Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 38
Transformação Completada




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Nos dias que se seguiram ao acidente, nenhum dos lobos de La Push tivera notícias de Renesmee, nem tampouco a viram perambular pela reserva. De acordo com Edward, ela andava a pensar muito em suas atitudes e a conversar com Bella a respeito, finalmente se abrindo com a mãe e procurando uma forma justa de se redimir.

Jacob, porém, sentia seu imprinting o torturar com a saudade, desejando diariamente correr para os braços da meia vampira. Contudo, ele não tinha sangue de barata, estava magoado e seu orgulho não o deixava correr atrás dela como se ele fosse o culpado da história.

Ainda nesses dias, Carlisle retornara para Forks e realizara a primeira consulta pré-natal de Leah, que se desmanchara como uma manteiga ao constatar cientificamente que estava grávida. Ela odiava estar tão sentimental, mas os lobos quileutes pareciam adorar e se divertir com suas constantes mudanças de humor.

Contudo, Nicolas não conseguia ver a graça em tudo aquilo e, por diversas vezes, se zangara com os amigos, deixando nítido aos olhos do bando o quão estranho estava seu comportamento com relação à Leah. Sam não entendia as atitudes do filho e temia que Lucian resolvesse castigá-lo.

O cherokee, por sua vez, tentava manter-se sossegado, não querendo enxergar coisas onde não existiam, como da última vez. A lua cheia logo bateria a sua porta e ele não queria uma razão para fazer besteiras, então, para compactuar com sua tranquilidade, Lucian recrutou alguns conhecidos da reserva para ficarem de olho no garoto Uley.

Certa manhã, um barulho de motor anunciou a chegada de alguém à casa das Noolan. Elena corre em direção à porta assim que a campainha é tocada e se atira sobre o visitante sem hesitar, enlaçando suas pernas em sua cintura. É claro que ela sabia quem era, pudera sentir o seu cheiro assim que a porta do carro se abriu e sabia que era Harry.

― Estou feliz que esteja aqui – confessa ela, sentindo uma estranha alegria em tê-lo ali.

― Vão começar a pensar besteiras se continuarem agarrados dessa forma – diz Lyssa aproximando-se da porta. – Se recomponha, Elena, está parecendo uma lagartixa!

Elena solta o mestiço aos risos, fazendo Lyssa sacudir a cabeça e finalmente notar a presença de Charlie, que a observava.

― Charlie! – cumprimenta ela com um sorriso.

― Lyssa – cumprimenta de volta, sentindo suas bochechas queimarem.

Um silêncio constrangedor pairou entre eles. Lyssa sentia que o policial queria lhe dizer alguma coisa e por isso permaneceu quieta, porém, Charlie estava travado... Harry fazia algumas caretas discretamente, como se o mandasse desembuchar logo, mas somente depois de muito pigarrear é que ele consegue:

― Estive pensando... – Pausa, olhando ao redor e não sabendo o que fazer com a s mãos. – Já que nossas crianças vão estar um pouco ocupadas hoje, virando bichos grandes e assustadores, cheirando árvores e correndo atrás do rabo... – Lyssa ri. – Gostaria de passar a noite em minha companhia? – Pausa, analisando as próprias palavras. – Digo, não exatamente passando a noite... Jantando, talvez?

Charlie sentia-se enferrujado em suas técnicas de sedução, como se voltasse a sua juventude e cortejasse uma garota pela primeira vez. Lyssa solta uma pequena risada com o seu embaraço, achando fofa a maneira com que ele tentava se explicar.

― Seria uma ótima ideia!

Ele sorri, sentindo o coração disparar dentro do peito. Será que estaria se apaixonando novamente? Será que um homem abandonado poderia encontrar alguém que o acolhesse e o amasse de verdade?

Charlie parte logo depois, pois seu objetivo era apenas levar o mestiço encrenqueiro em segurança para visitá-las, e, agora que sua missão estava cumprida, precisava voltar ao seu trabalho. E naquela tarde, Harry explicou a Elena tudo o que sabia sobre lobisomens e suas transformações, visto que a lua cheia apareceria justamente naquela noite e ela estava extremamente nervosa.

