Armistices Of Love escrita por TheSmithSisters


Capítulo 6
Lost In A Blink Of An Eye


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! 8 reviews merecem mais um capítulo não é mesmo? E esse aqui está super recheado de emoções! Um superobrigado aos anjos:
* C Morais
* Marie
* LittleQueen
Cap para vocês amores!
Beijo & Boa Leitura! :P



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POV Destiny

Eu tinha uma mala de rodinhas e uma mala de mão para uma viagem de duas semanas ao Monte Negro. De acordo com a Effie estávamos indo em uma ótima época, a transição do outono para o inverno. Eu havia feito e desfeito minhas malas cerca de dez vezes porque Peeta insistia para que eu colocasse mas casacos caso eu sentisse frio e Katniss me estimulava a colocar o mínimo possível, para ser mais prática.

Eles haviam me deixado na estação de trêm às cinco da manhã. Após despedidas melosas e meia hora sem querer largar Dany eu finalmente fui fazer o check-in na estação junto à Effie. Às 5:30 fomos até a central nos reunir com os outros alunos.

 - Destiny!

- Hope! - Matt e Mike chegaram por trás de mim e me pegaram em um abraço de urso.

- Oi clones!

- Clones...? - Matt começou a focar cada centímetro do meu rosto como se verificasse se não estava machucada.

- Meus clones favoritos! - deu um beijo na bochecha de cada um deles. - Bem...se vocês já deram sinal de vida, com certeza o…

- Olá flor da primavera. - senti o hálito doce de mar e chuva perto do meu pescoço.

- Luca. - me virei e aqueles olhos hipnotizantes estavam mais perto do que eu queria. Toquei seu peitoral o afastando. - Mais distância Odair. - ele deu um pulo pra perto e agarrou minha cintura.

- Por que o drama lindinha? Somos amigos não somos? - Tirei suas mãos de mim e joguei meu cabelo pra trás.

- Não. E mantenha suas mãos bem longe. - ele deu um riso e eu o olhei com perversidade.

- O amor é uma coisa linda. - Mike se apoiou em meu ombro esquerdo.

- E dizem que ele é cego. - Matt se apoiou em meu outro ombro.

- Deve ser por isso que ele nunca me acha – os dois falaram ao mesmo tempo suspirando e Luca riu.

- Ei vocês dois. - fiz cafuné na cabeça dos dois. - Eu amo vocês. São os melhores amigos do mundo! - eles deram ombros.

- Mas cara - começou Mike – até um cego veria o amor entre você e o Odair aí. - apontou para Luca e eu dei uma risada abafada.

- Vocês são doidos de pedra. - saí de perto deles e segui Effie até o trêm 034.

Entramos nos trêm de mogno, madeira e prata. Sentei-me em uma poltrona de couro vazia e poucos sengundos depois senti alguém sentando do meu lado.

- Luca!

- Algum problema coração?- ele pegou um cacho do meu cabelo e enrolou em seu dedo.

- Na verdade esse lugar já tem dono ,coração. - empurrei-o para fora do banco.

- Aé? Quem? - olhei para a primeira pessoa na minha frente. Sorte a minha.

- Silver! - a puxei e sentei-a na poltrona. - Minha amiga, a Silver. - ele me deu língua e se sentou na poltrona atrás de mim. Matt e Mike se aproximaram e sentaram nas poltronas na frente da minha.

- Oi Des! - Matt levantou a cabeça sobre a poltrona e logo, Mike também.

- Luca! - Mike o chamou e Luca se levantou atrás de mim de forma brusca. - Por que não entra na nossa conversa? - Eu me contraí nas almofadas da enorme poltrona. Matt+Mike+Destiny+Luca? Não ia dar certo. E eu tinha certeza disso.

- Parece que a dama aqui está de mau humor. - ele me olhou irônico. Parecia divertido. Levantei frustrada.

- Odair não se meta na minha vida psicológica.

- Eu me meto onde eu quiser Clark Smith.

- Não deveria. - me virei e ele estava debruçado bem perto de mim.

- Por que não?

- Por que...

