O Fantasma e a Mediadora: A terra das sombras escrita por RaySabrina


Capítulo 2
Capítulo 1 parte 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/301465/chapter/2

Após aquela visita, semanas se passaram e eles não voltaram. Sentia-me seguro em pensar que ninguém compraria aquele lugar. Sentado na janela do quarto, admirando a bela vista que tinha da península, ouvi sons se aproximarem da estalagem, o que chamou minha atenção. Olho para a varanda e vejo três pessoas saindo de automóveis. Eram eles novamente. O que queriam? Por que estavam de volta? Observei caminharem para a casa. Levantei, não hesitei em descer, desmaterializei-me e fui para sala. Sei que é errado ouvir o que as pessoas estão conversando, no entanto havia ficado anos naquela casa, me dava ao direito de saber o que estava acontecendo. ¿No le parece? (Não acham?) Cheguei no momento em que o homem cumprimentava o casal.

–Foi bom fazer negócios com vocês, Sr. e Sra. Ackerman. – Parecia muito satisfeito.

–Nós que agradecemos, - disse o Sr. Ackerman.

Acabada a saudação, o homem veio em minha direção passando através de mim, consequentemente sentindo um calafrio percorre-lhe o corpo. Vejo ir até a porta e sair. Não é agradável ter alguém atravessando você, sempre me sinto estranho quando isso acontece. ¡Irrita! (Irritante!) Voltei a olhar para frente e fitei o casal.

–Está feliz? – Perguntou o Sr. Ackerman.

–Muito, - respondeu a mulher. Os dois andavam pelo lugar.

–Andy! – Ela o chamou, o qual havia se afastado para olhar ao redor.

–Sim?

–Será que vão gostar? – perguntou apreensiva.

–Claro que vão, não tem o por quê não gostarem, - tentava animá-la.

Ela sorriu, indo até ele e o beijando. Senti-me envergonhado por está observando um momento tão intimo. ¡Vergonzoso! (Constrangedor!) Voltei para o quarto, não era educado participar de uma conversa em que você não foi convidado. Fui novamente até a janela, meu lugar preferido, onde tentava colocar meus pensamentos em ordem, refletindo no que havia acontecido. O casal não foi embora imediatamente, as horas se passaram com eles andando por toda a estalagem, parando no local onde me encontrava. Conversavam sobre o que mudariam, fariam e algumas coisas que não compreendia. Após alguns minutos ali, saíram, ainda permanecendo na casa por algum tempo, depois indo embora.

Sentia-me atordoado, ainda não acreditava no que acontecia. Foi vendida, estranhei de ter alguém que a comprasse no estado lamentável em que se encontrava, mais ainda do que antigamente, sendo esse o motivo de ter sido tão complicado os O`neil vendê-la, também pelos rumores que existia e os acontecimentos que marcaram o lugar, ainda havia os buracos de balas do tempo em que era uma estalagem. Não esperava que alguém a adquirisse, anos abandonada e agora haveria pessoas habitando ela. Não sabia como me sentir, o que esperar. Como seria de agora em diante? ¿Qué iba a hacer? (O que faria?)

Não fui até praia de Carmel, como fazia todas as noites, permaneci no quarto, ainda surpreso com os acontecimentos. Haveria moradores ali, o que não afetaria nada a minha vida, se assim posso dizer, continuaria a não ser notado por ninguém. Entretanto, minha tranquilidade e meu sossego, seriam levados embora com a chegada dessa família. Não gostava da idéia de dividir aquele lugar, havia me acostumado com a solidão, não queria que isso mudasse. ¿Y ahora? (E agora?) Podia expulsá-los, assombrá-los até irem, sabia que era capaz, porém não devia, nunca necessitei fazer algo desse tipo e o pensamento de fazê-lo me incomodava.

