O Fantasma e a Mediadora: A terra das sombras escrita por RaySabrina


Capítulo 1
Capítulo 1 parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, essa vai ser minha primeira postagem com a nova conta, espero que gostem, avisos no final!!



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Jaz aqui alguém que não se importa mais com o passar do tempo. Observando as mudanças ocorrendo, o mundo se diferenciar do que conhecia. Solitário, presenciei tudo ao meu redor se alterar lentamente, modificações interessantes e outras absurdas. Porém a maior parte do tempo ficava entediado e depressivo, mesmo com todos esses acontecimentos. Observei casas serem construídas onde antes não possuía nada, ruas aparecendo onde havia somente chão de terra, objetos que nunca idealizei existir um dia, sendo inventados. Quem imaginaria que nós humanos, fossemos capazes de conceber a lâmpada, sermos aptos a controlar a tal eletricidade. Isso aconteceu, pude ver surgirem grandes toras de madeira com fios, levando eletricidade às casas, onde faziam as varias lâmpadas funcionarem. É incrível o que pode surgir com a passagem do tempo. ¡Sorprendente! (Surpreendente!)

Tentava entender essas mudanças, nuevo (o novo). Algumas delas eram difíceis de crer, como o automóvel e outras de compreender, como o tal telefone. Como podia existir algo em que as pessoas pudessem se comunicar umas com as outras de tão distante?! ¡Yo no podía creer! (Não dava para acreditar!) Era surpreendente o que acontecia em Carmel, com o mundo, as pessoas, os costumes e as vestes. Tudo se diferenciando do que conheci. Até certo tempo compreendia o que as pessoas dialogavam, atualmente esta difícil entender o que dizem umas as outras, muitas das coisas que falam não entendo, me isolando dessa nova época. ¡Por Dios, que esas palabras son! (Por Deus, que palavras são aquelas!)

Busquei me acostumar com tudo, não havia escapatória, não no estado em que me encontrava. A maioria das vezes achava impossível, me afastando de tudo que era novo, apesar da curiosidade que tinha com algumas coisas, umas eram um tanto interessantes e outras inúteis, como esses tais videogames, no puedo entender por qué. (não consigo entender aquilo). Aceitar a essas mudanças era difícil, principalmente as vestis que as damas usam atualmente, nada de vestidos de rendas e babados, usavam calças como os homens. O tamanho dos trajes diminua com o passar do tempo, absurdo, como as pessoas deixavam isso acontecer. Apesar de achar vulgar, teria que me acostumar, estava preso a essa situação. ¡Dios mío! (Meu Deus!)

Existir todo esse tempo, presenciar essas transformações não foi fácil, especialmente quando o que mais queria era estar junto de minha família e não preso a essa vida pós-morte. Tentei dissipar esses pensamentos, já havia me habituado com essa aflição. Creio que não entendem o que digo, tentarei me explicar. Estou preso a esta casa a 150 anos, que no século XIX era uma estalagem. Ellos piensan que mentir, ¿no? Lo creas que no. (Pensam que minto, não é? Acreditem que não.)

Esse acontecimento se deu por minha morte, sou um fantasma agora. Podem achar absurdo, porém é a mais pura das verdades. Por esse fato passei anos aprisionado a esse lugar, apesar de poder ir a outros locais, algo me prende aqui, não sei o que. Se fosse a minha antiga moradia, onde cresci e vivi momentos felizes com meus familiares, poderia entender, aqui não. Morri nessa estalagem, na verdade fui morto, talvez seja esse fato que me conecte ao quarto. Lembrar dos últimos momentos que passei nessa casa, ainda me trazia rancor, o modo envergonhante como fui morto. ¡Humillante! (Humilhante!) Ainda é difícil acreditar que aconteceu. Pensar nisso me irritava, preferi varrer esses pensamentos de minha cabeça.

Devo apresentar-me adequadamente, me chamo Hector de Silva, entretanto prefiro que me chamem por Jesse, apelido que recebi ainda criança. Após perceber o que havia ocorrido comigo, que me encontrava neste estado, se posso falar desse modo, foi difícil me acostumar, no entanto você não tem opção quando se está morto e é um fantasma que ninguém pode ver. De início não aceitei, quem faria? ¡Nadie! (Ninguém!) Tentei conversa com quem estava vivo, ouviam pouca coisa do que dizia, sentiam minha presença, apesar de nunca imaginarem o que era. Posteriormente, percebi que tudo que fazia era inútil, as pessoas se assustavam, descobrindo assim que podia fazer minha presença notável, apesar de ninguém poder me ver nitidamente. ¡Me duele! (Me doía!)

