The World Of Evie escrita por CassBlake


Capítulo 1
Um Sopro de Esperança


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa fic vai ser bem diferente do que eu realmente tinha imaginado primeiramente, mas espero que gostem. ^^

E comentem!!rsrsrs

Atualizada (18/01/2014)



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Observei o movimento da sala do meu esconderijo entre as sombras, como eu sempre fazia. Um homem estava sendo amarrado em uma cadeira, senti pena dele, eu sabia muito bem como era estar naquela mesma cadeira em que ele estava, sabia como era sentir a corda áspera machucando a pele sensível do pulso. Eu já estive muitas vezes naquela cadeira, pelos mais variados motivos. Ao menos três vezes por tentar fugir, mais algumas por me negar ajudar Jerry com seus esquemas, por rebeldia, por falar sem ser autorizada, por ter roubado um pouco de comida, por ter falado com uma pessoa estranha na rua, ou simplesmente por Jerry e seus homens estarem entediados.

Eu odiava aquela cadeira, odiava a Jerry e seus homens, odiava aquele maldito galpão.

Ser filha do chefão não me fez bem algum, eu já estaria morta se não fosse por minha “habilidade”. Eu consigo memorizar qualquer coisa que eu leia, qualquer imagem, localização em mapas qualquer coisa, apenas vendo uma única vez. Ser informante era a minha única utilidade para ele. Por mais que eu não gostasse de nada disso, não havia saída, todas as tentativas de fuga foram frustradas, eu ainda tinha vários planos reserva, apesar da vontade de desistir ser grande, afinal o que eu iria fazer quando saísse desse inferno?

Eu não tinha idéia de como a minha progenitora suportou, progenitora e não mãe, eu não tive mãe, Lara tinha muito medo do Jerry para ser minha mãe, ela nunca discordava dele, apesar de que quando ele não estava por perto ela era gentil e amorosa, mas quando ele estava perto ela era áspera e odiosa. Jerry não gostava de demonstrações de afeto, ele sempre me diz que isso é uma fraqueza, e nós não deveríamos ser fracas, tínhamos que ter um coração de pedra assim como o dele.

Eu gostava de Lara, tinha pena dela, mas ela era fraca e tirou a própria vida há alguns anos atrás por não suportar os abusos do Jerry e seus homens, ela era a única mulher aqui além de mim, cozinhava, deixava o galpão em ordem e servia de prostituta para eles, mas não por vontade própria, eles a forçavam, eu sei, eu sei por que estava na sala observando do mesmo esconderijo nas sombras em que eu estava agora, eu via como ela sofria, gritava e pedia piedade, mas nunca era ouvida. Cada vez que eles acabavam com ela um pedaço de sua alma morria, até que ela se tornou apenas casca vazia. Tive pena dela, mas o que eu poderia fazer? Nada, das vezes que tentei quase fui morta pela surra que levei, minha sorte era que eles não gostavam de se deitar com menininhas, já que de acordo com Todd menininhas não tinham peito para isso, eu ficava aliviada quando eles se satisfaziam apenas me surrando e não roubando a pouca inocência que uma criança criada nesse meio poderia ter.

– Onde está a noventa e quatro? - gritou Jerry me tirando do devaneio.

Noventa e quatro era o "nome" que ele dera para mim, um número. De acordo com Lara era o ano o do meu nascimento, e por isso eu sabia que esse ano eu tinha 18 anos, não mais 17, agora era supostamente uma mulher.

Apertei a bandeja com comida na minha mão, a comida para Jerry.

– Estou aqui - falei saindo das sombras e indo até eles.

O homem na cadeira ainda não tinha sido surrado, seu rosto bonito e marcante era uma mascara inexpressiva, olhos azuis vivos, sobrancelhas pretas e bonitas, seus cabelos pretos eram brilhosos e eu podia ver os músculos que marcavam por debaixo da camisa que ele usava. Senti algo estranho ao olhar para ele, algo que nunca tinha sentindo, mas quem não sentiria? Ele era bonito como homens que eu vi apenas na televisão.

– Noventa e quatro! - gritou Jerry novamente e percebi que havia parado de andar para admirar o homem.

Senti meu rosto ficar vermelho, eu não sabia o que estava sentindo, talvez fosse esperança?

