O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 14
Lar




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À noite, Sue Clearwater convidara Sam, Emily e – inesperadamente – a mim para jantar em sua casa.

–Ela me convidou? – perguntei cética.

–Claro. – disse Emily. – Seth deve ter contado a ela tudo sobre você. – ela revirou os olhos.

Fiquei meio sem graça por isso, mas logo passou.

Emily tivera de me emprestar mais roupas, isso estava começando a me incomodar. Se eu fosse ficar aqui – o que provavelmente iria acontecer, já que eles querem ver até onde vai a magia em meu sangue – teria que arranjar um emprego.

Sam nos levou de carro até lá. A casa de Sue era grande e estava abarrotada de pessoas.

Assim que entramos vi Leah encostada numa parede com cara de desgosto para variar. No sofá havia um garoto moreno e uma garota com um aspecto tímido. Pelo olhar de adoração deles deduzi que eram Jared e Kim.

Seguimos para a cozinha onde a maioria se encontrava. Foi Sue que nos recebeu com um grande sorriso.

–Olá! – ela cumprimentou a todos nós.

–Oi. –respondemos ao mesmo tempo.

–Você deve ser Agatha. – ela disse.

–É, sou. –respondi.

–Seth me falou de você.

Olhei para Emily, que sorriu em resposta. Ela e Sam sentaram-se a mesa onde se encontrava Embry.

–Mãe! – Seth se aproximou. – Você já conheceu a Agatha? Lembra-se do que a gente conversou não é?

Mordi o lábio. Epa. Como assim?

–Sim filho. – ela disse paciente. – E se você se acalmar, eu já vou fazer o convite...

–Convite? – repeti sem entender.

Sue sorriu.

–O que você acha de vir morar conosco?

Eu vou matar o Seth!

–Oh, olha eu agradeço, mas, eu não quero incomodar, sério.

–Ah qual é? – exclamou Seth. – Tem um quarto sobrando!

–Seth, deixe-a pensar. – pediu Sue. – Mas as portas estarão abertas. – ela sorriu e voltou à mesa.

–Seth! – repreendi-o assim que Sue saíra do nosso campo de audição. Você disse que não iria pedir! – eu tentei ralhar, mas perdeu todo o efeito com meu sorriso.

–Tudo bem, tem razão. Mas admita: você quer vir. E aposto que te convenço até o fim da noite. – ele disse convencido.

Eu ri.

–Ok, não vamos começar a ser convencidos.

Ouvi vozes vindo do outro cômodo, e segundos depois vi um homem de cabelos cacheados e meio grisalhos empurrando outro numa cadeira de rodas. Sorri ao perceber que acabara de avistar Charlie Swan e Billy Black.

Mas a surpresa foi ver Jacob seguindo-os. Meu sorriso vacilou ao lembrar da manhã de hoje, na praia. Assim que nossos olhos se encontraram meu coração de um salto.

Controle-se Agatha!

–Ei Jake! – Seth saudou-o.

–E aí cara.

Como uma covarde, saí do campo de visão de Jacob e sentei-me na mesa. Billy, que até agora esteve conversando com Sue e Charlie, veio até mim.

–Olá Agatha – ele disse como se nos conhecêssemos há tempos. – Eu sou Billy.

–Prazer Billy. – Apertei sua enorme mão.

A autoridade em seu porte e em sua voz era impressionante. Billy sempre fora um personagem intrigante para mim, e conhecê-lo estava sendo uma ótima experiência.

–Eu sou o pai de Jacob. – ele apontou-o com a cabeça. – Você já o conheceu?

Pigarreei.

–Sim, eu o vi na praia. – murmurei.

–Ah sim. Bem, eu estive conversando com o Velho Quil e – ele hesitou. – Ele me falou da sua situação.

Assenti.

–Claro.

–Só queria dizer que você pode contar conosco para saber mais. Sei que deve ser confuso para você, estando tão longe de casa.

Nossa! Essas palavras me surpreenderam. Pisquei os olhos.

–Obrigada Billy, de verdade. – sorri.

Ele sorriu e retomou a conversa com Charlie.

A noite estava sendo muito agradável. Tentei não olhar muito para Jacob, não queria aborrecê-lo novamente. Mas esse encontro fora inevitável quando o jantar terminara e eu aproveitei para escapar para o jardim.

Estava sentada num balanço que havia ali quando ele chegou.

–Fugindo da confusão? – ele perguntou. Sua expressão era serena, mas não tocava seus olhos.

–É. – funguei. – Acho que sim. – Eu começava a ficar confusa. Primeiro ele me rejeita, depois vem até mim?

Ele sentou-se no chão. Imaginei se o balanço era frágil demais para seu peso. Continuei balançando-me devagar começando a sentir uma leve dormência nas pernas.