Meus familiares vieram a minha procura, saber de meu paradeiro, porém ninguém sabia do ocorrido. Presenciei a dor de mi madre e padre, vê-los daquele modo me doía. ¡Muy! (Muito!) Peço perdão a todos, ainda não estou preparado para lhes contar a forma humilhante em que fui morto. ¡Increíble! (Inacreditável!) Fiquei extremamente irritado com os boatos que surgiram, que havia fugido, desonrando minha família, os renomados de Silva. Não era capaz de evitar os rumores, não podia fazer nada no estado que me encontrava. Foi nesses momentos de fúria, que notei os poderes que possuía, podia mover objetos, além disso, podia falar com os vivos, me mostrar a eles e percebi que isso os atormentava. Compreendendo o medo que lhes causava, não me tornava perceptível, apesar de querer que reconhecessem minha presença. Él no podía. (Não podia.)

Decidi não atormentar ninguém, não eram responsáveis pelo acontecido, havia somente dois culpados e não me agradava pensar neles. Visitei minha família, vi a dor que lhes causou o meu desaparecimento, a tristeza de minha mãe, o desespero de meu pai e o desconsolo de minhas irmãs. ¿Qué hacer? (O que fazer?) Quem cuidaria do rancho, quem tomaria o lugar de meu pai quando partisse? Será que o encontraria quando morresse? Estas perguntas invadiram minha mente. Não conseguia ficar muito tempo próximo a eles, a dor que sentiam se tornava a minha, a raiva pelo que fizeram comigo, aumentava. Toda vez que me enfurecia, coisas estranhas aconteciam, assustando as pessoas no local. Minha ira era o motivo, percebendo, tentava me acalmar.

Meu pai não suportou ver o nome de Silva manchado, resolvendo se mudar com que restou da família. Não sabia se podia acompanhá-los, nem tentei, era melhor assim, não aguentaria ver o que aconteceria a eles com o passar dos anos, vê meus pais morrerem, minhas irmãs crescerem e não poder estar ao lado delas. Sei que podia, contudo queria estar vivo, ser visível, poder tocá-las e não como sou agora, um fantasma. ¡Terrible! (Terrível!)

Fiquei preso ao quarto da estalagem onde fui morto, que se localizava acima da varanda. O lugar que com o tempo e sua má fama, não recebia tantos visitantes como antes, foi vendida e abandonada pelo novo dono. Não soube a quem pertencia, foi a partir desse momento que me acostumei com o silêncio, a solidão, o tédio e a depressão. Sei que o tempo cura, destrói e modifica tudo com sua passagem e foi isso que aconteceu comigo. Acabei entediado e triste. Nunca fui atrás dos que me acometeram, não era um ser vingativo, apesar de minha honra ter sido manchada. Estava cansado de pensar nisso, era um daqueles momentos monótonos e depressivos, que sentia muitas vezes e que não importava mais, afinal tive um século e meio para me acostumar.

Não sentia mais vontade de apreciar a linda vista, que meu quarto proporcionava de toda Carmel. Do vale, da praia e do mar. Iria à praia, onde preferia freqüentar à noite, durante esse horário não havia tantas pessoas ou nenhuma. De dia a praia era algo intolerável, moças andando seminuas na frente de rapazes, que nem se importam, atualmente os jovens não se dão o devido respeito. ¡Inaceptable! (Inaceitável!) A verdade que os homens se tornaram completos selvagens, sem cavalheirismo e respeito, tudo é permitido. Nenhuma dama em minha época se vestiria como hoje em dia, ni siquiera, (não mesmo,) apenas as consideradas mulheres da noite. Estava pensando muito no tempo em que era vivo, não me agradava, sempre me sentia mais triste e sozinho.

