No dia seguinte, para a aula de Runas, Hermione desceu as escadas junto aos seus dois grandes amigos: Harry e Rony, apesar de o Rony ainda estar chateado com ela.

Ao fim da escada perto de uma saída, estava o Draco encostado na parede com uma perna apoiada na mesma. Hermione foi logo ao seu encontro dando-lhe um beijo. Esperou que os garotos se aproximassem para seguirem juntos. Harry já se acostumava com a ideia. Pela amiga poderia suportar isso e via realmente que o Malfoy estava diferente. Mas o Rony não.

Rony olhou para Harry com os olhos esbugalhados sem entender aquilo. Não acreditava no que via. Ou não queria acreditar. Harry apenas olhou-o e consentiu com a cabeça. Rony sentiu-se transtornado, confuso, mas continuou na companhia de seu amigo, o Harry.

Chegaram enfim na sala para o estudo de Runas. A aula começara.

– Abram o Livro Prático de Runas Inglesas no capítulo 56. – dizia o professor.- como vocês já devem ter lido, Runas são escrituras antigas de vários povos, inclusive do nosso, a milhares de anos formadas por, se vistas hoje em dia, apenas riscos sem sentido, mas está aí o grande engano pessoal! Com as Runas podemos desvendar coisas diversas. Segredos antigos, códigos, costumes... – continuava tagarela o professor.

– Harry, não estou entendo nada. Não consigo me concentrar. – disse Rony ainda confuso olhando mais uma vez para Hermione junto de Draco. – Vou dar uma saída.

– Tá ok. – sussurrou Harry que anotava tópicos da aula.

– Sim, Sr. Weasley? – perguntou o professor ao ver a mão de Rony levantada.

– Não estou passando bem. Preciso sair por um instante, se me permite professor.

– Ah, claro. Pode ir.

Rony saiu às pressas da sala e foi caminhando com os pensamentos embaralhados rumo ao banheiro.

Hermione observara o amigo se retirar e se sentiu aflita por ele. Olhou para Harry que fez um sinal com a mão indicando um “tudo bem”. Enquanto isso, Rony seguia pensando o porquê daquela atitude de Hermione.

“Seria um ato de rebeldia por ele ter deixado de falar com ela, assim de vez...? Ou ela realmente está apaixonada por aquele... aquele... patético do Malfoy? Mas e nós dois...? Sempre sentimos algo um pelo outro... Como irei conviver com isso agora?! Não vou suportar isso!”

Seguia pensando e entra no banheiro.

Rony se encara no espelho e vê uma lágrima rolar pelo seu rosto aflito. Cobriu o rosto com as mãos e se entregou àquela tristeza. Minutos depois lava o rosto esperando que a água pudesse levar sua agonia. Mas de nada adiantou.

– Sou um inútil. – falou para si mesmo no banheiro vazio escorregando pela parede e sentando-se no chão frio quando passava uma garota que o ouviu. Ficou escondida.

“O que será que sinto pela Mione? Será apenas admiração...? Atração qualquer...? Foi a primeira garota que conheci e cresci junto... Será obsessão por ela e não amor?” – pensava o Rony se acalmando e sendo mais realista.

A garota então resolveu entrar, com medo de que tivesse acontecido alguma coisa.

– Alôoo... – começou chamando quando Rony levantou do chão de repente assustado com a presença dela e assim, também a assustando.

– AH!!! – gritou ela dando um passo atrás.

– Quem é você? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.

Os dois suspiraram tentando voltar à calma.

– Eu estava passando e ouvi você dizer algo como... Ser inútil... E de repente ficou em silêncio... – Se explicava nervosa.

Rony sentia suas orelhas arderem.

– Bem, é que... – Começou envergonhado.

– Você está bem? – perguntou a garota olhando-o confusa e curiosa.

Rony baixara a vista e quando percebeu que ela o olhava, mirou-a. Só então percebia o quanto ela era meiga e linda. Tinha os cabelos ruivos, porém, não ruivos como os dele. Tinha um tom avermelhado bastante raro. Seus olhos amendoados, brilhosos e curiosos analisavam-o. Era mais baixa que Rony.

Rony sentia um calor subir-lhe à face. Não conseguiu falar nada.

– Posso te ajudar? Você não é um Weasley? – falou a garota simpática observando os cabelos de Rony.

– Rony. – Foi o que ele conseguiu dizer apenas.

– Hã? Ah, sim! Meu nome é Ana. Sou da Corvinal.

– Grifinória.

Rony estava muito sem jeito diante daquela garota e não sabia como se comportar ou que dizer. Mas sabemos que não seria preciso ele dizer a qual casa pertencia, a final de contas, sendo um Weasley, todos em Hogwarts já haviam percebido isto. Até mesmo o Dumbledore conhecia de antemão a escolha do Chapéu Seletor quando este se encostava a uma cabeça ruiva alaranjada cor de fogo.

– Humrum... – disse Ana unindo as mãos atrás do corpo e se balançando do calcanhar à ponta dos pés e vice-versa.

– É... Rony não é? Por que não vamos andando? A essa hora já estamos no intervalo entre aulas...

– Já?! Minha nossa... Perdi a aula de Runas quase toda! – E foi saindo do banheiro.

– Você é tão tímido! – Riu Ana do jeito de Rony.

Rony sentiu novamente sua orelha arder, mas seguiu caminhando com Ana a seu lado.

Começaram a conversar sorridentes até que Ana põe seu braço no de Rony que se sentiu completamente quente. Tentou disfarçar suas sensações e continuou conversando rumo ás próximas aulas.

Com Ana a seu lado, pôde perceber novos caminhos (...)