CAPITULO 17

- Não pretendia lhe contar ainda – disse Ethan ainda ao meu lado.

- Foi por isso que tive que sair do hospital mais cedo? – perguntei com o nó na garganta.

Todo o tempo eu sabia, eu sabia que nunca deveria ter confiado assim em alguém, nunca deveria ter deixado me apegar assim, afinal de contas Jerry estava certo, afeto era para os fracos e estúpidos, era apenas para pessoas que gostavam de se machucar e era por isso que eu não me deixaria sentir mais nada por ninguém, iria fazer todo o possível para esmagar todo e qualquer sentimento que eu estivesse sentindo.

- Sim, descobrimos que Jerry tinha um informante no hospital, não sabíamos quem e então tivemos que tirar você de lá o mais rápido possível – respondeu cruzando os braços e olhando para a tela do computador.

- Porque ela ainda não foi presa?- perguntei olhando com ódio a foto de Elizabeth Fletcher como dizia na descrição ao lado da foto.

Essa grande vadia!

- Ela se demitiu do hospital no mesmo dia em que tiramos você de lá – respondeu calmamente.

- Há quanto tempo sabia disso? – perguntei.

- Desconfiei do modo que ela reagiu quando falei que estava levando você embora, então depois pedi para Jack investigar. – então era nesse outro caso que Jack estava ocupado, tentando localizar Elizabeth.

Olhei novamente a foto na tela do computador onde Elizabeth Fletcher estava se encontrando com um dos informantes de Jerry, eu sabia disso por que já tinha tido vários encontros com o “Matador”, como era chamado, um homem bonito e louco que gostava de matar as pessoas apenas com as mãos, se eu nunca tive medo de Jerry já tive medo do Matador, ver ele matando alguém faria você ter medo também, ele era brutal tanto quanto era bonito.

- Reconhece o homem na foto? – perguntou Ethan medindo minha reação.

- Sim – falei não querendo acrescentar mais nada por enquanto.

Aqueles belos olhos azuis me sondaram por algum tempo antes dele falar novamente.

- Ela é procurada há anos, traficante e informante, mestre no disfarce, ela já teve várias caras – continuou me mostrando mais algumas fotos de várias mulheres que por mais que fossem ruivas morenas ou loiras sempre tinham aquele mesmo brilho inocente e amoroso no olhar, ela era uma ótima atriz.

Envolvi meu coração em uma grossa parede de pedra bruta, joguei qualquer emoção que tinha no lixo e me obriguei a ser fria e calculista assim como todos ao meu redor, por que sempre seria assim, todos tinham um interesse e fariam o que fosse preciso para conseguir o que queriam, não importa quanto isso machucasse as outras pessoas, era assim que o mundo era e eu não estava perdendo nada quando estive todo esse tempo com o Jerry, o mundo continua cruel do mesmo jeito que era quando eu estava naquele maldito galpão, ao menos quando estava lá eu sabia quem eram meus inimigos, sabia que não deveria sentir e que não deveria ter esperança para mim, nunca.

- Ela estará no bar Boxtwn no centro da cidade às quatro horas – falei olhando com frieza para as fotos – É no centro da cidade, vai estar me esperando.

Senti o olhar de Ross sobre mim me avaliando, me medindo.

- É isso o que quer? – perguntou

- É isso o que quero – afirmei desligando o monitor sem pedir permissão para ele – Amanhã, agora eu gostaria de terminar de copiar as formulas.

- Vou chamar quando o jantar estiver pronto.

Passei o resto da tarde copiando formulas e me centrando em meu próprio objetivo, botar Jerry na cadeia e dar o fora desse lugar, Detroit nunca seria um lar para mim. Copiei até minha mão reclamar e até que finalmente Ethan avisou que o jantar estava pronto, eu esperava que fosse pizza, eu gostava de pizza.

Ross sentou na minha frente na mesa de jantar enquanto eu olhava a variedade de comida que tinha o sobre a mesa e senti água na boca, ao menos a comida valia à pena ter fugido do Jerry. Enchi meu prato com cada comida sobre a mesa, o cheiro estava ótimo.

Vi Ross erguer uma sobrancelha para meu prato mais eu não poderia me importar menos com sua opinião sobre o quanto eu como.

- Eu falei com Jack, amanhã depois do interrogatório vamos ir ao seu encontro com Elizabeth, as copias das formulas vão ser mandadas para analise e as localizações vão ser checadas dentro de 24 horas. – informou enquanto comia.

Ross era um ótimo cozinheiro, não que eu tivesse muita coisa com o que comparar já que a comida que comia em Jerry era uma porcaria e a comida do hospital era sem gosto comparada a essa e até mesmo a comida do restaurante onde almoçamos hoje era um nada comparado a isso. Levei mais um bocado de comina a boca e quase fechei os olhos de tão bom que estava.

- Parece que gostou da minha comida – falou Ross me observando comer.

Dei de ombros sem querer falar nada e passei o resto do jantar me deliciando com a comida e observado os armários caros, os eletrodomésticos de inox e as luzes da cidade pela janela da sala, observando tudo menos o homem a minha frente.

