Love Is All You Need escrita por Lojas PEVOAI


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!! Como vocês estão? Esse capítulo está imenso porque era para ser dois capítulos e eu deveria ter postado o começo dele antes, mas resolvi postar tudo como um capítulo só. Espero que vocês gostem.
Um agradecimento para o Luis Gustavo e minha amiga Annie jackson pelas ótimas dicas ;)



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POV Percy

Annabeth trancou a biblioteca e saímos de lá o mais disfarçadamente possível. Não queríamos que ninguém me visse com uma cabra no meio da testa, e para minha sorte, não tinha tanta gente na escola, então foi fácil sair. Mas não foi fácil chegar na casa da Annabeth. Sabe, as ruas de Nova York são sempre lotadas, então tinham muitas pessoas me encarando com um olhar estranho.
− O que foi? − perguntei para um cara que estava me olhando há certo tempo − tem algum problema contra cabras?
Ele desviou o olhar e continuou andando.
− Eu não aguento mais isso. Vou arrebentar a cara daquele moleque amanhã − disse cerrando os punhos.
− Ei, você não vai arrebentar a cara de ninguém − Annabeth disse se virando para mim − apenas relaxe. Daqui a pouco chegamos na minha casa e eu arrumo um jeito de tirar isso do seu rosto.
Ela estava certa, eu não poderia fazer nada a não ser ignorar os olhares maldosos e continuar andando. Olhei para Annabeth e percebi que ela estava com fones de ouvido cantarolando alguma música. Puxei um dos fones e coloquei no ouvido. Não reconheci a música.
− Que música é essa?
− Ahn... É só uma música da Taylor Swift.
− Hmmm, uma música romântica? − perguntei, eu realmente não gosto de músicas lentas, prefiro Rock.
− Sim − ela respondeu sorrindo − na verdade, todas as músicas que eu conheço da Taylor são românticas.
− Por que você escuta esse tipo de música? É tão... Melancólica.
− Ah, eu não sei − ela falou dando de ombros − eu acho que é porque eu consigo sentir a letra da música como se eu estivesse nela, como se por um momento eu não fosse a Annabeth Chase e sim umas das garotas apaixonadas das músicas esperando pelo príncipe encantado.
Isso que você sente nas músicas é o amor, você não precisa delas para isso − eu disse retirando o fone de ouvido da orelha dela − às vezes o seu verdadeiro amor está bem na sua frente, só precisa começar a encará-lo com olhos diferentes...
Estávamos parados no meio da calçada com uma distância curta nos separando, pude sentir meu rosto queimando e meu coração acelerado, Annabeth estava com o rosto vermelho como um morango. Ela se afastou e disse:
− Nossa Percy, isso foi... Isso foi... − Percy Lispector.
Ela parecia tentar encontrar as palavras certas, com certeza ela estava envergonhada demais para falar.
− Isso não foi nada! − eu falei tentando contornar a situação − eu li isso em um adesivo de carro!
− Ah certo! − ela disse dando um suspiro aliviado.
Continuamos a andar, dessa vez em silêncio. Ah cara, eu estou cansado de ter esses momentos de aproximação perigosa, onde eu não posso nem beijá-la sem levar um soco ou um chute nos meus Países Baixos, se é que você me entende. Annabeth é uma garota muito especial e eu não quero forçar a barra com ela, se alguma coisa for acontecer que aconteça naturalmente. Como se o fato de eu ter mentido sobre toda a minha existência fosse considerado "natural".
Entramos no prédio da Annabeth. O elevador já havia sido consertado, mas pelo fato de Annabeth ter medo de elevadores, ela ainda usa a escada. Parei em frente ao apartamento enquanto Annabeth procurava freneticamente as chaves.
− Arg!
− O que foi?
− Não consigo achar minhas chaves... − ela disse preocupada − Segura isso aqui.
Annabeth começou a me dar tudo o que tinha em sua bolsa, inclusive um mega hair que eu esperava não pertencer a Annabeth, até que uma chave veio a tona.
− Não pode ser... − a expressão dela era de pura descrença − não, não, não!
− O que aconteceu? − perguntei, essa garota consegue fazer um suspense!
− Eu sou a pessoa mais estupida do mundo!
− Pff se as pessoas estupidas fossem tão inteligentes quanto você...
Ela me olhou séria.
− Eu trouxe as chaves erradas! Simplesmente eu peguei as chaves erradas!
