Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 27
Não Consigo Ficar Longe de Você




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Elena senta-se cuidadosamente, gemendo ao sentir a perna doer e formigar. Sua mão toca a coxa dolorida no mesmo instante, a bala estava alojada em sua perna por horas e ela mal conseguia imaginar o que poderia resultar disso tudo.

O lobisomem solta um ganido ansioso e prende seus olhos naquilo que fazia sua companheira sofrer, ele sabia que havia algo ali, devido ao sangue, e se aproxima para farejar o problema. O sangue já não mexia com seus instintos de predador, visto que era seu imprinting ali, por isso, fera empurra o tronco de Elena com o focinho, fazendo-a cair para o lado e a perna machucada ficar mais exposta. Sua maneira de agir podia ser bruta e neandertal, mas sua mente irracional não conseguia encontrar outra forma de ajudá-la, sem usar as garras.

A caçadora faz menção de se levantar, mas os rosnados em forma de protestos a fizeram estremecer e ficar estática. Seu corpo, outrora esquentado por Harry, sentia frio novamente, mas o lupino parecia focado apenas em sua perna ferida.

Apenas seguindo seus instintos, ele tenta curá-la através de sua lambida, porém, o tecido da calça jeans impedia a saliva de fazer seu trabalho, fazendo a ansiedade do lobisomem aumentar. Ele raspa as garras levemente sobre o jeans, numa tentativa frustrada de retirá-lo dali, mas o tecido não queria colaborar com o desejo irracional do mestiço.

― Não é assim que se rasga uma calça, Harry – diz uma voz feminina, fazendo o lobisomem soltar um ganido baixo.

― Leah? – pergunta Elena, levantando levemente a cabeça e ouvindo outro rosnado.

― Vim apenas por ele!

Leah estava ali o tempo todo, escondida entre as árvores, ouvindo a conversa do casal. Em seu coração ainda havia a revolta pelo que Elena havia feito com ele, mas sabia que teria de aceitá-la novamente, já que o filho a havia recebido de volta. Lucian também acompanhara os acontecimentos, enquanto na forma humana, mas sua experiência como filho da lua o ensinou a não guardar ressentimentos, e, por isso, estava mais propenso a aceitá-la em sua família novamente. E, antes de se transformar, pediu à esposa que os deixasse se reconciliarem.

― Preciso rasgar sua calça, ou ele não vai deixá-la levantar. – explica, se aproximando e agachando-se ao lado de Elena. – Lobisomens podem curar ferimentos através da saliva.

Um rosnado escapa do lobisomem cinzento de repente, alertando a aproximação da fera de Lucian. Leah sabia que o instinto protetor do filho não queria a aproximação de outro macho perto de sua companheira e, por isso, teve de mandá-lo ficar onde estava, arrependendo-se em seguida, pois o lobisomem apaixonado a olhava tristemente, não entendendo o motivo de não poder se aproximar.

― Vamos andar logo com isso! Apenas deixe-o fazer o que ele quer, prometo que ficará bem.

Leah toca a região machucada levemente tentando apanhar o tecido da calça, que estava colada ao corpo devido ao sangue, e, quando consegue, o rasga de uma só vez, deixando a coxa de Elena exposta. O lobisomem cinzento se ajoelha ao lado da humana, sem esperar pela saída da quileute, não sabendo analisar se o ferimento estava infeccionado, se era grave ou o quanto de sangue Elena havia perdido, fazendo apenas o que seus instintos o mandavam fazer.

O lobisomem lambe o ferimento três vezes, retirando a mancha de sangue e permitindo que a humana sentisse a perna melecada pela saliva.

― Isso é nojento – sussurra.

― Eu sei. – Ri Leah.

Elena sente uma pontada dentro de sua ferida, não conseguindo segurar um gemido, pois podia sentir a bala se movendo dentro de seu corpo, como se alguém estivesse a retirá-la. A saliva estava fazendo com que seu próprio corpo expelisse a bala, ao mesmo tempo em que o curava. E em questão de minutos, tudo havia desaparecido.

A humana se apoia nos joelhos lentamente, finalmente se levantando e procurando por Leah. Um ronronar estranho atraiu seus olhos para a loba cinzenta, que acariciava o lobisomem negro com o focinho e era correspondia por ele com aquele som engraçado. Era uma cena realmente longe de ser como as que o seu pai lhe explicara...

