Eu estava rezando para Marley sair do modo estática e ligar a moto antes que a Berry chegasse mais perto. E dessa vez não queria isso por ter medo dela me atacar, mas sim por vergonha. Não ia conseguir ouvi-la falar depois da teoria de Cassandra. Mas Marley continuava lá parada, olhando para aquele pequeno pelotão, formado pelas pessoas que estavam na foto na sala dos Berry que eu havia visto mais cedo.

Uma garota negra e gordinha com um colete brilhante, uma legging rosa, uma boina amarela e vários colares; um menino claro, de olhos azuis, um topete e bastante estiloso; um outro garoto com o cabelo cheio de gel e gravata borboleta; uma menina latina que estava de mãos dadas com Brittany, um garoto enorme que vinha mancando de mãos dadas com Rachel. E um outro menino com jeito de nerd e estava em uma cadeira de rodas. Além do casal de asiáticos que parecia estar apenas concentrados em seu mundinho particular. Eu decidi seguir o conselho de Cassandra e ignorar aquele pessoal. Subi na moto e praticamente tive que beliscar Marley para poder ligar a ignição. Só que aí alguém resolveu falar:

“Olha só...se não é a trapinho e a nova namoradinha, a projeto de caçadora. Trapinho eu achei que você tivesse vendido essa moto...se continuar andando com ela por aqui vão pensar que você a roubou.” a voz era rascante e baixa, e vinha carregada com sarcasmo.

Me virei para ver quem falava e vi a latina com a mão na cintura. Eu abaixei o capacete e Marley fez um sinal de negativo, como se dissesse pra deixar pra lá. Eu contei até 10 e levantei o capacete mais uma vez.

“Putz...eu jurava que você tinha mais colhões do que aquela aguada de Cleveland..mas vejam só, ela vai sair com o rabinho entre as patas..ahh é né..você não tem nem um rabinho e nem patas para fazer isso.”

“Sant..não diga isso..” Disse Brittany. Eu fiquei tentada a bater na cara daquela garota com o capacete, mas além de estragar o capacete que não era meu, eu iria arranjar uma confusão terrível e eu estava em desvantagem.

“Vamos, Quinn, não vale a pena gastar saliva....” Disse Marley sussurrando.

“Vai..ouve a sua trapinho...ela tem razão...” Santana falou de novo.

“Ignora Q...vem vamos.” Marley Ligou novamente a moto, e mais uma vez fomos interrompidas, mas dessa vez não por Santana, mas sim pela garota negra que veio até perto de mim e disse:

“ Ignora a Santana, ela tá com raiva por com raiva porque alguns de nós fizemos um acordo para te ajudar..”

Eu me espantei. Me ajudar?!

“Me ajudar...?”

“Sim...com a história do lobo que atacou o Wade/Unique...”

“Unique?”

“É que o Wade se transveste..vira Unique...” Marley respondeu.

“Ahnn entendi.”

“Então... veja só tem eu, o Kurt, o Artie, o Blaine, A Tina e o Mike e a Brittany, decidimos que você não tinha nada a ver com a história de Cleveland. Quem tava botando pilha era o Finn porque quebrou o pé, Rachel por causa do Finn e Santana porque sua irmã levou ela a nocaute.” eu dei um sorriso de lado. “ Bem, os únicos que foram contra essa 'ajuda' foi justamente Santana e Finn..”

“e a Berry?”

“Café com leite...ela não disse que ia ajudar, mas também não falou que ia atrapalhar...ela disse que tinha coisas mais importantes para tomar o tempo dela. Outro café com leite é o Sam.”

“Hum...” eu olhei para Rachel que estava virada para o Finn e os dois conversavam algo.

“Típico dela...mas enfim não se preocupe..uma hora ela vai ceder...” a garota negra falou. “ Ah a propósito sou Mercedes Jones. Kurt é o de topete e casaco, o de gravata borboleta é o Blaine. Eles são parceiros. Artie é o da cadeira de rodas e Mike é o garoto asiático e Tina é a namorada dele. Aqui só falta o Sam que está em algum lugar que não sei dizer qual..”