− Espera... Como assim?
− Percy, eu trouxe as chaves da biblioteca e deixei as chaves da minha casa na escola!
Annabeth andava de um lado para o outro pensando no que iria fazer.
− Calma, nós podemos ir à escola trocar as chaves.
Annabeth olhou no seu relógio de pulso e disse:
− São mais de cinco horas e a essa hora a escola já fechou. Não deve ter ninguém lá.
− Sua mãe está em casa?
− Não. E ela chega muito tarde.
Annabeth estava com as sobrancelhas franzidas e colocava e retirava as chaves repetidamente dos bolsos, como se isso fosse resolver o problema. Eu achei que era um momento inadequado para dizer que ela ficava linda nervosa. De repente sua expressão clareou.
− A Janela − ela olhou para mim − é isso! A janela! Como eu não pensei nisso antes?
Ela saiu em disparada na direção das escadas que eu mal tive tempo de raciocinar. Segui ela até a frente do apartamento.
− Nós podemos subir pela janela da Sra. Lockwood e subir para a minha janela.
− Ah! Eu não vou fazer isso! − falei depois de lembrar a vez em que a adorável Sra. Lockwood me acertou nas pernas com uma vassoura e me fez cair em arbustos, nunca mais coloco um pé na janela daquela louca − não vou fazer isso! De jeito nenhum!
− Por que não?
− Porque... Por motivos pessoais! Uma sombra negra em meu passado! Não subo aí − disse cruzando os braços.
Minha me diz que eu faço muita birra. Agora eu acredito.
− Aquela velha maldita... − murmurei.
− O quê disse?
− Ahn... Como estou bandida...?
− Ah! Deixa de ser covarde! Até a minha avó sobe nisso!
− Nossa, isso me faz sentir bem melhor. − falei com puro sarcasmo.
Ela rolou os olhos e eu pude sentir a vontade dela de me dar um soco. Ela olhou no relógio de novo e murmurou:
− São quase cinco e meia, o que vamos fazer?
Dei de ombros, ela me olhou séria com aqueles olhos cinzentos e disse:
− Você ainda tem uma cabra desenhada no meio da sua testa, como pode parecer tão calmo?
Eu realmente tinha me esquecido da minha mais nova companheira, eu não posso nem aproveitar esse dia que o destino me deu com a Annabeth sem ser zoado até a morte.
− O que nós vamos fazer? − ela repetiu a pergunta.
− Eu não sei! − ela me encarou como se um "eu não sei" não fosse o suficiente.
− Talvez nós pudéssemos ir ao Central Park, o que você acha? − ela sugeriu.
− Ah! O parque é um ótimo lugar para levar minha cabra de estimação para pastar!
− Você é impossível Jackson.
− Você diz isso porque não tem nada vergonhoso desenhado no seu rosto por sabe Deus quanto tempo!
− É, mas se fosse comigo eu não estaria fazendo birra como certas pessoas − ela disse colocando o dedo acusatoriamente no meu peito − eu estaria lidando com isso civilizadamente.
− Eu duvido!
− Duvida?
− Sim − falei puxando a caneta hidrocor preta do meu bolso.
Os olhos dela se arregalaram.
− Não era você que agiria com "civilidade"? − onde eu aprendi essa palavra?
− Claro que sim.
− Então me deixe igualar as coisas entre nós... − abri a tampa da caneta.
− Você não vai conseguir me ameaçar com isso Jackson... Um verdadeiro Chase não desiste.
− Você parece hesitante...
− Sério? Pois não estou − ela disse e respirou fundo − vai em frente,  desenhe uma cabra BEM GRANDE, eu não ligo.
− Ah, mas eu não vou desenhar uma cabra...
Ela fechou os olhos quando eu encostei a ponta da caneta em seu rosto. Olha, o que eu fiz foi uma coisa muito feia e eu não deveria ter feito. Annabeth vai me matar quando ver uma linda aranha sorridente bem no meio de sua testa e em cima escrevi "I S2 aranhas!", como se não bastasse eu também desenhei um bigode básico nela. Eu não presto nem um pouco.
− Pronto! Acabei minha obra! Annabeth você está linda! − eu disse sorridente.
− Oh céus... Me dê o seu celular, eu quero ver.
Eu dei meu IPhone pra Annabeth, ela olhou seu reflexo na tela preta.
− Nossa, um bigode. Quanta criativida...
