Entre Livros E Maldições escrita por Witch


Capítulo 4
Eu tenho que contar para ela.


Notas iniciais do capítulo

Muiito obrigada pelas palavras bonitas *-*



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- Você está me ouvindo? – indagou Emma irritada.

Regina tinha virado o rosto e não importasse o que Emma falasse, a mulher simplesmente a ignorava.

- hum? – indagou voltando o rosto para Emma. – Você ainda está aqui, senhorita Swan?

Emma trincou os dentes. Como alguém conseguia ser tão arrogante?!

- Eu estava falando sobre os ogros.

Regina não pareceu surpresa, só entediada.

- O que têm eles?

- Como iremos trocá-lo por informações? – repetiu a pergunta.

- É uma boa pergunta. – respondeu sem de fato prestar atenção. Desviou seus olhos novamente. – Você disse que me daria uma mansão...

- Emprestamos a você uma mansão. É temporário. – respondeu Emma enfatizando as duas palavras. Não era um convite a bruxa e sim, uma troca.

Regina sorriu e voltou a olhar a loira.

- Claro, vocês me emprestaram.

O deboche na voz fez Emma arrepiar e trincar os dentes. Quem essa mulher achava que era?

- Queremos trocá-lo logo. – recomeçou Emma respirando fundo. Tinha que manter a calma. – Ele vai ficar gritando o tempo inteiro.

- hum...

Novamente, os olhos se encontraram. Regina desafiava aqueles olhos verdes a tentar lê-la como fizeram mais cedo, desafiava Emma a manter a calma. Dessa vez, ela estava preparada para qualquer um que tentasse ver mais do que a fachada, que foi construída tão brilhantemente e durante tanto tempo, mostrava.

Quem se sentiu desconfortável dessa vez foi Emma, que desviou o olhar e lambeu os lábios. Regina abriu um sorriso vitorioso e se encheu de orgulho.

Ficar vulnerável para alguém é realmente desconfortante, certo?

- Não se preocupe com os gritos. – olhou rapidamente para o ogro e depois novamente para Emma. – Eles são burros, realmente são, mas são orgulhosos. Além do mais. – lambeu os lábios e sorriu perigosamente para a loira – Ele não quer me tentar.

Emma franziu os olhos e colocou as mãos no bolso da jeans. O silêncio surpreendeu Regina, que cruzou os braços e retribuiu o olhar curioso e examinador.

- Por que eles te temem? – indagou a loira. – Os ogros. 

Regina se deixou rir.

- Eu tenho uma certa reputação com os ogros. Além do mais, eu sou uma bruxa, senhorita Swan, o mais certo seria perguntar: o que não me teme?

Novamente, aquele sorriso superior. Normalmente, Emma se irritaria com isso – aquela mulher era arrogante demais para o próprio bem! – entretanto, aqueles olhos... Era estranho realmente, como a mulher se contradizia! Num momento, ela estava com os olhos tristes olhando ao redor, como se respirar fosse doloroso e existir, um martírio; em outro momento, ela olhava a todos com imenso desprezo e deboche, para logo depois, se perder em pensamentos sombrios de vingança. 

Emma não sabia qual das facetas era a verdadeira Regina, mas também, a mulher era um mistério e uma imensa contradição. O mais provável é que todas as facetas eram da verdadeira Regina... Algumas mais verdadeiras do que outras.

Emma abriu um sorriso confiante e olhou ao redor.

- Eu vou ajudar David. – disse e virou-se com a intenção de ir até onde David e o Dr. Whale se reuniam com alguns feridos

Regina não respondeu, só balançou os ombros como se não ligasse.

- Ah. – Emma virou-se para Regina e aquele sorriso confiante ainda enfeitava seu rosto. – Eu não te temo. – e com isso, virou-se novamente e continuou seu caminho.

Regina ficou parada. Seus olhos fixos nas costas da loira. Estava confusa e ela não se lembrava da última vez que alguém a surpreendera como aquela garota.

==

August W. Booth foi o primeiro a chegar à estação de policia no dia seguinte. Emma tinha se recusado a levantar, Graham estava patrulhando os arredores da cidade, Charming estava numa grande reunião com Snow e os habitantes de Storybrooke, provavelmente para tratarem de uma certa ex-Rainha com poderes mágicos na cidade.

Grumpy estava dormindo na mesa, como de costume, mas ele não o culparia. Há dias ninguém conseguia dormir direito por causa dos ataques de ogros.

