Eu passei praticamente marchando em direção a casa,e instantes depois ouvi passos atrás de mim. Não queria olhar. Poderia ser Cassandra, Marley ou até qualquer um que queira meus miolos espalhados na calçada. Eu estava tão atordoada com o que havia acabado de acontecer que só fui notar que Marley estava parada perto de uma scooter preta do lado de fora da casa quando quase tropecei por cima da moto.

“Hey! Cuidado aí garota...” disse ela rindo, antes de notar que eu estava chorando. Entrei correndo na casa e fui direto para o quarto. Não queria ficar mais nem um segundo naquele lugar. Marley apareceu logo depois e eu olhei Cassandra de braços cruzados atrás dela.

“Quinn, larga essa mochila e vem aqui.” disse Cassandra, que não me deu nem chance de resposta, foi em direção a sala. Eu bufei e fiz o que ela mandou. Marley ainda estava calada, só observando nós duas.

Eu sentei no sofá e Cassandra ficou a minha frente de braços cruzados e perguntou:

“o que você pensa que está fazendo?!”

“Eu vou embora!” minha voz saiu mais alto do que eu esperava. E me levantei e Cassandra praticamente gritou:

“Senta aí e fica quieta! Você não vai a lugar nenhum!”

Olhei para ela como se esperasse que dissesse ' É brincadeira!” mas ela estava tão séria que eu bufei mais uma vez e sentei. Eu sacudi a cabeça e decidi enfrentá-la:

“Ah é? E quem é que vai me impedir?”

“Eu...” ela respondeu calmamente “ e se não reparou, você está em desvantagem por aqui...”

Eu olhei para Marley encolhida atrás de Cassandra. Balancei a cabeça negativamente.

“Olha pra mim Fabray..” olhei para ela e fui fazer a menção de falar ela levantou o dedo e disse rispidamente. “não ouse falar...você vai ouvir. Em primeiro lugar você vai passar a ignorar essas pessoas. Eu jamais te traria pra cá se não soubesse que você seria capaz disso. Nosso foco é encontrar o lobo. Não é ficar fazendo birra por conta de idiotas e ressentidos por coisas que aconteceram há quase 18 anos...segundo, pare ok? Nós temos que ficar aqui..Ramon Lopez disse que vai me ajudar com as suas crises...”

Eu suspirei e abaixei a cabeça. Lembrei da Berry. Dos olhos dela. Porque eu estava com ela na cabeça?? eu olhei para Cassandra e perguntei:

“Como?”

“Não sei ainda, mas Ramon precisa te examinar, não se preocupe...não é nada a curto prazo. Por enquanto os tranquilizantes irão bastar, pelo menos nas noites de lua cheia...”'

“E ontem? Não era noite de lua cheia, mas mesmo assim eu tive uma crise tão forte quanto qualquer outra...!”

“Tenho uma teoria a respeito de ontem...” disse Cassandra parecendo incomodada. Marley se remexeu atrás dela, também visivelmente incomodada.

“O que é Cassandra?”

“É idiota...completamente idiota mas por alguns motivos me fizeram crer que poderia ser isso.”

“E....??”

Ela parecia ter se acalmado e parecia um pouco tensa ao falar sobre isso. Ela sentou ao meu lado e Marley ficou mais visível.

“Você se lembra...exatamente o que sentiu quando olhou para Rachel...na forma humana?”

Eu me lembrava: a dor terrível, a fraqueza repentina, os batimentos acelerados.

“Sim...lembro...era horrível..uma dor de cabeça gigantesca, fiquei fraca de repente e meu coração acelerou...”

“Então...esses..huh são sintomas comuns de pessoas que vão passar pela primeira transformação.” disse Marley. “Eu fiquei terrivelmente enjoada, sentia uma dor de cabeça terrível e fraqueza..”

Eu abri a boca em espanto porque me lembrei de Frannie: a febre, a fraqueza...só que não.

“Impossível...eu sinto isso há meses...não..não é dor da primeira transformação...é meio impossível né?” Marley e Cassandra se entreolharam. “ o que foi?”

“É possível que essa não seja mesmo a dor da transformação...mas que ela anuncie outra coisa...” Falou Cassandra.

“Tipo o que?” perguntei aflita.

“o encontro dos..hum..parceiros.” disse Marley em um sussurro. Eu olhei de uma para a outra procurando mais uma vez ouvir dizer “ Brincadeira Q.!”

“Como assim...parceiros..ohh por favor...ela é uma mulher e...e..e..” eu estava aflita. Minhas mãos suavam frio.

“Lembra quando te expliquei que isso era completamente comum entre os lobos, Leroy e Hiram Berry são um exemplo. E a menina que veio te chamar aqui hoje..também é, Brittany... Q. não é impossível. Você ainda tem o seu lobo em algum lugar por aí. Ele vai reagir como se fosse normal. Vai precisar de um parceiro e blá..blá..blá, mas não se assuste. Como eu disse, é apenas uma teoria..só uma teoria.”

“Como você quer que eu não me assuste??? como você pode falar isso? Hoje quando eu encontrei com ela senti dor, mas assim que ela me tocou...a dor passou...” eu sussurrei essa última parte. O pensamento que veio foi: o toque da Berry fez a dor parar. Cassandra e Marley me olharam assustadas.

“Não...não mesmo....você disse que ela namora não é Marley? Um tal de Finn não é? Ela namora...nós duas somos como polos iguais de um imã. nós nos repelimos...isso é absurdo! Não pode ser sério pode?!” eu estava praticamente falando sozinha, com os meus botões. Eu precisava arejar, estava hiperventilando.

“Marley?”

“Huh?”

“Aceito aquele passeio agora..preciso arejar a cabeça...”

“Ok...” ela saiu e eu fiquei com Cassandra na sala. Ela se levantou com uma careta preocupada.

“Você vai ficar bem?” assenti positivamente.” Ok então quando voltar, provavelmente não estarei aqui e sim vendo o local do ataque...então se ver alguém indesejado, ignore...”

“e se eu ver a Berry?”

“Não olhe.” disse com um sorriso. Ela estava tirando uma com a minha cara. Ótimo. “Quinn, eu falei que era uma teoria idiota, não leve tão a sério...”

“Vou tentar...”

“ótimo..” Marley apareceu com dois capacetes na mão e me entregou um. Cassandra deu um tchauzinho e foi para o quarto.

“Vamos?”Marley perguntou enquanto saíamos da casa

“Vamos..” eu sentei na garupa da moto e ela ligou. “Peraí..onde nós vamos..?”

“A guia aqui sou eu Fabray...haha brincadeira. Vou te mostrar algumas coisas: o Shopping, o Lima Bean, o Mckinley High..”

“ahh sim..então vamos.”

Por cada ponto que nós íamos passando, Marley falava algo: 'Aqui é o Breadstix', 'aquela ali é a oficina do sr. Hummel', 'Ali o consultório do Dr. Lopez' ' Mais lá na frente é o Mckinley...' 'O Lima Bean..' e assim foi até pararmos em um grande parque. Ela parou a moto e estacionou, ficamos um tempo falando besteiras e compramos sorvete. Estávamos voltando para moto quando de repente Marley estacou.

“Marley?”

“hum...problemas...”

“O que?” olhei na direção que ela estava olhando. O problema tinha nome, sobrenome e companhia: Rachel Berry e um pequeno bando, incomum. E ela estava vindo na nossa direção.