O abraço de Noah me deu uma sensação de nostalgia tremenda e as lágrimas vieram. Eu o apertava ainda mais e estávamos em silencio. Ele sussurrou um 'saudades de você minha loira' acho que foi alto suficiente para Rachel ouvir. Ela pigarreou e nós nos afastamos um pouco. Puck estava mais magro, só que musculoso e alto, eu passei a mão na cabeça dele e baguncei o moicano

“Hey, não faça isso, vai tirar todo o charme do Puckssaurus..” disse com um sorriso. E então ele se virou para Rachel e estendeu a mão.

“Nós já nos conhecemos, mas não tivemos a oportunidade de apresentação. Noah Puckerman.”

“Rachel Berry” Rach apertou a mão de Noah e disse “O que veio fazer aqui..? sabe que se alguém do ataque te ver por aqui vai reconhecer na hora...”

“Sim eu sei, mas precisava correr o risco.”

“Risco?” perguntei.

“Quinn..eu estou praticamente fugindo de Cleveland... só vim pra cá por causa da sua transformação..”

“Como assim fugindo?”

“Russel.. ele sentiu sua transformação e convocou os melhores rastreadores para te encontrar, mas quem está vindo é Frannie...”

“Você veio... não entendi...está aqui como porta-voz da Frannie??” Perguntei, começando sentir o sangue esquentar.

“Não.. eu vim pra te alertar! Eu senti sua transformação, assim como todos e quando soube que Frannie é quem viria eu decidir intervir...”

“Por quê?”

“Porque ela está vindo, não para te levar para Russel, mas para te matar.”

“Como é que é?” Rachel tomou a frente. Eu estava em choque. Meus ouvidos zumbiam e meu coração batia descompassado... Frannie vindo pra me matar? Minha vista turvou e eu apoiei em Rachel.

“Quinn?” Ela perguntou baixinho.

“Hey loira..tudo bem?”

“Não Puck, como pode estar bem sabendo que a droga da sua irmã tá vindo pra te matar? E porque ela quer fazer isso??”

“Porque ela não quer ameaças à liderança dela na alcateia. E você é a maior ameaça.”

“Por quê Quinn é uma ameaça?”

“Desde pequena, foi imposto que Quinn seria a líder da alcateia, já que Frannie não nasceu alfa...”

“Mas Quinn não é uma alfa...” Rachel se pronunciou. “Não tem lógica...”

“Sim tem...” eu respirei profundamente antes de continuar. “É um desejo do meu pai, Rachel, todos em Cleveland já me aguardavam como líder...difícil vai ser fazer Frannie entender que eu não quero isso..”

“Mas isso está errado!” Rachel bateu o pé.

“Está Rach, mas agora tenho que arranjar um jeito de parar Frannie...”

“Pode contar comigo loira...eu-..hum eu sei que é estranho mas acho que uma forma de me redimir por aquele dia, naquela noite...”

“Não precisa Puck...”

“Preciso...preciso sim.. em falar naquela noite, cadê a mulher que te ajudou?”

“Você viu?”

“Claro, segui o carro dela por um tempo até cansar na verdade e ver ela te levando para um hospital.”

“Cassandra está em um hospital agora. Graças a mim.”

“Graças à você?”

“É..longa história..” meu estômago revirou ao lembrar de Cassandra na cama do hospital. Foi ai que eu lembrei que estava praticamente em jejum. Não havia comido nada desde a noite de ontem. Deu tontura e mais uma vez me apoiei em Rachel.

“O que tá acontecendo?” perguntou Rach.

“Fome..”

“Sério?” ela falou. “não comeu nada?”

“Não..desde ontem à noite...”

“Poxa vida Quinn..! vem..vamos pra minha casa fazer algo pra você. E você..” apontou para Puck.” fique escondido no bosque até que eu resolva o que vou fazer..”

Puck assentiu, a muito contragosto pelo visto e me deu um beijo na bochecha se despedindo. Quando ele já tinha entrado no bosque Rach disse:

“Não gosto disso...”

