Acordei vagamente quando Ethan me colocou na cama e senti quando ele tirou meus sapatos e me cobriu com o cobertor. Depois de alguns momentos eu o ouvi abrindo e fechando uma porta e logo senti uma picada no braço.

- Ainda vamos conversar sobre isso – falou Ethan, notando que eu estava o suficiente consciente para entendê-lo.

Murmurei algo indecifrável para ele e logo voltei para o mundo dos sonhos.

[...]

Suspirei me aconchegando mais perto da fonte de calor a qual eu estava agarrada, sem me importar em como pudesse parecer eu entrelacei nossas pernas juntas, querendo ficar tão próximo dele quanto eu podia.

Acariciei o peitoral definido de Ethan sentindo meu sangue ferver em minhas veias. Ouvi um leve suspiro e logo senti a mão de Ethan acariciar levemente minhas costas, subindo até chegar aos meus cabelos.

- Como está se sentindo? – perguntou depositando um beijo no topo da minha cabeça.

- Com fome – respondi sinceramente.

- Oh, claro – ele disse rindo. – Se você me soltar eu posso ir buscar alguma coisa – falou.

Eu estava prestes a falar quando ele agarrou meu braço.

Uh-oh....isso não é bom.

- Onde está a intravenosa? – perguntou muito calmamente ainda segurando meu braço.

- Estava me incomodado – respondi puxando meu braço dele e sentando na cama. – Então eu tirei – Ethan me deixou ir e logo se sentou também.

- Não deveria ter feito isso – falou irritado.

- Você não disse que iria buscar comida? – perguntei afastando as cobertas para sair da cama.

Ouvi Ethan resmungar alguma coisa enquanto saia da cama, ele estava vestindo apenas uma cueca boxer preta, o que deixava seu corpo perfeito totalmente a mostra para mim.

- Você deveria ficar na cama – protestou enquanto chegava perto para me ajudar a ficar de pé.

- Não quero ficar cama – respondi, aproveitando sua posição e passando meus braços em volta da sua cintura. – A não ser que você fique comigo – falei, pressionando meu corpo contra o seu.

Senti seu corpo ficar rígido, em todos os lugares, e, apesar de sentir meu rosto queimar, eu não hesitei em levar minha mão esquerda e afundar em seus cabelos, puxando suavemente seu rosto para o meu.

Eu não precisei de mais e logo ele me beijou, pressionando seus lábios contra os meus, suas mãos deslizando por minha cintura e me puxando para ele, logo nossas línguas estavam naquela mesma guerra para ver quem contralava o beijo. Meu coração estava martelando em meu peito, meu sangue fervia e eu estava simplesmente feliz por poder alimentar meu vicio dele, por poder ter quantas doses eu quisesse.

O beijo foi ficando mais agressivo, cada um querendo mais e mais do outro. Suas mãos conheciam todos os lugares do meu corpo. Deslizei minha mão esquerda por seu peito, tocando tudo o que eu conseguia e me deliciando em como o corpo dele reagia ao meu toque. Nos beijamos até que ele e eu finalmente nos afastamos um pouco, suas mãos ainda em mim, me segurando possessivamente e minhas mãos nele.

- Vou buscar nosso café da manhã – falou com um suspiro, seu peito subia e descia enquanto ele tentava normalizar sua respiração.

- Ok. – respondi, depositando um beijo casto em sua boca antes de me afastar.

Observei silenciosamente Ethan vestir sua roupa e logo sair do quarto.

Aproveitei esse tempo para ter minha higiene matinal, que agora era possível. Eu nunca me cansaria de tomar banho em um banheiro tão limpo e bonito ou de poder vestir roupas diferentes todos os dias, isso sempre foi algo que eu nunca pude ter e agora, assim como as outras coisas, eu queria aproveitar.

Observei meu reflexo no espelho, ignorando todas as cicatrizes, eu vi como meus olhos verdes estavam brilhando, e como minhas bochechas estavam levemente coradas. Sorri para meu reflexo, um sorriso torto e meio sem jeito, mas ainda assim um sorriso.

- Evie – ouvi a voz de Ethan me chamar no quarto.

Enrolei-me em uma toalha e sai do banheiro para encontrar Ethan com o cabelo úmido e vestindo roupas limpas. Ele vestia uma calça jeans escura, uma camisa de botões branca, seu coturno preto e pesado, e todo o conjunto o deixando terrivelmente sexy.

- Onde está a comida? – perguntei apertando a toalha ao meu redor e indo para o closet.

- Camille está preparando nosso café da manhã. Na verdade, ela já deveria ter chegado – falou seus olhos me seguindo pelo quarto.

Eu parei no meio do caminho.

- Quem é Camille? – perguntei erguendo uma sobrancelha para ele.

- A governanta – respondeu, seus lábios subiram em um sorriso perverso.

- Oh, claro – falei, voltando a fazer meu caminho para o closet.

Apesar de querer aproveitar todas essas roupas novas, eu vesti a primeira coisa que vi: uma roupa de baixo preta, uma calça Levi’s cinza, uma camisa escura. Eu estava procurando as mesmas botas que usei ontem quando Ethan entrou no closet.

- Porque essa demora toda? – perguntou franzindo a testa para mim.

- Eu só estou procurando um sapato – falei, começando a ficar um pouco cansada.

Ethan apenas continuou me olhando por um momento antes de negar com a cabeça e sair do closet resmungando algo que parecia com “mulheres”.