Ela arregalou os olhos e deu um grito soltando meu celular no chão. A sua expressão era tão hilária que compensou a queda do meu IPhone, mas ainda assim doeu.
− Jackson! Mais que porcaria! Você podia desenhar tanta coisa na minha cara! EU TE ODEIO!
Eu não conseguia parar de sorrir. Ela pegou o celular e se olhou de novo, mas dessa vez sua expressão era de puro nojo.
− O que... O que é isso? Por acaso a aranha está fazendo joinha?
− Está! Ela é simpática!
− Você é doente.
− Ah qual é? Você continua linda como sempre! − eu não estava mentindo.
− Ah, cala a boca.
Ela cruzou os braços e fechou a cara. Eu era terrível por tê-la feito ficar assim, mas eu estava me divertindo tanto...
− Não era você que "agiria com civilização e não faria birra"? − perguntei debochado.
− Sim! E eu não estou fazendo birra!
− Ah, claro que não.
− Não estou! Quer saber? Vamos Percy, vamos para o meio do Central Park! Eu não ligo se tem uma aranha ridícula na minha testa!
− Hey! Não fale assim da aranha!
Ela pegou a minha mão (o que foi uma experiência bastante emocionante) e me arrastou para fora do prédio.
Annabeth falou para o porteiro avisar para a mãe dela que ela estava no parque com um "amigo". Eu, sinceramente, não gosto dessa palavra, prefiro algo mais... sofisticado como "o amor da minha vida". Enfim, ela literalmente me arrastou para o parque e eu nem preciso dizer que as pessoas nos olhavam estranhamente. Umas não estavam nem aí, outras nos olhavam com medo, como se fôssemos assaltantes e tinham os que nos olhavam com desgosto, como se estivessem olhando para dois pedaços de pizza na geladeira por uma semana.
− E então! Estamos no parque! O que vamos fazer? − eu nunca deveria ter mexido com o ego dela − vamos correr como maníacos!
Eu admito que estava com um pouco de medo dela. Principalmente pelo fato dela estar pulando e gritando para as pessoas no meio do Central Park. Fala sério, que garota bipolar. Eu não queria interrompê-la, ela parecia tão feliz, um bicho desenhado na sua cara realmente muda a vida das pessoas.
− A Dona Aranha subiu pela parede − Annabeth começou a cantar pra mim − E aí veio a chuva forte e a derrubou e eu não sei cantar essa música!
− Tá bom já chega. Eu percebi que essa é a primeira vez que você sai sem a companhia de um adulto, mas não precisa ficar assim!
− Ha-ha, engraçadinho. − ela finalmente parou e sentou do meu lado na grama − eu estou com fome, não como nada desde o almoço.
− É verdade. Em um dia normal eu teria voltado para casa às 16:00 horas. Mas eu estou aqui com você e o dia já está acabando! Você me fez de refém naquela droga de escola.
− Ah, não é pra tanto não acha? − ela perguntou se virando para mim.
− Não! Olha o sol! Ele já se foi e eu ainda estou aqui, longe de casa, no relento, com frio e com fome...
− Ok, vamos comer antes que eu chute você.
− Viva!
− É, mas eu não tenho dinheiro.
Isso não é problema minha cara, eu sou rico e te pago um jantar em qualquer restaurante, sem querer me gabar.
− Ah não se preocupe, eu sou um cavaleiro. Eu pago a conta.
− Ow Percy! Isso é muito fofo! Mas o correto é "cavalheiro" com lh...
− Ah cale a boca e venha logo. − falei oferecendo minha mão para ela levantar.
Perto do Central Park existiam vários restaurantes e lanchonetes, mas estávamos procurando algum lugar que não pudéssemos chamar muita atenção já que éramos dois adolescentes com os rostos rabiscados. Acabamos escolhendo um McDonalds, porque tinha um cara lá dentro vestido de palhaço então nós poderíamos passar sem chamar muita atenção.
− Então, me diz o que você vai querer que eu faço os pedidos − não queria que ela fosse comigo, ela não poderia ver eu pagando a conta com um America Express ilimitado − você pode escolher a mesa.
− Puxa! Sério? Eu posso escolher a mesa? Nunca me deixaram escolher a mesa! − ela disse com uma dose exagerada de sarcasmo − pede qualquer um que não seja muito caro e pede para colocarem molho de azeitona.
− Isso existe?
− Existe.
− E fazem aqui?
− Sim.