Três dias se passaram até que o Sr. e Sra. Ackerman voltassem, pensei que haviam desistido. Tive muito no que refletir durante esses dias. O que faria, como agiria e o que aconteceria? Havia décadas que não sentia essa preocupação e nervosismo, nunca havia ligado para o fato de um dia alguém ir morar ali. Em minha mente nunca aconteceria, como se había equivocado. (como estava enganado) No quarto dia, automóveis de variados tamanhos chegavam à estalagem. O dia em que minha vida pós-morte mudaria, havia chegado. Irritado, notei o casal Ackerman próximo a um dos vários veículos que ocupavam a entrada. Observava de meu quarto homens entrando e saindo do lugar, fazendo sons estranhos dentro, não tinha interesse em olhar o que estava acontecendo, apesar da curiosidade.

Era definitivo, haveria pessoas residindo ali. Expulsá-los era uma opção, porém não teria audácia de fazê-lo, a verdade é que minha educação não permitiria, fui criado para honrar o nome de minha família. Percebi que teria que me adaptar ou sair da estalagem, onde passei um século e meio. Entristecia-me, não queria deixar aquele lugar, algo me prendia ali. Sentia-me confuso, não sabia o que fazer ou como devia agir, me frustrava. Com uma raiva crescendo em mim, decidi ver o que aquelas pessoas faziam. Desci para verificar, só o que presenciei foi pura confusão. Não entendendo o que acontecia ali, voltei para o quarto que achava me pertencer. ¡Yo pertenecía! (Me pertencia!)

Passei dias evitando o que pude a estalagem, não conseguindo me afastar, devido à curiosidade que sentia. O que mudavam, como estava ficando? A maior parte do tempo permanecia na praia de Carmel, também andava pela cidade ou visitava a Basílica, evitando qualquer um que estivesse vivo. Na praia, sentado em uma pedra, olhando a imensidão do mar, perdido em milhares de pensamentos, decidi ver o que acontecia a casa, desmaterializei aparecendo na sala. Havia muitas pessoas ali, evitei esbarrar nelas, ficando em um canto onde nenhum deles parecia ir. Observei que não mudavam muitas coisas e sim restauravam. Iniciavam, compreendi que ainda haveria muitos dias dessa movimentação. ¡No creo! (Não acreditava!) Não fazia muito tempo que era solitário e silencioso, percebendo que sentia falta daqueles momentos.

Passado alguns dias, me intrigava o fato de não irem ao meu quarto. Entraram uma única vez, assim que chegaram não aparecendo mais, apesar da reforma em toda casa. Também estava curioso a respeito da família. Será que era grande? Quantas pessoas? Pensava serem muitos, devido ao interesse do casal na quantidade de quartos. Não desci novamente, tudo me fazia lembrar que haveria mudanças em minha vida. E não havia decidido o que fazer. Mais dias se passaram, estranhava de não mudarem aonde me encontrava. ¿Por qué? (Por que?) Quando todos iam embora, observava tudo o que haviam feito. Devo admitir que começava a ter aparência de uma casa e não de uma estalagem, como antes.

No dia seguinte fui surpreendido, a reforma se concentrou no meu quarto, me irritando a principio, sabia que não adiantaria, estava ciente que esse momento chegaria. Observava pessoas entrarem e saírem, o Sr. Ackerman dando ordens. A resolução de ir à praia de Carmel surgiu, quando um dos homens veio em minha direção, parando na minha frente, claro que não me via. Olhei aborrecido, percebendo quem era. O senhor Ackerman, estava em frente à janela, pensativo e depois de alguns minutos voltou a si, comandando os homens presentes. Desmaterializei-me aparecendo na praia em pleno dia, por estar tão incomodado com que estava acontecendo. Não me importava de mudarem toda a estalagem, entretanto não estava feliz que mexessem no quarto, apesar de saber não me pertencer. Havia morrido nele, passei mais tempo naquele local do que qualquer um, assim me sentia dono de lá. Sabia que em pouco tempo, outra pessoa passaria a viver ali e ele sim estaria vivo. ¡Yo no! (Eu não!)

