I Surrender escrita por QueenD, Summer


Capítulo 9
Capítulo 9 - Blecaute


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;3
Bem esse capítulo tá um pouco tenso, mas o Blake deu uma de fofinho de novo.
Momento Ownn



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Capítulo 9 - Blecaute

Quer dizer, não era só o fato de eu ser medrosa e estar tudo escuro.

Eu realmente comecei gritar como uma louca. Se isso fosse mais alguma brincadeirinha idiota do Blake eu iria matá-lo.

Encostei-me na parede, agarrada ao corrimão da escada, e comecei a gritar mais ainda. Isso parecia tão familiar para mim, como um djavú. Não, na verdade estava mais para uma repetição de tudo.

Não era o Blake, se fosse ele provavelmente já teria aparecido rindo da minha cara, mas ele ainda não tinha aparecido nem havia sinal do mesmo.

Respirei fundo tentando controlar meu desespero. Minha garganta apertava-se, seca.

Passos apressados e pesados, como se a pessoa estivesse furiosa.

Onde estava todo mundo? Eu quero minha mãe!

Como se lesse meus pensamentos, ela, minha mãe, apareceu na ponta do final da escada. Uma mão esticada na minha direção, enquanto a outra era levada até os lábios em um pedido de silêncio.

Mesmo sem saber o que acontecia, eu sabia que não era bom, por isso subi as escadas com cuidado, prestando atenção em cada degrau.

Minha mãe me pegou em seus braços e saiu em passos silenciosos até seu quarto.

– Sophie, olhe para mim, meu amor – dizia enquanto algumas lágrimas escapuliam de meus olhos. – vai ficar tudo bem. Você confia em mim, não confia?

Assenti com a cabeça.

– Fique escondida aqui. – Me colocou dentro de um pequeno guarda roupa. – Não faça barulho. Logo tudo ficará bem. Não saia daqui em hipótese alguma.

Não ia ficar tudo bem, eu sabia disso, já que ela própria falava com a voz embargada, chorando. Eu nunca tinha visto chorando antes, nunca. Se ela chorava agora, era por que alguma coisa muito ruim estava ou iria acontecer.

Ela levantou-se e fechou as portas do pequeno guarda roupa. Mesmo assim, eu conseguia ver o que acontecia do lado de fora, por pequenas frestas, embora mamãe não soubesse disso.

Quando ela chegou até a porta eu ouvi um estrondo e fechei meus olhos com força.

Outro barulho, seco, cortante. Mais alto dessa vez.

Senti alguma coisa espirrar na ponta do meu nariz, passando por entre as frestas do guarda roupa, por isso abri os olhos passando a mão em meu nariz para ver o que era aquilo. Era vermelho.

Olhei para frente, onde podia ver a porta que minha mãe encontrava-se segundos antes. Quando percebi o que tinha acontecido arregalei os olhos e lágrimas começaram escorrer sem parar.

Agachei no chão com a mão boa em um dos meus ouvidos, o barulho de tiros ainda ecoando em meus ouvidos. Eram eles. Agora viriam me pegar e isso não era apenas um sonho como sempre, era real.

Comecei a chorar. Sangue escorria para todo o lado, nas paredes, no corrimão, na escada e no teto. Descia como uma cascata, descendo por toda a escada e parando em pingos lá em baixo, no chão.

– Sophie, Sophie.

Ah não, eles iriam mesmo me pegar! Eu precisava fazer alguma coisa, não poderia me mexer, tinha de ficar parada, como minha mãe havia dito.

Alguém puxava meu braço como se quisesse que eu me levantasse. Coisa que eu não fiz, eu não iria simplesmente deixar que me levassem. Era uma ideia idiota, eu não era nada contra eles, mas eles haviam matado minha mãe. O que fariam comigo?

– Sophie! Sophie! – Uma voz grossa me chamava no meio de tudo aquilo. Como haviam descoberto meu nome?

Será que papai estava em segurança? Ou o haviam pegado também?

Ainda agachada no chão, me encolhi mais ainda, tentando evitar aquela mão que puxava meu braço e me apavorava.

Meu nome foi chamado mais algumas vezes, porém eu não via nada. Tinha fechado meus olhos para não ver o sangue que escorria de todos os lados.

