecisão era algo que me atormentava, então iria decidir após conhecê-la, o que me deixava mais curioso sobre ela. Por alguma razão que eu não podia explicar, imaginava que teria a mesma idade de David. Talvez fosse meu desejo, assim poderia ser mais fácil minha convivência com a garota, caso eu ficasse. ¡ Lo que no estaba en lo cierto! (O que não era certo!)

  Passado as horas, ainda sentado na janela admirando a bela vista, notei um carro - assim o chamavam - se aproximar, parando na entrada da casa. Vi a família sair. Finalmente chegaram, iria conhecer a nova moradora. Esperava ver a garota com vestido rendado ou vesti moderna, contudo feminina. De início não notei nenhuma moça além da senhora Ackerman com eles, o que me deixou intrigado, onde ela estava, todos se encontravam fora do carro. Após um tempo percebi que havia um garoto a mais, olhei atentamente para ele, me surpreendendo ao perceber que era uma garota. Não havia notado quando saiu do carro, a razão era suas vestes nada feminina, o que me fez confundi-la com um menino. Só percebi ser uma moça quando olhou em direção a casa, consegui notar seu longo cabelo escuro e sua face delicada. Era jovem, não uma criança como esperava. ¡En absoluto! (Não mesmo!)

  Passado a confusão, percebi que dividiria o quarto com uma moça jovem. O que não poderia, seria desonroso de minha parte, afinal era uma dama. O que faria agora, como seria minha situação? Não podia ficar no mesmo lugar que ela. Respirei fundo, passando a mão pelo cabelo, tentando organizar minhas idéias. Ainda os observando, notei saírem de minha visão, haviam entrado. Tentava pensar em uma solução, não conseguia encontrar nenhuma, então deixei para decidir quando ela estivesse no quarto e pudesse a conhecer melhor. Apesar da certeza que eu teria que partir, por mais que quisesse ficar. Não poderia fazer isso com a família. Talvez ficasse por perto, outro lugar da casa, não precisamente o quarto. ¡Esa era mi última opción! (Essa era minha última opção!)

  Estava silencioso, até que pude ouvir passos vindos na direção do quarto. Endireitei-me ficando posicionado de uma forma que pudesse ver a porta. Vi entrar primeiro o casal, logo depois deles a moça e os irmãos parando atrás, eles observavam tudo. A vendo melhor, não parecia ser a mesma garota que havia visto lá embaixo, não tinha aspecto de garoto apesar das vestes, de perto, era bem feminina. Ela olhava para o quarto admirada, assim me parecia. Usava um par de botas por cima da calça, que devo comentar já estava bem desgastada, estando toda rasgada na parte do joelho, também vestia uma camisa preta, um casaco estranho por cima. Nunca havia visto uma dama vestida assim, seminuas sim, aparentando ser um garoto, não. Caminhava pelo quarto observando tudo, pensativa, eu continuava sentado confortavelmente no assento da janela, assim imaginava estar, olhando para eles. ¡La familia reunida! (A família reunida!)

  Não podia ver seu rosto claramente, só quando virou para o lugar onde eu me encontrava e parou, seus olhos arregalaram um pouco, voltando logo ao seu normal. Eram verdes, belos olhos, assim como a própria moça, hermosa. Ainda me perguntava, o que havia a surpreendido há pouco? Talvez fosse a bela vista que a janela lhe proporcionava, apesar de ainda está distante e não poder apreciar melhor. Havia quase certeza que viria até a janela, para observa melhor a paisagem, no momento que fizesse, sairia de seu caminho. Só que não fez, voltou-se para sua família, o que estranhei, pensei que qualquer um se encantaria com a visão de toda Carmel. Olhei para sua mãe, que observava atentamente a filha, a senhora Ackerman passou da expressão de ansiedade para preocupação, soltando um suspiro. ¿Lo que molesta? (O que há preocupou?)

-Ah, Suze, outra vez?!...

  O que havia acontecido? Não conseguia entender o que estava havendo. Ficaram em silêncio, Suze - como foi chamada - ficou parada, sob o olhar preocupado da mãe. Pude perceber que o senhor Ackerman e os garotos estavam tão confusos quanto eu. Suze... será que era esse seu nome, apesar de sua mãe ter a chamado assim, achava que fosse um apelido. Se eu estivesse certo, qual seria seu nome, Susan, Suzane ou Suzana. Deixei meus pensamentos e voltei a observá-los, ela estava de cabeça baixa, pensativa, notei sua mãe olhar algumas vezes para o marido, que levantava as sobrancelhas, estava estranhando tanto quanto eu. A Sra. Ackerman parecia ficar mais apreensiva com o passar do tempo, ficando aliviada, quando sua filha levanta a cabeça e fica de frente para sua mãe.

-Deixa pra lá, mãe. Esta tudo bem. O quarto é maravilhoso. Obrigada mesmo.

  Não consegui entender, parei de olhar a moça e passei para mãe, que ainda mantinha a preocupação no rosto. Parecia não acreditar nas palavras da filha e devo admitir que nem eu. Ela estava tentando conforta a inquietação da mãe, achava que a senhora Ackerman concordaria comigo.

-Que bom, que bom que você gostou – disse ela apreensiva, apesar de aceitar as palavras da filha. – Eu estava meio preocupada. Isto é, sabendo como você não gosta... bem, de lugares antigos.

  Estranhei, por que ela não gostava de lugares antigos? Essa conversa não estava fazendo nenhum sentido para mim. ¡En absoluto! (Não mesmo!)

-Na boa, mamãe – não havia entusiasmo em sua voz. – Muito bom. Adorei.