O garoto de topete se aproximou e disse:

“Quero dizer que não tenho nada a ver com as ideias do meu pai a respeito do Fabrays”

“Você são uns puxa-sacos, venha Britt antes que eu vomite com tanta falsidade. E você..” apontou pra mim “ quero te propor um desafio...”

“Santana! Não...” Dessa vez Rachel interviu, todos se viraram pra ela.

“Ohh por favor Hobbit, só sigo as suas ordens quando estou como loba e terrivelmente entediada...quero propor uma lutinha com a aguada número dois.”

“Luta?”

“Sim hoje, ao entardecer no descampado. Sem transformações, com bastões e você e eu.”

“e o que eu ganho com isso?” Marley estava puxando a barra do meu vestido para que eu desse atenção a ela e provavelmente não aceitasse aquilo, se continuasse daquele jeito ela o rasgaria.

Santana abriu um grande sorriso.

“Se eu ganhar, você vai pegar o primeiro ônibus que sair de Lima e nunca mais vai por seus pés aqui. Mas se por um milagre você ganhar, eu ajudo na caçada.”

Eu levantei a sobrancelha e disse:

“Aceito.”

“Ok... Vamos Britt..tenho que preparar uma festa em comemoração a minha vitória...” e saiu saltitante com Brittany. Depois do pequeno rompante de sarcasmo e audácia, eu achei que aquela cena era meio surreal.

Mercedes estralou os dedos na minha frente e disse:

“Acho bom você ter uma pele de aço queridinha, porque Satan é capaz de transformar um bastão velho de madeira em uma espada.”

“Satan? Se encaixa perfeitamente.” disse rindo. Mas Kurt, Mercedes, Blaine, Tina e Mike estavam sérios. Rachel e Finn estavam calados, mais ao fundo. Marley se colocou na minha frente e disse:

“Há quase meia hora atrás você estava querendo ir embora daqui e Cassandra pediu que você ignorasse qualquer coisa desse tipo, e agora o que você faz? Se joga em um desafio com a louca da Lopez arriscando todo o trabalho de Cassandra.” ela falou tudo isso em uma velocidade que eu tive que dar um tempo para assimilação de ideias.

Mercedes começou a rir. Os outros fizeram o mesmo, menos o casal maravilha que ainda estava ao fundo conversando. Agora parecia mais uma DR do que qualquer outra coisa:

“Loira eu acho melhor você dar um jeito de acalmar sua namoradinha ou ela mesma é capaz de partir pra cima da Santana.”

Eu engasguei com a minha saliva e comecei a tossir quando ouvi Mercedes se referir a Marley como minha namorada. Santana havia dito algo sobre isso mas eu não tinha prestado atenção. Agora até a DR do casal maravilha havia acabado, Finn fazia uma careta de nojo e Rachel estava impassível.

Marley, tentou desfazer o mal entendido mas piorou a situação:

“Oh..Quinn não..oh ela..eu..não é..não somos..”

Kurt deu um sorrisinho e disse:

“Marley..não temos nada a ver com a sua vida particular com a loira. Acho até que nós interrompemos um encontro! Vem vamos Aretha, precisamos convencer alguém mais velho para ser o mediador deste pequeno duelo!”

Kurt parecia euforico e apertou a mão de Blaine que usou a outra para dar um pequeno tchau. Mike, que não havia dito nada chegou e me deu um aperto de não e Tina vei me deu um abraço e disse:

“tô torcendo por você.”

Artie deu um tchau e Mike o ajudou com a cadeira. Mercedes ainda estava parada de frente para mim.

“Olha só..tenho certeza que tem promoções incríveis para casais no Bradstix. Tudo bem que não é bem o tempo de ir a um restaurante com Unique no hospital e essa história de lobos mas tenho certeza que lá vocês não seriam incomodadas. Espero que não sejam um casal meloso, como Britt e Satan ou grudento como Rachel e Finn.. enfim...Loira,na hora do duelo passo lá na casa onde você está com a loira mor e espero que você chute aquele traseiro latino só pra ver se ela cala a boca ok?”

