Duas semana havia se passado desde o inicio do meu castigo, e eu continuava inconformada com a situação, nas várias tentativas do meu pai de entrar no meu quarto para falar comigo eu recusei, só permitia a entrada de Nancy, para trazer minhas refeições e verificar como eu estava. Nesses ultimos dias eu vinha me sentindo muito mal, chorava bastante, não queria me alimentar direito e tinha muita azia sentia meu estomago dolorido e inchado, Nancy brigava comigo, insistindo em me levar o medico mas eu me recusava, se eu estivesse mesmo doente, seria uma boa definhar aos poucos deixando ao menos o remorço com o meu pai.

Deitada em minha cama, ouço a porta sendo aberta. É a imagem de Nancy que vejo adentrar em meu quarto, ela me olha com ternura e compaixão, mas vejo um brilho diferente eu sei olhar, algo novo que eu não sei ao certo identificar. Ela se aproxima e senta-se na cama. Mesmo com toda tristeza e indignação que estou sentindo eu não consigo ficar com raíva dela, afinal ela é a pessoa que mais se preocupa comigo aqui em casa.

– Minha querida como se sente? – Ela pergunta com ar de preocupação.

– Como acha que estou me sentido diante disso tudo Nancy? Pior a cada dia que passa, agora eu sei o significado da frase morrer de saudade. – Respondo sem querer soar ríspida, mas é inevitavel seconder minha revolta.

– Eu posso imaginar com deve estar sofrendo minha menina. Mas não pode se entregar assim tão facil, eu sei que o que aconteceu foi injusto com vocês dois, mas você tem que ter forças para seguir em frente, não pode desistir sem ao menos ter tentado. – Diz me acalentando em seus braços. Mas tudo que faço é me afundar em mais lágrimas, nada me consola no momento.

– Eu não posso seguir em frente sem o homem que eu amo ao meu lado, não suporto acordar todos os dias sabendo que estou separada dele, sem noticias, nem previsão de quando vou vê-lo de volta. – Digo com a voz embargada, a dor da ausência do Derick me consumia a cada dia.

– Uma hora essa sua dor vai passar minha querida, e vocês vão poder ficar juntos novamente, seu pai está sendo muito cruel com vocês dois, ninguém no mundo tem o direito de separar duas almas que se amam, e você e o Derick nasceram para ficar juntos, pode estar demorando agora, mas em breve vocês vão se reencontrar – Ela diz solidaria ao meu sofrimento, no fundo eu gostaria que suas palavras se tornassem realidades, e eu pudesse estar com o Derick na mais perfeita paz.

– Como eu gostaria de ser tão otimista e sonhadora como você Nancy, mas as coisas não são tão simples assim, não enquanto eu tiver o meu pai fazendo de tudo para atrapalhar minha vida. – Confesso com amargura em meu peito, ela me olha com pesar, sabe tanto quanto eu, a verdade por trás das minhas palavras.

– Eu sei querida! Eu sei, mas eu tenho uma noticia para te dar, que pode melhorar um pouco as coisas para o seu lado. – Comenta instigando a minha curiosidade.

– Como assim Nancy? O que você tem para me contar de tão bom? – Pergunto em expectativa, por um momento á ideia de ter noticias sobre o Derick me veem a cabeça, e isso é o bastante para fazer meu peito se contrair em ansiedade.

– Tem alguém que veio aqui para falar com você – Ela aponta para a porta, me deixando ainda mais curiosa sobre quem possa ser, ao mesmo tempo em que eu aperto meus dedos em juramento, afim do meu pedido de que seja o Derick se realize naquele momento.

– Espere aqui, eu vou chama-lo – Ela sai e me deixa com meu coração a mil por horas em meu quarto.

Depois de alguns segundos a porta é novamente aberta, e pra minha surpresa e decepção não é a pessoa que eu gostaria de ver que entra, e sim o Ben ele fecha a porta atrás de si, visivelemnte constragido com meu olhar de decepção que o lancei, mas não pude evitar, minhas emoções falaram mais alto do que eu. Percebendo que não demostro reação, ele vem até mim, e me abraça, sinto me aparada naquele gesto de carinho, mesmo com todos os meus defeitos o Ben sempre foi e sempre será um ótimo amigo para mim, que sempre me apoia e consola nas horas mais dificeis da minha vida.

– Hey gatinha! Não sabe o quanto eu estou preocupado e fico mal em te encontar nesse estado. - Ben me olha copiadosamente.

– Me desculpe Ben, mas eu não posso evitar, minha vida está desmoronando aos poucos. – Desabafei.

