O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado


Capítulo 20
IV.2 O sangue guerreiro.




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O controlador de gravidade começou subitamente a apitar. Alguém abrira a porta do exterior. Vegeta, suspenso no ar, sentiu a pressão dentro da câmara a baixar, até igualar a pressão da atmosfera terrestre. Era um dispositivo de segurança, para não esmagar os visitantes com a força da gravidade que utilizava nos treinos. Ele e Trunks estavam habituados, mas poderia aparecer alguém que não o estivesse.

Desceu lentamente, até apoiar os pés no chão. Estava de costas voltadas para a porta. Talvez fosse o filho que vinha treinar um pouco. Agora, era muito raro treinarem juntos, desde que entrara na universidade. Cruzou os braços, zangado. Para Vegeta, estudar era a coisa mais inútil que um saiya-jin poderia fazer. Lembrava-se imediatamente de Gohan e ficava ainda mais zangado.

Alguém entrava timidamente, quase a medo. Leu a aura de quem entrava e não era a de Trunks. Vegeta voltou-se e deu de caras com a filha.

– Bra?

Ela nunca entrara naquela câmara.

– Que fazes aqui? Não sabes que não gosto de ser interrompido quando estou a treinar?

– Sei. – Apertou as mãos atrás das costas. – Mas preciso muito de falar contigo, ‘tousan.

– Agora, não. Sai!

Bra não se intimidou com a ordem. Estava a perder capacidades quando não se conseguia fazer obedecer por uma pirralha de sete anos e Vegeta fungou agastado. Preparava um grito, mas aquele olhar azul determinado travou-o.

– Quero treinar-me contigo!

Fora como se alguém o tivesse atingido com um soco no peito.

Nani?! Queres treinar-te comigo?

Hai!

Vegeta olhou para a filha de cima a baixo. Cabelo azul preso num rabo-de-cavalo, vestido laranja com uma gola branca e folhos na saia, meias rendadas, sabrinas com lacinhos. Os joelhos unidos, as mãos continuavam atrás das costas, no rosto redondo um olhar mimado, trejeitos de boneca de porcelana, uma mãe em miniatura, delicada e perfumada como uma flor.

– Para que raios queres tu treinar? Não passas de uma… menina!

– Tu treinaste o nii-chan.

– Com Trunks foi diferente.

– Porque ele é um menino?

Hai.

– Mas mesmo que eu seja uma menina, também sou saiya-jin, como Trunks. As meninas saiya-jin não lutam?

Vegeta fez um esgar de desagrado, lembrando-se das mulheres da sua raça, tão longe de serem fêmeas mimadas, delicadas e perfumadas.

– Todos os saiya-jin lutam – respondeu.

– Então, podes treinar-me.

A arrogância da filha irritou-o. Inclinou-se e vincou cada palavra:

– Eu disse que as mulheres saiya-jin lutam!

– Eu também sei lutar.

– Tu? – Vegeta abriu muito os olhos. – E aprendeste a lutar com quem?

– Com Pan-chan.

– Com Pan? A neta de Kakaroto?

Bra fez uma cara esquisita. Depois lembrou-se que o pai chamava a Goku-san de Kakaroto e sorriu, acenando que sim com a cabeça. Nunca entendera por que razão o pai dava esse nome ao avô da amiga e porque era o único que o fazia, de entre todos os amigos da mãe.

– Há quanto tempo treinas com Pan?

– Há quase um ano.

Vegeta cruzou os braços, observando novamente a filha. Custava-lhe acreditar que ela lutava vestida daquela maneira. Era uma cena estranha e cómica que ele não conseguiu visualizar corretamente. Perguntou:

– A tua mãe sabe disso?

– Não. Só o nii-chan

– Trunks sabe? Mas não me contou nada!

– O nii-chan não quer saber de mais nada, a não ser estudar na universidade.

O comentário arrancou uma risada a Vegeta. Foi o bilhete de entrada para o reduto particular dos treinos do príncipe dos saiya-jin. Convencido, mas não querendo transparecer que o estava, resolveu prolongar a angústia da filha. Recuou um pouco e disse:

– Mostra-me primeiro o que vales.

Bra concentrou o ki e a energia vital que reuniu naqueles curtos segundos agitou a saia do vestido, revelando as coxas fortes. A seguir, atacou. Vegeta defendeu calmamente todos os golpes, analisando a técnica da filha. Era insipiente, mas havia ali potencial e ficou agradado com o que testava. Vegeta distraiu-se por um segundo e o punho de Bra roçou-lhe a face direita. Levou a mão à cara e descobriu um ténue rasto de sangue. Bra, diante dele, adotara uma posição defensiva, aguardando o contra-ataque. Mas Vegeta fez-lhe sinal que o exame tinha terminado e Bra descontraiu-se.

– Gostei do que vi – revelou.

A filha sorriu satisfeita.

– Isso quer dizer que me vais treinar?

Vegeta sentiu-se orgulhoso. Nunca pensara que, um dia, a filha, iria pedir-lhe que a treinasse para se converter na guerreira que nascera para ser. Disse, sem transpirar um pingo de emoção:

– Primeiro tenho de falar com a tua mãe.

E Vegeta sabia que a conversa com Bulma não iria ser pacífica.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Sorte inesperada.



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