Comecei a andar novamente até onde Jerry estava sentado por trás de sua mesa de mogno velha, em cima dela havia várias variedades de facas que como eu sabia seriam guardadas em um cofre logo após a tortura.

Quase sorri quando um plano simples começou a se formar na minha mente, passei tanto tempo pensando em modos de fuga que já era um hábito formular vias de escape por mais frustrantes e inúteis que fossem, mas eu sabia e sentia que esse poderia dar certo, eu sabia que sim, o problema era que das outras vezes eu também “sabia”.

Empurrei a bandeja em cima da mesa derrubando "sem querer” algumas das facas no chão sujo.

– Desculpe - pedi enquanto me abaixava para pegar as armas e coloca-las de volta em seu lugar, em cima da mesa, meus longos cabelos caíram para frente criando uma fina, porém prática cortina enquanto eu afastava uma faca afiada para debaixo do carpete solto e ficava de pé novamente. Eu não poderia esconder nada nas minhas roupas, meu jeans era velho, desbotado e apertado, já que não era realmente meu número, minha blusa de mangas compridas que iam até o punho era preta e colada, e novamente não era do meu tamanho, mas isso era minha única roupa, Jerry não gostava de me dar coisas a não que fosse me mandar para algum lugar, e o único motivo de eu ter um velho All Star nos pés era porque eu havia roubado de uma garota no centro.

Jerry me deu com um olhar de nojo e irritação, ele não percebeu.

– Tenha mais cuidado com minhas facas, se você tiver sequer arranhado alguma... - ameaçou ele.

Não senti nada ao ser ameaçada, eu não tinha mais sentimentos, a não ser a dor e o ódio que habitavam no meu coração.

Olhei novamente para o agente antes de voltar ao meu canto nas sombras, ele me olhou com desprezo em seus olhos, e não sei por que, mas isso me deixou triste, afinal o que eu tinha feito para ele?

– Então, agente Ross, está confortável? - perguntou Jerry com sarcasmo.

Ouvi a risada alta dos dois outros homens que estavam com Jerry.

A sala era grande e mal iluminada, tinha apenas três janelas no alto das paredes de 3 metros, a única mobília na sala era a mesa de mogno, uma cadeira de escritório onde Jerry estava sentado e a cadeira onde estava o agente, tirando isso havia apenas várias caixas espalhas pela sala, contendo drogas e materiais piratas.

O homem apenas olhou para ele, seus olhos azuis frios e calculistas, ele era inteligente e iria escapar, eu podia sentir isso, se eu queria realmente seguir com plano eu tinha que agir rápido.

O olhar verde de Jerry enfrentou o seu, o mesmo olhar que eu tinha, eu odiava ter uma aparência tão parecida com a dele, cabelos ruivos, olhos verdes, pele clara, odiava qualquer semelhança com aquele porco.

Saí da sala sem ninguém me ver, andando rápido pelos corredores até chegar à cozinha, eu só teria uma oportunidade.

De acordo com o que ouvi uma gangue estava querendo invadir o galpão, mas antes disso Jerry pretendia reunir seus homens e pegar a gangue inimiga á vários guarteirões à frente, o refém seria deixado apenas com um homem para vigiar e eu poderia apostar que esse homem seria Bob, o grandalhão com tatuagens por todo corpo.

Eu peguei a pistola V-3 que eu tinha escondido há alguns anos e um pente extra, apenas para caso de ter problemas quando saíssemos desse lugar. Eu nunca tinha usado a arma nas minhas outras tentativas de fuga, meu plano era sempre sair de fininho e passar despercebida, assim que ter uma arma daquelas comigo não iria me ajudar, eu nunca tinha usado armas de fogo e não teria a mínima chance em uma troca de tiros contra aqueles homens, então eu sempre a deixava lá, para quando eu voltasse para aquele buraco.

Agora eu tinha alguém que sabia usar armas e tinha um plano sólido com possíveis chances de sucesso.

Aguardei por duas horas até que finalmente o barulho dos carros e motos saindo podia ser ouvido de onde eu estava, e então era finalmente a hora de agir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^
Vou postar o segundo cap ainda hj.E não esqueçam de comentar se quiserem, rsrsr