Dei um sorriso e assenti positivamente. Marley parecia quebrada com todas aquelas coisas sendo ditas. Ela estava em choque a respeito de acharem que nós namorávamos. Mercedes saiu e foi seguindo os outros quem ficou foi apenas eu, Marley e o casal maravilha. Eu tentava a todo custo não olhar para a Berry e todo esse tempo que nós estávamos lá eu havia conseguido. Então sem despedidas ou qualquer palavras, Marley foi para a moto e eu a segui. E quando nós estávamos saindo eu resolvi olhar para trás. E vi os olhos castanhos de Rachel Berry me encarando. Naquele instante a tontura veio e o coração acelerou, mas por mais masoquista que seja eu não estava me importando com a dor. Ela estava valendo a pena.

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Quando voltamos a alcateia , Marley ainda parecia um pouco desligada. Tive que sacudi-la pelos ombros para que ela me notasse:

“Hey Marley....desligou?”

“Hum..ahhn desculpe...”

“Tudo bem...é..hum..isso é constrangedor...”

“Oh é...”

“só pra confirmação, somos..huh amigas...só isso né?” fui brincar com ela.

Marley me deu um soco no ombro e nós começamos a rir.

“Como pode ser tão idiota momentos antes da sua morte ?”

“Minha morte??” aquele povo levava a coisa muito a sério.

“Sim. Aceitar um desafio da Lopez é ganhar um bilhete para as acomodações de um cemitério.”

“Uau...quanto drama....! enfim..você nunca me viu lutando então não fique me agourando...”

“Você também nunca viu Santana lutando então não fique criando expectativas..e a gora ao invés de ficar aqui, vá procurar Cassandra antes que ela pense que eu te ajudei a fugir. Vou guardar a moto...até mais tarde..” Marley desceu a calçada da 'minha' casa e seguiu em direção a casa dela.

Passei para o quarto e decidi trocar aquela roupa por algo mais comodo. Vesti uma calça jeans e uma regata preta e pela primeira vez em algum tempo eu reparei na minha cicatriz. Ela estava em um tom rosado mais escuro que a minha pele. Era um contraste estranho. E do nada Cassandra apareceu no quarto e me fez tomar um susto enorme:

“Quer me fazer infartar?Achei que não fosse estar aqui...”

“Ohh por favor filhote..” ela era a única que me chamava assim sem que eu ligasse. “se você morresse, eu teria gastado tempo, dinheiro e paciência em vão. Decidi esperar você voltar para que nós fossemos até lá juntas...”

“Ok ok já entendi...”

“Eu também fazia isso sabia?” ela apontou para a minha mão que estava sobre a cicatriz. “eu via o tamanho, que cor estava, se doía...”

“ Mas a sua é uma cicatriz comum, não doí e nem escurece nas noites de lua cheia. Parece até que a minha fica maior..”

“É porque você não é comum..no bom sentido é claro.”

Eu levantei a sobrancelha e dei um sorriso. Ela se aproximou do armário e pegou a besta e a aljava e me entregou.

“Vem...Shannon vai nos levar até o local do ataque...provavelmente vai estar tudo revirado mas espero conseguir rastrear o cheiro....”

Acho que não tinha entendido.

“Rastrear o cheiro? E como é que vai fazer isso?”

“Tenho os meus segredos Fabray....” Disse com um sorriso e saindo logo em seguida.

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Cinco minutos depois, fomos nos encontrar com Shannon Beiste, ou só Treinadora Beiste como era chamada por ali, por causa do time de futebol americano. Ela é que era a responsável pela vigilância da alcateia. Ela era grande e parecia até amedrontadora mas era simpática.Ela nos levou até o local do ataque. Era na entrada do bosque que ficava depois de um descampado atrás da casa dos Berry. Logo de cara, dava pra ver as marcas, mesmo que tivesse passado quase uma semana. O mato pisoteado, o sangue seco na arvore e marcas de garras na mesma.

“Alguém mais veio a este lugar? Depois do ataque?” Cassandra perguntou enquanto se abaixava para ver as marcas no chão.

