The World Of Evie escrita por CassBlake


Capítulo 2
O Trato


Notas iniciais do capítulo

Segundo cap como prometido ^^

Atualizada (18/01/14)



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Ouvir o barulho dos carros saindo fez meu coração bater mais rápido.

Sem esperar mais tempo peguei o prato com papa em cima da mesa, guardei a arma dentro de uma sacola e a mergulhei na papa gosmenta que seria a "comida" do refém, e então fiz o mesmo com o pente extra, o prato era fundo e grande, quase uma vasilha então ficava perfeito, e enchi um copo com água para completar a refeição.

Antes de sair levantei minha blusa e verifiquei os machucados, meu rosto poderia estar curado, mas eu ainda podia sentir minhas costelas doerem e os pontos que dei no corte no meu abdômen estavam saindo antes do tempo, abaixei, com suspiro abaixei a camisa. Dei uma olhada por um momento para o X marcado na minha calça.

Só mais um pouco e vou estar fora daqui... Só mais um pouco...

Suspirei novamente e pegando o prato e o copo antes de sair da improvisada cozinha, eu precisava que ser rápida.

Andei rápido pelos corredores até finalmente chegar à porta da sala onde estava o único homem que poderia me ajudar no momento.

Bati na porta com meu pé já que minhas mãos estavam ocupadas, e pude ouvir um resmungo vindo de dentro antes que a porta fosse aberta por Bobby, que estava guardando o refém, assim com eu suspeitava.

Bobby deveria ter pelo menos dois metros de altura e era todo musculoso, eu não gostava dele, ele tinha aqueles olhos castanhos insanos que me davam arrepios.

–Veja só quem está por aqui... - sorriu me olhando com gula, trinquei os dentes e tentei reprimir o nojo - Veio trazer um lanchinho para mim?

Não olhei para ele e não respondi a sua pergunta, apenas passei pela porta indo direto para o local onde estava o refém. Olhei surpresa para o homem, apesar de ter os olhos fechados como estivesse desmaiado ou dormindo não havia nem um arranhão sequer na face dele. Eu não conseguia entender como ele tinha passado duas horas aqui com o Jerry e ainda estava ileso.

Senti alguém segurar meu braço por trás com força.

– O que vai fazer bonequinha? - perguntou Bobby soando irritado.

Desviei meu olhar do refém e voltei meu olhar para Bobby.

– Eu trouxe comida para o refém, Jerry parece querer manter ele por um tempo, então é bom que ele não morra de fome. - falei olhando para ele como se fosse um idiota.

E ele era um idiota. Eu sabia que Jerry havia pegado o agente como refém há apenas algumas horas e o homem não morreria de fome nem tão cedo.

Bobby não pareceu gostar disso, sua boca franziu e ele estreitou os olhos para mim, sem perder tempo puxei meu braço de seu aperto e segui andando até a mesa de mogno que estava limpa e vazia, nenhuma faca a vista.

– Ele não vai comer nada... Quem vai comer alguma coisa aqui sou eu - ele disse com uma voz arrastada.

Senti frio correr por todo meu corpo, eu sabia que ele iria tentar isso assim que tivesse a primeira oportunidade, e pelo visto esse era o momento. Segurei firme o copo e o prato ao ser atirada no chão, e para minha sorte perto do local onde eu havia escondido a faca.

Meu rosto arrastou sobre o carpete imundo e áspero, e eu tinha certeza que iria ficar vermelho depois.

– Por que infernos fez isso? - perguntei com ódio na voz enquanto verificava se a arma ainda estava submersa na papa, o copo de água estava perdido, ainda no chão estiquei a mão para pegar a faca ainda seguramente escondida debaixo do carpete e me virei com ela.

– Pequena vadia, não tem ninguém aqui, chegou sua hora - falou avançando em minha direção.

O encarei nos olhos com sorriso se formando em meu rosto, um sorriso frio e repleto de crueldade, o tolo estava tão distraído pela luxuria que não viu a faca em minha mão, só precisei de um olhar para sua coxa grossa e consegui localizar o local onde a veia que eu iria cortar estava. Eu tinha memorizado todo o livro de biologia, tinha em cabeça todos os pontos do corpo humano onde um simples corte poderia causar a morte.

Fiquei feliz também por ter assistido aquela série de tv escondida, por incrível que pareça os traficantes amavam CSI, sempre chamavam os criminosos presos de burros e diziam como nunca estariam no lugar deles, eu tinha na cabeça todos os episódios, todas as falas, todas as causas de morte dos personagens, tudo dentro da minha cabeça e isso nunca iria desaparecer.

– Vem cá vadia.

A enorme mão de Bobby me segurou com força pelo ombro puxando minha blusa me colocando de pé, não hesitei.

Um rápido olhar para baixo me mostrou que minha mão estava na altura certa, em um piscar de olhos a faca afundou em sua carne e então puxei a faca para cima, deixando a faca rasgar mais um pouco de carne antes de retirá-la.

Seu grito de dor foi forte assim como a bofetada no meu rosto.

