Santana quando saiu do apartamento de Brittany e entrou em seu carro, ficou parada alguns minutos sem dar partida no veículo. Ela tentava absorver tudo o que tinha acontecido, mais só conseguia chorar. Nada parecia fazer sentido. O que passava por sua mente era uma sequência de imagens dos minutos anteriores. Ela chegando no apartamento da namorada. A loira a acusando de traição. A ligação.

A partir daí tudo se torna um vão. Imagem de Brittany beijando Clarice passou a lhe tomar o pensamento. E com para a trilha sonora desse momento, vinha a ligação de Clarice.

- Como eu pude ser tão idiota? – Falou Santana batendo com força no volante. Um misto de raiva e tristeza lhe consumia. As lágrimas continuavam ali, como se fossem suas fiéis companheiras.

Ela viu que tinha que sair dali, mas não sabia pra onde iria. Precisava de colo, e consolo.

Santana, um pouco mais calma, então deu partida, e saiu sem rumo. Mas de algum forma seus instintos a mandaram de volta a casa dos pais. A morena desceu do carro, e parecia que a cada passo que estava de chegar a sua mãe, sua vontade de voltar a chorar aumentava. Ela então tocou a campainha, e a mulher mais velha abriu a porta.

- Querida, eu já disse que estou bem e não precisa ficar comigo. – Falou Maribel assim que abriu a porta, mas logo viu que o motivo de a filha estar ali era outro.

- Madre eu preciso da senhora. – Disse Santana não contendo as lágrimas e abraçando sua mãe, que já estava com o coração apertado por ver sua filha única chorando, e parecendo tão frágil.

- Vamos, entre minha querida. – Falou Maribel arrastando a filha pra dentro da casa e fechando a porta. – O que aconteceu mi tesoro?

- Madre, acabou. Está tudo acabado. – Respondeu a latina mais nova, ainda chorando. – Eu terminei com a Britt.

- E por que você fez isso? – Perguntou Maribel pacientemente, sentando com a filha no sofá.

- Porque pelo que parece ela beijou a Clarice. – Respondeu Santana, sentindo um nó na garganta por pronunciar aquelas palavras. – Como ela pode fazer isso comigo madre? Como ela pode fazer isso com o que tínhamos?

- Calma mi amor. Venha, deite aqui. – Maribel fez Santana se deitar no sofá e apoiar a cabeça em seu colo. Então a latina mais velha começou a fazer cafuné na filha. Elas passaram alguns minutos daquela forma. Maribel queria que sua filha se acalmasse, pra que depois pudesse falar sobre o que tinha acontecido. E vendo que Santana já tinha sessado o choro, e sua respiração já era mais leve, ela então perguntou. – Como você ficou sabendo que Brittany fez isso? Ela que contou?

- Não. Ela, na verdade, ficou dizendo que não fez nada. – Falou a morena. – Quando eu cheguei no apartamento dela. Ela começou a fazer umas perguntas estranhas sobre mim e a Lind.

- Que tipo de perguntas? – Perguntou Maribel, vendo que a filha precisava desabafar.

- Ela perguntou como tinha sido minha noite com a Li, e se nós tínhamos nos divertido, já que eu tinha preferido ficar com a Lind do que com ela. Tudo isso, com um tom sarcástico e acusatório. Eu fiquei confusa com tudo aquilo, e disse que só tinha deixado a Li em casa e pronto. Ai ela falou algo como, ‘’Então é na casa dela que vocês ficam?’’, disse que parecíamos alma gêmeas. Perguntei do que era que ela estava falando, então ela disse que era pra eu admitir que estava tendo um caso com a Lind. Assim que escutei não pude acreditar que ela estava me acusando disso. Falamos mas algumas coisas. E ai eu falei que tinha que aguentar ela saindo com a ex, e não falava nada, enquanto ela me acusava de ter um caso com a minha melhor amiga por eu ter tomado café com ela. Ela disse que jamais teria coragem de me trair. Então o telefone tocou, e deixamos cair na caixa postal. Era a Clarice dizendo que esperava não tê-la assustado, e que parecia que a Britt queria beija também. Eu fiquei em choque depois de escutar aquilo. Queria sair de lá o mais rápido possível e não olhar para Brittany nunca mais. Não lembro muito bem depois daí. Só lembro de terminar com ela e sair de lá. – Contou Santana, e no fim do seus olhos já transbordavam algumas lágrimas tímidas.

- Oh minha querida. Eu sinto tanto. – Falou Maribel.

- Madre, eu só não consigo entender como ela pode. Sei que foi só um beijo, mas não demoraria muito pra que fosse outra coisa a mais. E pra mim um beijo já é traição. E tinha que ser com a Clarice.

