Ouvi o barulho alto de tiros enquanto que Ethan me puxava para o quarto, com o braço virado ele atirava de volta, sua arma não fazia qualquer barulho, e a falta de silenciador indicava que quem quer que fosse não estava preocupado em chamar atenção, e isso me fazia pensar que as coisas eram ainda piores do que pareciam.

 Ethan fechou a porta do corredor atrás de nós, me puxando com uma mão enquanto a outra sustentava sua arma, tudo estava passado rápido demais e logo ele estava me empurrando para dentro do nosso quarto.

- Fique dentro do quarto,e não saia por nada! Entendeu? – perguntou para mim com a voz grave, já totalmente tomado pela adrenalina, à pupila de seus olhos estava dilata e o aperto em meu braço era forte o suficiente para deixar hematomas, mas eu não me preocupei com isso.

- Sim – afirmei, sabendo que ele seria capaz de fazer qualquer coisa se eu não concordasse com ele nesse momento, e então ele estava saindo do quarto tão rápido quanto entrou.

Nem sequer pestanejei quando a porta fechou, apenas corri pelo quarto abrindo gavetas e orando para Deus que eu encontrasse uma arma, de jeito algum eu iria deixa-lo ir lá fora sozinho, só o pensamento de ele estar sozinho agora já estava me fazendo ficar louca, quando finalmente achei uma arma parecia ter se passado horas, mas eu sabia que foram apenas segundos, mas muitas coisas poderiam acontecer em segundos.

 Minhas mãos tremiam quando carreguei a arma, o barulho de tiros não havia parado e eu não parava de pensar que isso apenas significava que Ethan ainda estava bem, mas também significava que quem quer que fosse também estava bem... Mas não por muito tempo se dependesse de mim.

Não tenho qualquer pratica com armas de fogo, mas já vi muitas pessoas usando e não iria hesitar em ir ajudar Ethan, nunca iria hesitar em fazer qualquer coisa que pudesse ajuda-lo. Abaixei-me ao sair do quarto, andando agachada do quatro até a abertura do corredor, dei uma espiada na sala procurando por Ethan, a sala estava uma bagunça, o sofá tinha buracos, a televisão tinha caído no chão, cacos de vidro estavam por todo lugar e a porta do apartamento estava aberta, uma das janelas estava quebrada fazendo o vento circular violentamente pela sala e também pude avistar um corpo de um homem grande caído rodeado por sangue.

Agachei-me no batente, os tiros vinham de três lados agora, o que indicava que Ethan estava lutando contra dois.

- Cubra-me, e não atire para matar! – ouvi o rugido vindo de algum lugar atrás do mini bar que Ethan tinha.

Estremeci ao reconhecer a voz, a voz era grave e rouca, uma voz que faria qualquer mulher ficar caidinha apenas com uma única palavra, eu reconheceria essa voz em qualquer lugar.

- Pode deixar, Slayer! – grunhiu seu parceiro em resposta.

Slayer,era um dos apelidos do Matador, o informante mais louco e pervertido que Jerry tinha, o mesmo homem que já teve negócios com Elizabeth. Eu morreria antes de deixar que ele sequer chegasse perto de Ethan.

Apertei a arma na minha mão e assim que tive o vislumbre do parceiro de Slayer eu atirei, ninguém estava esperando que Ethan tivesse ajuda e isso serviu muito bem como uma vantagem para nós. A minha arma não tinha silenciador, mas nem sequer pestanejei com o barulho do tiro ou o impulso da arma para trás, apenas a segurei firme e tentei não pensar sobre os miolos do homem que agora cobriam o tapete de Ethan.

Acabei de matar mais um homem...

O barulho de tiros foi suspenso por um momento, o lugar sendo tomado por um repentino silencio até que ouvi o xingamento alto de Ethan vindo de algum lugar atrás do balcão da cozinha, eu não tinha ideia de como ele tinha conseguido chegar até lá, mas estava feliz que ele tivesse uma boa cobertura.

- Eviiieee, veio nos fazer companhia? – riu Slayer alto, sua risada fez um arrepio correr minha espinha. – Senti sua falta nas ultimas semanas... as coisas não são as mesmas sem você! Mas logo as coisas vão voltar ao normal... Seu papai está com saudades...

- Vai se fuder, Slayer! – grunhi para ele, não estando com humor para isso, a única coisa que eu podia pensar é que Ethan estava em silencio por tempo demais.

E se ele estivesse ferido?

- Apenas com você docinho! Mas vamos deixar isso para mais tarde.

Não havia nenhuma maneira que ele conseguisse escapar, eu tinha uma ótima visão do caminho de onde ele estava até a porta de saída e eu não estava indo deixar que ele escapasse, pelo menos foi isso que pensei até o momento em que vi um objeto preto rolando no chão bem perto do balcão da cozinha.

Oh merda! Oh merda! Isso não podia ser o que eu estava pensando...

