As lembranças daquela noite agora estavam claras. Lembro-me de como perdi a consciência logo após mata-la, lembro-me de acordar e não conseguir lembrar nada, ter apenas a imagem de Lara com a arma na mão e então o barulho do tiro, lembro-me de acordar e ver seu corpo no chão, lembro-me de ver o sangue, de ver a arma ainda em sua mão e saber, enganar a mim mesma e dizer que ela se matou, que ela não suportou e apertou o gatilho, enganar a mim mesma de que não fui eu que a matei,ela e apenas ela tinha tirado sua própria vida.

Ela apertou o gatilho... Apenas ela, não eu, nunca eu...

M-E-N-T-I-R-A...

Eu era uma mentira, menti para mim mesma para não perder a sanidade, menti para proteger meu lado covarde de pegar a mesma arma que a matei, de apontar o cano para minha própria cabeça e apertar a porcaria do gatilho, menti porque sou fraca, menti porque é a minha natureza mentir, sou filha de Jerry, tenho o direito de mentir, mentir e mentir, mas não tenho o direito de ser fraca.

Eu matei, eu e apenas eu apertei o gatilho.

ASSASSINA!

Assassina, essa palavra estava escrita em sangue sobre meu peito, sobre minha mente, sobre minha alma.

– Eu a matei! Matei! Oh, eu matei! – repeti quando tinha parado de vomitar, o gosto ruim em minha boca apenas lembrava o qual podre por dentro eu era, sempre fui.

Meus olhos se negavam a abrir, se negavam a me deixar ver além da escuridão a qual eu condenei Lara. Os braços de Ethan me seguravam, me mantinham segura e eu não merecia, eu não merecia.

–Shh, Evie, fale comigo, amor, quem você matou? – sua voz estava abafada porque ele falava contra meu cabelo vermelho.

– Lara – respondi entre soluços. – Eu a matei. – revelei afundando minha cabeça em seu peito.

Senti Ethan endurecer, e esperei, esperei ele me repudiar por ser uma assassina, por matar e negar a culpa, por mentir.

– Evie, do que está falando? – perguntou, se afastando um pouco de mim e segurando meu queixo com a mão. – Abra os olhos – pediu, sua mão era firme e eu me forcei a encarar seu olhar, que deveria estar cheio de condenação.

Seus olhos azuis brilhavam em confusão, sua mandíbula estava apertada e ele continuou esperando uma resposta, uma que eu não queria dar agora.

– Deixe-me sozinha – pedi, afastando-me de seus braços. – Quero ficar sozinha.

Ele me olhou em choque enquanto eu ficava de pé e abria a porta do banheiro, minha mão tremia, mas não me importei com isso.

– Não vou deixar você sozinha – ele disse ficando de pé e cruzando os braços. – Não até que me diga o que esta acontecendo – pediu se aproximando de mim, mas antes que ele chegasse perto eu me afastei.

– Saia, agora- eu pedi o olhando nos olhos. – Eu preciso ficar sozinha.

Ethan pareceu lutar consigo mesmo por um momento até que pressionado os lábios com força assentiu.

– Tudo bem, você tem trinta minutos, depois disso não vou sair do seu lado, entendeu? – perguntou se aproximando de mim, mas dessa vez eu não me afastei.

– Sim. – disse e então ele me olhou por mais um momento e logo eu pude escutar a porta do quarto se fechando.

Deixe-me cair no chão por um momento, sentindo uma opressão no peito, e durando alguns minutos deixei esse sentimento ruim se apoderar de mim, deixei que toda culpa caísse sobre minhas costas, deixei que eu fosse o monstro da historia, até que a imagem de Jerry veio em minha mente e me mostrou a verdade.

Eu não era o monstro... apenas a filha dele.

Respirei fundo, fazendo o possível e impossível para acalmar a mim mesma, para deixar minha própria culpa de lado e me concentrar apenas na culpa de Jerry. Foi ele quem colocou a arma em minhas mãos, foi ele que condenou Lara, foi ele que me fez cometer esse crime, ele me tornou uma assassina e eu o faria pagar.

Agora a cadeira elétrica não era o suficiente para mim, nada do que o FBI fizesse para ele seria o suficiente ruim, nada, mas já o que eu iria fazer com ele...oh, isso era outra historia.

[...]

Quando a porta do quarto se abriu eu já estava calma, tinha escovado meus dentes até minha língua doer. Não consegui me olhar no espelho, ainda não, eu não conseguiria encarar a mim mesma ainda.

– Evie – chamou Ethan batendo de leve na porta do banheiro antes de abrir.

Encaramos-nos por um momento, seus olhos me avaliando de cima a baixo como para se certificar que eu não estava machucada. Logo ele entrou completamente no banheiro e me tomou em seus braços, seu corpo ficando colado ao meu.

– Podemos conversar agora? – perguntou me dando um suave beijo na testa.

– Sim – respondi aceitando seu abraço e passando meus braços em volta de sua cintura.

Por mais que eu soubesse que não merecia alguém tão bom quanto Ethan, eu era egoísta demais para deixa-lo ir, e fraca demais para viver sem ele. E agora éramos casados, isso significa que éramos uma família. Ethan era minha família agora, e eu não estava indo desistir disso, não agora.

Sem mais nenhuma palavra ele nos levou para a cama, ele sentou primeiro e me puxou para seu colo, ele apertou seus braços contra mim e eu me senti segura e amada, algo que apenas Ethan poderia me fazer sentir.

