–Oh, como estou com inveja de você, Allie! - diz Jennifer, sorrindo apos eu contar sobre minha missão.

Dou um minusculo sorriso, também.

– Só espero que tudo ocorra bem. Irei cuidar de um adolescente e de uma criança! Será que é tão dificil?- pergunto, mordendo o lábio inferior.

–Ora essa. Você é a melhor em tudo que faz, Allie. - responde minha amiga, me dando um enorme abraço.

– Só diz isso porque é minha amiga. - resmungo, mas não consigo parar de sorrir.

–Não só por isso. Você estava esperando por uma oportunidade dessas desde que conseguiu arrumar um circulo aqui.

Abaixo a cabeça e concordo. E é mesmo verdade. Há tanto tempo espero por isso que me deixa tonta até, saber que consegui minha primeira missão e que ela será tão intesamente interessante. Geralmente as primeiras missões na terra, temos que ficar invisiveis mas nas nossas formas de anjo. Então era realmente uma surpresa para mim que teria que conviver dentro do pequeno mundo dos humanos, escondendo minhas asas e minha aura.

Pensar em tudo isso me deixou nervosa.

– Jennifer, se eu não conseguir? - pergunto agora apreensiva.

– Vai conseguir sim senhora. - respondeu ela, me dando aquele lindo sorriso que só Jennifer pode dar. Era mais lindo do que o de qualquer anjo.

Jennifer é unica. Seus cabelos um dia estão vermelhos, no outro está loiro. Realmente me pergunto como foi criar ela, como Ele resolveu que Jennifer teria o temperamento que tem. Ela é um dos melhores anjos que já conheci. Embora não estivessemos no mesmo circulo, ainda assim, eramos amigas e isso o que mais importava para ambas.

Então não era uma surpresa que, quando finalmente eu estava com as coisas prontas, nos abraçamos e choramos. Mas sabemos que não ficaremos realmente longe uma da outra. Eu deria que ir todos os das lá, dizer sobre a minha missão e logo voltar para a Terra, antes que a familia de humanos que iria me "adotar" acordasse e começasse a fazer as coisas que todas as familias humanas fazem.

Brian, um dos Conselheiros está a minha frente. Ele será quem vai me auxiliar na minha primeira missão.

– Seu nome continuara sendo Alison, a diferença é que acrescentaremos um Smith. Então, quando lhe chamarem por Senhorita Smith, já saiba que é com você, entendeu? - perguntou ele, tentando ser um bom conselheiro.

– Sim senhor. - respondo.

– Você será adotada pela familia Smith. Terá duas irmãs, uma mais velha, com 20 anos e uma mais nova, com 13. A mais velha, se chama Alice, mas prefere ser chamada de Ally. E a mais nova se chama Taylor, mais conhecida como Tay. Seus pais serão Mharyanne e Adam. E você terá 17 anos.

Anoto mentalmente cada coisa que ele me diz.

– E sobre o garoto que terei que cuidar? - pergunto.

– Sobre ele, você irá na casa dos Johnson assim que estiver se instalado na casa humana. Não se esqueça de chamar os humanos mais velhos de Pai e Mãe.- e após dizer isso, ele pede para que eu feche os olhos e pule da nuvem.

Faço o que ele me manda fazer e sou engolida pelo vento forte que faz com que minhas asas fiquem arrepiadas. Sinto que devo começar a voar, mas Brian havia me dito que eu deveria deixar o vento me levar para a casa humana.

(...)

Quando finalmente abro os olhos, percebo que minhas roupas mudaram.

No lugar do vestido branco que sempre fui obrigada a usar, encontro um novo vestido, verde e feito de seda. Meus cabelos estão presos no alto e uma franja que antes não existia, caia sobre meus olhos.

Uma mulher morena a minha frente sorri.

– Oh, ainda bem que você finalmente chegou, Allie! Pensei que nunca mais você voltaria de Paris! - diz a mulher, me abraçando.

Por um minuto, fico confusa,mas logo a abraço também, sorrindo.

–Também estava com saudades suas, mamãe! - respondo alegremente, depositando-lhe um beijo na bochecha.

– Allie!- grita minha "irmã" mais nova. Sorrio

– Tay, quanto tempo, minha pequena. - falo, rindo.

Minha nova familia está a minha volta, sorrindo e me abraçando.

É claro, foram manipulados para pensarem que eu realmente era filha deles. Mas eu ainda sei quem sou.

Dou um sorriso para eles e logo entramos na grande casa.

- Como foi sua estadia em Paris, minha querida? - pergunta Mharyanne.

- Ah, você sabe que foi boa, mamãe. - respondo, mesmo sabendo que nunca coloquei o pé em Paris.

Eles me guiam até um enorme quarto com uma cama grande no centro, com um mosqueteiro. Um guarda-roupa bastante grande está em um canto, e do outro uma penteadeira feita de cerejeira me aguarda.

- Ficarei em meu antigo quarto? -pergunto, sorrindo.

- Ah claro. O melhor para nossa doce filha. - responde Adam.

Rindo, coloco minhas malas - que antes não estavam comigo- na grande cama e me sento, observando tudo.

Posso ver que os Anjos conseguiram fazer um otimo trabalho ali.

Por fim suspiro, deixando de lado as memorias que nunca existiram.

Me viro para minha mãe, que ainda sorri.

- Arrumei um trabalho para você. - diz ela.

- E qual seria? - pergunto, também sorrindo.

- Você será babá da pequena dos Johnson. Não é incrivel?

- Claro, mamãe. 

Na verdade, um pequeno medo me invade.

Será que eu consigo mesmo guardar minha nova familia, a pequena e o garoto que eu fui destina a cuidar?