“Também não..” coloquei meus braços em volta da cintura dela e minha testa encostava na dela. A ideia de que a qualquer momento, Frannie poderia aparecer me aterrorizava, mas ao mesmo tempo, eu queria que ela viesse. Queria que ela me encontrasse porque finalmente, iriamos brigar de igual pra igual.

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Rachel me levou para comer na casa dela. E ela disse que prepararia.

“Rach..eu não sou vegan..então não precisa tentar me agradar fazendo bacon..deixa..”

“Quinn você está com fome, e não é só você. Seu lobo também está, afinal ele não participou da caçada, precisa de carne..”

“Fico imaginando o quão ruim isso deve ser para você.” sentei em uma banqueta próxima ao balcão e fiquei observando Rachel.

“É..no começo eu não caçava...mas passava os outros dias com uma aparência doentia. Desde então, na hora da caçada, eu ignoro ao máximo meu veganismo e me concentro na presa. O resto fica mais fácil assim.”

Lembrei do que eu queria falar com ela no descampado, antes de Noah aparecer.

“Rachel?”

“Hum..” ela estava aparentemente muito concentrada fritando ovos. A testa estava vincava ao sentir o cheiro da comida.

“Preciso pedir algo a você, mas tenho quase certeza de que não aceitar.”

“Diga Quinn, e eu vejo o que posso fazer...”

“Quero que você converse com Shelby Corcoran.”

O que veio em seguida foi um estalido seguido de um xingamento em voz alta.

“Rachel!” fui até ela e vi que havia queimado a mão. Peguei e coloquei embaixo da torneira de água fria. Ela choramingou mas não disse nada.

“Passou?” perguntei.

Ela apenas assentiu sem me olhar nos olhos. Eu suspirei. Desde o começo, quando Shelby me pediu isso, eu sabia que não seria uma coisa fácil para os envolvidos na história.

“Rachel?” chamei, levantando o rosto dela com uma das mãos enquanto segurava ,com outra, a mão dela que havia sido queimada debaixo da torneira.

“Quinn..eu-..eu-..me perdoe Quinn, mas Shelby..hum é um assunto incrivelmente delicado pra mim e- eu-eu não sei se eu estou preparada..preparada pra falar com ela.” as palavras saíram entrecortadas e eu a abracei.

“Rachel...eu entendo.. quando estiver pronta me avise ok?”

“Ok...ela está com vocês né? Na mesma casa..”

“Sim..faz alguns dias..”

“Meu pai, Leroy me falou. Disse que ela tinha vindo à pedido de Cassandra e disse para mim que era pra evitar ir até a sua casa pois corria o risco de encontrá-la.”

“Então você sabia que ela estava aqui..?”

“Sim, sabia..”

“E não falou nada...?”

“Não adiantaria falar qualquer coisa, não é?” Rachel falou.

“Mesmo assim me adiantaria muita coisa...eu poderia ter dado um jeito de vocês se encontrarem....”

“Sem que eu soubesse? No mínimo sairia uma morte, pode ter certeza.”

“Ok... mas pense, ela só quer conversar...”

Rachel mais uma vez abaixou a cabeça, fungou e olhou pra mim.

“Ok.. vou pensar no caso dela..”

Dei um selinho e ela sorriu, e então colocou ovos e o bacon em um prato passando pra mim enquanto pegava uma maçã pra ela. Ela torceu o nariz ao me ver comer.

“Que foi? Vai reclamar do jeito que eu como também??”

“Não não... só estou sentindo dó dos porquinhos que morreram para que você se alimentasse...”

“Ohhh por favor...”

Antes que eu concluísse, Leroy entrou na cozinha.

“Rachel...Finn está lá fora..e bem..ele tem algo pra você..”

“Pra mim?”

Na mesma hora eu parei de comer e então Rachel saiu da cozinha e eu a segui. No batente da porta, eu presenciei uma cena bizarra: Finn segurava Puck com uma corda, como ele fosse um cowboy que havia laçado um garrote.