“Sim, primeiro veio Ramon e Sam, porque Wade ainda conseguiu mandar um sms pedindo ajuda antes de ficar inconsciente. Depois somente uma equipe de rastreadores, que eram Brittany, William e Kurt. Eu estava junto com eles assim como Leroy. Viemos para tentar rastrear o cheiro.”

“Depois de tanto tempo, isso vai ser impossível” falei. Beiste olhou pra mim e disse:

“Na verdade não. O cheiro ainda está aqui. A essência de um transformado dura bastante tempo em um local, até meses dependo do lobo. Só que aqui não temos como rastrear.”

“Porque?”

“O cheiro foi modificado, ou até mesmo oculto.” respondeu.

“E como vocês sabem que o cheiro continua aqui?”

“Você não consegue sentir? É a presença do lobo...mesmo que não na forma física. O local parece até que ficou amaldiçoado ou coisa parecida...Vou deixar vocês aqui, tenho que arrumar uns equipamentos no galpão, mas qualquer coisa é só dar um grito ok?” Cassandra deu um sorriso e ela e eu fiz o mesmo. Beiste saiu e eu me agachei ao lado de Cassandra. Ela parecia terrivelmente frustrada.

“O que foi?” perguntei enquanto ela jogava um líquido vermelho no chão.

“Não consigo rastrear o cheiro...” Ela mostrou o vidrinho que balançava o líquido vermelho. “Isso funciona como um ativador, ele faz com que o cheiro do lobo se faça notável mesmo que disfarçado. Mas aqui..eu não encontro nada.”

Lembrei de Shelby Corcoran e de como Cassandra me contou que era quase impossível distinguir o cheiro dela.

“Cassandra...e se for a Shelby.. ?”

Ela olhou pra mim e deu um suspiro pesado.

“Não..não é ela...porque eu usei isso aqui pra encontrá-la. Eu também pensei nisso mas não é ela.”

Eu me levantei e cheguei perto da árvore que continha as marcas. Uma lufada de ar frio passou no momento em que eu toquei as marcas e eu senti. Um cheiro forte, uma mistura de cheiros cítricos e adocicados e veio de uma forma muito forte. Eu fechei os olhos e inspirei profundamente aquele cheiro. Era tão gostoso e me parecia incrivelmente familiar, apesar de não me lembrar de tê-lo sentido antes.

Cassandra tocou meu ombro e eu abri os olhos. Ela se afastou por um instante e passou a mão pelos cabelos.

“Que foi?” perguntei.

“Seus olhos...eles estão...hum dourados...aconteceu alguma coisa?” ela parecia não querer se aproximar, e eu também fiquei assustada. Meus olhos eram verdes mas com leve tom de dourado, mas que só aparecia quando a luz do sol batia contra o meu rosto. Que e me lembre a vez que eles ficaram dourados foi na minha primeira crise, em Fort Shawnee, nas outras eu não sabia dizer...estava dopada. Passei a mão sobre eles como se aquilo fosse adiantar alguma coisa. Cassandra insistiu:

“Você está sentindo alguma dor, desconforto, formigamento...como você sente nas outras crises?”

“Eu acho...acho que não estou em crise. Pelo contrário, me sinto incrivelmente calma.”

“e o que aconteceu??”

“o cheiro..eu senti o cheiro. Primeiro era forte, uma mistura incrível mas muito forte. Senti cheiro até de sangue. Mas no final, senti um cheiro mais adocicado parecia uma mistura de lavanda e morangos...ou coisa parecida..”

Cassandra levantou a sobrancelha. E eu tive que perguntar:

“Que foi?”

“ Seus olhos estão voltando ao normal...morangos?” assenti. “bem...incomum...enfim...você distinguiu o cheiro e isso é ótimo...você conseguiria reconhecer e rastrear esse cheiro?”

“Rastrear eu não sei, mas reconheceria ele em qualquer lugar, apesar de ser comum, pra mim parece único.”

Cassandra cruzou os braços sobre o peito e deu uma risada.

“E o que foi agora?”

“Parece até que a Rose é sua fã....” disse rindo.

“Porque?”