− Você gosta de azeitona?
− Sim.
− Que nojo.
− Eu vou bater em você.
− Desculpe.
Paguei os lanches e tentei ignorar ao máximo a cara da mulher em relação a minha cabra. Os lanches não demoraram muito, quando chegaram levei a bandeja até a mesa e devorei o meu cheesburguer, eu não fazia ideia do quanto estava com fome. Annabeth parou de comer e olhou para mim com atenção.
− Quantos anos você tem? − ela perguntou.
− Dezesseis.
− Tem certeza? Você come como uma criança de três anos, olhe para você, está todo sujo.
− Você é má.
Eu disse limpando minha boca.
− Ei, me dê um pouco de molho de azeitona, quero experimentar.
− Hmmm ok, mas acho que você não vai gostar.
Ela disse e me deu um sachê escrito "molho especial" coloquei um pouco na boca. Cara, aquilo tinha gosto de vômito de duende.
− Urg! Como você pode comer isso sem querer arrancar sua língua fora!
− Eu disse que você não iria gostar! Me devolve isso!
Eu joguei o saquinho pra ela, esquecendo totalmente que ele estava aberto, o que fez com que ela ficasse toda suja com "molho especial".
− Ah... Você não fez isso. Você não fez isso! − ela estava aterrorizadora mente séria.
− Oh, Annabeth... Eu não quis fazer isso me desculpe.
− Você é um garoto morto.
Ela pegou um saquinho de Ketchup aberto e jogou em mim, juntamente com um saquinho de maionese, bem no meio da minha camisa. Ela já não parecia ressentida, mas sim animada. Em resposta eu joguei as batatas fritas nela, que foi audaciosa em me jogar o pedaço que sobrara de seu hambúrguer bem no meio do meu rosto, como se ele não estivesse enfeitado o bastante.
− Meu Deus! Você está parecendo que saiu da caçamba de lixo! − ela disse rindo de mim.
− Você não está melhor! Tem batatas fritas no seu cabelo!
− Oh céus! Eu não vou sair daqui assim! Estamos mais ridículos ainda! − ela disse baixinho.
− Ah! Isso não importa.
− Está ficando louco? Claro que importa!
− Vamos arrumar um jeito de não parecemos tanto com mendigos.
Eu estava pensando em comprar roupas em algum lugar, ou sei lá.
− Eu tive uma ideia.
Com certeza o plano da Annabeth era bem melhor e bem mais audacioso que o meu. Resolvemos pô-lo em prática.
Esperei algum carinha da limpeza passar com as mãos bastante ocupadas para pôr o pé no seu caminho e fazê-lo tropeçar derrubando tudo em nossa mesa. Eu sei, foi muita maldade, mas foi ideia da Annabeth.
− O que você está pensa que está fazendo? − falei me levantando e chutando a cadeira (inutilmente, pois a cadeira fica colada no chão).
− Me desculpe senhor...
− "Me desculpe"? Olha o que você fez com minha namorada! Ela está imunda! Você sabe o quanto eu gosto das minhas namoradas limpinhas? − eu tinha realmente feito um barraco.
− Me desculpe senhor, eu vou providenciar outra mesa e novos pedidos.
− O que você vai "providenciar" são roupas limpas para nós, e aí talvez, mas só talvez eu não fale com seu superior.
− Claro senhor, aguarde um pouco que já volto.
O cara se retirou rapidamente, eu fiquei com pena dele, eu fui tão cruel. Annabeth passou esse tempo todo quieta tentando desesperadamente não ter uma crise de riso.
− Tenho que admitir, você mente muito bem.
Eu sei disso. É uma grande ironia Annabeth me falar isso, já que eu minto horrores para ela. O cara que "acidentalmente" derrubou as bandejas em cima de nós, nos levou até os fundos da loja e nos deu roupas vermelhas de atendentes do McDonalds.
− Essas são as únicas roupas que temos. − ele disse − Mas por favor, não fale disso com meu superior.
Coitado, ele não sabia que eu estava apenas blefando? Agradecemos as roupas e eu prometi que não comentaria nada com o gerente. Saímos de lá e ficamos apenas andando pela rua.
− E agora? O que a gente faz? − Annabeth perguntou.
− Hmmm não sei. Você acha que sua mãe já está em casa? Já é de noite.
− Eu sei, acho que não. Ela demora para voltar para casa.