- Ethan! – gritei não me importando se estava me expondo, apenas pensando que aquilo não deveria estar perto de Ethan quando explodisse, não me importei que Slayer tivesse saído pela porta correndo no momento em que eu corria até o objeto, mas antes que eu pudesse toca-lo Ethan apareceu como a visão de um deus, agarrou o objeto e o lançou para fora por uma das janelas que estava quebrada, e como as janelas iam do chão ao teto o vento batia forte por todo lado. Bati forte contra o chão quando Ethan me empurrou para o chão, caindo junto comigo e cobrindo meu corpo com seu quando a bomba explodia antes que saísse completamente do apartamento.

O estrondo foi alto e senti o lugar tremer sob nós dois até que tudo ficou em silencio. Suspirei contra o chão, tentando respirar com o peso de Ethan sobre mim.

- Você está bem? – perguntou Ethan ao meu ouvido, saindo de cima de mim e caindo deitado ao meu lado.

- Sim, e você? – perguntei sentando para poder avalia-lo por mim mesma.

Senti lágrimas nos olhos ao ver que ele não tinha nenhum machucado serio, alguns arranhões por conta dos cacos de vidro, mas, além disso, ele estava perfeitamente bem.

Graças aos céus!

- Estou ótimo, mas pensei que tinha dito que não era para sair do maldito quarto! – exclamou sentando e me segurando pelos ombros. – Você está louca? Poderia ter se machucado! Maldito inferno, Evie, poderia ter morrido!

Não me importei com sua reclamação, estava aliviada demais para poder me importar com isso, então ao invés de gritar com ele também, arrastei-me até seu colo e passei meus braços em volta do seu pescoço, o abraçando tão forte quanto eu podia.

Ele demorou apenas um momento antes de me segurar com seus braços fortes, largando sua arma ao lado da minha. Encostei minha cabeça em seu ombro enquanto sentia-o beijar minha testa, sem hesitar afundei minhas mãos em seu cabelo e guiei sua boca para minha, demonstrando no beijo todo o alivio que eu sentia no momento.

- Ainda vamos falar sobre isso mais tarde! – murmurou contra meus lábios.

Mordi seu lábio inferior não querendo pensar sobre mais tarde no momento.

[...]

“Mais tarde” chegou antes do previsto e pouco menos de meia hora depois tínhamos o apartamento repleto de agentes do FBI, eu estava sendo mantida no meu antigo quarto, fora da vista de qualquer dos agentes que vasculhavam o local. Ethan estava lá fora com eles e tive que esperar uma eternidade até que ele finalmente entrou no quarto.

Já passava da meia noite e pude ver que ele estava cansado, seus cabelos estavam bagunçados o deixando ainda mais sexy do que já era, mas parei por ai, antes que eu começasse a ter pensamentos impróprios.

- Alguma novidade? – perguntei sentando na cama.

Algo em seu olhar me disse que as noticias não eram boas, ele veio até mim, sentando ao meu lado antes de começar a falar.

- Slayer conseguiu escapar, seus dois comparsas estão mortos, ele jogou uma bomba no térreo para distrair nosso reforço, nossa sorte foi que a explosão não abalou a estrutura do prédio. Nenhum dos vizinhos sabe o que aconteceu e como os apartamentos são aprova de som ninguém ouviu o barulho dos tiros, isso é realmente muito bom para nós.

- E como eles entraram? – perguntei, sabendo que ninguém poderia subir sem que o porteiro nos informasse antes e que algum morador do prédio autorizasse sua entrada.

- Mataram o porteiro. – respondeu passando a mão no cabelo em um gesto cansado.

Ficamos em silencio por um momento, até que notei a hesitação de Ethan, pelo visto isso não era tudo.

- O que mais? – perguntei tentando manter minha expressão neutra.

- Jocelyn está morta – falou em voz baixa.

Congelei no lugar, não sabendo se tinha o escutado direito.

- O-o que? – perguntei sentindo minha boca seca e meu coração batendo ferozmente em meu peito.

Ethan suspirou e passou seus braços em volta de mim, me puxando para seu colo, deixei me levar, eu não conseguia mover um músculo mesmo que tentasse. Ele me acomodou em seu colo, seus braços me segurando firmemente.

- Não sei como eles descobriram que ela era sua tia, mas esse é o único motivo que eles teriam para ir atrás dela. Eles fizeram uma parada na casa dela antes de virem aqui.

Suspirei sentindo uma pressão em meu peito, e uma maldita ardência nos olhos.

- Como? – perguntei tão baixinho que pensei que Ethan não tinha me ouvido.

- Ela foi estrangulada.

Mordi meu lábio com força até sentir o gosto de sangue, senti lagrimas descerem por meu rosto, mas estava abalada demais para me importar com essa fraqueza, à única coisa que eu podia pensar era que foi minha culpa.

Ela morreu por minha culpa, por minha culpa Jocelyn foi assassinada!