“Acho que não faz nem 1 hora que estamos aqui e ela já está ali...acenando”

Me virei e vi Marley acenando. Retribuí o aceno e ela me chamou. Deixei Cassandra no bosque e fui até ela.

“O que você está fazendo aqui Marley?”

“Sendo seu relógio, ou você esqueceu que vai levar uma surra da Santana??”

“Uau...toda essa sua fé em mim me comove...”

“Guarde sua ironia para quem merece..e agora vamos...!”

“Não posso deixar Cassandra aqui.” eu disse quase que sussurrando para que a própria não ouvisse.

“Então chame ela pra o banho de sangue....” Drama...Drama... ela deu dois passos e falou alto. “Hey Srta. July, pode vir com a gente?tem uma coisa muito legal que vai acontecer e tenho certeza absoluta que você vai querer ver...”

Eu estava rezando mentalmente para que ela não aceitasse. Não por conta de uma provável derrota mas porque ela vai ficar furiosa se souber.

“Ok..” respondeu Cassandra. E Marley deu um sorriso, mas ele morreu ao ver a minha cicatriz. Ela olhou para mim e eu dei de ombros;.

“Vamos?” Cassandra falou já atrás de mim. “e que coisa é essa?”

Marley mudou a expressão e disse.

“é uma surpresa.”

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Atravessamos o descampado, e perto do galpão já havia um pequeno aglomerado. O grupo que nós havíamos visto mais cedo mais Sam, o garoto loiro que nos levou até a casa; um garoto alto e com dreads e uma garota baixinha, magra e com o rosto e a voz fina. Além da treinadora Beiste.

“Hey loira...” chegou Mercedes do meu lado. “Preparada?”

“Nasci preparada...”

“Boa garota...vem cá...a treinadora vai explicar as regras..”

“Quinn...regras do que?” engoli seco. Cassandra perguntou e eu teria que falar a verdade.

“Aceitei um desafio. Uma luta contra Santana Lopez.”

“Você é uma idiota” foi só isso que ela falou. Ela foi até a arquibancada meio improvisada que tinha ali. Todos já estavam lá somente eu,Mercedes e a treinadora estávamos em pé, além de Santana.

Quando Marley ia subindo, ela virou e disse:

“Hey...Boa sorte” e foi sentar do lado da menina da cara fina.

Passei meus olhos sobre a arquibancada e Vi a Berry sentada olhando fixamente para mim. Um arrepio percorreu minha espinha. Mercedes me puxou pelo braço e me levou até onde estavam Beiste e Santana.

“Ok garotas o negócio é o seguinte: vai ser uma luta de bastões de 2 tempos. Sem transformações ou armas escondidas ok? Nada de rosto ou seios ou meninas.... quero uma luta limpa Santana...!” a Latina fez uma cara emburrada por ter sido a única a receber um chamado.

“Pode parecer idiota a pergunta mas como se luta isso?” perguntei

“Nós usamos para treinos de agilidade. É basicamente uma luta com bastões. Quem durar mais, vence.” Mercedes respondeu. A treinadora vinha com dois bastões e nos colocou a mais ou menos 1 metro e meio de distancia uma da outra. Aquele bastão que eu estava segurando devia ter mais ou menos esse comprimento.

“Luta limpa garotas!” ela se afastou e apitou.

Santana pulou como uma gata para trás e eu troquei o bastão de mão. Ela deu o primeiro golpe. Estava com a guarda baixa e me acertou embaixo do meu braço esquerdo. Eu gemi. Ela deu um sorriso que não durou muito eu dei meu golpe e consegui acertar no quadril, bem em cima do osso. Ela arfou e desestabilizou um pouco. Ela girou o bastão e começou uma sucessão de golpes contínuos nos braços, ombros e nas costelas e a única coisa que eu conseguia era me defender. Ela era rápida e batia com uma força quase que sobrenatural. Estava dificil de ficar apenas desviando então em um momento de distração minha, ela acertou meu joelho e eu acabei me curvando para a frente e aí ela acertou as minhas costas. Eu tive que usar o bastão como apoio ou cairia. Beiste pediu que ela se afastasse e começou uma contagem, como no boxe. Me levantei antes de chegar no 5. e comecei a me afastar de Santana que tinha um sorriso vitorioso no rosto. Me preparei para o primeiro golpe, eu a acertei novamente no quadril e ela gemeu de dor, depois bati no calcanhar e no meio da perna direita. A minha intenção era fazer com que ela perdesse o apoio nas pernas. Eu repeti quase os mesmos golpes na perna esquerda, mas quando ia bater no joelho novamente, Beiste apitou e fomos cada uma para um lado. Mercedes me deu uma garrafinha de água e discretamente levantou a minha blusa. Eu não queria ver mas pela cara que ela fez eu deveria estar toda roxa. Pelo menos nas costelas e nos braco

