Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 37
Verdade Seja Dita




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Renesmee se afasta rapidamente de Harry, mas não fora rápida o suficiente para escapar do gancho de direita de Elena, que viera de forma certeira em seu rosto. Instintivamente, mas ainda tentando se recompor, a híbrida se coloca em posição de ataque.

― Se tocar nele de novo, eu acabo com você, sua magricela sanguessuga!

― Olhe só, já está falando como um cachorro de verdade – debocha ela. – Vamos ver quem acaba com quem, projétil de lobisomem.

Nessie avança em alta velocidade, não sendo tão rápida quanto um vampiro de verdade, mas conseguindo gerar espanto em sua oponente, agarrando o seu pescoço como fizera da primeira vez que a encontrou. Mas, para a infelicidade da híbrida, a reação não fora como ela esperava, pois em vez de sufocar e desmaiar, a Elena apenas sorriu e também agarrou o pescoço de Renesmee, aplicando-lhe ainda mais força.

― Você está se esquecendo de um pequenino detalhe, Renesmee: eu não sou mais uma humana!

Elena fixa seus olhos nos da híbrida, praticamente a obrigando a assistir sua íris ser tingida de vermelho. Era nítida a diferença de força entre elas, Renesmee era apenas uma mestiça e tinha metade da força de seus pais, enquanto Elena era forte e rápida como uma filha da lua, e, somando essas características às suas habilidades de caçadora, ela se tornava o tipo de inimiga que os vampiros não gostariam de ter.

Nessie sentia-se sufocada, mas não era intenção de Elena mantê-la ali por muito tempo. Ela solta o pescoço da híbrida subitamente e, a partir dali, realmente começa a brigar, não como colegiais normais que puxam cabelos e arranham, mas sim, como seres míticos que lançam o oponente a metros de distância e podem quebrar os ossos humanos com facilidade, que usam árvores como tacos e efetuam manobras ao estilo Matrix.

Enquanto isso, Edward e Bella trabalhavam juntos para a remoção da árvore que estava sobre o veículo acidentado. Harry ainda estava desacordado quando eles finalmente conseguiram retirar o tronco, tratando de rasgar a lataria do veículo e retirar o mestiço de dentro dele.

― Coloque-o aqui Bella! – orienta Edward, que carregava Harry pelo tronco, enquanto a esposa segurava-o pelas pernas. – Me ajude com a cabeça.

― Edward, e a Nessie?

― Está apenas tendo o que merece – responde rapidamente, concentrando-se mais em averiguar se Harry havia tido alguma lesão.

Ainda na floresta e embrenhando-se cada vez mais dentro dela, estavam Elena e Renesmee a brigar:

― Me solte sua maluca – grita Nessie desesperada.

― Maluca? – Sorri irônica, acertando um chute certeiro na boca da híbrida. – Maluca eu era naquele dia, no mercado, hoje eu sou muito mais do que maluca... Louca, psicótica, furiosa, possessa de raiva, pode escolher o adjetivo que quiser!

Renesmee estava assustadíssima, pois, apesar de viver entre vampiros, nunca precisou entrar em nenhum conflito físico real e nunca esperou que sua primeira oponente fosse uma lutadora tão boa. De seu nariz e boca já escorriam sangue, seu cabelo acobreado estava desgrenhado e coberto de terra e folhas, assim como os de Elena, que também fora atingida muitas vezes e cujo penteado fora destruído.

Ambas começam a andar em círculos, encarando uma à outra e esperando que a oponente abrisse a guarda. Nessie queria encerrar aquela luta o quanto antes, mas Elena parecia disposta a brigar até que a meia vampira pedisse desculpas ou implorasse para ela parar.

― Você não merece ter Jacob ao seu lado, um alfa como ele merecia coisa melhor... Muito melhor – esbraveja Elena, olhando a meia vampira dos pés à cabeça.

― Jake não vive sem mim, é o efeito do imprinting – desabafa presunçosa.

― Por que não dá valor ao que tem? Por que se interessar pelo namorado de outra pessoa?

― Eu sou imortal e, enquanto Jake estiver na presença de vampiros, ele também será. Sabe o que é passar a eternidade olhando o rosto da mesma pessoa? É cansativo – explica-se.

― Isso não parece um problema para os seus pais!

Renesmee se cala de repente, engolindo tal verdade como se tomasse um copo de ácido, e sentindo-se, por um segundo, realmente suja pelo que estava fazendo com Jacob.