Algum tempo se passou, talvez segundos, minutos ou horas, eu não sabia. A pessoa que antes puxava meu braço parecia ter ido embora. Agora estava tudo silencioso, eu ouvia apenas meus soluços chorosos, por isso, abri meus olhos na esperança de que eles já tivessem ido embora.

Engano meu.

O rosto de um deles estava de frente para o meu, me encarando. Era um rosto embaçado e distorcido, não conseguia ver direito.

O dono daquele rosto falou meu nome mais duas vezes. Eu conhecia aquela voz. Pisquei repetidas vezes, para ter certeza de que era mesmo aquilo que eu pensava.

– Sophie, você está bem? – perguntou numa voz preocupada o dono do rosto que agora eu conseguia enxergar. Não respondi.

Blake encontrava-se bem na minha frente.

Levantei-me cambaleante querendo sair dali, e só não caí por causa braços de Blake que me seguraram bem a tempo de eu não sair rolando escada á baixo. Suas mãos seguravam meus ombros com força e ele me encarava meio preocupado.

– A culpa é sua, você sempre se culpou com razão, a culpa de eu ter morrido é sua Sophie. – Sussurrava a voz dela no pé do meu ouvido.

Olhei para trás, mas não havia chances de ter ninguém atrás de mim, era só a parede.

– Mentira, mentiras, mentiras, você sempre viveu rodeada delas. – Riu maldosamente. – Eu nunca gostei de você, sabe que foi você quem fez eu e David nos afastarmos, não sabe? Se você não estivesse lá, eu poderia ter escapado, estaria viva agora.

– Não. Não. – Tampei novamente um de meus ouvidos com minha mão boa, o outro ouvido ficou desprotegido, já que meu braço encontrava-se engessado. – Não!

– O que você está fazendo? – Blake me olhava estranhamente, ainda me segurando pelos ombros, e acho que se não fosse por ele, já teria caído há muito tempo.

– Ah, você sabe que é verdade, Sophie. – Mesmo com os ouvidos tampados, eu a escutei e percebi de onde vinha a voz. Olhei para a ponta da escada e vi um vulto lá embaixo. A luz fraca que vinha da janela iluminou o vulto me deixando ver melhor quem era.

Minha mãe vestia a mesma roupa da última vez que falei com ela, uma regata com um cardigã vermelho e uma calça jeans meio velha e surrada. Ela sempre foi assim, vestindo roupas simples quando podia comprar os vestidos mais caros.

Só que sua aparência não era a de sempre, alegre, feliz e jovial, ela tinha a aparência acabada, o rosto ferido. Seu corpo sangrava e deixava pequenos pingos no chão, no rosto carregava um sorriso de escárnio, zombando de mim.


Escutei seus passos começando a subir os degraus, vindo atrás de mim. Eu apenas a olhava aterrorizada, as lágrimas voltando a escorrer pela minha bochecha.

Em um ato impensado tirei as mãos dos meus ouvidos e passei o meu braço bom em torno da cintura de Blake, escondendo meu rosto em sua camisa. Inalei seu cheiro, era surpreendentemente bom.

– Mãe. – Murmurei repetidas vezes chorando. Seu riso ecoava em minha mente.

Não sei o que Blake pensou naquele momento, mas a única coisa que fez foi dar tapinhas desajeitados nas minhas costas. Foi vergonhoso e estranho.

– Hã... Sophie, - Blake começou falar hesitante. – eu não sabia que você tinha tanto medo de escuro assim.

Balancei a cabeça.

– Ela já... Já foi embora? – Desgrudei meu rosto de sua camisa, tentando ver seu rosto no escuro.

– Do que você está falando? – perguntou franzindo a testa, quer dizer, eu acho que franziu a testa, não conseguia ver muita coisa naquele escuro.

Com medo, virei minha cabeça para os degraus da escada. Não havia mais nada ali. Nem minha mãe, nem o sangue que pingava dela. Nada.

– Esquece.

Tirei minhas mãos de suas costas, saindo do abraço que eu tinha dado nele. (Eu não me orgulhava disso, ok? Tinha sido um momento de fraqueza.) Mas ao contrário do que eu pensei Blake não me deixou sair do abraço, ele me olhava como se eu lhe devesse explicações.

– Eu não gosto do escuro.