“Garota, você vai ter que usar roupas de manga comprida daqui pra frente..”

“Tá tão ruim assim..?” minha voz saiu em um sussurro rouco. Era a dor. Era uma ardência terrível no meu tórax.

“Shiiu não fala nada...a dor vai piorar..” eu não queria me virar mas foi a Berry quem falou isso. Ela tinha saído do lado do namorado pra vir até onde eu estava?

“Ok Barbra, pega essa garrafinha e deixa ali ok? Loira você tá legal né? Aguenta mais um round?”

Assenti positivamente e dei um sorriso de canto. Rachel deu um suspiro atrás de mim. Eu fui em direção a Beiste e Santana. Ela estava com os joelhos em um tom de roxo escuro e com ambas as pernas com marcas vermelhas e arroxeadas. Beiste olhou de uma para a outra.

“Agora é tudo ou nada meninas, mas as regras ainda estão valendo. Nada de seios ou rosto. Quem cair primeiro perde.” ela se afastou e apitou. Fui mais rápida e consegui atingir Santana no estômago. Ela cambaleou para trás e tentava respirar, mas se recuperou rapidamente e veio pra cima de mim com tudo e acertou em cheio o braço onde estava o bastão. Minha mão formigou e começou a doer, mas não larguei o bastão. Se eu largasse, perderia com certeza. Ela aproveita e me da um segundo golpe e dessa vez no estômago. Eu me curvei e não conseguia respirar. Ela então bateu com o bastão mais uma vez sobre o meu braço. Mudei o meu bastão para o braço esquerdo então comecei a bater continuamente e ela apenas se defendia. Então ela se desviou e com um salto acertou meu combro direito. E voltei minhas atenções para as pernas. Batia com força nos joelhos e nos calcanhares até que ela cedesse. E mais uma vez ela veio com um salto , mas eu fui mais rápida e enquanto ela pulava, consegui acertar as duas pernas de uma vez. Ouvi um “Ohhh” vindo da arquibancada mas não virei para ver.

Santana Lopez tinha acabado de ir ao chão, com tanta força que estava tendo dificuldades até para respirar. Beiste começou a contagem e eu comecei a respirar lentamente.

“3..2..1.. temos uma vencedora pessoal, e é Quinn Fabray!” disse ela em voz alta. Eu me agachei ao lado de Santana e tentei ajudá-la a levantar. Brittany logo apareceu e fez isso sem o menor esforço. Marley correu até mim e me deu um abraço. Eu gemi e ela se afastou:

“Ouch..me desculpe..me desculpe mesmo...!”

Cassandra se aproximou e disse:

“Você é resistente Fabray..mas ainda é idiota.” disse com um sorriso.

Eu não conseguia retrucar aquilo. Comecei a tossir e a única coisa que saiu da minha boca foi sangue. Ótimo.

Então Mercedes gritou.

“Sam, Mike ajudem aqui, vamos levar ela até a casa da Santana..”

“Porque diabos a gente levaria ela pra lá? Brittany já deve ter levado Santana.” disse Sam e Marley concordou. Cassandra havia pegado uma toalha e ela já estava com vários respingos de sangue. Minha cabeça girando e só conseguia ouvir ruidos até que uma voz se sobrepôs a eles.

“Levem-na para a minha casa.” era Rachel. ”e chamem Ramon..daqui há algumas horas Santana vai estar regenerada, mas ela aqui não..então andem logo!”