– Pode me explicar o que foi isso? – perguntou, sua voz era calma e suave.

Senti um aperto no coração antes de contar tudo a ele, com cada mínimo detalhe que agora eu nunca poderia esquecer. Ele escutou sem me interromper e eu fui grata, pois se ele me fizesse parar acho que não seria forte o suficiente para começar a falar de novo. Quando finalmente terminei, ele apenas me beijou na testa com força.

– Sinto muito – murmurou em meu ouvido, e pude ouvir a sinceridade em sua voz. – Juro que vamos pegar o Jerry! – disse com firmeza.

Eu me remexi em seu colo, querendo deixar isso de lado por um momento, precisando de um descanso para minha mente, eu não queria pensar por agora, já pensei o suficiente sobre isso e pensar não iria me levar a lugar nenhum.

– Posso fazer algo por você? – perguntou suavemente.

– Sim – respondi virando em seu colo para poder olha-lo nos olhos, e então desviei meu olhar para sua boca e instintivamente lambi meus lábios. – Pode me amar.

Ele não precisou de nenhum incentivo, me puxou e nos girou sobre a cama, acomodei seu corpo duro entre minhas pernas e senti seus lábios me beijarem suavemente no começo, mas no inferno que precisava de suavidade, eu queria, necessitava de brutalidade. Finquei minhas unhas em seus ombros, enquanto atacava sua boca de modo selvagem, mordendo e lambendo, ouvi seu gemido quando elevei meus quadris contra sua pélvis, precisando sentir sua dureza contra mim, precisando sentir o quanto ele me queria e precisava de mim.

Suas mãos puxaram minha camisa fora e logo meu sutiã, meus seios ficaram duros quando ele beliscou meu mamilo, sua boca tomando a minha, eu gemia contra sua boca enquanto que seus dedos brincavam com meus seios. Querendo sentir sua pele contra a minha, puxei sua camisa para cima, não querendo nada entre nós. Os beijos continuaram e quando mal percebi estávamos nus, mas seria impossível de não notar quando sua mão deslizou para minha umidade, seus dedos acariciando meu clitóris, tremi em seus braços, arranhando suas costas, mordendo seu lábio até tirar sangue enquanto gemia de prazer.

– Ethan! – gritei contra seus lábios elevando meus quadris para seus dedos hábeis até que meu corpo estremeceu e eu fechei os olhos sentindo o clímax despedaçar meu corpo até não restar nada além do prazer.

Respirei fundo, tentando tranquilizar minha respiração enquanto Ethan continuava a trabalhar em mim, sua boca sugando meus mamilos com força e os mordiscando, seus dedos continuavam me acariciando e em pouco tempo eu estava implorando por ele, implorando pelo prazer que eu sabia que me esperava.

Sem aquentar mais aquela tortura o empurrei para o lado, girando com ele ate que eu estava em cima dele, sua ereção agora espetando deliciosamente minha entrada úmida. Ethan gemeu suas mãos agarrando meus quadris, seus olhos um poço de luxuria azul, seus lábios vermelhos e inchados de nossos beijos e sua respiração rápida.

Remexi sobre ele, o fazendo gemer novamente, a sensação de ver o prazer em seu rosto era eletrizante e eu queria dar tanto prazer a ele quanto eu tinha recebido. Passei minhas mãos sobre seu peito, apertando seu mamilo com força no caminho, beijei seu peitoral até chegar a sua garganta, mordendo e deixando minhas próprias marcas sobre sua pele imaculada, e então afastei um pouco meu corpo e peguei seu pênis na mão, os olhos de Ethan se abriram mais e ele grunhiu uma maldição quando movi minha mão, apertando seu membro com força, Ethan gemeu fechando os olhos e então ele me tirou de cima dele, nos girando e ficando por cima, ele mordeu meu minha orelha com força e logo voltou a me beijar na boca, sua língua invadindo minha boca e explorando-a.

Ethan se afastou, me deixando em um repetindo vazio e pensei em protestar até que o vi esticar sua mão até sua calça jogada no criado mudo, retirando um preservativo do bolso e então vi com expectativa ele rasgar a embalagem e desenrolar o preservativo sobre sua ereção, ele usou seu joelho para abrir mais minhas pernas me olhando com olhar faminto quando penetrou em mim, me preenchendo em todos os sentidos.

– Eu amo você – ele murmurou no meu ouvido com a voz rouca de desejo.

Senti-lo dentro de mim era divino, eu estava completa.

Movíamos-nos juntos, fazendo as estocadas serem fortes e mais profundas, e completamente prazerosas. Chegou um momento em ele saiu quase por inteiro de mim e então afundou novamente, me beijando enquanto tirava o inferno para fora de mim.

Sua boca alcançou meu seio novamente, sugando com fome enquanto seus dedos voltaram a brincar com meu clitóris e isso foi o suficiente para que eu caísse no abismo. Ele me beijou abafando nossos gemidos de prazer enquanto atingíamos o clímax juntos.

Ele caiu sobre mim com a respiração forte, assim como a minha e ficamos assim por um momento, recuperando o fôlego até que ele saiu de cima de mim, ficando lado e me puxando para seus braços, encostei-me contra ele, sentindo minha pele suada contra a sua e sabendo que não haveria nada que me faria desistir dele.

– Eu também amo você – murmurei em voz baixa antes de cair em um sono pesado, sem sonhos ou lembranças.