Fiquei o mais distante das pessoas, em um local isolado, observando as ondas se formarem. Via muitos jovens insistirem em ficar em cima de algo, que eu não sabia o que era. Parecia absurdo, porém eles pareciam realmente satisfeitos em conseguir ficar em pé naquilo, para depois serem jogados ao mar por uma onda. Surpreendia-me que alguns deles conseguiam permanecer um longo tempo naquela coisa. Anoitecia, não tinha vontade de ir para o meu quarto, como insistia em chamar, decidindo ficar um tempo a mais na praia. Pensava em como teria sido minha vida, se não houvesse morrido. Provavelmente teria cuidado do rancho da família, junto de meu pai. Eu casaria com uma bela e honrada dama, teria tido filhos, casado cada uma de minhas irmãs com homens descentes e de boa família, tido sobrinhos. Teria presenciado a partida de mi querida madre y padre. Aquelas reflexões me trouxeram uma grande tristeza, será que teria acontecido realmente se não tivessem me matado. Não tinha vontade de ter aqueles pensamentos, levantei da areia e fui andando lentamente até a casa, não desejava me desmaterializar, queria passar um tempo observando as mudanças que ainda ocorriam em Carmel, comparando com as que já haviam acontecido. A verdade, queria que o tempo passasse. ¡Yo quería pasar rápido! (Queria que passasse rápido!)

Levei horas até chegar à estalagem, que não se parecia mais com uma. Surpreendi-me quando me aproximei, a fachada não estava caindo aos pedaços como antes. Havia uma escada que ia até uma varanda, que não existia anteriormente, estava bonita. Fiquei curioso com o resto, resolvendo entrar. Deparei-me com uma bela sala, apesar de não estar com mobílias, porém não parecia à antiga sala se espera. A cozinha estava maior, com bancadas espalhadas por ela. Derrubaram o estábulo, que já se encontrava em péssimo estado, no lugar, fizeram uma extensão da casa. Subi e verifiquei os quartos, três deles tinham aspecto masculino, sem floreios, como de uma dama teria, o outro aparentava ser do casal, só faltando às mobílias. Estava receoso de ver o quarto onde fiquei durante esses longos anos. ¿Cómo podría haber sido? (Como teria ficado?)

  Fui até a porta e abri, ficando surpreso com a mudança, estava feminino, indicando ser o quarto de uma moça. Aquela percepção foi um abalo, seria uma garota a dormir ali. Não acreditava, estava desorientado. Como faria, não podia ficar naquele lugar, seria desonroso à família ter um homem, mesmo que um fantasma, morando no quarto com a menina. Por que deveria ser assim, por que não poderia ser um garoto. Estava confuso, não poderia dividir o quarto com uma senhorita. ¡Sería una deshonra para ella! (Seria uma desonra a ela!) Não sabia o que fazer.

  Semanas se passaram, estava sentado em um assento colocado na janela, confortável, não que eu me incomodasse como estava antes. A decoração da casa havia acabado, estava pronta para se morar. Seis pessoas conviveriam ali, o casal Ackerman, três rapazes, uma moça e também um animal.  Após muito pensar, deixei para tomar a decisão do que faria, quando a menina chegasse. Nos dias que se passaram, percebi que o Sr. e Sra. Ackerman eram boas pessoas, demonstravam amar muito seus filhos. Fiquei surpreso, ao descobrir que aquela não era a primeira vez que casavam. Contudo não poderia julgar, a época era outra assim como os costumes, apesar de eu reprovar. Notei o amor que a mulher tinha pela filha, falava muito dela, como esperava que ela gostasse do quarto, da vista e da decoração. Não teria como não gostar, o lugar estava formoso, qualquer moça gostaria, mesmo em minha época. Gostei da Sra. Ackerman, lembrava mi madre e como amava minhas irmãs. ¡Consideró que la falta de ellos! (Que falta sentia delas!)



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e deixem sua opinião!
Aviso:
Os capítulo que forem longos, dividirei em duas partes.
Muito obrigada pelos comentarios no capítulo anterior!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Fantasma e a Mediadora: A terra das sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.