- Eu disse que ia rolar beijo! - Matt passou dez dólares para Mike e eles riram. No mesmo instante eu me afastei dele. Porém Luca coninuou me olhando e depois de alguns segundos de transe desviou o olhar.

- Vocês são ridículos!

- Quer saber? Podemos até ser. - Mike começou.

- Mas você gosta. - Matt completou.

- Certo... - olhei para eles os desafiando e eles se viraram para suas poltronas.

- Então... - Silver se virou para mim e seus olhos se ascenderam - eu meio que achei isso. - Ela me mostrou um panfleto de teste de líder de torcida. Eca.

- Hum...Silver querida. - coloquei minha mão em sua testa. - acho que você está passando mal.

- Não, não estou! Eu estou ótima. E aliás, vi o que você pode fazer. O negócio da mortal e talz. Você deveria se inscrever.

- De jeito nenhum.

- Qualé? - ela me tocou com seus dedos finos. - Aí poderíamos esfregar isso na cara da Kimberly. - Minha cabeça girou.

- Quem?

- A barbie metida à besta.

- Foi mal mas...torcida não é a minha praia....

- Serio Clark Smith? - Luca reapareceu. - Eu acho que você ficaria uma gata naqueles uniformes.

- Aquelas saias que não dá pra saber se são cintos ou se ao menos são consideradas vestes humanas? Não muito obrigado.

- Destiny por favor... - Silver apertou meu braço e pude sentir o trêm começar a balançar. E se movimentar rápido e mais rápido fazendo com que a paisagem começasse a mudar e ficar borrada.

- Não. - fiz uma cara de “foi mal mas não rola” para Silver e depois virei para Luca com uma expressão que dizia “ Não e nem tente de novo.” - E não!

- Nossa? Destiny Hope com medo? - ele se debruçou sobre o meu apoiador de braço e apertou o botão de “girar poltrona” para que nossas cadeiras ficassem uma na frente da outra. Logo em seguida os gêmeos também e nossas cadeiras formaram um quadrado. Silver de frente pra mim, Luca do meu lado direito e os gêmeos do meu lado esquerdo.

- Agora ta ficando interesante.... - Mike arqueou a sombrancelha.

- Eu não estou com medo.

- Aé? Parece que está sim. - me virei e bufei. - Ele é sempre tão irritante assim?

- Espera pra ver. - respondeu Matt.

- Acho que isso merece uma aposta.

- Pode mandar Odair.

- Hum...duvido que você vá até o vagão 5 e pegue um sabonete do banheiro.

- Uau. Essa é sua aposta Luca? Fraca, mas eu aceito.

- Trato? - ele estendeu sua mão e eu a apertei.

- Feito. - os gêmeos e Silver trocaram 20 dólares fazendo suas apostas. Apesar de eu achar aquilo ridículo era bom não ter que passar três horas e meia sentada em uma poltrona que tinha o tamanho de uma cama.

- Duvido. - Matt sussurrou e me virei com a mão na cintura.

- Como é?

- Você já tentou passar pelos seguranças?

- Que seguranças? - Luca o interrrompeu.

- Os seguranças no vagão 5.

- Não.Ainda não. - respondi.

- Bem boa sorte. - Mike e Matt apertaram minha mão enquanto eu me levantava.

- É. Boa sorte. - Silver sorriu. Luca se levantou e me seguiu.

- Onde pensa que está indo?

- Atrás de você. - me virei e o parei com as duas mãos.

- Nada disso.

- Como não? Preciso coferir se você fez exatamente o que eu pedi.

- Mas é só um sabonete de banheiro, tipo aqueles rosinhas ou azuis que vem da capital.

- Se tem tanta certeza de que vai vencer por que não me deixa ir? - ele me olhou diretamente nos olhos.

- Tá bem.

Saímos do vagão 4 por um corredor de mogno e metal com corrimões dourados e placas de vidro com um enorme ar condicionado branco que congelava o corredor. Ao entrar no vagão 5 vi um homem de roupa preta. Um adolescente. Ele tinha olhos verdes e os cabelos eram loiros.

- Ei. - ele me parou – O que fazem aqui?

- Nós...

- Na verdade – interrompi Luca. - Eu precisava muito da sua ajuda. - peguei a mão do segurança gato e tenho quase certeza de que ouvi Luca rosnar.