Um vento frio sopra de repente, fazendo todo o corpo de Elena estremecer. Seu casaco não era grosso o suficiente para combater o frio da madrugada, as pontas de seus dedos estavam arroxeadas e seus pés também gelavam dentro dos tênis. Porém, antes que pudesse perceber a aproximação, ela sente seu corpo ser içado do chão pelos braços grandes e quentes do mestiço.

Ela protesta, mas a fera não dá à mínima, não entendendo uma palavra de seus gracejos. O lobisomem encosta-se a uma árvore e deixa seu corpo escorregar até sentar-se no solo, com a humana em seu colo. É claro que ele havia percebido os tremores em seu corpo, e aquela era a sua singela maneira de ajudá-la, de protegê-la e de aquecê-la.

Elena sentia o coração bater forte. Tudo o que ele fazia ainda lhe causava medo e, por isso, precisou de alguns minutos para perceber o que ele realmente tentava fazer, sentindo-se envergonhada por duvidar das intenções de Harry.

― Me ajude a gostar você grandão – sussurra.

O lobisomem a aperta contra seu peito, fazendo todo o frio se dissipar. Elena acaricia os pelos macios que a envolviam, sentindo a tensão ir embora e o sono lhe pesar sobre os olhos. E, antes de partir para o mundo dos sonhos, ela se perguntou pela última vez como tivera coragem de caçá-lo.

O restante da noite passou daquela maneira, com o mestiço a zelar pela segurança e sono de sua companheira. Contudo, quando os primeiros raios de Sol despontam no horizonte, ele sente o seu lado racional tentando assumir o controle, mas, diferente das outras vezes, a fera cinzenta não tentou resistir. Com apenas um uivo baixo, ele se vai, permitindo Harry tomasse o seu lugar.

Ele estava exausto, porém, alegrou-se ao ver que Elena dormia em seus braços, com os cabelos espalhados e os lábios a tocar levemente o seu tórax. O mestiço acaricia os cabelos de sua garota por alguns segundos e logo adormece, agradecendo a sua fera pela primeira vez, por aquele presente.

― Eu o vi por aqui durante a noite – dizia alguém ao longe, fazendo Elena despertar.

― Não posso dormir um pouco, para depois procurá-lo? Estou cansado...

― Não! Recuso-me a deixar meu filho largado na floresta e você, como o pai e o mais forte, precisa vir junto para levá-lo de volta para casa.

Tudo ficou silencioso, mas Elena sabia que as vozes estavam se aproximando, pois tinha ciência de quem eles procuravam. Foi então que ela se deu conta dos braços que a envolviam, do calor que a aquecia e do peito despido que lhe servia de travesseiro. Harry era lindo de todas as maneiras possíveis, inclusive dormindo, pois seu rosto adormecido era tranquilo e inocente como o de uma criança. Diante daquela cena, bastou uma pequena aproximação para que pudesse sentir seus lábios alcançassem os dele, queimando com a alta temperatura de sua pele.

― Com licença, mas preciso pegá-lo emprestado! – diz Lucian tentando demonstrar bom humor, fazendo a menina pular de susto e se afastar do garoto adormecido.

O cherokee agacha-se perto do filho e lança um sorriso cansado para a visitante. Elena podia ver em seus olhos, a fadiga pela noite de transformação, não podendo deixar de reparar no quanto seus traços eram parecidos com os de Harry. Seus olhos percorrem todo o seu corpo, analisando o seu perfil, não sentindo nada além de respeito pelo homem que ele demonstrava ser, contudo, quando fez o mesmo pelo corpo do mestiço, ela sentiu ao rosto corar... Aquela ligação era realmente mágica e incrível, pois nenhum outro homem parecia a atrair a não ser o seu Harry.

Lucian puxa os braços do filho para os seus ombros e segura a curva de seus joelhos, finalmente retirando-o dali. Ele sai sem pronunciar palavra, deixando a humana para trás sentindo um vazio crescer em seu peito, até que sua visão cruzou com a de Leah.

― Por que voltou? – questiona de repente.

― Porque eu o amo – sussurra, sentindo o olhar questionador da quileute pesar em seus ombros. – Não quero mais ficar longe dele.

― Será que eu posso confiar em você? Posso mesmo confiar que ficará com ele?