- Essa garota só veio para estragar tudo, heim. – Comentou a latina mais velha ainda acariciando os cabelos da filha.

- Não madre. Infelizmente, quem estragou tudo foi a Britt. – Disse Santana pensando na loira. – Eu quero tanto, sentir raiva dela. Por ter me acusado... E por ter me traído. Mas eu não consigo... E ai eu fico com raiva de mim, por não conseguir ter raiva dela. Eu queria que isso fosse só um pesadelo, e eu acordasse naquela cadeira do hospital ouvindo a senhora reclamar por ter dormido lá.

- Infelizmente mi amor, isso não vai acontecer. Você tem que ser forte e passar por isso de cabaça erguida, como uma Lopez. – Disse Maribel.

- Madre, será que pra ela foi tudo uma mentira? Que ela não me amava como dizia? – Perguntou Santana com o olhar perdido em uma direção qualquer.

- Querida, sinceramente não sei a resposta dessa pergunta. Mas posso dizer o que eu via em vocês duas. Eu via o mais puro amor que já presenciei. Carinho, respeito e cuidado. Vocês me pareciam um casal perfeito Agora, se eu via o certo ou não, é outra coisa. – Falou Maribel sinceramente.

- Eu tenho vontade de simplesmente ir embora para bem longe, e nunca mais precisar ver ela de novo. Mas ao mesmo tempo, só sinto vontade de correr de volta aquele apartamento e abraça-la forte. – Disse Santana.

- Você não vai fazer nem uma das duas coisas. – Falou Maribel decidida. – Não vai embora para lugar nenhum. E nem vai voltar lá. Você vai pensar bem no que aconteceu. E ai, quando estiver mas calma e ciente de tudo, você irá conversar com a Brittany.

- Madre, não quero conversar com ela. Tudo já foi dito e feito. – Falou Santana levantando a cabeça do colo da mãe para poder olha-la nos olhos. – Quero mais é que ela viva feliz pra sempre com aquela cobra da Clarice, e me esqueça.

- Tenho certeza que nada do que você acabou de falar é verdade. – Disse a latina maus velha levantado e caminhando em direção a cozinha. – Você quer água?

- Não madre, estou bem. – Respondeu a morena.

- Olha, nós vamos almoçar fora, ok? – Perguntou Maribel.

- Tudo bem. – Respondeu Santana, lembrando do compromisso que tinha hoje. – Madre, eu vou subir para o meu quarto e tomar um banho para irmos.

- Certo. – Respondeu Maribel da cozinha.

A morena subiu para o seu antigo quarto e deitou em sua antiga cama. Pegou o celular e ligou para Lindsay.

- Oi San! – Falou Lindsay.

- Oi Lind. Eu liguei pra dizer que hoje não vai dar pra eu ir no zoológico com vocês. Aconteceram algumas coisas e eu não estou em um clima bom. Não vou ser uma boa companhia. – Falou Santana se desculpando.

- Isso é impossível. Você não sendo uma boa companhia é algo que não consigo imaginar. – Disse carinhosamente. – Mas tá tudo bem? Eu posso te ajudar? Onde você tá? Posso te encontrar e conversarmos.

Santana sorriu da forma preocupada de Lindsay, e percebeu que foi a primeira vez que sorriu no dia.

- Obrigada Lind.

- Pelo que? – Perguntou Lindsay confusa.

- Só por se preocupar comigo, e me fazer sorrir. – Disse a latina sincera.

- Se você me disser onde está, posso passar o dia inteiro fazendo isso. – Falou Lindsay.

Santana riu. E ouviu uma voz de criança do outro lado da linha. Era Harry.

- Thon-Thon, é a Tana? Ela já está pronta pra ir pro zoológico? Diz a ela que ainda tá cedo. – Falou Harry rapidamente, enquanto dava alguns pulinhos de animação. – Ah, ela deve tá ansiosa pra ir, por isso se arrumou cedo. Eu também faço isso quando estou muito ansioso. – Falou o menino, pensativo.

- O Harry tá aqui surtando por ser você no telefone. – Comentou Lindsay.

- Eu ouvi. Ele é um fofo. – Disse Santana.

- Harry a San não vai... – Lindsay começou a falar pro irmão, quando foi interrompida por Santana.

- Tem como nós irmos amanhã? – Perguntou Santana não querendo entristecer o menino. E também ela não queria ficar sozinha no domingo.

- Claro. Mas você não precisa ir só por causa dele. – Falou Lindsay um pouco mais baixo para que o irmão escutasse.

- Eu vou por ele, e por você. Sei que vai chorar se eu não for. – Brinca Santana. – E eu não quero ficar sozinha. Preciso de eu ombro amigo.