- Desti...

- Shh. - silenciei Luca. - Posso saber seu nome? - Lentamente encostei o garoto na parede de mogno.

- Am.... Jamie.

- Adoro esse nome. - toquei sua bochecha. - Jamie... - tentei falar de forma atraente.

- Destiny Hope. - Luca quase gritou mas ignorei. Coloquei minha mão em sua nuca.

- Boa noite Jamie. - apertei seu nervo e ele caiu no chão. Houve silêncio por um tempo.

- Você matou...

- Não. Claro que não. Ele só está desmaiado. Quando acordar não vai lembrar de nada.

Entramos por uma porta automática e não havia niguém no vagão. Parecia um ambiente gourmet, porém não havia ninguém. Fomos até um enorme porta de mármore onde ficava um banheiro gigante. Tinha até um sofá de couro e duas poltronas estilizadas. Haviam três pias de um pedra vermelha, um enorme vazo de flores coloridas, um espelho gigantesco, enfeites nos ladrilhos brilhantes e o teto era todo detalhado com um desenho que imitava perfeitamente o céu.

- Nossa...isso é....

- Grande?

- Enorme. - fui até a bancada e peguei um sabonete roxo que parecia um golfinho. Coloquei na mão de Luca. - Satisfeito?

- Não. Você tem que levar isso aqui até o nosso vagão. - suspirei e quando fui dar um passo o trêm deu uma freiada e as luzes se apagaram. A porta automática não abria. Fui até ela e a porta do banheiro não estava abrindo de jeito nenhum. Fiquei desesperada. Mas não quis demonstrar isso.

- Luca... - ele se aproximou de mim. Ainda estava confuso. - Estamos presos.

- Não acredito. - ele parecia realmente preocupado. Seus olhos estavam intensos.

- Acredite. E a culpa é sua. - me sentei no sofá de couro e coloquei a cabeça entre as mãos.

- Minha?

- Sim sua. Foi você que fez essa aposta idiota. Nem sei por que entrei nessa... - ele se sentou do meu lado com extrema delicadeza. Suspirou cortadamente.

- Me perdoe.

Olhei para ele com o canto do olho e ele não estava brincando. Olhava fixadamente para a porta e parecia em transe. Passou a mão pelos cabelos e aponhou o punho na testa. Isso me fez lembrar da briga de meus pais. Quando Peeta se apoiou na porta e Katniss estava em transe...E eu havia gritado com Luca igualzinho como eles haviam agido.

- Foi mal...eu só... - bufei. Ele bufou e pareceu sair do transe.

- Você é uma chata.

- E você um idiota. - joguei uma almofada nele e nós rimos.

- É melhor só esperarmos até a energia voltar. - olhei-o e ele parecia esperançoso.

- Tudo bem...

30 minutos. 1800 segundos. Nada de energia.

- Luca. - dei uma almofadada nele que estava quase dormindo.

- O que foi? - ele pareia um bêbado falando.

- A luz ainda não voltou. Isso não te preocupa? - Apesar de estar escuro consegui ver ele rindo como um idiota. Ele chegou mais perto e tocou meu queixo.

- Eu até que gosto do escurinho. - Dei um tapa em sua mão e ele piscou várias vezes como se tivesse acabado de acordar de um sonho.

- Você tá sonhando.

- É bom que eu esteja mesmo.... - de repente ele se levantou e abriu a torneira. Jogou água no rosto e fechou os olhos por alguns minutos. - O que acha que devemos fazer?

- Uau. O senhor Sei De Tudo e Tenho as Respostas Pra Tudo está mesmo me perguntado isso?- ele me olhou sério.

- Qualé. - eu suspirei.

- Sei lá...talvez esperar.

- Mais?

- Eu não faço idéia. - ele voltou e sentou do meu lado. Cruzei minhas pernas e coloquei o braço no apoiador do sofá. O idiota...tá bom ele ficava lindo como idiota, mas enfim....ele começou a olhar descaradamente para as minhas coxas. - Luca? - eu o chamei mas ele não respondeu. - Luca! - ele finalmente acordou piscando um pouco. - Você não vergonha na cara não? - cobri minhas pernas com as almofadas.

