– Quem vai me matar? – perguntou ela com uma voz maligna e um olhar perverso.

Bryan e eu nos entreolhamos e ficamos fazendo uma conversa silenciosa. “Você ou eu vai falar?” – perguntei, “sei lá, vai você” – respondeu, “Eu? O que?”. Mas seria melhor mesmo eu falar.

- Então, quer vai me matar? – insistiu Camila.

- Desculpe Camila, nós só achamos que foi uma mordida na sua perna – tentei falar calmamente.

- E se fosse? O que vocês fariam? Eu não deixaria vocês me matarem – respondeu ela.

Dessa vez Bryan se levantou, com um pedaço de madeira, jogou a espada de Camila no chão e derrubou Camila.

- Nós poderíamos te matar agora mesmo! – gritou Bryan com um olhar assassino – do mesmo jeito que você fez que com Sam!

Ele se virou para mim e me viu com uma expressão de espanto.

- Desculpe Bethy – ele falou, mas logo depois gritou.

Camila havia enfiado a espada pelas costas de Bryan.

- Bryan! – gritei e fui correndo até ele.

Comecei a chorar descontroladamente.

- O que você fez? Você é louca? Retardada, idiota! – gritei para Camila, mas ela apenas abriu um sorrisinho e se virou.

- Calma Bryan. Vai ficar tudo bem, tá bem? Vai ficar tudo bem – mas eu sabia que não iria ficar.

Bryan começou a fechar os olhos.

- Não feche os olhos Bryan! Fique acordado – implorei, mas não adiantou nada.

Encostei meu ouvido em seu peito e não ouvi as batidas.

- Bryan – comecei a sacudi-lo – Bryan acorde!

Sem respostas, uma raiva começou a crescer dentro de mim.

- O que você fez? Por que fez isso? – gritei para Camila, que pegava as malas dela e ia embora.

- Meu trabalho – respondeu ela calmamente.

- Se esse fosse seu trabalho, você nunca, mais nunca ganharia um salário.

Ela começou a rir, até gargalhar. Qual era graça? Engraçado seria se eu a matasse, sim, seria bem engraçado. Camila começou a sair.

- Você não vai embora! – gritei e a puxei pelo cabelo.

Ela pegou sua espada e fez um corte na minha mão. Eu gritei, comecei a ter ódio dela, como ela podia ser tão cruel? Camila saiu e me deixou com a dor na mão.

Comecei a fazer um curativo na minha mão. Agora era só eu, minha alma e meu terrível e inútil azar. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Gostaria de pensar que era só um pesadelo, não só por causa da morte de Bryan, mas desde o começo, desde a morte de meus pais. Comecei a chorar, e muito. Minha raiva foi tão grande, que até surtei. Comecei a quebrar as coisas. Era terrível meu estado, como eu iria me proteger? Meu pé estava torcido e perdi todas as pessoas que amo. Realmente, a única coisa que eu podia fazer era me proteger.

Voltei a me sentar.

- Se controla Bethy, se controla – falei chorando.

Olhei para o meu curativo na mão, que já estava manchado de sangue. Comecei a dormir, mas vi Bryan se mexendo.

- Bryan – gritei feliz e corri até ele – Bryan, eu sabia que estava bem.

Comecei a acariciar seus cabelos. Ele abriu os olhos, mas os olhos estavam brancos e não castanhos como deveriam ser.

- Bryan? – chamei chorando – você está bem?

Ele começou a “rosnar” e segurou meu braço com força.