- Pode me trazer papel e caneta? - perguntei a Ethan ainda com o rosto ruborizado por meu pequeno ataque de pânico no elevador.

Como eu não queria que Ethan me carregasse no colo por não sei quantos andares decidi ir de elevador, o que foi ainda pior pois assim que as portas se fecharam eu praticamente me joguei nos dele, isso era frustrante, como eu podia me sentir segura quando ele tinha aqueles braços fortes e firmes e completamente irritantes ao meu redor? Era RÍDICULO, estou me transformando em uma covarde, em uma covarde mais covarde do que antes, com medo de entrar em um maldito elevador!

- Caneta e papel? - perguntou fechando a porta do apartamento atrás de nós.

- Sim, você disse que queria uma copia das formulas - eu o lembrei parada no meio da sala ainda sem graça e frustada.

Quando eu praticamente pulei nele dentro do elevador ele simplesmente me abraçou e sussurrou palavras reconfortantes apenas para me largar como se eu tivesse lepra assim a porta do elevador se abriu, porque infernos ele era tão bipolar? Um momento era completamente bruto e em um piscar de olhos estava pronto para me confortar, e novamente, era frustrante.

- Oh, sim - falou tirando a jaqueta e jogando em cima de uma cadeira.

Vi como seus músculos estavam em evidencia na sua camisa apertada e virei o rosto para não sentir novamente certos sentimentos que eram errados.

- Você pode usar meu escritório - falou me guiando - Vai ficar mais confortável lá.

Acenei com a cabeça apesar dele não me ver por está andando na minha frente. Sua voz voltou para aquele tom impassível e frio enquanto abria a porta do seu escritório para mim.

- Papel e caneta - ele indicou com a mão as coisas que tinham em cima da grande e cara mesa no centro da sala - Chame se precisar de algo mais.

Ethan saiu pela porta mais a deixou aberta. Voltei a olhar para o escritório, as paredes eram repletas de livros nas estandes, as cadeiras eram de couro assim como o sofá marrom encostado na parede, o cheiro de couro e madeira era forte e gostoso e novamente tinha aquela janelas no fundo que iam desde o chão até o teto deixando a luz natural iluminar todo o lugar.

Parece que alguém gosta muito de couro .

Sentei na cadeira grande e confortável e peguei as folhas de papel oficio que tinham sobre a mesa para começar. Observei que não havia nenhum retrato em cima da mesa, apenas coisas masculinas e chiques, como o computador preto de última geração. Peguei uma caneta fria na mão e comecei a escrever com um gosto doce de vingança na boca.

Isso será apenas o começo para a queda total de Jerry.

Depois de escrever apenas três paginas com formulas sem ser interrompida por Ethan dei finalmente uma olhada na única coisa que me chamou atenção em cima da mesa, o telefone.

Eu sabia que obviamente ele poderia rastrear qualquer ligação que eu fizesse ou mesmo entrar no momento em que eu pegasse o telefone, mas a tentação de ligar para Mary e ouvir sua voz calma e reconfortante era grande demais para ignorar. Escutei atentamente antes de pegar o telefone, eu podia ouvir o barulho baixo da televisão na sala.

Disquei o número que eu jamais iria me esquecer, nem mesmo que eu quisesse e depois de chamar duas vezes ouvi a voz de Mary.

- Alo? 

- Mary? - perguntei baixo não querendo correr risco de Ethan me escutar.

- Evie? - ouvi a surpresa na sua voz - Evie é você querida? 

- Sim - eu disse me sentindo levemente culpada por fazer isso pelas costas do Ethan, mas logo sacudi fora esse sentimento, Ethan não significa nada para mim, ele não é meu amigo, ele é meu carcereiro.

- Oh, querida! Como você está? Está se alimentando bem? Onde está? - perguntou com rápidez.

- Estou bem - respondi aliviada por ela ainda lembrar-se de mim.

Mary realmente gostava de mim, como pude duvidar em algum momento disso?

- Fui interrogada hoje - falei me inclinando contra o encosto da cadeira -  E soquei um agente no rosto - revelei com um suspiro.

- Socou? Aposto que ele mereceu - respondeu com petulância e quase sorri com isso.

- Eu acho que sim - falei observando as formulas que eu tinha copiado.

- Querida, você sabe onde está? Pode me dar o endereço? - ela pediu com aquela voz doce e preocupada.

Levantei o olhar para porta prestes a responder e gelei ao ver o belo homem que estava encostado na porta e me encarando  pacientemente com os braços cruzado e o rosto ilegível.

- Evie? - chamou Mary no telefone.

- Eu não sei onde estou - falei ainda encarando Ethan - Vou ligar assim que tiver outra chance, tenho que desligar agora. 

- Espere querida, existe um bar chamado Boxtwn no centro da cidade, vou está lá todos os dias as quatro da tarde, quero que encontre um jeito de ir até lá, certo? - perguntou apressada.

- Tudo bem, vou dar um jeito - respondi apesar de estranhar seu pedido.

- Vou esperar - disse com um suspiro satisfeito e desligou.

Botei o telefone no gancho e esperei Ethan falar.

- Srta. Daley? - ele perguntou.

- Sim - respondi olhando em seus olhos azuis frios e sentindo um arrepio correr pelo meu corpo.

Ethan finalmente se moveu vindo em direção a mesa e a mim. Senti um leve aperto no estomago enquanto ele se aproximava.

- Vou lhe mostrar uma coisa - ele disse ficando do meu lado e ligando o computador que estava em modo de espera, com um rápido movimento no mouse ele abriu uma pasta.

- Não - eu disse sentindo como se alguém tivesse socado minhas costelas ainda doloridas.

Serrei os punhos sentindo pura raiva e ódio.

Estúpida, estúpida e estúpida, eu era uma maldita estúpida.