The World Of Evie escrita por CassBlake


Capítulo 6
Decisão


Notas iniciais do capítulo

E como prometido aqui está um capitulo bem -nem tanto - longo para vocês.
Boa Leitura ^^

Atualizado (19/01/14)



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Abri meus olhos devagar. Eu me sentia bem, com nenhuma dor, eu deveria me sentir assim?

– O que vamos fazer com ela, senhor? – perguntou uma voz do outro lado do quarto.

Tentei olhar ao redor discretamente, não queria que quem estivesse conversando notasse que estava acordada, observei que tudo o que eu podia ver no quarto era branco, as paredes, as cortinas na janela, a porta, os lençóis da cama onde eu estava. Eu já tinha visto quartos de hospitais antes, na TV, e era exatamente onde eu estava: em um hospital.

Havia uma intravenosa em minha mão para que eu pudesse receber soro, uma máquina que fazia barulho indicando os meus batimentos cardíacos, mas o mais importante em tudo isso: eu estava viva, e estava longe do Jerry.

– Como assim o que vamos fazer com ela, Ethan? Você está responsável pela garota, para a própria segurança dela, ao menos até o departamento decidir definitivamente o que fazer. – respondeu outra voz.

Ethan? Quem diabos era Ethan?

Finalmente ignorando o resto do quarto olhei para os dois homens que conversavam perto da janela, os dois eram altos, mas a semelhança acaba ali, Ross era um homem bonito e jovem, não que o outro homem fosse velho e feio, apesar dele ter alguns cabelos brancos entre a massa de cabelos castanhos, eu podia ver leves rugas ao redor de seus olhos e na testa, já Ross parecia um modelo, um homem bonito, implacável.

– Quem tomou essa decisão? – perguntou Ross parecendo seriamente irritado.

É claro que ele estava irritado, não era preciso de muito para saber sobre o que eles estavam falando e era obvio ele não queria ficar comigo e quem iria querer?

– Ethan, você é um dos melhores agentes que temos, essa garota pode ser a peça chave para investigações muito importantes e precisamos que ela fique em segurança. Além do mais não podemos esquecer que ela praticamente salvou sua vida. – ralhou o homem mais velho parecendo cansado.

Ethan Ross suspirou resignado.

Ela não salvou minha vida, você sabe e eu sei que teria conseguido escapar sozinho! – sua voz era dura por conta da raiva - Vamos ao menos interrogar a garota antes de colocar tanta confiança nela. Ela pode ser apenas um bode expiatório que esta aqui para atualizar Jerry sobre as investigações, sem contar que a garota parece ter sérios problemas, quer que eu leve uma garota louca para minha casa? – sua voz continuava com o mesmo tom duro, ele não estava feli, nem um pouco.

Senti a raiva e a tristeza se abater sobre mim, mas eu não podia me dar ao luxo de sentir nada, era fraqueza se importar com o que os outros pensam sobre você, e eu não seria fraca. Serrei meus punhos com força. E eu não era louca!

– Eu não sou louca – afirmei com a voz sem um traço de emoção.

Eu estava me tornando uma casca vazia ou eu já nasci assim? Jerry estava certo ao dizer que ninguém seria capaz de amar alguém como eu?

Quando eu era pequena ainda pensava que um dia eu iria acordar desse pesadelo e ver que na verdade eu tinha uma família, uma mãe e um pai, alguém que cuidasse dos meus ferimentos, alguém que consolasse, mas depois de um tempo, por mais longo que ele tenha sido, eu finalmente aceitei a verdade. Eu não tinha família, não tinha ninguém que me amasse e nunca iria ter, eu deixei de acreditar no amor e não acredito que exista um final feliz, não para mim.

O olhar de Ross encontrou o meu e ele pareceu culpado por um momento, mas logo sua mascara inexpressiva estava posta novamente. Ele não tinha sentimentos.

– Senhorita Evie, certo? – perguntou o homem mais velho com uma voz estranhamente gentil – Eu sou o agente Jack. – disse aproximando-se da cama com a mão estendida.

Olhei para sua mão por um momento ponderando por um momento se deveria aceitar ou não. Dando um ultimo olhar a Ross peguei a mão que ele me oferecia e apertei, tomando minha decisão.

– Sim, eu sou Evie. – disse o olhando nos olhos, ele tinha olhos do mesmo tom castanho de seus cabelos, e se parecia um daqueles tios simpáticos que apareciam na TV.

– Bem, senhorita Evie, eu gostaria de fazer algumas perguntas... É claro que se você concordar em respondê-las. – falou gentilmente soltando minha mão.

Antes que eu pudesse sequer abrir minha boca para responder Ross respondeu em meu lugar.

– Ela irá responder todas as perguntas – afirmou Ross – Faz parte do nosso trato. – ele me lembrou com um tom frio, seus braços cruzado sobre o peito.

