Acordar era estranho e doloroso, todo meu abdômen doía e eu não podia sentir minha mão direito. Fiz o máximo pra voltar à inconsciência induzida por remédios, mas não consegui e finalmente me forcei a abrir os olhos.

Olhei ao redor esperando estar no hospital novamente, mas ao invés de encontrar paredes brancas e estéreis eu me encontrei em um enorme quarto, em uma cama king size, meus lençóis tinham estampas florais e alegres, a enorme janela do outro lado do quarto mostrava um gramado verde e bem cuidado, as paredes tinham um tom verde bonito, havia uma enorme televisão de tela plana na parede em frente à cama e um conjunto de portas duplas brancas. Tudo no quarto era caro e bonito.

Tentei me mover novamente apenas para perceber que minha mão direita havia sido engessada. Eu tentei avaliar meus danos mentalmente: a dor nas costelas era leve, mas eu sabia que isso era por conta de remédios, e minha respiração difícil.

Eu tinha uma intravenosa no braço esquerdo e havia um controle remoto ao meu lado.

Suspirei sentindo a boca seca, desejando apenas um pouco de água. Depois de alguns minutos as portas duplas abriram e Ethan entrou no quarto.

Senti meu coração bater mais forte em meu peito ao olha-lo, aliviada que ele não tivesse se machucado na explosão da boate. Ele vestia uma calça cargo preto, seu coldre na coxa, uma camisa escura, sua jaqueta preta e seus coturnos pesados. Ele parecia cansado, tinha marcas escuras em baixo dos olhos e seu cabelo estava bagunçado, como se ele tivesse passado a mão nele várias vezes durante o dia, mas ainda assim continuava lindo.

Ele fechou a porta atrás dele e finalmente me olhou. Eu vi algo brilhar em seus olhos, e seus ombros baixaram como se ele estivesse aliviado, pude ouvir um suspiro e então ele se aproximou da cama.

- Que bom que acordou. Como está se sentindo? – perguntou sentando ao meu lado na cama, ele colocou a mão na minha testa, avaliando minha temperatura e logo afastou minhas mechas curtas para os lados.

- Estou com sede – eu disse, minha voz soando rouca por conta da boca seca e tempo que passei inconsciente.

- Vou pegar água para você – falou, levantando e pegando uma garrafa de água de uma mini geladeira que eu não tinha visto antes.

Ele abriu a garrafa, tirando um canudo de não sei onde e colocando para mim. Ethan voltou a sentar ao meu lado e suspeitei que ele fosse colocar o canudo na minha boca por mim se eu não tivesse pegado a garrafa da mão dele com minha mão boa.

A sensação da água na minha boca era divina. Suspirei aliviada depois de tomar metade da garrafa sob o olhar de um atencioso Ethan. Achei estranho que ele olhasse para mim com tanta intensidade e tentei entender o porquê até que me lembrei do que eu lhe disse. As lembranças ainda eram um pouco confusas na minha mente, mas eu lembrava de ter dito que o amava.

Deus do céu! Eu disse para ele que o amo!

- Vai tomar mais? – ele perguntou docemente.

Neguei com a cabeça o deixando pegar a garrafa de mim e coloca-la em cima da mesinha que tinha ao lado da cama.

- Onde estamos? – perguntei olhando novamente para o gramado lá fora.

- Na minha casa de campo em Fort Wayne, não permiti que você ficasse em um hospital novamente. – respondeu me olhando de perto, seus olhos azuis me sondando.

Senti-me inquieta sobre seu olhar.

- Estamos um pouco longe de casa. – comentei também o encarando, olhando todas as feições de rosto, gravando tudo na minha mente para quando eu tivesse que ir embora eu poder me lembrar.

- Sim, não achamos seguro que você ficasse em Detroit enquanto ainda está tão vulnerável.

- Como me encontraram? – perguntei.

- A pílula que pedi que tomasse era um localizador GPS, eu queria ir atrás de você assim que ocorreu a primeira explosão, mas Jack recebeu ordens para deixar que a levassem e para pegarmos você apenas quando soubéssemos onde era o quartel de Ronny. – explicou e vi como ele trincou os dentes como se a lembrança o deixasse com raiva.

Senti frio no estomago, desejando que sua raiva fosse por conta de sua preocupação comigo, mas eu não deveria me iludir muito.

- E isso tudo foi culpa sua! – exclamou sua raiva agora em evidencia.

Eu fiquei surpresa pela acusação e não pude responder por um momento.