Revirei meus olhos para ele, apesar de que ele obviamente não poderia ver já que estava de costas para mim. Suspirei olhando desanimada a estante cheia de sapados a minha frente. Tinha varias sapatilhas e outros sapatos que eu não sabia sequer o nome, mas eu não conseguia achar as malditas botas.

- O que acha disso? – perguntou Ethan, voltando a entrar no closet segurando nas mãos as botas que eu estava procurando.

- Obrigado – falei tomando as botas de suas mãos e saindo do closet.

- Sente na cama – ordenou, tomando as botas de mim e ficando de joelhos na minha frente, do mesmo jeito que fez antes.

Deixei ele colocar as botas para mim em silencio.

- Evie – disse Ethan finalmente ficando de pé – A Dra. Jocelyn chegou aqui hoje de manha e quer conversar com você.

- Oh, onde ela está? – perguntei observando Ethan passar as mãos nos cabelos.

Algo não estava certo.

- Eu pedi que ela esperasse no meu escritório, vamos comer alguma coisa e então você pode ir encontrar com ela.

- Tudo bem – falei, sentindo que algo não estava certo.

[...]

Segurei a maçaneta da porta por mais um momento antes de abrir. Ethan estava ao meu lado, ele havia dito que iria ficar comigo na sala enquanto eu conversava com Jocelyn e não seria eu a negar isso.

Tínhamos tomado café da manha no meu quarto e novamente eu fiquei fascinada em como a comida era ótima, mas acho que qualquer comido seria boa para os padrões de alguém como eu.

- Evie? – perguntou Ethan atrás mim.

Empurrei a porta e entrei no escritório de Ethan.  O lugar era grande com várias janelas espalhas, havia estantes cheias de livros nas paredes e tudo nessa sala era caro, reconheci o cheiro do couro dos sofás que tinha no centro da sala onde Jocelyn estava sentada segurando uma xícara de chá.

Ethan definitivamente gostava de couro.

- Evie, Ethan – falou Jocelyn, sorrindo para nos. Ela colocou a xícara suavemente sobre a mesa de centro onde um conjunto semelhante estava e ficou de pé.

- Dra. Jocelyn – respondeu Ethan fechando a porta atrás de nós, logo ele me segurou suavemente pelo cotovelo e me guiou até o sofá oposto ao que Jocelyn estava.

Os cabelos levemente acinzentados de Jocelyn estavam presos em um coque, seus óculos estavam fora de vista, ela também não estava vestida como da primeira vez que a encontrei, seu terninho estava longe de ver visto, ela vestia calças pretas bonitas, uma camisa de seda cor pêssego e sapatos pretos de salto.

- Olá – falei, deixando Ethan me empurrar suavemente para o sofá.

Logo todos estávamos sentados, Jocelyn bem na minha frente e Ethan ao meu lado.

- Então...aconteceu alguma coisa? – perguntei começando a ficar nervosa. – Precisa fazer mais testes?

- Oh, não ...não é nada disso – falou Jocelyn com dificuldade, ela parecia levemente ansiosa. – Eu queria fazer algumas perguntas, se estiver tudo bem para você.

- Claro, tudo bem – respondi tentando sorrir para ela.

- É sobre sua mãe – disse Jocelyn respirando fundo em uma tentativa se acalmar.

Franzi o cenho, confusa.

- Certo – falei acenando para ela fazer as perguntas.

- Você disse que seu nome era Lara, certo? – perguntou me olhando nos olhos.

-Sim, ela se chamava Lara – confirmei.

- Eu tomei a liberdade de ler os relatórios do seu interrogatório, nele você fala que ela morreu, isso é certo?

- Sim, ela se matou – respondi, começando a me sentir desconfortável.

Jocelyn ficou em silencio por um momento e, era impressão minha ou seus olhos estavam brilhando?

- Esta tudo bem com você? – perguntei para Jocelyn, lancei um olhar para Ethan, sem saber ao certo o que fazer.

- Sim, eu... – ela suspirou. – É apenas difícil para mim, aceitar que ela está morta, é terrível pensar que passamos tanto tempo procurando por ela e não conseguimos acha-la a tempo...

- O quê? Desculpe, eu só, não estou entendo – falei, ficando apavorada quando vi lagrimas escorrer pelo rosto bonito de Jocelyn.

- Evie – disse Ethan suavemente ao meu lado. – Lara era irmã de Jocelyn.

- Isso não é possível, eu ... – sussurrei olhando assustada para Jocelyn, esperando ela negar, mas ela apenas afirmou com a cabeça.

- Lara tinha apenas dezesseis anos quando desapareceu – falou Jocelyn tentando parar de chorar. – Nós morávamos em uma cidade de interior, um pouco longe de Detroit, então não foi nenhuma surpresa quando a policia não conseguiu entrar sequer rastro do sequestrador – ela suspirou limpando as lagrimas do rosto com elegância. – Nossos pais ficaram desesperados depois que ela sumiu...

- Como pode ter certeza disso? Existem várias outras pessoas que se chamam Lara e foram sequestradas – afirmei não querendo acreditar no nisso.

- Eu consegui uma amostra do seu sangue no hospital – Jocelyn disse. – Fiz o exame de DNA para confirmar.

Meu mundo estava girando e eu não conseguia escutar mais nada.

Eu sempre soube que Lara não estava com o Jerry por vontade própria, eu sempre soube que ela poderia ter uma família que procurava por ela em algum lugar, mas nunca realmente alimentei essa esperança.

- Você é minha sobrinha – afirmou Jocelyn, com novas lagrimas nos olhos.