Havia alguns ajudantes espalhados pela estação. Todos bocejavam e se arrastavam pelos corredores. Era uma visão deprimente.

- Bom dia, August. – disse alguém.

O escritor respondeu e se sentou numa das cadeiras vazias. Ligou o computador e respirou fundo.

O dia seria corrido. Emma só apareceria depois do almoço junto com Charming, Graham não tinha um horário certo para voltar, mas August suspeitava que o caçador chegaria pouco depois de Emma. Era sempre assim.

Pegou o telefone e discou para um número que ele conheceu bem durante os últimos anos.

- Eu não tenho interesse em suas reuniões, senhorita Swan. – veio a resposta do outro lado da linha.

August sorriu. As palavras eram secas, mas havia algo bem caloroso na voz, como se aquela ligação não fosse tão incomoda como ela queria que fosse.

- Regina. – ele disse. O sorriso ainda estampado no seu rosto.

- Ah, é você. – foi a réplica dessa vez, realmente seca. Ele não conseguiu evitar o riso. – O que quer? Aliás, não deveria estar me contatando a essa hora, especialmente na estação de policia.

- Eu fiquei curioso para saber como você tem esse telefone.

- Não é da sua conta, mas a senhorita Swan me fez o prazer de me ligar desse mesmo número mais cedo.

Isso fez August reclinar na cadeira, confuso.

- Mas Emma está...

- Na reunião. – disse Regina e August ouviu o barulho de algo fritando.

- Ah! – passou a mão pelos cabelos. – Só um momento.

Tirou o telefone de perto do ouvido e se virou para um dos novatos que bocejava sem parar.

- Emma veio hoje mais cedo? – indagou.

O rapaz olhou para os lados, bocejou, depois encarou August.

- Mais cedo. Ela chegou, fez uma ligação e foi para a reunião. O Xerife Graham a seguiu.

- Ahhhh! – exclamou e reclinou-se novamente na cadeira. Voltou o telefone para o ouvido. – Você tem razão. Não é seguro te contatar agora.

- Diga-me uma novidade, querido. – respondeu a bruxa com indiferença.

- Precisamos conversar.

- Eu acho que já conversamos demais nesses últimos anos.

- Quando eu dizia que era sobre a Emma, você nunca reclamou.

Silêncio.

- Eu precisava da garota para quebrar a maldição. Você me prometeu que era isso que aconteceria.

- E aconteceu.

- Gold sumiu! – veio a exclamação. – Eu não deveria ter deixado isso em suas mãos.

- Você não podia entrar em Storybrooke e sua magia estava muito fraca para enfrentar os dois sozinhos. Convenha, eu era sua melhor chance. – sussurrou.

Felizmente, todos estavam tão cansados que nem o olhavam.

Um suspiro.

- Certo. Venha até aqui mais tarde e poderemos conversar. Mas, lembre-se, querido Pinocchio, não lutamos pelo mesmo objetivo agora.

- Você quer vingança.

- E você quer voltar para a Floresta Encantada e isso, meu bem, não é uma opção, não para mim.

- Eu concordo. Mas eu não posso te deixar machucar Emma ou Snow.

- Eu odeio Snow White. – a voz da mulher mudou e ele se questionou se estaria ainda falando com Regina. – Mas, em face dos acontecimentos recentes, ela é o menor dos meus problemas. Primeiro, Gold.

- Justo. – respondeu. – Então, você nunca planejou fazer qualquer coisa com a Emma? – ele abriu um sorriso maroto e Grumpy, do outro lado da sala, estranhou a expressão. O anão tinha acabado de acordar e espreguiçava.

- Adeus, August.

O escritor riu quando a linha morreu.

- Você parece feliz, August.

Ele colocou o telefone no gancho e se virou para Emma e Graham. Ambos o olhavam com curiosidade.

- Quem era? – indagou Emma puxando uma cadeira. O caçador só cruzou os braços.

- Uma amiga. – respondeu o escritor. – Tinha algum tempo que não conversávamos. – abriu um sorriso inocente... Ou o que achou ser inocente.

Emma levantou uma sobrancelha e Graham não pareceu muito contente com a desculpa.

- Então, como foi a reunião? – indagou querendo mudar a direção da conversa.

- Todos estão com medo. – respondeu Graham. – O que não é novidade. Com a Rainha aqui, a situação ainda vai piorar muito.

August balançou os ombros como se não estivesse preocupado.

- Você sempre a defende. – disse Emma. – Por acaso tem uma queda pela Rainha Má?