A noite estava linda, o céu estrelado, antigamente se via mais estrelas, porém com a tal eletricidade ficou difícil vê-las. O vento surgia passando por mim. Apesar de estar morto e ser um fantasma, ainda pensava sentir o frio, o calor, o refrescar do vento, sabia que era minha imaginação e as experiências que tive, me proporcionando isso. Fiquei sentado em uma pedra, admirando as ondas enegrecidas do mar, a calmaria que estava à praia e tentando não pensar em nada, o que era complicado. ¡Tranquilidad! (Tranqüilidade!)

Somente percebi que havia ficado à noite toda ali, quando a água dor mar clareou, o azul claro do céu ficava evidente e sol nascia no horizonte. Não me importava de ficar muito tempo parado, nem me incomodava, não sentia necessidade de dormi, comer ou ficava cansado. E não teria ninguém me esperando. O que menos apreciava era o tempo, sua demora a passar! ¡Tan lento! (Tão lento!) Ouvia atrás de mim a cidade entrar em movimento, os vivos acordarem para suas rotinas. Invejava-os, viver novamente, algo impossível para alguém em meu estado. Levantei-me, voltaria para casa. Apesar de não poderem me ver, não me agradava ficar na presença de muitas pessoas, sempre tem alguém mais sensível que os outros que sentiam minha presença, apesar de não ser capaz de me ver.

Era rara as vezes que ficava em um lugar abarrotado de pessoas, só sentia essa vontade quando uma necessidade imensa de quebrar o tédio aparecia, entretanto não permanecia muito tempo. Não entender esse novo século me frustrava e não possuía ninguém que pudesse me explicar como tudo funcionava. Poderia aprender observando as pessoas, contudo fui educado a não espionar ninguém, deste modo não aprendi muito. Já havia me acostumado à solidão, então preferia ficar só. Havia algo que realmente me interessava, eram os livros. Rara às vezes, apesar de ser errado, entrava em uma casa vazia e lia alguns. Cauteloso, seria curioso alguém chegar de repente e me pegar lendo um livro, sei que não me veriam e sim um livro levitando, seria susto de certeza. ¡Susto grande! (Grande susto!)

Desmaterializei-me e fui direto para casa, fantasmas fazem muito isso. Queria o silêncio e solidão da estalagem. O que não foi possível, assim que cheguei ao quarto, barulhos no andar de baixo chamaram minha atenção. O que seria? Poderia ser algum animal ou pessoas. Fui para a sala, sem me preocupar por alguém me enxergar, não me veriam. Chegando lá, vi pessoas andando por ali. Estranhei, fazia muito tempo que não aparecia ninguém, alguns jovens vinham a casa para fazer alguma bobagem, porém o medo do lugar os afugentava, não tinha culpa, suas imaginações eram causadoras. Mantive-me afastado, os vivos sentiam minha presença caso me atravessassem, um calafrio lhes percorria, indicação de algo anormal no local.

Eram três pessoas, dois deles parecia ser um casal, olhavam a casa cuidadosamente, fazendo perguntas ao homem que os acompanhava, que respondia atenciosamente, parecendo um tanto ansioso em lhes mostrar o lugar. O senhor acompanhado da mulher, pergunta sobre a quantidade de quartos na estalagem. Assim que recebeu a resposta, olhou para dama ao seu lado, que sorria, parecendo satisfeita com que ouviu. Não compreendia o que acontecia ali, ate recordar que foi assim que fizeram os O`Neil, antes de vender a propriedade. Então o lugar estava à venda. Segui os três à distância, percorriam toda a estalagem, parando por um longo tempo no quarto em que ficava. O casal parecia muito satisfeito com a bela vista.

A senhora estava encantada, dizendo que o quarto era perfeito, uma tal ela ia adorar aquela paisagem. Sentia-me curioso em saber do que falavam, porém não descobri. Após um tempo conversando sobre as condições do lugar, os três desceram. Perdido o interesse no que acontecia, resolvi ficar onde estava. Não sentia preocupação de a estalagem ser vendida ou não, algo me dizia que ninguém compraria, um dia seria demolida e mesmo sem ter a construção, eu ficaria eternamente ali. Triste!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, aqui vão alguns avisos.
1. Mandem comentários, assim saberei o que acham da historia, se precisa ser melhorada.
2. Farei o máximo para postar sempre nos fim de semanas, sábado ou domingo.
3. Espero que gostem!!