- Desculpe se você está sendo uma teimosa linda e nem permite que os outros notem. - ele parecia ter falado sério essa frase o que ascendeu algo em mim. Luca revirou os olhos. - Só o Evan Estúpido.

- Como é?

- Você sabe...ele parece um cachorrinho atrás de você.

- Luca... - eu suspirei não acreditando. Aquilo era ciúmes? - Isso não é verdade. Por que não aceita que ele é um ótimo amigo?

- Não minta pra si mesma. E não o dê falsas esperanças. - ele me olhou como se dissesse “ que vergonha” - Não acredito que ele seja um bom amigo.

- Isso porque você só liga para o Mike e o Matt.

- Desculpe, mas eu senti uma pontada de ciúmes nessa frase?

- Acredito que não Odair. Nem em um milhão de anos.

Ficamos nos encarando por longos segundos. Até que as luz do banheiro voltou e me cegou pela sensibilidade à luz.

- Aleluia. - me levantei e fui até a porta. Ela não abriu. Tentei empurrá-la. Nada. - Luca. Não está funcionando. - Ele se levantou e tentou empurrar a porta até ficar vermelho. - Luca... - eu praticamente gemi.

- Calma Destiny. Vamos achar um jeito.

Tentamos abrir as janelas que a propósito não tinham abertura, tentamos quebrar os azuleijos da parede, achar algum encanamento, algum papel para mandar socorro, algo que pudesse emitir um som alto o bastante para ser ouvido do outro vagão porém....não havia nada. Sentei-me no canto do banheiro e começei a soluçar. Estava me sentindo tão tola. Luca chegou até mim se agachou e afagou meu cabelo.

- Destiny vamos sair daqui. - tirei suas mãos de meu cabelo.

- Por que? Por que Luca? Você sabe o que Effie vai pensar? Eu não consigo acreditar que agi tão inconsequentemente assim. - Ele suspirou.

- Vão acabar nos achando. Mais cedo ou mais tarde.

Mais tarde. Bem mais tarde. Depois de duas horas e meia o trêm parou. Eu dormi em cima de Luca depois dele ter me convencido, porque eu realmente não queria. Talvez só um pouco. Quando o trêm parou as luzes começaram a piscar e a faíscar e Luca tentou abrir a porta novamente. Ele conseguiu. Porém, quando voltamos ao vagão 4 não havia ninguém. Ninguém. Procuramos por nossas coisas mas tudo havia sumido.

- Tá bom isso é ruim...

- Você jura?! - explodi. - Eu não acredito. Eles se foram. - olhei para o relógio. 19:00. Haviamos ficado quase 8 horas naquele banheiro e a viagem só ia durar 4. Eles já havia partido há muito, muito tempo. Enquanto estávamos durmindo. - Eles já foram embora....

- Destiny...

- Não Luca! Acabou....Estamos perdidos.

- Não, não estamos.

- Claro que estamos. Não tem ninguém no trêm. Estamos so-zi-nhos.

- Por isso que devemos sair. - ele puxou meu pulso e larguei sua mão de meu braço.

- Sair?

- Prefere passar a noite aqui sem saber para onde o trêm está indo?

- Sim.

- Bem, eu te garanto que não é nossa melhor opção.

- E qual é nossa melhor opção? Sair no meio do mato, sem nenhum sinal de civilização e passar a noite na floresta bem no início de um inverno rigoroso? - ele suspirou.

- Olha, eu sinto muito mas temos que sair.

- N... - eu ia discutir mas não havia saída. Ficar em um trêm sem destino era tão ruim quanto passar uma noite na floresta. - Quer saber....tanto faz.

Saímos do trêm e estávamos em uma floresta semi coberta de neve e as folhas ainda vermelhas-alaranjadas pelo outono. Chovia muito e tudo parecia alagado e frio. Andamos cerca de vinte minutos até vermos uma fumaça vindo do interior da mata. A seguimos e descobrimos um chalézinho de madeira. Bati na porta e um senhor de idade a abriu. Ele usava um chapéu xadrez calças coloridas e um paletó cinza desgastado.

- O que posso fazer pelas moçinhas? - ele perguntou.

