Jesus, Maria e José! Esse homem vai acabar me deixando louca!

- Não quero resolver nada agora, estou cansada, quero apenas descansar um pouco – pedi tentando me desvencilhar de seu aperto forte.

Ethan franziu a testa recuperando sua irritação interrompida pelo beijo.

- Pode descansar depois que resolvermos isso. – falou me arrastando para fora da cozinha.

 A frustração me bateu enquanto ele continuava me arrastando até seu grande e caro sofá de couro, onde havíamos nos beijado apenas ontem, senti um aperto no estomago apenas de pensar em repetir essa atividade tão prazerosa. Sentei no sofá de braços cruzados para demonstrar que não estava satisfeita e logo tive que franzi o cenho para demonstrar ainda mais insatisfação ao ver como ele se sentava em cima da mesinha de centro de um jeito muito sensual para meu gosto.

- Evie, acho que não tivemos um bom começo... - começou lentamente como se testando minha já curta paciência, vi como ele passou a mão pelo cabelo em sinal de frustração, aquela mesma mão que ontem e agora pouco estava viajando pelo meu corpo, olhei com inveja para seu cabelo. – Tenho certeza que não tivemos um bom começo

- Oh, você percebeu isso agora? – perguntei encostando-me no sofá para me afastar mais desse homem que mexia tão loucamente com meus hormônios, para me afastar da tentação.

Ethan me olhou censura antes de continuar.

-Bem... - ele disse, parecia estar tendo certa dificuldade em admitir seja lá o que fosse, mas eu gostava vê-lo assim, vulnerável, nada daquele olhar calculado, nada daquele tom fria ou expressão impassível, nada disso. – O fato é que não podemos negar que há algo entre nós – continuou me olhando nos olhos, procurando minha própria fragilidade.

- Eu nunca neguei isso. – afirmei e inconscientemente descruzando os braços.

- Não, não acho que tenha negado – falou afirmando com a cabeça e cruzando os braços – Mais sinceramente falando? Eu ainda quero negar isso para mim mesmo às vezes. Isso – ele disse descruzando os braços e indicando nos dois com a mão – Vai ser complicado, sou um agente do FBI, tenho um trabalho a fazer e você faz parte do meu trabalho.

Senti um gosto amargo na boca, ele estaria insinuando que isso nunca mais iria acontecer? Nada mais de beijos quentes e brigas explosivas após os mesmos?

- O que pretende fazer? – perguntei prendendo a respiração e aguardando sua resposta.

Por mais que brigássemos depois dos beijos eu tinha que admitir que quase valeu a pena e se eu fosse completamente sincera comigo mesmo diria que valeu, brigaria tudo de novo apenas por um beijo seu, apenas por um toque. Talvez eu esteja errada e seja uma maldita masoquista afinal.

- O que eu pretendo fazer? – perguntou Ethan quase para si mesmo.

- Não, eu não sou masoquista – murmurei balançando a cabeça para mim mesmo.

- O que? – perguntou saindo de seu próprio devaneio e me olhando como se fosse louca, talvez eu fosse, melhor ser louca que masoquista, certo?

- Eu não sou masoquista, gosto de beijar você mais não acho que suporte mais dessas brigar ridículas que temos por conta do seu temperamento. – ele estreitou seus olhos para mim em sinal de ameaça.

- Por conta do meu temperamento? – perguntou lentamente ficando de pé.

- Está vendo? E disso que estou falando – afirmei o olhando de cima a baixo tentando controlar meu corpo que implorava por ser tocado novamente – Eu estou cansada de brigar com você, posso apenas ir dormir? – perguntei ficando em pé também, pois queria ficar no mesmo nível que ele ou o mais próximo disso já que ele era quase vinte centímetros mais alto que eu.

- Você não vai dormir agora, ainda não terminamos – falou com uma voz muito calma para meu gosto – Mais se não quer saber o que pretendo fazer sobre nós, pode ir.

Engoli em seco mais não saí do lugar, continuei olhando para ele e esperando sua resposta que parecia demorar demais para vir.

- Então? – pedi em uma confusão de emoções, medo, ansiedade, excitação e frustração.

- Então decidi que não devemos lutar contra isso – sussurrou próxima a minha orelha e botando suas mãos na minha cintura e fazendo meu coração bater descontroladamente em meu peito.

 O olhei nos olhos, nossos rostos se aproximando como se fosse lei em um mundo de pessoas certinhas, apenas uns poucos centímetros e nos beijaríamos de novo, apenas alguns centímetros.