–Seth me disse que você vai morar aqui. – ele comentou.

Virei a cabeça rápido.

–Como é?

Ele me olhou confuso.

–Você não vai?

–Bem, acho que não. – franzi o cenho. – Eu disse que iria pensar.

Ele riu.

–Tarde demais. – ele me olhou, zombeteiro. – Seth é um garoto teimoso, não vai te deixar em paz a não ser que se mude.

Suspirei.

–Acho que é uma batalha perdida.

Ficamos em silêncio por um momento, onde o único ruído era o do balanço enferrujado.

–Ei, me desculpe por aquilo hoje na praia. – ele olhou para mim e parecia sincero. – Acho que fui um pouco rude, não é?

Balancei a cabeça discordando.

–Eu não deveria ter me intrometido. – murmurei.

–Não, tudo bem. – ele suspirou.

Eu não cansava de olhar para Jacob. Ele era tão incrivelmente lindo que chegava a ser impossível. Peraí acho que é mesmo impossível, visto que estou dentro de uma história fictícia...

Naquele momento, Charlie estava saindo da casa em direção à sua viatura. Ele acenou para Jacob que o fez de volta.

–Quem é? – perguntei apenas para puxar papo.

–O delegado de Forks, Charlie Swan. – sua voz ficou dura de repente.

–Huum. Ele é amigo do seu pai, não é?

–É, são amigos há anos.

–Seu pai veio falar comigo. – comentei. – Ele disse que pode me explicar as lendas...

–Você está mesmo interessada nisso? – ele parecia descrente.

–Estou. – admiti. – Quer dizer, minha avó me contou muita coisa, mas eu não lembro direito.

–Isso é estranho não acha? Eu sempre pensei que a esquisitice fosse coisa daqui.

–É. – concordei. – Nunca pensei que a esquisitice faria parte de minha vida.

–A gente nunca pensa. – ele parecia estar lembrando de algo. Depois seu rosto ficou sério. – Espero que você não se transforme.

Eu não sabia dizer se queria isso ou não. Estava tudo muito confuso.

Mordi o lábio.

–Seth me disse que não é tão difícil. – argumentei.

Ele revirou os olhos.

–O garoto é pirado.

Eu ri.

–Um pouco de loucura é saudável.

–Claro, claro. – disse ele rindo também.

–Quer saber? Por que você não vai à praia amanhã? – ele me convidou. – Vai fazer sol.

–Sério? – eu ri e esperei que ele não notasse a histeria em minha voz. – Não parece que vai fazer sol. – eu olhei para cima observando as nuvens carregadas.

–Vai sim. – ele disse confiante. – Eu posso sentir.

–Uau. – deixei escapar, ainda olhando para o céu. – É coisa de lobo ou é um talento particular?

–Não – ele riu. – é coisa de lobo, mas eu tenho esperanças de achar um talento.

–Vamos continuar esperando por isso.

–E quais são seus talentos? – ele pareceu interessado.

–Huum. – fingi pensar. – Talvez isso não seja exatamente um talento, mas todos dizem que minha macarronada é demais. – eu disse um tanto presunçosa.

Ele cerrou os olhos.

–Você não tem cara de quem cozinha.

–Ah é? – fiz uma cara de indignação. – Por que acha isso?

–Sei lá, seu jeito eu acho.

–Pois pode acreditar. E eu faço questão de fazer uma para você!

–Não me leve a mal, mas eu não gosto de ser cobaia. – ele gargalhou com a própria piada.

–Idiota! – eu bati em seu braço e no mesmo segundo me arrependi.

Ele era forte.

–Ai, ai. Minha mão! – choraminguei.

–Ah não, você se machucou? – ele pegou minha mão entre as suas. – Me desculpe.

Apesar de sua mão ser quente, um arrepio percorreu meu corpo.

–Não se preocupe, eu não machuquei. – eu ri sem jeito – Será que um dia vou me acostumar com essa coisa de vocês todos serem super fortes?

Jacob desviou o olhar do meu e soltou minha mão.

–É... Vai ter tempo para isso.

Antes que um de nós dois pudesse dizer alguma coisa, Sue apareceu na porta e nos chamou.

Levantei-me do balanço e cambaleei tropeçando.

–Você está bem? – pude ouvir o riso em sua voz.

–Minhas pernas adormeceram. – gargalhei debilmente.

Tentei dar um passo e parei novamente ao sentir o formigamento em meus pés.

–Precisa de uma ajudinha aí? – Agora Jacob ria da minha cara.

–Rá! Rá! Pode parar de me zoar!

–Não estou zoando Agatha. – ele se recuperou do riso. – Má circulação no sangue é assunto sério.

Dirigi um olhar mortal a ele.

–Você tem sorte de ser tão forte.

Ele se limitou a rir da minha cara.

Lentamente comecei a sentir as pernas novamente.