- San, me diz aonde você tá que eu vou ai. – Falou Lindsay voltando a ficar preocupada.

- Não precisa Li. Amanhã de manhã nos vemos. Vamos passar um dia de diversão com o príncipe ai. E nós conversamos sobre isso, eu prometo. – Disse a latina.

- Tudo bem. Se você prefere assim. – Respondeu Lindsay.

- Deixa eu falar com ele. – Pediu a morena, e logo escutou a voz de Harry.

- Tana? – Falou ele. E Santana sorri do novo apelido que ganhara.

- Oi meu lindo. Como você tá? – Perguntou ela.

- Tô ótimo. E vou ficar melhor quando formos pro zoológico. – Disse ele animado.

- Pois é Harry. Eu não vou poder ir hoje. Estou com alguns problemas, mas amanhã prometo que irei. E vamos passar o dia inteirinho passeando, não só no zoológico. Tudo bem pra você? – Perguntou Santana.

- Claro Tana. Não tem problema. – Disse ele maduramente. – Mas vai ter que ser o dia todo, heim. Você prometeu e promessa é promessa.

Vai ser o dia todo. Você vai até enjoar de mim.

- Eu nunca vou enjoar de você Tana. – Disse Harry docemente.

- Então até amanhã Harry. – Se despediu a morena.

- Até amanhã. – Falou Harry.

- Ah, e Harry. Eu adorei o apelido que você me deu. – Disse ela.

- Que bom. Eu sou profissional nisso. – Disse ele orgulhoso.

- Deixa eu falar com sua irmã agora. – Pediu a latina, então Lindsay pegou o telefone novamente. – Tá tudo resolvido, então. Amanhã você passa no meu apartamento pra me pegar, ok? Umas nove horas.

- Tudo bem. Até amanhã San. – Disse Lindsay.

- Até. Beijo. – Falou Santana finalizando a ligação.

A latina ficou alguns minutos deitada, e então decidiu ir para o banho. Era isso que ela precisava. Eu demorado e relaxante, banho.

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Depois que Santana saiu, Puck colocou Brittany para dentro do apartamento. A loira começou a chorar descontroladamente. Ele ainda estava com raiva da amiga por tudo que ela tinha dito, mas não ia deixa-la sozinha.

Ele a sentou no sofá e deixou que ela chorasse em seu ombro.

- Como eu fui idiota. – Lamentava-se Brittany. – Ela não vai me querer mais. Eu não posso viver sem ela Puck.

- O que foi que aconteceu exatamente? – Perguntou ele, pois ainda não sabia certamente o que tinha acontecido.

Brittany contou toda a estória, e Puck ouviu silenciosamente.

- Puck, ela terminou comigo. – Disse a loira encostada no sofá.

- Eu não posso dizer que ela não tinha razão. Pois razão ela tinha de sobra. – Falou Puck, sinceramente. Ele não ia passar a mão na cabeça da amiga. Ele sabia que ela estava errada.

- Eu sei. Eu a acusei. Duvidei do que ela sentia por mim. E quase beijei a Clair. Meu Deus. Eu só fiz merda! – Disse ela.

- Ainda bem que você viu. Pena que foi tarde. – Falou Puck.

- Você acha que ela não vai mas querer voltar comigo? – Perguntou Brittany esperançosa pela a resposta do amigo.

- Eu sei não Brittany. – Disse ele. – Mas se você ainda a quer, terá que lutar. Vai ter que fazer algumas coisas pra mostrar pra Santana que você a ama de verdade. E a primeira coisa é tirar a Clarice da sua vida.

- Eu sei que a Clair ia me beijar, mas foi tudo porque eu dei brecha pra isso. Mas ela nunca fez nada contra o meu relacionamento. Ela sempre dizia que estava feliz por mim. – Disse Brittany.

- Qual é Brittany! Não entendo como você não vê que essa mulher quer te separar da Santana. E BINGO, ela conseguiu! – Disse ele se irritando com a ingenuidade da amiga.

- Não foi ela, fui eu. – Lamentou a loira.

- Foi você, mas desde o começo, pelo que me contou, ela colocou em sua cabeça, já paranoica, que a Santana estava te traindo. Ela não presta, e você tem que se livrar dela. A Santana nunca vai te perdoar se a Clarice ainda estiver por perto como sua ‘’amiga’’. – Esclareceu ele.

- Mas a Clair não fez nada. – Insistiu Brittany.

- Não bastou a Santana ter terminado com você, para você acreditar?! – Perguntou Puck meio indignado com a amiga.

- Pra mim, a Clair não fez nada. Só vou me afastar dela, se realmente ela fizer alguma coisa. – Disse Brittany decidida. – Eu vou conversar com ela sobre o que aconteceu, e dizer que nada vai rolar entre nós.