- E se eu quiser lutar contra isso? – perguntei minha voz tão baixa quanto seu sussurro, minha respiração ficando mais difícil.

- Então acho que teremos aquela briga afinal – sussurrou de volta e senti seu hálito fresco na minha orelha e então um leve encosto de seus lábios na minha têmpora, estremeci apenas com esse pequeno toque.

Então agora eu tinha duas opções, brigar com Ethan e negar que o desejo tanto quanto ele me deseja ou não lutar contra isso, mas por mais que eu quisesse ficar com ele ainda tinha outros pontos a considerar, pois como ele mesmo disse “eu” era o trabalho dele, ou ao menos parte de seu trabalho.

- E seu trabalho? – perguntei ficando sem fôlego quando seu polegar escorregou para debaixo da minha blusa e ele mordia de leve o lóbulo da minha orelha.

Isso era tortura, como eu poderia negar algo nessas condições?

- Ninguém pode saber disso, ninguém pode sequer desconfiar sobre nós – disse se afastando apenas o suficiente para me olhar nos olhos.

Verde contra azul e mesmo assim não pude deixar de me sentir magoada por isso, ninguém pode saber sobre nós? Ele teria vergonha por eu não ter peitos grandes? Ou eu simplesmente não era bonita o suficiente para ele?

Nunca pensei sobre minha aparência antes, apenas depois de conhecer Ethan tive que reconhecer que nunca seria uma mulher desejável e bonita, nunca teria lábios carnudos e peitos grandes, eu jamais faria alguma cirurgia em meu corpo apenas para agradar alguém que apenas vê minha aparência. Tentei trazer alguma força de vontade desse pensamento e dei um leve passo para trás, testando, vendo se eu poderia simplesmente sair correndo e ir embora, sair de perto do homem mais confuso de todo o planeta.

- Ei – ele me chamou firmando seu aperto na minha cintura para me puxar para perto novamente, não conseguia olhar para ele, não agora, não quando sentia a mesma queimação no meu nariz e o nó na garganta que senti todas e cada uma das poucas vezes que chorei – Evie, olhe para mim.

Fitei o chão em lugar de lhe olhar, até que ele deslizou sua mão da minha cintura e levantou meu queixo me forçando a olhar para seu rosto perfeito, para sua boca ainda levemente porem mais vermelha que o normal por conta do nosso beijo.

- Não quero que ninguém saiba que estamos juntos por que eles iriam tirar você de mim, Downey iria dizer que meu relacionamento com você iria me nublar o julgamento e então o caso seria passado para outro, eu não poderia te ver até que tudo estivesse terminado. – falou em voz baixa, como se falasse com uma criança pequena que derrubou o doce que estava comendo.

- Então o que vai acontecer se eu concordar com isso? Em não lutar contra isso?

Um lento e sensual sorriso apareceu nos lábios de Ethan.

- Oh, vou ter prazer em te mostrar. – disse e me beijou.

Lábio contra lábio, em fim entramos em um acordo. Ele não me prometeu nada, não prometeu me amar ou sequer gostar de mim, ele me desejava e o mundo era exatamente do jeito que eu disse ao Loki, não existia o amor, apenas existia o desejo sexual e ambição, mas eu não estava pedindo por amor, se a única coisa que eu poderia ter com Ethan era uma relação baseada em desejo, eu iria ter, iria ter um pouco de prazer nessa minha vida tão miserável. Eu poderia viver sem amor, vivi durando dezoito anos sem ele e poderia agüentar mais cem, não poderia?

- Entramos em acordo? – perguntou separando levemente seus lábios dos meus.

Ao invés de responder afundei minha mão no seu cabelo e puxei sua boca novamente para a minha, o beijando com tanto ardor como antes, sentindo seus lábios acariciar os meus, sentindo todo o calor de suas mãos na minha cintura me pressionando contra ele, contra seu peitoral duro e perfeito. Toda a excitação de antes voltou como um raio cheio de energia e calor, um raio era quente ou frio? Eu me importava com isso no momento?

 - Agora já posso ir dormir? – perguntei controlando meu corpo e me separando levemente dele, apenas o suficiente para o olhar nos olhos.

- Sem chance – respondeu me puxando contra ele e voltando a me beijar como se minha boca fosse água e ele estivesse sedento, eu gostei disso, de sentir a necessidade que ele tinha por mais que tudo isso fosse baseada em apenas desejo.