- Na verdade eu sou um homem. - corrigiu Luca. O velho espremeu os olhos e riu.

- Certo. O que estão procurando?

- Na verdade pensamos que talvez pudéssemos nos abrigar aqui por algumas horas até a tempestade passar. Nosso trêm...

- Tudo bem! Sem mais abobrinhas, você fala demais moçinha. Faz tempo que não recebo convidados. - ele nos empurrou para dentro. Era tudo de madeira, havia uma cadeira de balanço, uma lareira, um sofá com palha e isopor e um monte de cobertores por cima, uma mesa com uma xícara de café e tulipas mortas. - Bem vindos ao palácio. Aliás eu sou Dom. Ou Tim, nunca me lembro...

- Obrigada...ham..

- Me chame de Fill. Mas se me chamar de qualquer um dos outros nomes também vou responder.

- Você não tem idéia da gentileza que está nos fazendo Fill. - eu disse.

- Não me agradeça doçinho. Você pode ficar no sofá e a outra moç...o garoto, pode ficar no colchão inflável.

- Parece ótimo. - Tirei toda a minha roupa gelada e molhada. Luca me deu uma manta e colocou em meus ombros. - Obrigada. - Ele sorriu humildemente.

- Vocês são casados?

- O que? - começei a tossir freneticamente e Luca ficou paralisado. - Casados?

- Ah o amor... - Fill se sentou na cadeira de balanço e acendeu um charuto. - Sabe, na minha época nos casávamos muito cedo. Com 15 à 17 anos no máximo.

- Não estamos... - Eu e Luca falamos praticamente ao mesmo tempo.

Houve silêncio por pouco mais de cinco minutos e foi meio torturante. Fill foi até a lareira e tirou uma enorme panela de bronze, quando a abriu, a panela liberou um cheiro similar ao da morte. Ou de rato morto e gambá.

- Nossa. Quem morreu aqui? - perguntou Luca indo para longe do cheiro.

- A pergunta certa seria o que morreu aqui meu rapaz. - olhei para o Luca e ele fez um gesto de louco para o velho. Eu ri. - Sopa de cogumelos silvestres com carne de gambá. - Fill suspirou o aroma intoxicante e colocou em três tigelas de madeira rachadas. - Sirvam-se. - sentei-me na mezinha bem na frente de Luca.

- Você acha mesmo que eu vou comer isso? Até minha avó cega consegue cozinhar algo melhor...

- Ta com medinho Odair? - perguntei o encarando.

- Claro que não Clark Smith.

- Eu tenho sérias dúvidas... - enfiei uma colher da gororoba na guela e o troço tinha gosto de peixe vencido com suco de laranja com sal e limão, carne de porco intoxicada e vermes.

- Eu vou provar. - ele enfiou a tigela na boca e aproveitando que ele não podia ver corri até a janela e vomitei a sopa. Antes que o Luca terminasse joguei toda a sopa pela janela e me sentei, fingindo estar acabando de toma-la. Fill começou a rir me olhando. - Viu? - ele estava com cara de quem acabara de chupar limão.

- Na verdade eu estava ocupada demais tomando a minha sopa. - coloquei a tigela dentro de um enorme tanque de metal junto à outras louças. - Se me dão licença. - Um trovão caiu e foi alto, grosso, sombrio e fortemente potente. Vi Luca se encolher e olhar para os lados em pânico. Eu ia perguntar o por que....Mas ele realmente parecia aterrorizado. Assustado.

Sentei-me no sofá de palha e me cobri até a cabeça com o cobertor xadrez. Estava absurdamente frio e ficar na frente da lareira parecia a melhor idéia. Comecei a encarar o fogo e meus olhos pesaram. Fill se aproximou e me deu uma xícara de café, agradeci e ele se sentou na cadeira de balanço com seu charuto. Luca pegou uma das cadeiras de madeira da mesa e sentou-se quase do meu lado.

- Digam-me, por que estavam perdidos na floresta?

- O Odair é um idiota. - Murmurei tomando um gole de café. Vi os olhos do velho se acenderem.

- Odair? - Fill deixou sua xícara cair no chão e café e vidro se espalharam por todo o chão. Luca se levantou e eu também.