- Evie..- Ross me chamou apenas para ser interrompido pelo toque de um celular, vi ele apertar os lábios antes de se levantar para atender o telefone, observei como ele era tão lindo de costas tanto quanto era de frente, como seu modo de andar era seguro e masculino.

Ouvi quando ele murmurou alguma coisa no telefone e logo me lançou um olhar antes de ir para seu escritório para ter privacidade.

Terminei de comer e juntei todos os pratos sobre a mesa e comecei a limpar tudo, era bom limpas as coisas, isso me acalmava, o modo como a água deslizava sobre minha pele e o modo como toda a sujeira saia com uma única lavada, era uma pena que as pessoas não poderiam ser limpas desse jeito, que toda a podridão que habita na alma das pessoas não pudesse sair com um simples sabão e água.

Estava terminando de guardar os pratos quando Ross finalmente apareceu.

- Não precisava ter limpado nada – ele disse tomando o pano de prato da minha mão e guardando o restante da louça.

Eu apenas dei de ombros novamente e sai da cozinha para ir ao meu quarto temporário quando senti Ross agarrar meu braço e me girar para ficar de frente para ele.

Seu toque queimava minha pele, queimava meu coração e derrubava tão facilmente a parede de pedra que me fez ficar com raiva de mim mesmo por ser tão fraca, por sucumbi ao um único toque.

- Então é isso? Tratamento de silencio? Vou ter que suportar isso por conta daquela maldita vadia? – perguntou com raiva e me puxando para mais perto dele e usando sua mão livre para me forçar o olhar nos olhos.

O peso de tudo que passei hoje finalmente bateu sobre mim primeiro a mãe de Ethan, depois Dra. Jocelyn a única que realmente valeu a pena meu tempo e então Downey, depois Mary e agora Ethan. Era um fato, o mundo conspira contra mim!

Olhei para aqueles olhos azuis e deixei toda raiva e frustração levar minha consciência para longe, usando minha própria mão livre para agarrar a camisa de Ross e o puxar para mais perto de mim, fazendo seu rosto ficar tão próximo do meu que nossos narizes estavam quase se tocando. Deslizei minha mão subindo pelo seu pescoço e o senti estremecer sobre meu toque, senti como meu próprio corpo reagia à proximidade, meu corpo traidor.  Fitei seus olhos azuis antes de fechar os olhos e pressionar minha boca contra sua e enfiar minha mão em seus cabelos o pressionando mais sobre minha boca até ele responder o que não demorou nem um pouco.

Sua mão que prendia meu braço deslizou para minha cintura fazendo nossos quadris se encostarem de um modo delicioso, era tão bom e meu corpo era tão traidor quanto o resto do mundo. Senti-o enroscar as mãos no meu cabelo colocando meu rosto na posição melhor para o beijo, sua mão me apertava na cintura enquanto sua língua invadia minha boca em um assalto de puro prazer, repeti seus movimentos fazendo nossas línguas brigarem por controle novamente, ouvi um gemino se era meu ou seu eu não sabia e no momento eu não me importava, o beijo que havia começado com fúria agora era cheia dela, raiva dos dois lados, a minha e a dele, tudo se misturando no beijo.

A mão de Ethan que antes estava no meu cabelo desceu para minha bunda assim como sua outra mão que antes estava cintura, aquelas mãos grandes e fortes me levantaram para cima da bancada e eu fui com prazer, abrindo minhas pernas para abrigar seu corpo, para não perder o contanto dele contra mim, para não perder o calor. Prendi minhas pernas ao redor da sua cintura enquanto ele continuava me beijando suas mãos me tocando por todo o corpo, me pressionando ainda mais contra seu corpo duro.

Quando senti sua mão deslizar para debaixo da minha camiseta finalmente acordei para o mundo, separando minha nossas bocas e tomando fôlego com força. Encaramos um ao outro por um momento, respirações ofegantes, corpos ainda colados.

- Você deveria ir ao médico – eu informei me afastando para poder olhar melhor seu rosto.

- Ao médico? – perguntou confuso.

- Sim, você sofre de um grave problema de bipolaridade – falei empurrando ele para sair de cima da bancada – E isso é muito irritante – completei tentando me firmar no chão e enquanto passava por ele.

Ouvi sua risada baixa e logo uma gargalhada alta e sonora e olhei com raiva para ele.

Cretino idiota, nem sequer estava tão afetado pelo beijo como eu!

- Eu sou bipolar? – perguntou passando a mão no cabelo com frustração.

- Oh, sim! Você é um maldito bipolar, precisa se tratar! Em um momento está tão irritado comigo e no outro me beija assim e então logo você está irritado novamente! – disse indicando o balcão onde a pouco estávamos.

-Acho que está na hora de terminamos a nossa conversa– disse calmamente.

Senti meu rosto corar e minha raiva aumentar só de lembrar da conversa que ele estava falando, a conversa que havia sido interrompida pela Srta. Sabina, mais conhecida como vadia.

- Não sei do que está falando – disse não querendo falar sobre os sentimentos dele, ou melhor sobre o desejo que ele sente por mim.

- Oh, você sabe muito bem sobre o que estou falando – ele disse me puxando novamente para ele – E vamos resolver isso agora.