― Falar é fácil, você não sabe o que é eternidade – recomeça após um breve silêncio.

― E continua a reclamar? Isso é o que toda garota sonha, um feliz para sempre por tempo ilimitado... O que você está esperando, afinal? Perder o Jacob para assim dar o valor que ele merece?

― Jacob nunca vai me deixar!

― Sinceramente? Eu espero que ele encontre uma forma de te deixar, pois, como já disse, ele merece coisa melhor... E por falar em Jacob...

Elena deixa a frase suspensa no ar, levantando as sobrancelhas como se desejasse que a híbrida adivinhasse o que ela queria insinuar. Renesmee estreita os olhos e analisa o cenário ao seu redor, tentando entender sua insinuação, encontrando rapidamente os olhos do lobo avermelhado cintilando por entre as árvores.

A chuva havia diminuído naquele momento, mas se recusava a dar trégua. E mesmo com o incômodo da umidade em suas roupas e com a briga com Elena, naquele instante, Nessie só conseguia se perguntar o quanto daquela conversa ele teria ouvido. Contudo, os olhos tristonhos de Jacob denunciavam que ele havia escutado o suficiente para se sentir rejeitado e magoado, o que prontamente comprimiu o coração da híbrida em culpa.

― Jacob! – grita ela em desespero, ao ver o lobo avermelhado correr para longe.

Segundos se passaram até que um uivo triste e melancólico ecoou pela floresta, segundos estes, que pareceram horas para Renesmee. Ela estava parada e em silêncio, imersa em seus pensamentos, esquecendo-se momentaneamente de Elena, que logo resolve partir. Não houve o esperado pedido de desculpas, mas agora ela enxergava o quanto estava sendo cretina e egoísta, e isso era o bastante para a Noolan.

Elena corre de volta para a pista, afundando os tênis na lama da floresta e sorrindo aliviada ao notar que Harry já estava acordado e na companhia de Charlie. Ele ainda estava machucado, porém, seus genes lupinos já começava o processo de cicatrização, diminuindo qualquer tipo de dor que ele pudesse estar sentindo.

― Você está bem? Como está se sentindo? – pergunta ela ao se aproximar, fazendo-o sorrir.

― Como um cachorro atropelado – zomba Harry – Minha cabeça dói, meu corpo dói, sinto todos os meus sentidos desregulados... A presença deles nem sequer me incomoda no momento – explica, apontando os vampiros com a cabeça. – Minha mãe vai ter um troço quando souber desse acidente.

― É só não contar para ela – sugere Charlie com naturalidade. – Eu não conto!

― Um policial tentando esconder algo deste nível? – questiona Bella confusa.

― Não sou louco de dizer a Leah que seu filho deu perda total no carro e que só não morreu porque é um lobisomem infinitamente forte, e se ela me morder por causa disso? – zomba o velho policial, fazendo Harry rir.

― Morder? Lobisomem? O que quer dizer com isso? – desespera-se a vampira, ao perceber que o humano sabia muito mais do que deveria.

― O óbvio! – responde de cabeça erguida, percebendo o incômodo na voz de Bella. – Que Harry e Lucian são lobisomens, que Leah é uma loba e que Elena foi mordida e será a próxima a se transformar.

― Você contou a ele? – grita Bella, enfurecida, quase avançando contra o mestiço ainda atordoado, mas sendo segurada por Edward.

― Pelo menos alguém contou! – rebate Charlie, com um misto de grosseria e mágoa em sua voz. – Pelo menos ele não me deixou no escuro, não me tratou como um idiota e se afastou de mim... Pelo menos ele não agiu como você!

― Esse mundo é perigoso para você, não entende?

― Saber sobre lobisomens não quer dizer que eu vá colocar uma placa luminosa no pescoço e anunciar ao mundo: "ah, lobisomens existem, eu conheço um". – Encena, erguendo as mãos e gritando como um maluco.

― E o que ganhou sabendo disso tudo? – cospe Bella, também sentindo-se irritada e magoada.

― Ganhei um amigo, um neto... Alguém que me impede de me sentir abandonado e jogado às traças, alguém que confia em mim e que eu posso proteger, mesmo sendo ele a ter muita força.

Aquelas palavras magoaram Bella, porém, suas atitudes magoaram muito mais a Charlie, que só estava colocando em palavras tudo o que sentira com o súbito afastamento da única filha. O cenário ficou imóvel por alguns segundos, até que Harry se levanta com dificuldade e abraça o velho Swan.