- Culpa minha? – perguntei completamente confusa finalmente recuperando minha voz.

- Sim! Se tivesse me escutado e recusado servir de isca para o Jack nada disso teria acontecido! Mas, você me escutou? – perguntou com os olhos em chamas – Não! Você é uma maldita teimosa! – exclamou irritado.

- Sinto muito – falei mordendo o lábio me enchendo com arrependimento, mas com uma leve irritação. – Da próxima vez vou escutar você – falei tentando acalma-lo.

- Da próxima vez? – perguntou com uma voz perigosamente baixa e cerrando os olhos. – Não haverá uma maldita próxima vez. Vou manter você longe da investigação a partir de agora.

- O que?! – perguntei alto ficando brava. – Você não pode fazer isso!

- Eu não só posso como vou! Não vou deixar você se machucar novamente – ele disse segurando meu queixo para que eu o olhasse. – Não sabe como fiquei quando vi você naquele porão – sussurrou para mim, seus olhos cheio de angustia.

Senti meu coração martelando em meu peito.

- Como você se sentiu? – perguntei engolindo em seco.

- Como se meu maior tesouro tivesse sido roubado de mim, como se minha vida não tivesse mais sentido. – respondeu com a voz baixa me olhando nos olhos, verde contra azul.

- Sério? – perguntei sentindo lagrimas em meus olhos e não acreditando no que estava ouvindo, esse era realmente o Ethan?

- Sim. – falou tirando a mão do meu queixo e acariciando minha bochecha, senti meu rosto corar quando seu polegar passou em cima do meu lábio inferior, acariciando minha boca como se isso fosse seu bem mais precioso – Nunca mais quero me sentir assim novamente, não faça isso comigo de novo, não coloque sua vida em risco assim ou não sei o que aconteceria comigo.

- Porque está dizendo isso? – perguntei em um sussurro, sentindo lagrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Porque eu te amo – respondeu me olhando nos olhos e logo pressionou seus lábios contra os meus.

Meu coração parecia que iria sair do meu peito, o sangue corria por minhas veias duas vezes mais rápido enquanto entendia o significado de suas palavras. Mais lagrimas saíram dos meus olhos, enquanto eu enfiava minha mão em seus cabelos, puxando seu rosto para meu, aprofundando nosso beijo. Senti sua língua pedir passagem para minha boca e logo cedi, sentindo como nossas línguas dançavam de forma tão intima e prazerosa. Soltei um gemido ao sentir sua mão subindo por meu corpo, parando na base dos meus seios, inclinei-me para ele, implorando por seu toque enquanto minha língua brigava ferozmente com sua. Então ele finalmente me tocou, fechando sua mão em concha sobre meu peito, não pude me impedir de soltar um gemido de prazer e uma pontada de raiva pelo fino tecido que nos separava.

Eu já estava sem ar mais não queria separar nossos lábios, não queria deixá-lo ir, até que finalmente Ethan forçou nossa separação. Minha respiração vinha em ofegos fortes, lambi os lábios enquanto tentava controlar minha respiração e pude ver que não era a única, os lábios de Ethan estavam vermelhos e sua respiração também era mais rápida do que o normal.

- Eu machuquei você? – perguntou preocupado levando suas mãos para meu abdômen.

- Não. – respondi sentindo meu rosto corar.

- Bom – disse sorrindo para mim, então ele se aproximou e fiquei ansiosa para sentir seus lábios nos meus novamente, apenas para me sentir decepcionada quando ele me beijou na testa. –Vou buscar algo para você comer, deve estar com fome. – falou começando a se levantar, mas antes que ele saísse completamente do meu alçasse agarrei sua camisa o puxando para mim novamente.

Ethan ergueu uma sobrancelha mais deixou ser puxando por mim, sorri para ele me inclinado e pressionando nossos lábios juntos novamente. Senti o sorriso dele antes de corresponder meu beijo, esse beijo foi suave e acabou rápido demais.

- Eu também amo você. – sussurrei baixinho olhando para baixo e sentindo meu rosto em chamas, era bem diferente falar isso para ele agora do que quando eu pensava que estava morrendo.

Ouvi Ethan rir e olhei para cima encontrando seu olhar, ele tinha um sorriso no rosto quando falou.

- Vou buscar sua comida – disse dando um beijo na minha testa e se pondo de pé.

- Não demore – pedi ainda sentindo meu rosto queimar.

Ouvi a risada de Ethan quando ele chegou à porta e não pude deixar de sorrir.

Ele me ama...