Graham riu. August abriu um sorriso divertido, mas Emma não parecia estar brincando.

- Você sabe que só tenho olhos para você. – respondeu o escritor.

Emma levantou da cadeira e, com um último olhar suspeito para August, foi até Grumpy.

O escritor respirou fundo. Realmente, deveria começar a tomar mais cuidado. Depois de tudo que aconteceu entre ela e Neal, a loira não lidava bem com a traição. Ele se questionava como poderia explicar para Emma que ele estivera, durante muitos anos, olhando por ela com a ajuda da Rainha Má.

==

Emma bufou novamente.

- A casa não vai queimar com a força do seu olhar. – comentou Graham rindo.

A loira o olhou, mas não respondeu. Seus olhos se voltaram para a mansão.

- Ela estava destruída e abandonada ontem, como de repente, ela está assim?! – questionou a loira.

A mansão estava impecável, como se estivesse nova. As paredes não mais descascavam, as janelas não estava quebradas, a porta não estava ao chão, havia um jardim maravilhoso rodeando a propriedade e uma macieira com frutos chamava toda a atenção. De um dia para o outro, a mansão em cacos se tornara a casa mais bonita de Storybrooke!

- Magia, provavelmente. – respondeu o caçador indiferente. – Eu já vi a Rainha fazendo coisas muito mais impossíveis com sua magia. Isso, para ela, é nada. Por isso, eu digo que ela é extremamente perigosa, Emma.

Mas a Salvadora não quis saber. August entrara nessa casa mais cedo e até agora não tinha saído. Grumpy ouvira uma conversa estranha pela manhã e Emma e Graham decidiram investigar.

Infelizmente, o escritor ainda era um mistério e ele não estava se provando digno de confiança.

- Vamos esperar mais um pouco. – disse Emma. – Se ele não sair, vamos até lá.

====

- Eles me seguiram. – constatou August bebendo um gole de vinho.

- Obviamente. – respondeu Regina enquanto cortava um pedaço do bife. – Você costumava ser mais discreto.

O escritor suspirou. De repente, tinha perdido a fome.

- Eu tenho que contar para ela.

Isso fez Regina olhá-lo.

- Contar? – indagou abrindo sorrindo – Que você afastou o pai do garoto e que planejou cada pedacinho da vida dela? Não será muito espero da sua parte. – e colocou o garfo com um pedaço de bife na boca.

- Ela vai me odiar, mas é o melhor... Não é?

Ela mastigou calmamente, tomou um gole de vinho e o olhou:

- Você realmente está me pedindo por conselho?

- Você nunca me negou um conselho quando Emma estava envolvida.

- Eu nunca tive escolha. – respondeu cortando mais um pedaço da carne. – O que esperava que eu fizesse? Deixasse você arruinar tudo?

- Ela merece saber quem a ajudou durante todos esses anos. – ele disse bebendo outro gole do vinho. – Aliás, eu descobri algumas coisas interessantes quando conversa com ela.

- E eu não sei se me importo. – respondeu e voltou sua atenção a comida.

August riu, como alguém que sabia um segredo que a outra pessoa jurava não existir.

- Eu costumava mandar presentes para ela e Henry. – admitiu. – Principalmente, quando algo não ia bem para ela. Só que eu não mandava sempre e muito menos nos aniversários do garoto.

- Aonde você quer chegar com isso?

- Emma me disse que durante esses 10 anos, ela e Henry recebiam presentes anônimos sempre nas datas festivas, principalmente natais e aniversários. Isso me chamou a atenção, sabe, eu mandava às vezes no natal, mas não era sempre. Eu confesso que me esqueci de minha missão por algum tempo. Eu até pensei que Neil poderia ter sido o responsável pelos presentes.

- Por que não? – bebeu outro gole de vinho. – Por que está me falando isso? Eu não ligo.

Ele riu.

- Mas eu acho que você liga! – exclamou. – Emma me disse que durante a infância dela, durante o orfanato e as casa adotivas, ela sempre recebia presentes anônimos. No natal e no aniversário. No começo, eram coisas baratas, como material escolar e livros, mas com o tempo, começou a ficar mais caro, roupas, joias, contatos, empregos e coisas do tipo. Ela até ganhou aulas de esgrima!

A bruxa estava desconfortável e o escritor soube que tinha atingido um nervo sensível.

- O passado da sua Salvadora não me importa, August. Fale o que precisava me falar e vá embora.