–Ok, passou. – sorri.

Atravessamos o curto trajeto ainda rindo. Billy nos olhou espantado.

–Vamos Jacob?

–Claro, claro. – ele olhou para mim. – Nos vemos amanhã?

–Sim... Se tiver sol. – provoquei-o.

Ele revirou os olhos.

–Tchau.

–Até. – observei-o levar seu pai até o carro.

Naquele momento eu percebi que não importava quanto tempo passasse. Eu nunca iria acostumar-me com Jacob. Nunca acreditaria em minha incrível sorte em conhecer um dos personagens mais cobiçados do mundo.

E, no entanto, eu não o via apenas como um garoto lindo. Eu o via como o garoto simpático, amigo, leal, engraçado e ensolarado que eu um dia sonhara conhecer.

Quando Jacob e Billy foram embora, Sam e Emily estavam prestes a ir também e foi quando a questão da mudança ressurgira.

–Bem, nós já vamos Sue. – disse Sam.

Eu já estava me encaminhando à porta quando Sue interviu.

–A não ser que queira ficar Agatha.

Virei-me lentamente agradecendo aos céus por Seth ter desmaiado no sofá, ele com certeza seria mais persuasivo.

–Hã... – por mais que eu não quisesse admitir, a ideia de morar aqui ficava cada vez mais atraente.

–Agatha – Emily se juntou à conversa. – Por mais que eu goste de ter você como nossa hóspede, eu acredito que as acomodações de Sua sejam melhores para você. – ela concluiu bondosamente.

Olhei rapidamente à Leah que estava numa poltrona ao canto, olhando a cena com incredulidade.

–Eu não vou incomodar mesmo? – perguntei a Sue.

–Claro que não querida! E Seth iria adorar.

Tudo bem, ela jogou sujo com a história de “Seth iria adorar”, mas resolvi ceder.

–Tudo bem. – eu disse meio em dúvida. – Eu venho.

–Ah que bom! Vamos adorar ter você aqui!

Sorri tímida.

–Obrigada.

Sam e Emily estavam indo embora, então agradeci sua hospitalidade e Emily disse que eu seria bem vinda sempre que quisesse.

Seth estava sonolento demais para perceber que eu ainda estava aqui e Sue o fez subir para o quarto cambaleando.

–Então você vai mesmo vir para cá? – Leah me perguntou com desprezo assim que Sue saiu da sala.

–É acho que sim. – murmurei.

Ela riu com deboche.

–Acha que pode viver de favor aqui para sempre?

–Eu não... Eu não vou viver de favor. – eu disse ofendida. – Assim que der vou arranjar um emprego.

–Olha, eu não entendo! Por que você não volta para sua casa ao invés de ficar sobrecarregando as pessoas por aqui?

–Leah! – Sue apareceu na soleira da porta da sala de estar. – Isso são maneiras de tratar nossa hóspede?

–Mãe! – Leah se indignou com a repreensão da mãe. – Você não pode estar falando sério!

Eu sabia. Sabia que iria atrapalhar. Eu decidira morar aqui havia cinco minutos e já estava causando brigas na família.

Sue olhou para mim ignorando Leah.

–Venha Agatha, vamos ver o seu quarto.

–Claro. – olhei de esguelha para Leah que bufava de raiva.

Acompanhei Sue até um cômodo no fim do corredor no segundo andar. O quarto era pequeno, e me fez lembrar de meu próprio quarto na casa do papai. Havia uma grande janela de madeira, uma cama de solteiro, ao seu lado uma escrivaninha com um abajur e um armário pequeno.

–Tem lençóis no armário e eu vou te trazer um pijama.

–Ok.

Enquanto ela ia pegar a roupa, abri o armário que continha os lençóis. Estava arrumando a cama quando ela voltou.

–Aqui está.

Peguei o pijama.

–Obrigada Sue. Olha eu queria agradecer por tudo, e dizer que eu não vou ficar aqui de graça, eu vou dar um jeito e arranjar um emprego ou sei lá...

–Ah! Não se preocupe com isso. É justo que você tenha uma casa aqui, eles acham que você irá se transformar em breve...

Estremeci.

–Mesmo assim eu faço questão. – insisti.

–Está bem, querida. Vou deixá-la dormir agora. Boa noite.

–Boa noite.

–Ah – ela deu meia volta. – Não se preocupe com Leah. Tenho certeza de que vocês vão se dar bem após se conhecerem melhor.

–É, sei que sim. – eu disse meio em dúvida.

Ela sorriu e saiu. Fiquei observando o quarto por um tempo. Era estranho, mas eu me sentia confortável aqui. Deitei-me e quase imediatamente cai na inconsciência.


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Notas finais do capítulo

Eiiii o Jacob se redimiu agora ijdsijdsiji
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