— Mãe? Mãe? MÃE? MÃE, ACORDA! MÃE, FAZ ELE PARAR! ELE VAI ME MATAR! MÃE!?

A voz vinha de fora do meu quarto e era tão identica a de Peter. Então eu levantei da cama e fui até o corredor meio receosa. Não podia ser real. Eu estava enlouquecendo. Não podia ser ele.

Meu filho estava ali, diante dos meus olhos, parado ao fim do corredor. Era o meu Peter. Corri em sua direção. Mas antes que eu pudesse alcançá-lo, caí e tudo escureceu. Quando voltei a abrir meus olhos tudo estava diferente, aquele lugar não era mais a minha casa. Eu não sabia onde meu filho estava, só havia escuridão e o silêncio mórbido.

Uma trilha de feixes de luz se fez a minha frente e eu pude enxergar no fim do caminho um corpo ensaguentado, que aparentava ter sofrido o impacto de uma queda de um prédio com no mínimo dez andares. Ao me aproximar, o corpo, antes morto, se contorceu de um jeito macabro e em poucos segundos a massa sangrenta se pôs de pé revelando ser Tyler. Parecia uma aberração saída de um filme de terror. Todo seu corpo estava coberto por sangue, não era possível ver a cor pálida de sua pele. As pupilas dos olhos estavam completamente dilatadas dando-lhe um ar demoníaco.

— O que você fez com o meu filho? — Gritei com a voz falha. Ele não disse uma única palavra, então continuei disparando acusações — Foi você, não foi? Você matou o meu filho! Você matou o Peter!

— Você não sabe nada. Eu não matei o seu filho, eu matei Audrey. E vou matar você e todos a sua volta. — Tocou meu rosto tingindo minha pele de carmim

— EU NÃO ME IMPORTO! ONDE ESTÁ O MEU FILHO? — Afastei sua mão com um tapa e ele sorriu satisfeito — Só me diga onde está o meu filho. Onde está Peter? Só me responda. Ele está vivo? Eu o vi no corredor. O meu filho está vivo?

— Você é tão egoísta. Não vê que está destruindo a vida de várias pessoas só porque não se conforma do seu filho ter se matado? Você está tão cega e obcecada que não consegue enxergar o tamanho do mal que está causando na vida das pessoas. Não consegue nem enxergar que o único motivo de Peter ter cometido suicídio foi porque estava infeliz. Sempre esteve tão ocupada cuidando da saúde mental de seus pacientes que esqueceu o próprio filho. Você foi o motivo da morte de Peter. — Cuspiu todas aquelas palavras no meu rosto e riu em desdem mostrando os dentes brancos que contrastavam com o tom escuro de vermelho de sua pele. Tocou meu pescoço em um carinho que logo em seguida se tornou um aperto — Olha o que você fez! Você me transformou em um monstro! — Fechei os olhos com força tentando buscar o ar — Olha pra mim! — Gritou com a voz rouca e eu voltei a abrir meus olhos — Olha nos meus olhos. Você me destruiu e eu destruí tudo a minha volta, assim como Peter.

— Tyler, eu não consigo respirar.

Soltou meu pescoço empurrando-me com força para a escuridão.

— Eu sei melhor do que qualquer um o como é estar sozinho no escuro. É assustador. Mas você se acostuma. E depois de um tempo, ela começa a fazer parte de você. — Fez uma pausa — Dói. — Ouvi sua respiração pesada e agoniada — Mas é o único lugar que me sinto seguro.

Tyler reapareceu a minha frente e me acertou com um tapa tão forte que me derrubou. Fitei-o nos olhos, um infinito obscuro cheio de ódio.

— Isso vai doer, mas pela primeira vez não vai ser em mim. — Disse erguendo um machado e acertando meu braço esquerdo — Gritei em choque sentindo o sangue jorrar e uma parte de mim ser arrancada. Tyler fechou os olhos e soltou o ar pela boca seguido de um gemido de prazer — Te vejo no inferno, vadia! — E então cravou a peça cortante em meu corpo mais algumas vezes fazendo-me agonizar até a morte

Acordei.