- Fill...tudo bem? - perguntei pausadamente.

- Não. Nem um pouco. Preciso ficar sozinho.

- Ei cara você.... - Luca tentou pegar o ombro dele porém ele tirou as mãos dele rapidamente de seu ombro.

- Por favor. - ele pegou um espingarta, colocou um sobretudo,uma capa, um chapéu, botas galochas e saiu na chuva.

- Espera! - era tarde demais.

Luca começou a pegar os cacos de vidro com a mão. Vi sua mão esquerda começar a sangrar por um pequeno corte.

- Luca. - ele não parou. Colocava todos os cacos no fogo. - Luca, me ouça. - continuou olhando para o fogo. Fui até ele e peguei suas mãos com força. Elas estavam geladas como pedra e tremiam. - Suas mãos estão geladas. - ele tentou s soltar mas não deixei.

- E daí?

- Daí que elas também estão sangrando. - ele encarou as próprias mãos.

- Ah...isso não importa. - ele virou o rosto. Peguei seu rosto com a mão. Gelado.

- Luca, claro que importa... - suspirei e peguei novamente suas mãos elas estavam menos quentes e eu sentia as minhas formigando. - Parece que eu sempre tenho que cuidar de você.

- Então devia olhar mais a sua volta! - ele quase gritou e parecia prestes a chorar.

- O que você quer dizer com isso? - larguei suas mãos das minhas.

- Você deixou aquele homem sair sozinho no meio de uma tempestade!

- Eu? Por que você não foi atrás dele? - ele me encarou por três segundos e vi uma lágrima cair de seu olho azul oceano. Ele rapidamente a limpou e se virou.

- Esqueça. - ele foi até a janela e ficou lá a encarando. Voltei para o sofá e pensei em dormir. Consegui? É claro que não...

Não tinha adormecido mais de 30 minutos quando ouvi a voz de Luca e Fill.

- Então por que mente pra ela? - Fill perguntou.

- Qualé...ela me odeia. - Luca parecia exausto.

- Que nada filho. Mulheres nem sempre são o que parecem. Podem parecer uma linda minhoca mas na verdade são uma cobra venenosa. Desvenda-las é a parte mais difícil.

- Você não sabe como é difícil ficar perto dela. Todos os meus sentidos se difundem e tudo fica tão confuso. A razão parece se esvairar de todo o meu corpo.

Estavam falando de quem? Aquilo estava me dando vertigem. Meus olhos estavam se fechando...

- Ah garoto... isso se chama....

Meus olhos se fecharam.

Fantasmas Perdidos ( Misguided Ghosts - Paramore )

(1,2,3,4)

Eu vou embora por enquanto

Mas eu vou voltar, não tente me seguir

Porque eu vou retornar o mais cedo possível

Veja, eu estou tentando achar meu lugar

Mas talvez não seja aqui onde eu me sinto segura

Todos nós aprendemos a errar

E correr

Deles, deles

Sem direção

Correr deles, deles

Sem convicção

Eu sou apenas um daqueles fantasmas

Viajando incessantemente

Não preciso de estradas

Na verdade eles me seguem

E nós apenas vamos em círculos

Agora sei que essa é a vida

A dor é apenas um simples compromisso

Então nós podemos ter o que nos queremos disso

Alguém se importaria em classificar

Nossos corações partidos e mentes confusas?

Então eu posso encontrar alguém em quem confiar

E correr

Para ele, para ele

Toda velocidade à frente

Oh, você não é

Inútil

Nós somos apenas

Fantasmas perdidos

Viajando incessantemente

Aqueles em quem nós mais confiamos

Nos empurraram para longe

E não há estradas

Nós não deveríamos ser iguais

Mas eu sou apenas um fantasma

E eles continuam a me fazer ecoar

Eles me fazem ecoar em círculos


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Notas finais do capítulo

Tenso? Sim ou sim??
Esperem p/ ver o que vai acontecer no resto dessa viagem doida pq temos certeza que vocês vão ficar de queixo caído! kkkk
Reviews e Coments são aceitos para caps adiantados viu?
BEIJO
PS: Não se enganem com o Fill, ele é um velho de muito segredos...
:)