- Eu sinceramente, estou decepcionado com você. E não só por ainda acreditar na Clarice, mas por magoar uma das poucas pessoas que se importam de verdade com você. – Disse Puck.

- Ah, obrigada por me lembrar disso. – Falou Brittany sarcástica.

- Eu espero que você nunca se esqueça disso, só pra saber quem é que realmente deveria ser importante pra você. – Disse ele.

- Eu sei quem é importante pra mim. – Falou ela.

- Eu acho que não. – Disse ele se levantando do sofá. – Não vá atrás dela. No máximo o que irá consegui é um belo de um merecido tapa na cara. Dê espaço pra ela.

- Mas eu preciso falar com ela Puck. – Disse Brittany.

- Isso só é um conselho. Você só irá piorar as coisas. Mas para ela não pensar que você não se importa, mande umas mensagens pra ela. Nada de ligações! - Disse indo em direção a escada.

- Puck. – Chamou a loira antes que ele subisse. – Obrigada.

- Como eu disse, não irei te ajudar a consertar suas merdas. Eu ainda estou chateado com você fez, e com o que falou. Não irei ajudar você a voltar com ela. Na verdade, nem sei se você merece. Vou procura-la depois e ver como ela está, mas não se preocupe, que também não vou falar nada que te prejudique. Vai tudo depender de você. Boa sorte! – Disse ele subindo, e não dando chance para uma resposta de Brittany.

A loira ficou por alguns minutos pensando em como a manhã do dia anterior tinha sido diferente dessa, onde ela se encontrava.

Na manhã anterior, ela tinha uma namorada linda e que amava. Um amigo que sempre estava ao seu lado. Se considerava a pessoa mais feliz do mundo.

Mas nesta manhã, ela não tinha mas a namorada que ama. O amigo não está mas ao seu lado. E com certeza não se considerava mas, a pessoa mais feliz do mundo.

E tudo foi por culpa única e exclusiva dela. Se sentia envergonhada por ter falado todas aquelas coisas pra Santana. E também para Puck. Ela afastou no mesmo dia, as duas pessoas mais importantes de sua vida, as duas únicas pessoas que realmente se importavam com ela.

Em um único dia tudo tinha desmoronado.

Enquanto seus pensamentos corriam entre Santana e como ela estaria, Susan desceu as escadas encontrou a filha. Ela percebeu que Brittany tinha andado chorado e perguntou:

- Aconteceu alguma coisa? – Susan não tinha nem um pingo de preocupação em seu corpo, só perguntou por curiosidade.

- A Sant terminou comigo. – Respondeu Brittany esperando que sua mãe fosse lhe consolar, e lhe dar apoio. Já que Puck apesar de ter deixado que ela chorasse em seu ombro, não lhe consolou. Ela precisava de alguém que ficasse ao seu lado e dissesse que iria ficar tudo bem. Mas estava terrivelmente enganada. Essa pessoa que iria está ao seu lado, não era sua mãe.

- Graças a Deus uma boa notícia! – Exclamou a loira mais velha. Susan decidiu que tinha que ligar para Clarice e avisar a novidade.

Então ela subiu novamente em direção ao quarto, deixando uma Brittany decepcionada com a atitude da mãe para trás. Susan pegou o celular e logo discou o número de Clarice.

- Oi Susan. – Atendeu Clarice, com falsa animação.

- Você não vai acreditar no que aconteceu! – Disse Susan. – A coisa latina fez uma coisa boa.

- E o que foi que ela fez? – Perguntou Clarice curiosa.

- Ela terminou com a minha ‘’bebê’’. Deu um chute na bunda da Brittany. – Respondeu Susan.

- Mentira! Essa é a melhor notícia que eu poderia ter recebido. – Comemorou a mulher mais nova. - E por que ela fez isso? – Perguntou Clarice não escondendo sua animação.

- Eu não sei minha querida. Só sei que essa é a sua chance. Sua hora de voltar a liderar esse jogo. – Respondeu a mulher mais velha.

- Eu já estou liderando esse jogo. – Disse Clarice com um grande sorriso de maldade no rosto. – Agora é uma questão de alguns dias para eu ter o que é meu de direito.

- É sim querida. O jogo já foi ganho. – Falou Susan. – Tchau Clair, tenho que ir tomar café.

- Tudo bem. Tchau Susan, obrigada pela a ótima notícia. – Disse Clarice e finalizou a ligação.

Clair simplesmente não conseguia parar de sorrir. Mas não era um sorriso de felicidade, e sim de maldade.

- Obrigada Lopez. Você me fez muito feliz essa manhã. E ainda me poupou trabalho. – Disse Clair. – Brittany, agora você será minha. Só minha!