Lary Taylor escrita por Akira Seiy


Capítulo 3
Capítulo 3 - Pássaro de sangue




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Lary Taylor

Capitulo 3 – Pássaro de sangue

Acordo já sentindo a atmosfera ainda estranha da cidade. É estranha, mas calma e pacifica, não como a que sempre paira sobre essa cidade. Diferente, como se algo bom estivesse para acontecer. Não irei me encher de esperança, afinal já a perdi há muito tempo...

Esfrego os olhos e me levanto, já é quase meio dia. Apenas me arrumo pra escola e saio com um pouco de pressa.

A cidade não parece normal, não vejo quase nenhuma das criaturas que circulam por aqui todos os dias, nada de assustador ou anormal, o que não é natural daqui. As pessoas estão fazendo o que fazem habitualmente. Isso, por outro lado é animador, mas ainda sim um sinal que a algo errado.

─Boa tarde Lary. – Thiago estava prestes a fechar o portão da entrada. – Está atrasada.

─Boa tarde Thiago.

Não fico muito lá, vou o mais rápido que posso até a sala. Por sorte, a professora não tinha chegado. Vou rápido para minha carteira. Pouco tempo depois a professora entra, se desculpando pelo atraso.

Que sorte, aula teórica de educação física. Não vou ter que fazer flexões nem correr hoje.

A maioria da sala reclama, mas depois de um tempo só se ouve Alex resmungando.

Ainda assim a aula passa rápido, e logo a professora de português chega. Ela apenas lê e como sempre se queixa pelo horário antes do intervalo. Que depressa chega também.

Hoje o dia estava passando ligeiramente. Mesmo que hoje Isabela tenha vindo me irritar quando o intervalo chegou, Alex ficou conversando comigo e logo o sinal tocou.

Até agora meu dia tem sido totalmente anormal, o que deveria ser bom para o que eu considero normal. Mas isso me causa desconfiança então não consigo me sentir bem.

A aula de ciências, apenas textos para copiar. Apenas copio rápido.

Agora com calma, consigo sentir. A mesma atmosfera ainda sobre a cidade, boa, calma, clara como água. O que pode ter acontecido? Ou que tipo de coisa está por vir?

Mal escuto o sinal tocar, estava distraída de mais, só percebi que a sala já estava vazia quando Alex deu um tapa nas minhas costas.

─Aai Alex!

─Vai ficar ai pra sempre?

─Ahm?

─Nossa Lary! Estava dormindo?

─Fique quieto Alex. – Ficamos lá rindo um pouco. Só estávamos eu Alex e Igor na sala.

Igor. acho que não tenho muito que falar dele, ele mora a poucos quarteirões da minha casa. Fazemos quase sempre o mesmo caminho. Ele senta a carteira a minha direita, mas incrivelmente, acho que nunca conversamos.


─Eu vou com você hoje, ta Lary?


─Tudo bem. – Além dele dizer isso afirmando não quero mesmo ir sozinha hoje. Acho que ele tem algo a fazer perto de casa.

Igor sai da sala um pouco antes de nos, saímos conversando e sem pressa.

Ele também estava bastante distraído. A cidade parecia livre daquelas coisas, era tão acolhedora agora, nem pareciam às mesmas ruas.

Alex parecia serio, não havíamos conversado desde a hora que saímos pelos portões do colégio.

Lary eu vou pra cá agora. – Alex me disse enquanto apontava para a esquina. – Até amanha.

Até...


Já estava escuro. Mas ainda sim não via nenhuma das criaturas que a esse horário seriam muitas, grandes e assustadoras.



Eu e Alex estávamos ambos muito distantes, andávamos tão devagar, eu ainda estava um pouco longe da minha casa.


Por algum motivo a calma atmosfera que pairava pelo ar até agora havia sumido, sem avisar em uma fração de segundos por uma totalmente obscura, pesada e que parecia me consumir. Mas não era a mesma da antes. As ruas ainda estavam sem aquelas coisas. Mas havia algo errado, algo horrível por perto.


Comecei a correr, mas algo parecido com grunhido muito agudo, seguido por um grito. O som veio de muito perto de onde eu estava não conseguia me mexer. Apenas vi um liquido viscoso como óleo de carro escorrendo de uma ruela a alguns passos a minha frente.


Um rincho agudo vindo de onde aquilo escorria, quebrou meu choque. Nunca ouvira algo assim antes. Era como um pássaro. Eu nunca fui curiosa, mas isso me deixou tão aflita que eu precisava ver.

Eu estava tremendo, uma mistura de medo e nervosismo me tomará. Eu apenas dei passos lentos. Quando meus pés tocarão o que escorria pelo chão pude ver, era uma criatura totalmente diferente de tudo que eu já havia visto. Mesmo no escuro podia ver sua forma completamente, parecia ter a forma humana, mas se assemelhava a um pássaro. Seu corpo era coberto de penas e seus braços foram trocados por asas. Não me passara medo até então, era uma criatura majestosa, poderia ser considerada bela. Mas seus olhos eram negros e fundos, ainda que não, parecia que me fitavam.


Logo me distrai da criatura para o que estava no chão ao seu lado. Era parecido com um corpo, mas estava escuro e não consegui distinguir.


Um breve feixe de luz vindo de uma casa na rua paralela iluminou por tempo suficiente para eu ter certeza. Aquilo me revirou o estomago, senti o vomito subindo pela minha garganta, mas o engoli novamente. Era mesmo um corpo, o que me deixou pior ainda foi que estava com o uniforme da minha escola. Não consegui ver quem é. Tentei me aproximar mais, sem chamar atenção.

Mas assim que me movi a ave me percebeu. Soltou um ruído tão agudo quanto os anteriores. Pulou desajeitada sobre as estreitas paredes dos dois pequenos edifícios que a cercavam o som de suas garras arranhando as paredes era perturbador, subindo por elas ate chegar ao topo a alçar vôo.

Eu não sabia se o que acabara de ver era uma daquelas coisas, ou algo diferente. Não sei se devo chamar ajuda ou fugir. E se só eu puder ver aquela coisa, seus grunhido teriam atraído alguém aqui a essa altura. Não iriam acreditar em mim.

Não sei se minha escolha foi a certa, mas corri para minha casa. Tentei agir como se nada tivesse acontecido. Apenas fingi que eu mesma não acreditava em mim mesmo depois de vomitar tudo que havia comido hoje, não ter conseguido dormir e ficar fitando a janela como uma louca. Tentei esquecer, mas isso me pareceu impossível.

Então parei te tentar.


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