– Eu e a Sarah tentamos conversar com você desde a sua viagem com o Derick, mas não tivemos respostas, foi ai que ela decidiu vir aqui na sua casa, e acabou sabendo de toda confusão pela Nancy , ela está péssima e se sentindo culpada pelo que ocorreu, tentou te ligar para se desculpar, achar você pelo face e Skype mas não adiantou muita coisa, na segunda tentativa dela de vir falar contigo, recebeu a informação do seu castigo e ficou mais arrasada ainda. Foi então que me pediu ajuda para tentar te encontar, como eu sabia que iria ser um pouco complicado, pedi ajuda a Nancy, ela me disse quais os horários em que o seu pai não estava em casa, e pra minha sorte eu estou tendo a chance de estar com você novamente. – Explicou detalhadamente todo o ocorrido a mim, o que me deixou mais indignada ainda, por ficar sabendo da maneira Como meu pai impedio meu contato até mesmo com as pessoas que crescerão ao meu lado, e não tinham riscos a me oferecer.

– Pois é Ben, acho que você já tem noção das coisas pelas quais estou passando no momento, e tenha certeza eu não desejo isso para ninguém.- Murmurei magoada.

– Eu fiquei sabendo, e saiba que eu não aprovo nem um pouco essa atitude contraditória do senhor Thomas, ele não tem o direito de mexer com seus sentimentos, você é a filha dele não um objeto com controle remoto, que só faz o que ele quer, mesmo que tenha sido errado ter feito aquela viagem sem a permissão dele, ele não pode agir como se você tivesse cometido o pior erro do mundo, será que ele não entende que somos humanos e estamos sujeitos a errar? – Falou indignado.

– Agradeço a sua compreensão Ben, mas no momento eu estou de mãos atadas eu não posso fazer nada para mudar essa situação, só me resta esperar o tempo passar e quem sabe trazer bons ventos de volta minha vida. – Sussurrei fechando os olhos, e tentando controlar o nó que se formava em minha garganta.

– Você tem meu apoio para o que for necessário Kemilly,e eu vou fazer o que for preciso para que você e o Derick fiquem juntos de novo, começando pela noticia que eu tenho para te dar, que eu sei que vai te deixar um pouco mais esperançosa. – Ao ouvir aquilo a chama a ansiedade e expectativa voltou a surgir dentro de mim, acelerando meus batimentos cardíacos.

– Seja lá o que for Ben, não faça esse suspense e me conte de uma vez pelo amor de Deus! – Supliquei exasperada e ofegante. Vendo um sorriso de canto surgir nos lábios dele.

– Derick me procurou! – Só de ouvir essa frase, já fiquei eufórica por dentro. – Ele está louco atrás de você, eu nunca vi um cara ficar tão abalado como ele está Kemilly. Confesso que fiquei até com pena do estado em que ele se encontra, ele me contou que desde o dia em que você voltou da Califórnia que ele não consegue dormir direito, está com aparência abatida, queria de todas as formas que eu o levasse até você, mas eu falei que não podia, que seu pai tinha te trancado em casa, sem direito de receber visitas, ele ficou muito decepcionado com tudo que o contei, e disse está profundamente sentido de estar de causando todo esse transtorno.

– Mas ele não tem culpa de nada! Meu pai é o causador de todo esse tormento! – Gritei irritada com minhas lembranças.

– Calma gatinha! Você tem que ser forte, deixa eu terminar de contar o resto da minha conversa com o Derick, quem sabe no final você não se supreenda. - Mesmo nervosa eu assenti em concordância.

– Ele me revelou como as coisas aconteceram, e eu entendi que foi tudo fruto de um mal entendido. O coitado está tão desesperado com as ameaças que seu pai o fez, que ele veio até Miami disfarçado, eu quase não o reconheci, ele está disposto a fazer de tudo para estar com você, e me pediu ajuda pra facilitar as coisas para o lado de vocês, eu dei a minha ideia e espero contar com você pra que tudo dê certo nesse plano.- Só de imaginar a possibilidade de estar nos braços do Derick me user se encheu de alegria e esperança.

Ben me contou mais do seu plano, a qual eu ouvia tudo atentamente, e já torcia mentalmente para que tudo saísse como esperava. Enfim eu podia sentir que nem tudo estava perdido, ainda mais quando se tem amigos de verdade que estão dispostos a te ajudar. Depois de ficarmos conversando e acertando os últimos detalhes, ele foi embora, deixando acertado comigo o dia e o horário em que as coisas iriam acontecer. Assim que ele saiu eu respire mais aliviada, mesmo que seja ariscado eu iria manter á esperança de que eu veria o Derick logo em breve, só com esses pensamentos meu estomago explodia e as famosas borboletas faziam festas dentro de mim.

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Naquele final de semana….

Acordei disposta a colocar a primeira parte do plano em prática. Sai das cobertas e fiz minha higienização, tomei uma ducha, peguei uma roupa dentro do meu closet, e voltei para cama. Olhei no meu relógio de olhei a hora, pelos meus cálculos a Nancy entraria daqui a pouco em meu quarto para trazer meu café da manhã. E assim foi, em menos de um minuto ela entrou em meu quarto.

–Querida! Espero que já esteja acordada, eu trouxe seu café da manhã. – Disse suavemente, vendo que eu ainda estava deitada na cama.