Sua mão bateu tão forte em meu rosto que caí novamente no chão minha ficando borrada por um momento. O maldito era mais forte do que eu imaginava. Depois de poucos segundos minha visão voltou ao normal e olhei para o lugar onde ele estava caído no chão, sangue jorrava da coxa dele enquanto ele tentava estancar o sangue com as mãos.

Eu podia ser péssima com armas de fogo, mas eu era boa o suficiente com facas. Girei a faca na minha mão antes de me inclinar sobre ele e cortar sua garganta. Ele não iria fazer barulho agora, Bobby poderia ser o único a estar na sala com o refém, mas eu sabia que Jerry teria deixado ao menos cinco homens espalhados pelo galpão e não poderia correr o risco de chamar atenção.

Fiquei de pé, minha respiração forte, eu nunca tinha matado alguém, minhas mãos tremiam pela adrenalina e pelo medo.

Deus iria me perdoar por tirar uma vida?

Jerry sempre me disse que Deus nunca iria amar alguém como eu, que nem Deus amaria alguém como eu, disse que eu era uma escoria, apenas um corpo sem alma, eu nunca acreditei nele. Lara me falava sobre Deus às vezes e ela me jurou que Deus amava a todos, até mesmo os criminosos e seus filhos.

Respirando fundo me voltei para o agente, e gelei ao ver que seus olhos estavam abertos, frios olhos azuis me avaliando, me julgando. Engoli em seco.

– Eu gostaria de fazer um trato. - falei enquanto me abaixava para retirar a sacola onde estava a arma.

Eu não a poderia ter usado a arma para matar Bobby por que o barulho do tiro iria chamar atenção, e eu não pretendia chamar atenção até ter tirado o agente do FBI daqui.

– Que tipo de trato seria esse? - sua voz era calma, rouca e charmosa, a voz de um homem que era acostumado a ser ouvido.

Tirei a arma e o pente da sacola gosmenta, fiquei de pé e me aproximei do homem, não tão perto, por que apesar dele está amarrado eu não queria correr o risco de ser surpreendida.

– Agente Ross, certo? - perguntei me sentindo nervosa.

Infernos, eu não tinha tempo para ficar nervosa.

– Sim. - respondeu ele enquanto erguia uma sobrancelha - E você seria noventa e quatro.

– Evie - falei antes de poder me conter. – O meu nome é Evie.

Ele continuou me olhando, seus olhos frios não me dando qualquer pista sobre o que se passava por sua mente.

Não perca mais tempo!

– Quero fazer um trato - repeti com mais convicção dessa vez - Eu ajudo você a sair daqui e em troca você me leva junto, para bem longe desse lugar e em segurança.

Observei sua reação e poderia jurar que vi uma ponta de surpresa no seu olhar.

– E por que eu deveria acreditar que você irá cumprir com sua palavra, que não é apenas um joguinho de uma garota perturbada e entediada? - perguntou me olhando, e dessa vez eu podia ver o que ele sentia em seus olhos, desprezo.

Levantei a arma a mostrando para ele.

– É para você, eu não sei usar armas de fogo, eu só quero sair daqui e você é minha melhor chance de conseguir realmente escapar deles. É um agente do FBI, não é?

Seu olhar azul gelo parecia estar avaliando a situação, pesando os pros e contras mesmo na situação em que estava.

– Eu sei de muita coisa sobre eles, vou contar tudo o que eu sei para você, assim que me colocar em um lugar seguro, eu juro!

Ele não precisou de muito tempo para tomar uma decisão, ele sabia que alguém como eu poderia ser importante em qualquer investigação que o FBI estivesse fazendo, ele inclinou a cabeça para lado e semicerrou seus olhos antes de acenar.

– Tudo bem, aceito o trato.

Suspirei, e sem esperar fiquei de joelhos em frente a ele colocando a pistola V-3 em seu colo, peguei minha faca e comecei a cortar as cordas que prendiam seus pés e mãos, e então assim que ele estava solto eu fui derrubada novamente no chão, uma arma apontada para minha cabeça e com seu corpo me prendendo no chão frio e sujo. Trinquei os dentes e tentei ignorar a dor forte nas costelas.

– Se estiver mentindo vou me livrar de você sem pensar duas vezes. - sua voz era fria, assim como seus olhos.

Não consegui falar, minha respiração presa e o coração batendo rápido demais.

– Entendeu? - perguntou erguendo uma sobrancelha e pressionando o cano da arma contra minha temporã.

–Sim, eu entendi. - sussurrei.

E então rapidamente ele estava em pé, Ross não me ofereceu a mão ou me ajudou a levantar não que eu esperasse algo assim, gentileza não fazia parte de minha vida.

– Basta me seguir. – falei assumindo a liderança.

Levantei com dignidade que nunca soube que tinha, conseguindo esconder a dor que sentia nas costelas e segui para a porta passando por cima do corpo de Bobby com uma poça de sangue ao redor. Limpei minha mão suja de sangue na calça antes de seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

Para alguem caso fique curioso de como é uma pistola V-3: http://www.aceros-de-hispania.com/imagen/Gamo/pistola-v3-cromada.jpg

Aguardo os comentarios!