– Isso eu percebi – Se estivesse claro, tenho certeza de que o veria revirar os olhos. – mas você estava chorando, gritando, falando com alguém.

Eu obviamente não iria respondê-lo, pelo menos, não a verdade. Ele não iria acreditar mesmo, o que eu iria falar? “Ah, sim, eu tive um blecaute. É o que acontece por causa de um trauma que eu tive. Eu começo a ver coisas, pessoas morrendo, mas não precisa ficar preocupado, isso sempre acontece comigo.”, não, em hipótese alguma eu ia falar isso.

– Eu quero ir pro meu quarto. – disse fracamente. – Quero dormir.

– Eu vou com você.

Arregalei os olhos me afastando abruptamente dele.

– Você vai o que?

– Eu vou com você até seu quarto, você não parece estar bem. – falou com aquela voz que sempre fala quando me trata como uma idiota.

– Ah, tudo bem. – falei tão baixo que acho que ele nem escutou.

Blake colocou um braço ao redor dos meus ombros, para me ajudar andar no escuro. Eu agradeci mentalmente por isso, tenho certeza de que teria levado um belo tombo e teria quebrado meu outro braço. Era a segunda vez que ele era assim comigo, sabe, todo cuidadoso, a primeira foi no dia que eu caí da pista de skate.

Quando chegamos à porta do meu quarto, ele tirou os braços dos meus ombros.

Olhei para dentro do cômodo, ele nunca pareceu tão vazio e escuro antes. Sempre que eu tinha meus terrores noturnos ou blecautes, papai não me deixava sozinha até eu dormir. Agora ele estava sabe-se lá onde com a Ashley Vagabunda.

Eu não queria dormir sozinha, os terrores noturnos iriam voltar.

Olhei para Blake que já estava de costas para mim, andando pelo corredor para ir para o seu quarto. Ah meu Deus, eu não iria fazer mesmo aquilo, ou eu ia?

– Blake! – Chamei alto o suficiente para ele ouvir. É, eu iria fazer.

– O que?

– Eu, hm, você... É, pode ficar comigo até eu dormir? – Esperei o momento em que Blake começaria rir de mim e me chamar de estúpida e ir para o seu quarto, me deixando ali sozinha, mas novamente eu me surpreendi com ele.

– Certo, mas só até você dormir. – Era impressão minha ou sua voz estava estranha?

Entrei em meu quarto e deitei em minha cama, Blake sentou na beirada da mesma. E ficamos assim, eu deitada virada para ele e Blake olhando para o teto, sentado na beirada da minha cama.

Eu não sabia o que tinha acontecido comigo, de verdade. Sempre tive meus terrores noturnos, onde eu sonhava com ao que tinha acontecido com minha mãe, e até mesmo tinha visões distorcidas de tudo. Os blecautes tinham certa semelhança com o que ocorrera comigo minutos antes, só que nos blecautes eu desmaiava, e agora eu encontrava-me bem acordada, as lembranças vinham á minha mente como flashes, que eu não conseguia parar.

– Sophie. – chamou Blake, me fazendo parar de pensar e olhá-lo. – Eu não sabia que isso, seja lá o que aconteceu com você, fosse acontecer, apenas queria te assustar um pouquinho.

Então era isso. Blake só estava ali ficando no quarto comigo como eu havia peço por sentimento de culpa com o que tinha acontecido, bem, ele era o culpado mesmo.

– Eu sabia que tinha sido você. – Revirei os olhos. Não pensem que mais tarde eu não iria batê-lo, por que eu ia. Agora eu estava cansada demais para isso.

– Pois é.

Dei um mínimo sorriso. Era engraçado ver o Blake sem graça, afinal, estamos falando do Blake, e ele tinha me pedido desculpas, mesmo que indiretamente.

Com o passar do tempo, meus olhos foram pesando, até que senti o lençol da minha cama se mexendo. Abri minimamente os olhos e pude ver Blake, deitado bem ao meu lado.







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Notas finais do capítulo

[QueenD]Acho que o capítulo não foi exatamente como vocês esperavam u_u
Mas o final foi fofo, e vocês entenderam melhor o que são os "terrores noturnos" que a Sophie mencionou no primeiro capítulo.
[Summer] Queen você poderia me dizer o que significa "u_u"?
[QueenD] Não, não posso te falar, por que só os inteligentes entendem.