Sim, fazia parte do trato, eu daria para eles qualquer informação que eles pedissem e iria saborear cada palavra que condenaria Jerry.

Jack me olhou gentilmente, quase como se estivesse com pena de mim, eu não queria que ele tivesse pena de mim, não precisava de sua pena.

– Vou responder as perguntas.

– Ótimo! Então vamos começar, pode me dizer seu nome completo? – perguntou assumindo o porte de um tira pegando um bloquinho de papel e caneta.

– Evie – respondi, e continuei antes que ele me interrompesse. – Meu único nome é Evie, dar um sobrenome para alguém como eu nunca foi uma prioridade para Jerry.

Vi Jack trocar um olhar com Ethan antes de continuar.

– Sabe sua idade? – perguntou.

Assenti – Nasci no ano de 94, então eu completei dezoito no ano passado, não sei a data ou o mês.

– Sabe quem é seu pai? – perguntou ainda anotando em seu bloco de notas.

– De acordo com Lara, Jerry é meu progenitor – respondi apesar de saber que Jerry não foi o único homem com quem ela teve relações sexuais, se é que ser estuprada pode ser chamada assim, mas de qualquer jeito minha semelhança física com Jerry era infelizmente incontestável.

Vi Jack arregalar os olhos e até mesmo Ethan parecia surpreso com essa nova informação, mas a logo a surpresa caiu de seus olhos, os tornando frios novamente.

– E quem é Lara? – perguntou Jack.

– Minha progenitora. – respondi calmamente sem encarar qualquer um dos dois – Ela se matou há alguns anos, não suportava mais ser usada por Jerry e seus homens.

– O que quer dizer com “usada”? – perguntou cuidadoso.

– Eles a estupravam, a usavam como se fosse um nada, ela também cozinhava para eles. – minha voz continuou com o tom calmo, não iria mostrar nenhuma fraqueza para eles.

– E como você sabia que eles abusavam dela? – Jack estava tentando manter suas expressões ocultas, mas dava para ver que a pena que ele sentia por mim estava cada vez aumentando, bem diferente de Ross, que continuava com aquela expressão impassível.

– Por que eu vi – respondi – Com certeza não todas às vezes, mas o suficiente para saber que eles faziam isso.

– Você era obrigada a ver alguma coisa? – perguntou Jack depois de uma pausa.

– Apenas as torturas. – respondi.

– E com você? Eles faziam o mesmo? – sua voz era mansa, como a de alguém que tentava acalmar uma criança chorona, coisa que nem de longe eu era.

– Não, eu era pequena demais para isso, tive sorte que eles não gostavam de crianças. – eu era consciente que eles poderiam não ter abusado de mim do mesmo modo como faziam com Lara, mas ainda assim não era fácil para uma criancinha de cinco anos ver esse tipo de coisa, eles podem não ter abusado do meu corpo, mas não posso dizer o mesmo sobre minha mente.

– E depois que você cresceu?

– Jerry descobriu minha habilidade, então minha utilidade foi outra, ele não queria correr o risco de acontecer comigo o mesmo que aconteceu com Lara, eu era preciosa demais.

– E que habilidade seria essa? – ele parecia curioso e aliviado por ter parado de falar de estupros, ele era fraco.

– Memória fotográfica, eu servia de informante. Localização em mapas, fórmulas de drogas, bastava uma única olhada e então estava tudo salvo aqui. – disse indicando minha cabeça com a mão livre da agulha. – E nenhuma informação iria vazar.

– Então eles a usavam como informante?

Não foi o que eu acabei de dizer?

– Sim, mas é como se eu gostasse disso, Jerry tem tendência a ser violento quando é contrariado, na verdade ele sempre é violento, apenas fica ainda mais. Nas primeiras vezes eu tentei fugir, mas ele sempre conseguia me pegar de volta – fiz uma pequena pausa ao me lembrar de como eram as voltas para o galpão - E quando eu voltava era sempre pior do que da ultima vez e desde então eu sempre tinha alguns de seus homens me vigiando.

– O que ele fazia com você? Por fugir? Pelo que falou seu pai não iria deixar sua fuga impune.

– Ele me levava para sala onde mantém os reféns, me amarrava na cadeira e me castigava. Ele gostava particularmente de brincar com as facas. Sempre cortes finos e superficiais, ele não queria ninguém morrendo por conta de uma simples hemorragia, não antes que ele pudesse se divertir um pouco. Jerry gosta de ver as pessoas sofrendo, do mesmo jeito que um voyeur gosta de ver pessoas fazendo sexo, ele sente prazer em ouvir os gritos de dor das pessoas. – e foi exatamente por isso que parei de me importar com a dor, foi por isso que parei de gritar e implorar a cada corte, não queria lhe dar mais aquela satisfação.

Desviei meu olhar para a janela, o céu lá fora era azul e sem nuvens, o sol brilhava tão gloriosamente que nem parecia um dia de inverno, os raios de sol invadiam o quarto como hoje fosse um belo dia, e talvez fosse afinal eu estava viva e supostamente livre.