― Machos de verdade não choram, sabia? - brinca ele, fazendo os vampiros finalmente perceberem as lágrimas que se camuflavam às gotas de chuva.

― Olha só quem está falando – rebate Charlie com voz chorosa, mas já arriscando uma risada. – O sofredor em pessoa!

Bella se sentia deslocada com relação ao seu pai, como se ele não se encaixasse mais no quebra-cabeça de sua vida. Como ela pudera deixar as coisas chegarem àquele ponto? Como pudera tê-lo chorando a sua frente e não perceber? Sua superproteção fora tão grande e forte, que agora ela não fazia mais parte de seu mundo, pois havia se afastado demais...

Uma silenciosa despedida se sucedeu, com apenas olhares e acenos de cabeça, e logo Charlie estava na estrada, levando os jovens lobisomens de volta para casa. O que os vampiros fariam a seguir, ninguém sabia, mas o trio na viatura policial, se entretinha e se divertia, enquanto procuravam a desculpa ideal para dar a Leah a respeito do carro.

No fim das contas, decidiram manter a versão do acidente, já que não conseguiriam explicar o desaparecimento do carro, optando por esconder a parte da "perda total" e da "briga feminina". É claro que, na hora da explicação, Lucian não engolira a história e facilmente pescara a verdade da mente do filho, contudo, Leah aceitara a "quase verdade" com facilidade e como sua reação não fora das melhores, o cherokee achou por bem manter as partes críticas da história em sigilo.

Depois da conversa, dos sermões e dos xingos, Charlie parte novamente, disposto a levar Elena para casa. Ele manobra a viatura e logo se coloca na estrada, mas, no meio do caminho, a curiosidade de Elena fala mais alto e ela arrisca em perguntar:

― Sr. Swan, como soube da minha transformação? – questiona, lembrando-se que ele mencionara tal coisa em sua discussão com Bella.

― Ah, bem, é que... – engasga, ficando nervoso de repente e sentindo as bochechas corarem. – Ando conversando muito com sua mãe ultimamente e... Bem, andamos conversando muito, é isso. – Tenta desconversar.

― Você e a minha mãe? – surpreende-se.

― Não é como você está pensando, menina, nós apenas conversamos.

― Sei. – zomba ela. – Conversaram tanto que o assunto acidentalmente passou de um caso policial, para lobisomens. Claro, isso é muito normal.

Charlie sente o rosto queimar de vergonha com as insinuações. É claro que Lyssa era bonita, responsável, simpática e dona de um ótimo caráter, mas será que ele poderia se atrever a interessar-se por ela, quando nenhum de seus relacionamentos havia dado certo?

― Deixe de pensar bobagens, Elena, sou muito mais velho, não tenho a mínima chance de ser notado por ela... Tenho? – pergunta de relance, deixando escapar seu interesse com esta última pergunta.

Elena senta-se na beirada do banco traseiro e se aproxima do ombro do policial, seu olhar era terno e alegre, como se pudesse ver os sentimentos de Charlie com facilidade e astúcia. Lyssa era uma mulher madura e muito bonita, é claro que alguém se interessaria por ela mais cedo ou mais tarde, e por que não o policial Swan?

― Bem, minha mãe adora seus cabelos grisalhos – sussurra ela, fazendo o policial ficar inquieto e gaguejar, tamanha era a sua vergonha. – Acho que isso é um bom sinal...

Charlie tentara tecer conversas paralelas para desviar a atenção de Elena, mas também se sentia como um adolescente diante daquele elogio, sem saber como reagir ao seu crescente interesse por Lyssa. Por outro lado, Elena sabia que um dia deixaria sua casa para morar com Harry e que sua mãe precisaria de uma companhia, alguém que mantivesse a caçadora mais perto da normalidade humana e que a fizesse feliz.

O policial Swan parecia um excelente pretendente aos seus olhos: estável, bom emprego, boa aparência, bigode engraçado, bom caráter e que, provavelmente, pediria emprestado as habilidades da caçadora para abater animais selvagens que ameaçassem os civis. E, a melhor parte, pelo que Elena podia notar, era que eles pareciam estar se entendendo naturalmente, pois é disso que vem o amor.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo ^^
Espero também que as coisas não tenham ficado muito corridas... Eu sei que muita gente esperava que a Elena batesse muuuuito mais na Nessie, mas é que fiquei meio sem ideias para descrever a briga D:
.
Próximo capitulo: Transformação Completada
A tão esperada lua cheia e a revelação da forma lupina de Elena!! :3