– Ah Nancy! Eu não estou me sentindo muito bem, estou com dor de estomago e um pouco enjoada, não quero comer nada. – Falei fazendo careta, tentando ser o mais convincente possível, iria usa-la para realizar o que eu tinha em mente.

– Kemilly! O que há de errado com você, já faz dias que você está se sentindo mal, e ainda por cima não tem se alimentado direito, suspeito que você esteja com alguma fraqueza no organismo, não pode ficar me enrolando mais, coma ao menos essa mançã e eu te levo para o hospital. – Vendo sua preocupação, uma dorzinha na consciência se formou em mim, mas eu não podia ceder, era dessa deixa que eu precisava para sair de casa.

– Tudo bem, eu não vou mais te enganar, aceito ir no hospital mas só se for com você, não quero que meu pai me leve, é com essa condição que eu deixo você me levar o medico. – Expressei as condições para ela, que se mostrou desgostosa com minha atitude.

– Mas Thomas é seu pai, ele também se preocupa com você, tem que saber como você está.- Tentou me convencer, mas sabia que seria em vão.

– Não Nancy! Pelo amor que você sente por mim, não deixe-o me levar, eu não quero estar perto dele, só pioraria meu estado, que está assim por culpa dele mesmo, no minimo deixo você avisa-lo para onde estamos indo. – Repliquei decidida, não deixaria que meu pai atrapalhe meus objetivos para o dia de hoje, por nada nessa vida.

– Está certo! Coma a maçã enquanto eu vou me trocar e avisa-lo para onde estamos indo.- Dizendo isto ela me deixou sozinha novamente no quarto.

Levantei, e peguei a maçã que ela mandou, dei uma mordida a fruta apesar de grande e aspecto saboroso, me causou mal estar. Assim que a degustei melhor, senti o gosta da bile vir até minha boca, e com isso corri para o banheiro, despejando o pouco que eu havia comido na privada. Minha dor de cabeça tinha voltado, e meu estomago estava embrulhado. Que ironia do destino eu tentando fingir que estava passando mal, e acabei por ficar doente de verdade.

–Kemilly meu Deus! Você está realmente mal. – Escutei a voz da Nancy assustada dentro do banheiro. – Venha deixe-me te ajudar a levantar, vamos o mais rápido para o hospital. – Nancy passou a mão por meus ombros, me ajudando a ficar de pé, mesmo um pouco tonta eu consegui me equilibrar e sair do quarto com ela, agora não tinha mais volta, eu estava a pouco passos de ganhar minha liberdade novamente.

Parecia que o destino estava o meu lado, por destinto ou sorte a Nancy me levou em seu carro. Sim, ela tinha um carro, mas não gostava sempre de usa-lo, só em ocasiões especiais, o que era o caso de agora, ela estava me levando para o hospital. Eu por outro lado estava apreensiva, com receio de que algo pudesse dar errado. Eu não suportaria outra decepção, tinha que sair tudo como fora combinado.

Eu estava tentando da o melhor na minha encenação de moribunda, sem esperar mais pedi a ela que me emprestasse seu celular, desconfiada ela perguntou para quem eu iria ligar, eu disse que era pra Ben, para avisa-lo que eu gostaria de ver a Sarah. Relutante ela cedeu, eu disquei os números, na verdade eu estava realmente ligando para o Ben, mas o motivo era outro. Tentei ser o mais discreta possível na conversa que eu estava tendo com o Ben, quase nos falamos em código, escutei com calma suas instruções, e finalizei a ligação, entregado o aparelho de volta a Nancy.

Faltando algumas quadras para chegar ao hospital, eu pedi a Nancy que parasse em um quiosque perto da orla, ela não entendeu o meu pedido, então eu a expliquei que como eu tinha colocado meu café da manhã para fora queria tomar um suco, para não me sentir mais fraca do que já estava. Ela não questionou e fez questão de levar até um que encontramos mais a frente. Sabia que dentro de alguns minutos as coisas iriam mudar.

O local era aquele, a tensão em minhas veias aumentou, e meu nervosismo começava a dar sinal de vida em meu corpo. O atendente me entregou o suco de laranja, que por pouco não foi para direto no chão, resultado da minha mão tremula. A adrenalina e ansiedade estavam me dominando totalmente. Me acompanhava meu desconforto confusa, e desconfiada. Eu não estava sabendo mais disfarçar, rezava mentalmente para que nada de ruim atrapalhasse.

Em um piscar de olhos eu vi uma silhueta forte, atlético vindo na direção em que eu estava, foi ai que eu não aguentei e me pus de pé, com um pouco mais de aproximação minhas duvidas cessaram, era ele, tinha que ser ele, minha respiração parecia falhar, meus olhos marejaram,comecei a suar frio, minha vontade era correr e me jogar nos braços dele. Mas tudo que eu fiz foi abrir um largo sorriso, sendo acompanhada por ele. Minha ânsia tinha ido embora, agora eu estava realizando meu desejo, Derick estava na minha frente, meu amor estava junto de mim novamente.

Continua...