Lyssa ouvia a tudo com extrema curiosidade, pois sempre estudara a espécie pelo ponto de vista dos caçadores e agora podia ver as coisas por outro ângulo. A campainha da casa toca de repente, fazendo algo se agitar dentro de Elena, que ficara nervosa a cada palavra de Harry. Contudo, ao abrir a porta, encontra Charlie muito bem-vestido e perfumado, que aparecera para fazer companhia a Sra. Noolan, anunciando de maneira indireta que estava para anoitecer.

Não levou mais do que alguns minutos para Harry e Elena partirem rumo à La Push, no veículo de Lyssa, deixando ambos os humanos para trás, com uma adorável ida a um restaurante em Seattle.

― Nervosa? – pergunta Harry no caminho para casa, notando que Elena tremia e estava estranhamente calada.

― Um pouco – responde num sussurro.

― Fique calma! – Segura a volante com uma única mão, enquanto a outra agarrava a dela com força. – Eu estarei lá, nada dará errado!

Depois de alguns minutos, o carro estaciona em frente a casa e a família Clearwater se reúne para mais uma lua cheia. Elena não conseguia entender como Lucian e Harry podiam conversar tão naturalmente, sabendo que se transformariam a qualquer momento, pois ela própria estava apavorada. Será que ela conseguiria manter a mente limpa para sua primeira noite de transformação? Será que machucaria alguém? Será que reconheceria Harry, ou Lucian, ou Leah?

A mente de Elena se agita em pensamentos e preocupações, não conseguindo conter o tremor de seu corpo quando a família se posicionou no centro da floresta, onde uma fogueira já estava acessa para aquecê-los até o grande momento.

A maioria dos lobisomens não tinha tempo de sentir-se ansioso e nervoso, pois nunca sabiam ao certo quando aconteceria a transformação. Mas com humanos infectados com o veneno de um lobisomem, a situação era diferente, porque eles sabiam exatamente quando aconteceria... Elena ouvia as histórias cherokees de Lucian, ao redor da fogueira, com extrema atenção, tentando se desligar do motivo de estar ali e do que lhe aconteceria a seguir.

Lucian e Harry podiam sentir suas feras revirando-se em seu interior, conforme a lua subia no céu nublado, pois, apesar de não a verem, eles sabiam que ela estava lá. Levou certo tempo até que a esfera branca encontrasse uma brecha por entre as nuvens e deixasse o seu brilho atravessar as árvores em direção à pequena fogueira, como se tentasse guiar seu holofote para sua mais nova lupina enamorada.

― Está pronta? – pergunta Harry docemente.

Elena assente com a cabeça e deixa-se guiar pelo mestiço, que a levava pela mão para fora da sombra das árvores. Ainda mantendo o contato visual, Harry a posiciona sob a luz branca, fazendo-a sentir uma sensação estranha de entorpecimento, como se a própria esfera branca estivesse acariciando as maçãs de seu rosto.

― Quanto mais segurar, mais incomodo será – explica Harry. – Apenas olhe para o alto e deixe-se envolver.

Passo após passo, o mestiço se distância. Seus olhos a fitavam de forma orgulhosa e gentil, e em seu rosto destacava-se o imenso sorriso. Elena parecia ser contagiada por suas emoções, pois sabia que a partir daquela noite ele a teria para toda a eternidade e vice-versa, e, apesar estar com medo, ela se orgulhava da decisão que tomara.

Bastou apenas alguns segundos para que Elena sentisse o pulsar doloroso em seu peito. Seu rosto se contorce numa careta, mas logo ela sorri, não querendo estragar o sorriso perfeito de Harry aplicando-lhe uma injeção de preocupação.

― Basta olhar para o alto – lembra Harry, não conseguindo mais conter sua alegria e empolgação.

Elena obedece, ergue os olhos para a lua cheia que reinava soberana no céu noturno. Era algo tão visível, uma magia tão palpável, que ela sentia como se as luzes brancas que emanavam da lua a envolvessem, tirando-a completamente do chão e fazendo-a levitar. Tudo era mágico e perfeito... Até vir a dor!