- Quando ela fez 18 anos, ela recebeu a visita de um gerente, dizendo que a conta poupança dela estava pronta para uso.

- Eu não quero saber! – exclamou a escritora se levantando e indo até a cozinha. Precisava pensar e ficar longe dele.

Mas August não desistiu. Ele sabia que brincava com a sorte, mas a oportunidade era boa demais para passar.

- Mas eu nunca abri nenhuma conta para ela! – exclamou o homem a seguindo.

- Se continuar com isso, eu juro que-!

Batidas na porta.

 - Regina! – era Emma... E ela não parecia feliz.

A bruxa olhou para o escritor.

- Me dê uma razão para não arrancar o coração do seu peito.

- Você ainda precisa de mim.

Mais batidas.

- Regina!

- Volte para a mesa. – respondeu indo para a porta da mansão.

August respirou fundo. Seu coração batia furiosamente em seu peito. Mas assim que sentou-se na mesa e olhou para o vinho e a comida, ele sorriu.

Talvez, as coisas não estivessem tão perdidas assim. Talvez, eles não estivessem em tanto perigo.

Regina estava furiosa. Não apenas tinha sido incomodada pela visita de August, mas o homem tinha que insistir que ela se importava com alguma coisa. Tolo. Ela só se importava com os livros em seu escritório e com os arquivos não terminados em seu HD e só.

- Xerifes! – ela cumprimentou assim que abriu a porta.

Emma tinha a expressão fechada, típica de alguém com mau humor, enquanto Graham só a fuzilava com o olhar, como de costume.

- Posso ajuda-los? – abriu um sorriso.

- Vimos August entrar aqui mais cedo. – disse Emma. – Eu preciso falar com ele. – balançou os ombros como se não fosse nada. – É a vez dele olhar o ogro.

- Vocês sabem que ele não vai sair do chão até eu assim desejar, certo?

- E isso deveria nos acalmar?

Desafios. Desafios. Elas se olharam por alguns segundos. O caçador, ainda de braços cruzados, observava e esperava.

- Estamos jantando. Entrem. 

A mansão por dentro era ainda mais impressionante. Impecavelmente decorado e arrumado. Emma duvidava que essa mansão fosse a mesma mansão destruída que entregara para a bruxa de madrugada. Era impossível!

- Acho que a decoração te agradou, Senhorita Swan. – comentou Regina sorrindo e indo em direção a sala de jantar.

- Não seria minha escolha. – respondeu com deboche.

- Com certeza que não.

Emma sorriu e seguiu a bruxa até a sala.

August mastigava tranquilamente e acenou para os amigos assim que os viu.

- O que está fazendo aqui? – indagou Graham desconfiado.

O escritor engoliu, tomou um gole de vinho e respondeu:

- Estou jantando. – virou-se para Regina. – Agora, eu te entendo.

- Estão servidos? – indagou ainda em pé.

Emma e Graham recusaram.

Regina sorriu, sentou-se e voltou a jantar. Independente do que eles falariam no momento, não era mais importante para ela.

- É a sua vez de olhar o ogro. – disse Emma seriamente para August.

- Okay. – disse o escritor. Terminou o resto do vinho num gole e se levantou. – Foi um prazer! Eu agradeço as dicas para desenvolver melhor os meus enredos.

- Claro! – respondeu Regina. – Fique a vontade para voltar sempre que precisar e me mande o conto, eu irei lê-lo e darei minha opinião.

Emma ainda não estava convencida de toda a situação, mas não queria desconfiar de August. Examinou a mesa mais uma vez e seus olhos brilharam quando percebeu a marca do vinho.

- Algum problema, Emma? – indagou August.

A loira sorriu carinhosamente, talvez perdida em alguma lembrança e ainda olhava a garrafa aberta no centro da mesa.

- Eu costumava ganhar uma garrafa desse vinho todo natal. – comentou. – Era o meu favorito.

August sorriu e olhou para Regina, que retribuiu o olhar com uma ameaça.

Mais cedo, quando a escritora tinha posto a mesa e aberto o vinho, as suas palavras foram:

- “Esse é o meu vinho favorito. Normalmente eu só o abro no natal, mas irei fazer uma exceção essa noite.”

Antes que Regina os mandasse embora ou August fizesse algum comentário que colocaria em risco a própria vida, o grito de Grumpy fez todos, exceto a bruxa, tremerem:

- OGROS!


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Notas finais do capítulo

tan tan taaaaaamm XD



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