― Sim! – responde prontamente. – Eu prometi a Harry que nunca vou deixá-lo, prometi com meu coração, pode acreditar!

― Se você o magoar de novo, arranco sua cabeça! – ameaça, fazendo Elena estremecer. – Vai ficar aí parada? Harry perguntara de você quando acordar e eu espero que você esteja lá para vê-lo...

Leah estava tentando aceitá-la de volta, mas queria ter certeza que a decisão era séria e que ela realmente queria estar ao lado de seu filho. Suas palavras foram rudes, contudo, Elena pôde sentir que estava sendo aceita de volta e estava disposta a não perder sua segunda chance!

Elena seguia a quileute em silêncio e, quando chegam à casa dos Clearwater, Leah desaparece porta adentro sem sequer convidá-la a entrar. Ela queria testá-la, queria saber até onde a humana iria e quantas regras quebraria pelo amor de seu filho. E qual não foi a sua surpresa ao olhar para trás e ver que Elena a seguira, que entrara mesmo sem o convite e que a observava como se esperasse alguma informação sobre Harry.

― Ele está no quarto. – Aponta a direção do cômodo. – Está acordado, mas logo dormirá novamente.

A humana se retira rapidamente, fazendo um sorriso satisfeito brotar no rosto da quileute. Pobre humana laçada pela magia do imprinting, seu coração estava ansioso e o curto período que ficara longe de seu lobo provocara um vazio em seu peito, como se não fosse retornar mais. O sossego chegou somente quando ela entrou no quarto e viu o corpo esparramado sobre a cama, que já lhe parecia pequena.

― Elena! – chama ele, sentando-se. – Então eu não sonhei?

― Não. – Sorri, se aproximando em seguida. – Você está com olheiras horríveis, durma um pouco, é muito cedo ainda.

Seus dedos delicados tocam o rosto do mestiço, enquanto os polegares acariciavam a região abaixo de seus olhos. Harry fecha os olhos no mesmo instante, sentindo o amor contido naquela carícia, mas lembrando-se subitamente de sua ferida...

― Sua perna está ferida, eu me lembro de vê-la machucada.

― Não está mais, você resolveu tudo – sussurra o acalmando, lembrando também da calça rasgada e de sua coxa exposta. – Depois conversaremos melhor, eu quero que durma um pouco mais.

― Só se ficar aqui comigo. Fiquei longe de você por muito tempo e qualquer segundo a mais é uma tortura para mim... Não consigo ficar longe de você, quero-a sempre por perto, sempre! – frisa.

Elena sorri, empurrando os ombros de Harry para que se deitasse novamente. Ela podia ver em seus olhos a dúvida e o medo de que partisse, e, de alguma forma, sentia necessidade de provar-lhe que ficaria.

― Eu também não consigo ficar longe de você! Eu te amo...

E então ele sorriu, devolvendo a ela toda a alegria que lhe faltou em todos os dias longe dele. Elena deita-se ao seu lado e sente os braços masculinos a envolverem novamente, trazendo-a para mais perto.

― Você está cheirando a terra – caçoa ela –, precisa de um banho.

― Eu sei! – gargalha. – Mas isso pode esperar um pouco mais, estou com tanto sono...

Um momento de silêncio e um carinho nos cabelos foram suficientes para deixar Harry à beira de uma viagem ao mundo dos sonhos. Seus olhos estavam quase se fechando quando Elena chama pelo seu nome:

― Harry! – sussurra ela. – Poderia me fazer um favor?

― O que quiser – responde sonolento.

― Mais tarde, deixe-me conhecer sua outra forma? Para amar sua outra metade?

― Sim – resmunga ele, caindo na inconsciência.

― Obrigada! – Sorri, depositando um beijo no ombro de Harry e adormecendo minutos depois.


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Notas finais do capítulo

Este capitulo foi dificil de escrever. Espero que tenham gostado .-.
Os comentarios da promoção estão sobre análise, em breve anunciarei qual foi o melhor comentário. Obrigada a todas que participaram e as que não ganharem, por favor, não fiquem tristes... A participação de vocês me deixou muito feliz ♥ ♥ de verdade!!
Aqui chegamos ao fim de nosso evento, pois Elena não é mais a inimiga de nosso lobinho ♥ mas em breve outro evento se iniciará, fiquem ligadas :3
Próximo capitulo: O Retorno de Jacob