O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado


Capítulo 21
IV.3 Sorte inesperada.




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O telefone tocava com apitos intermitentes. Goten chegava a casa e ouviu a voz de Chi-Chi desde a cozinha.

- Goten-chan? És tu?

- Hai, ’kaasan.

Não queria que a mãe o visse, pois descobriria o nariz inchado e começaria com a habitual enxurrada de perguntas. Gritou:

- Eu atendo!

Levantou o auscultador e ouviu a voz do irmão do outro lado da linha.

- Gohan!

- Goten-kun. Como é que tens passado?

- Estamos todos bem por aqui.

Houve uma curta pausa. Goten aproveitou para espreitar para a cozinha para se certificar que a mãe continuava entretida com o jantar.

- Ontem a mãe veio fazer-me uma visita e falou-me que estás a ter algumas dificuldades com os estudos.

- Ela disse-te isso? – Goten ficou atrapalhado.

- Pediu-me que te ajudasse. Sabes que não me importo nada em te ajudar. A época de exames começou e podemos combinar para vires cá a casa para estudarmos juntos. A minha biblioteca tem bastantes livros.

- Não é preciso…

Goten não queria que Gohan pensasse que ele não era inteligente. Não conseguia ser o génio que o irmão era, mas esforçava-se o suficiente para tirar nota positiva nos testes e passar de ano, vencendo os obstáculos, um de cada vez.

- Não é preciso estares à defensiva comigo, Goten-kun. Eu sei que os exames são complicados, já passei por eles.

- Mas vou conseguir, nii-chan – afirmou, com a mão no auscultador a tremer. – Só preciso de me aplicar um pouco mais no estudo. Sabes que estudar… aborrece-me… e que sou distraído.

Gohan perguntou:

- Estás constipado?

- Constipado? – Admirou-se Goten.

- Sim, tens a voz fanhosa.

Apertou o nariz com dois dedos e doeu-lhe. O sangue deixara de correr, contudo. Disfarçou:

- Sim, estou constipado. Dormi destapado, ontem à noite. – Espreitou novamente a cozinha. A mãe cantava enquanto preparava a comida. Tinha de se decidir, senão o irmão nunca mais desligava o telefone e não o deixava ir lavar o nariz e mudar de roupa. – Está bem. Vou ter contigo amanhã… Pode ser?

- Sim, pode ser – completou desconfiado. – Mudaste de ideias tão depressa.

- Fica combinado para amanhã à tarde.

- Estou à tua espera, Goten-kun.

- Até amanhã, nii-chan.

- Até amanhã.

Quando pousou o auscultador, suspirou de alívio. Agarrou nos livros que tinha colocado em cima da mesa, voltou-se e deu de caras com a mãe que lhe perguntou:

- Quem era ao telefone? Era o teu irm… – O tom amável da pergunta mudou para uma voz estridente quando reparou na cara dele. – Son Goten! O que foi que te aconteceu ao nariz?

- Bem… Foi um combate.

- Andaste outra vez a combater com Trunks?

- Não foi com Trunks… – respondeu Goten intimidado.

- Foi com quem, então?

- Acho… acho que não te posso dizer, ´kaasan.

A fúria desapareceu subitamente quando a mãe perguntou, unindo as mãos sobre o peito:

- Foi com o teu pai?

- Não…

Goten engoliu em seco. Queria ir tratar do nariz que lhe estava a doer e não adiantava esconder-lhe a verdade, que haveria de descobrir tudo, mais cedo, ou mais tarde, e depois haveria de ser bem pior, porque o castigo seria a dobrar. E quanto mais enrolasse, mais tempo ficaria ali preso e mais o nariz lhe doeria.

- Com quem andaste a lutar? – Insistiu ela.

- Com… Com a Maron.

- Maron?! A filha de Kuririn?

O coração de Chi-Chi deu um salto. Depois olhou para Goten e descobriu que o seu bebé estava crescido. E ela também já não era nova. Era mãe de dois filhos já adultos, era avó… Oh! Como o tempo passara depressa! Passara-o dedicada a um grande guerreiro, que prezava e estimava do fundo da alma, que presentemente não estava com ela, mas que prometera voltar… Son Goku! Lembrou-se do dia em que ficaram noivos, naquele torneio. Tinham combatido os dois, ele vencera. Lembrou-se do primeiro dia em que conhecera Videl… Depois daquele torneio, em que Videl participara, também o seu filho Gohan e ela se tornaram inseparáveis. Agora, Goten… Combatera com uma rapariga que, se calhar, era a rapariga de quem gostava. Os pequenos detalhes do destino era algo que não se devia menosprezar.

- A Maron sabe lutar?

- Pelos vistos… – E Goten apontou para o nariz inchado.

Chi-Chi sorriu divertida e Goten espantou-se.

- Aprendeu a lutar com a mãe, número 18 – completou ele.

- E parece que o fez muito bem, pois foi capaz de te atingir. Estavas transformado em super saiya-jin?

- Hai – balbuciou Goten. – Mas também lhe acertei. O combate terminou empatado.

- E a Maron acertou no nariz de um super saiya-jin?

Chi-Chi apoiou as mãos nas ancas, sentenciando:

- Espero bem que esse combate não te tenha afetado os exames.

- Está tudo bem com os exames. Amanhã vou estudar para a casa de Gohan. Era ele, há pouco, ao telefone.

- É uma ótima ideia. – Regressou à cozinha, mas antes ainda disse: – Vai lavar-te. O jantar está quase pronto e o ojiisan deve estar a chegar.

- Hai, ’kaasan

Goten ficou parado no meio da sala. Aparentemente, estaria tudo bem e não ouvira o sermão que era típico naquelas ocasiões. Não percebia a mãe. Era capaz de ficar zangada como um dragão quando sabia que ele andava a lutar, mas também sabia ignorar o facto quando a razão lhe parecia válida. E não faria mal, segundo a ótica da mãe, combater com uma rapariga? Que estranho…

A porta da rua abriu-se e Gyumao entrou com o seu habitual ar bonacheirão e simpático. Goten cumprimentou-o e correu para o quarto, a pensar que aquele era o seu dia de sorte, até que o nariz lhe voltasse a doer e pensou também que a sorte era uma noção algo subjetiva, no seu caso.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
O pedido.



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