Senti um arrepio correr por meu corpo e algo com o que parecia ser alivio invadir meu coração abandonado, agora eu estava livre dele, Jerry nunca mais iria me maltratar, eu iria contar cada um de seus crimes, todas as localizações de suas mercadorias ilegais e iria vê-lo ser morto em uma cadeira elétrica, seria um prazer em vê-lo fritar.

– Quantos anos você tinha quando ele começou a bater em você? – fiquei surpresa ao ouvir a voz Ross, parecia quase suave, como se ele estivesse com pena.

Olhei duro para Ross que até aquele momento parecia me desprezar, e por algum motivo sua pena me irritava mais do que a do Jack.

– Eu não preciso da sua pena. – falei o olhando nos olhos, do mesmo modo frio e implacável com que ele me olhara antes – Não sou nenhuma garota frágil e sensível, essa garota já foi morta e enterrada há muito tempo.

Quase me arrependi por dizer essas palavras ao ver o olhar de desprezo voltar para seu rosto. Eu não conseguia decidir qual deles era o pior, pena ou desprezo.

– Não duvidei nem por um momento – afirmou Ethan e então desviou seu olhar de mim – Ligue-me quando precisar de mim novamente. – disse para Jack enquanto andava até a porta.

– Onde está indo? – perguntou Jack fazendo uma menção de segui-lo guardando seu bloco de notas.

– Embora. – respondeu antes de fechar a porta.

Jack suspirou e passou as mãos pelos cabelos, ele parecia frustrado e cansado, tive pena dele.

– Sinto muito – murmurei olhando para minhas mãos.

– Pelo o que? Por Ethan ser um tremendo babaca às vezes? – olhei para ele e vi tinha um leve sorriso em seus lábios, ele negou com cabeça – Não tem que se desculpar, você não tem culpa alguma.

Jack era um homem estranho, por que não me culpar pelo mau humor do Ross? Se fosse o Jerry eu já estaria sendo amarrada em uma cadeira para uma pequena sessão de tortura, já estive naquela cadeira por coisas menores que isso.

Ouvi um barulho de passos no corredor e por um momento pensei que fosse Ross voltando, mas assim que a porta abriu vi que não era ele.

A mulher que entrou no quarto era pequena e eu diria que deveria ser mais baixinha que eu, seus cabelos cacheados eram brilhosos e longos, pude ver algumas sardinhas salpicadas em seu arrebitado nariz sobre a pele morena, ela vestia calças pretas que combinavam com sua jaqueta preta e botas, a única coisa que não era preta na sua vestimenta era a blusa de cor creme que ela usava por baixo da jaqueta lhe dando um ar de elegância.

– Chefe? Desculpe interromper, mas pelo modo como Ross saiu do quarto pensei que poderia ter algum problema. – falou a mulher com uma voz madura e séria.

Jack não pareceu surpreso ao ver a mulher.

– Lily, não sabia que já tinha chegado. – falou Jack sorrindo calorosamente para ela.

– Vi que estava conversando com Ross e não quis atrapalhar. – enquanto ela andava pelo quarto tive um pequeno vislumbre da arma que ela carregava por debaixo da jaqueta.

– É bom está aqui, quero que conheça a Evie, foi ela quem ajudou Ross a escapar. – Jack disse sorrindo diabolicamente.

Lily fez uma careta, provavelmente adivinhando o motivo da ira de Ethan, mas tão logo a careta sumiu e ela deu um enorme sorriso, quase tão diabólico quando o de Jack.

– Oh, é bom conhecer a garota que livrou o traseiro do Ross - falou sorrindo – Sou a agente Dallas, mas pode me chamar de Lily.

Olhei novamente para ela, como alguém tão pequena poderia trabalhar para o FBI? Eles não tinham um tipo de altura limite ou alguma regra que diz que todos os agentes têm que ser altos?

– Lily trabalha para o setor de inteligência. – informou Jack quase parecendo orgulhoso.

Por mais que os dois estivem sendo gentis comigo, eu estava começando a me sentir cansada e dolorida novamente, queria apenas acabar logo com isso para poder aproveitar um pouco a cama, nunca tinha dormido em uma cama, no galpão de Jerry eu tinha apenas um fino colchão que era o mesmo que dormir no chão.

– Já terminou com as perguntas? – perguntei tentando evitar que minha voz soasse fraca, mas por algum motivo foi exatamente assim que ela saiu.

– Por agora sim, você precisa descansar. Irei vê-la novamente logo. – ele falou gentilmente enquanto indicava o caminho da porta para Lily – Espero que se recupere logo.

– Até mais. – Lily me deu um sorriso gentil antes de sumir pela porta junto com Jack, me deixando finalmente sozinha no quarto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado xD
E não esqueçam de comentar pfvr, serio comentarios me deixam mais inspiradas para continuar a fic ^^
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