Antes de apagar completamente, Elena pode sentir a fera rasgar-lhe por dentro, uma dor rápida e dilacerante, que a fez retorcer o rosto e gritar. Harry sente seu corpo se arrepiar com o anúncio de sua dor, mas aquela estranha sensação logo foi substituída pela curiosidade, ao ver o corpo de feminino inclinar-se ligeiramente para frente e crescer rapidamente.

A costura de sua roupa não foi capaz de suportar seu novo tamanho e arrebentou, permanecendo os poucos trapos que lhe cobriam as regiões íntimas. Vistosos pelos brancos cresceram por todo o seu corpo, enquanto a lobisomem expandia e tomava forma. As garras afiadas imergem das mãos delicadas ao mesmo tempo em que suas orelhas e seu focinho se alongavam.

A fera branca solta um ganido baixo, seus olhos avermelhados abrem-se lentamente, demonstrando sua confusão, e seu focinho procurava desesperadamente por alguém. A lobisomem estava desorientada como um filhote recém-nascido, não sabia de onde tinha vindo, nem tampouco onde estava, tudo o que seus instintos lhe diziam naquele momento, era que precisava encontrar alguém: aquele que a criou.

― Tão linda – solta Harry num sussurro, fazendo as orelhas da lupina voltarem-se imediatamente em sua direção, ela já tinha ouvido aquela voz grave antes, a voz de seu criador.

A lobisomem estivera presa durante dias, submersa na escuridão e no calabouço da consciência de Elena, ela nunca o havia visto, somente o ouvido. Uma eternidade parecia ter se passado até aquele encontro, pois a lupina abanava o rabo freneticamente, sem desviar o olhar da imagem do garoto.

Harry aproxima-se rapidamente, querendo ao menos tocar-lhe os pelos antes que sua própria fera exigisse sua liberdade. Ela era linda, de pelo macio e branco como o mais impecável floco de neve, os olhos cor de sangue o fitavam com amor e veneração, e se fecharam instantaneamente quando ele afagou seu longo focinho. Elena era perfeita até mesmo em forma de lobisomem.

Não podendo mais conter sua transformação, Harry deixa sua fera sair, pois parecia irritada, como se estivesse ciente daquele acontecimento tão importante e desejasse ver a lobisomem branca por ele mesmo. Deixando-se levar pela magia da lua, o mestiço transformou-se ali mesmo, diante da fera branca, permitindo que ela acompanhasse a mudança e reconhecesse que ele era a fera cinzenta com manchas pretas. E quando o criador colocou-se diante de sua criação, tocou seu focinho, reconhecendo-a imediatamente como a sua amada parceira.

Leah estava admirada com tão linda transformação. Nunca tinha achado a transformação de um Filho da Lua tão encantadora quanto aquela...

― Nosso filhote é um garoto de sorte! – sussurra ela, mas o cherokee nada diz, apenas sorri em resposta. – Está tranquilo para hoje?

Lucian hesita e, depois de respirar fundo duas vezes, acena afirmativamente com a cabeça.

― Está doendo?

― Muito – responde entre dentes, tentando manter seu rosto sereno e seu monstro sob controle.

Leah sorri compreensiva, é claro que a fera de um alfa era sempre a mais difícil e dolorosa de se controlar, e que Lucian sofria a cada minuto que a mantinha presa. Ela se afasta alguns metros, permitindo que o cherokee erguesse os olhos aos céus e fosse hipnotizado pela lua, e, assim que assume o controle, a fera negra arca seu corpo para trás num uivo forte, entoando à lua uma canção, que fora seguida pela fera cinzenta e pela lobisomem cor de areia, que estava em outra parte da floresta com Seth.

Momento mais surreal não poderia ser vivenciado por Leah, que observa de perto a lobisomem recém-transformada erguer seu focinho aos céus e repetir a canção de seu bando.

 


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, espero que tenham gostado!! ♥ ♥
Obrigada a Lu e Lena pela recomendação, eu adorei demaaais, demais, demais.
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Ao que tudo indica o próximo capitulo será nosso último, portanto demorará um pouco mais para sair, ok? Espero conseguir fechar esta temporada com chave de ouro, como aconteceu na primeira :)
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Feliz Páscoa a todos!! Nos vemos no próximo capítulo ^^