  Que palavras eram aquelas “na boa”, não compreendi. Assim que ela terminou de falar, o Sr. Ackerman andou pelo quarto mostrando os detalhes, como as luzes que podiam acender e apagar batendo palmas. Confesso que achei interessante aquela engenhoca, até testei para ver se funcionava comigo, me surpreendi quando consegui ligar a lâmpada, achei divertido, fiz isso muitas vezes, até que uma vez parou de acender, em minha opinião não parecia funcionar bem. O Sr. Ackerman entrou um dia para verificar se estava tudo em ordem, tentou acende-la só que não conseguiu, então disse que estava queimada, o que estranhou. Até pensou ter sido um dos meninos, fiquei receoso de os castigarem por algo que fiz, no entanto não os culparam. Descobri que não podia fazer aquilo muitas vezes, que se fizesse, queimaria. O que estranhava mais ainda, não via pegar fogo e nem sentia cheiro de queimado. ¡Creo que cometió un error, no funcionó! (Acho que ele se enganou, não funcionava!)

  Voltei minha atenção ao homem que parecia contente em mostrar o quarto, hermosa o seguia, estava a chamando de hermosa, surpreendi a mim mesmo. Quando o senhor Ackerman terminou, saiu dizendo que faria o jantar. Fiquei surpreso por ele ter que cozinhar, achava que era obrigação da mulher, depois descobri que gostava e que era comum nessa época homens cozinharem. Seria um jantar em homenagem a ela. Os meninos também saíram, deixando mãe e filha a sós, ao menos para eles, eu continuava no mesmo lugar, interessado na conversa, apesar de ser errado. Tinha a desculpa de estar a conhecendo, afinal moraria em meu quarto, como eu insistia em afirmar. A senhora Ackerman foi até a cama e sentou, fazendo com que a filha virasse para olhá-la. Desse modo pude confirma o que já havia constatado, era muito bonita a moça. ¡Muy hermosa! (Muito bela!)

-Está tudo bem mesmo, Suze? – perguntou para a filha, que mantinha os olhos na mãe. – Eu sei que é uma mudança muito grande. Sei que é pedir muito de você...

  Hermosa, novamente a chamando assim, não respondeu de imediato, tirou o casaco e jogou ao lado da mãe.

-Esta tudo bem, mãe. Mesmo.

-Estou querendo dizer que pedir que você se separasse da vovó, da Gina, de Nova York... Foi egoísmo meu, eu sei. Sei que as coisas não tem sido... Como dizer, fáceis para você. Especialmente desde que papai morreu.

  A mulher continuou a falar, parecia realmente preocupado com estado da filha, tentava deixá-la confortável no lugar, apesar das adversidades que a garota estava tendo. Sabia que o senhor Ackerman não era seu pai, que havia perdido seu verdadeiro pai. Sei como é difícil a perda, apesar de não ter presenciado a morte de nenhum de meus familiares, no entanto vi o estado em que ficaram com meu sumiço, apesar de eu ter morrido e não eles, mesmo assim os perdi, foi tão doloroso quão seria se um deles houvesse morrido. Mudanças eram sempre difíceis, via que a senhora Ackerman estava fazendo de tudo, para que a filha se sentisse bem naquele local. Observei as duas, a mulher ainda sentada na cama frente à filha, que estava pensativa. ¡Muy! (Muito!)

-Bom, - parecia sem fôlego, devido ao tanto que falou. – Então, se você não quer ajuda para desfazer as malas, acho que vou ver como é que o Andy está se saindo com o jantar.

-Isso aí, mãe. Faça isso. Vou só me ajeitar um pouco aqui e daqui a pouco desço.

  Sua mãe concordou, levantou e caminhou até a porta. Hermosa acompanhou com o olhar os movimentos da mãe, se virando em direção da porta para a ver sair. No momento em que a Sra. Ackerman estava para ir, voltou-se para a filha, parecendo entristecida.

-Eu só quero que você seja feliz, Suzinha. É a única coisa que eu sempre quis. Você acha que vai ser feliz aqui?

  A mulher estava emocionada, demonstrava amar muito a filha, que evidenciou também sentir o mesmo pela mãe, quando andou até ela e a abraçou, estava envergonhado de estar presenciando aquela cena, no entanto não conseguia ir.  

-Claro, mãe. É claro que vou ser feliz aqui. Já estou me sentindo em casa.

  Observei a feição da senhora Ackerman suavizar, com as palavras da filha.

-É mesmo? – perguntou, tentava acreditar no que disse hermosa. – Jura?

-Juro, - respondeu a ela.

  Não sabia se estava sendo sincera, porém se não estivesse, percebia que fazia isso pela felicidade de sua mãe. Era uma boa moça e que a amava muito. Saíram dos braços uma da outra. A mulher saiu do quarto, fechando a porta e Suze ou Suzinha, como sua mãe a chamou, ficou parada olhando para porta. Acho que estava emocionada com a conversa. Essa era a hora que eu devia sair e deixar à moça a só, com seus pensamentos e preparos antes do jantar. Após observá-las, havia tomado minha decisão, iria embora, só apareceria quando não estivessem em casa, por mais que quisesse me manter longe, havia morrido ali e estava preso aquele quarto. Estava pensando em que local iria ficar, enquanto não estivesse na casa. Provavelmente iria para a praia ou a missão.  Sai de meus pensamentos, quando notei ela virar, ficando em minha direção e olhando para onde eu estava.

-Ok. Quem diabos é você? – disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem, critiquem, se precisar eu melhorarei!
Obrigada a todos, um ótimo fim de ano e nos vemos no ano que vem!
Felicidades a todos nós!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Fantasma e a Mediadora: A terra das sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.