Aqui estou eu, com a cara rabiscada, sem tomar banho e cheirando a hambúrguer. Nunca me imaginaria nessa situação, mas também nunca me imaginaria estar tão feliz apenas pelo simples fato de estar ao lado da Annabeth, ela me faz tão bem, mas isso infelizmente não é recíproco. Andamos distraídos por alguns minutos, eu não fazia ideia de onde estava.
− Meu Deus, Percy! − disse Annabeth parando subitamente − Andamos quase o Central Park inteiro! Viemos parar na parte sul!
− Perto do zoológico?
− Sim!
− Puxa, andamos muito.
− E agora? Vamos voltar? Está ficando bem tarde.
− Nossa viagem até aqui não será em vão. Vamos entrar no zoológico.
− Ficou louco − ela me olhou séria − está fechado.
− É por isso que vamos "invadir".
− Claro que não! Isso é ilegal!
− Ah, eu já invadi antes, tem um buraco na cerca, naquele lado.
− Não... Eu não sei Percy...
− Ah vem logo! Eu quero te mostrar uma coisa!
Agora foi a minha vez de arrastá-la pela mão.
Era verdade, eu já tinha invadido o zoológico antes, onde você acha que os Stoll arrumaram urina de elefante? Pois é, eu não conhecia todo o zoológico, mas tinha uma parte que eu achava bem interessante e foi para lá que eu levei Annabeth.
− O estábulo? Você me trouxe para o estábulo? − ela perguntou franzindo a testa, o que fez a aranha ficar engraçada.
− Sim, eu gosto daqui.
Ela andou em volta, explorando o local. Não tinha nada de especial, apenas um estábulo: feno cobrindo o chão, equipamentos de montaria separados em um canto e do lado direito, tinham vários compartimentos com cavalos de todos os tipos. Eu sempre adorei cavalos, não me pergunte o porquê.
− É, mas eu venho aqui para ver um velho amigo.
Me aproximei de um dos compartimentos e bati na grade enquanto chamava:
− Blackjack! Blackjack? Hey garoto, venha aqui. Quero que conheça uma amiga.
Uma grande sombra negra se aproximou da grade e quando me reconheceu, ele esfregou seu focinho em minha mão. Eu adorava todos os cavalos, mas esse era especial, ele parecia me entender. Isso pode parecer estranho (e é estranho mesmo) mas eu costumo vir aqui e conversar com o cavalo, ele é um bom ouvinte, mas péssimo com palavras já que é um cavalo.
− Percy! Que cavalo lindo! − Annabeth disse em tom de admiração.
Ela o acariciou, que respondeu docilmente. Peguei uma cenoura em uma caixa de madeira no chão. Blackjack relinchou, ele prefere cubos de açúcar, mas nem sempre eu ando com cubos de açúcar nos bolsos. Dei a cenoura a ele e eu e Annabeth saímos dos estábulos para andar.
− Não sabiam que tinham cavalos no zoológico. − ela disse.
− É, os cavalos ficavam em outra parte, mas tiraram eles de lá para abrigar novos animais. Então eles ficam sós nos estábulos.
− É uma pena.
− É mesmo.
− Hey − Annabeth parou − tem um lago aqui não tem?
− Tem, o lago dos patos, fica naquele lado.
Pulamos o muro de um metro e meio que cerca o lago e nos sentamos na beira, com os pés dentro d'água. Olhei para Annabeth e vi que ela estava sorrindo.
− Nossa, hoje eu fui tão rebelde. − ela disse.
− O quê? Como assim?
− Olha, eu estou perambulando com você desde que saímos escola e ainda não dei as caras em casa, ainda estou com um bigode desenhado com caneta permanente no meu rosto, sem falar que enganamos um pobre coitado do McDonalds e estamos usando roupas coloridas com cheiro de cebola e por fim, invadimos o zoológico às 22:00!
Realmente tínhamos feito muitas coisas, mas eu confesso que já fiz coisas piores com os garotos. Mas tenho que dar um desconto a ela, já que é a sua primeira vez "vadiando" por aí.
− Verdade − eu disse rindo − você é pura rebeldia.
− Isso foi sarcasmo Jackson?
− Sarcasmo? Não, eu não conheço esse cara.
Ela riu.
− Eu adoro seu sorriso. − eu disse involuntariamente.
Ela corou imediatamente e virou o rosto. Eu peguei uma pedra redonda e atirei no lago fazendo com que ela saltasse três vezes antes de afundar.
− Annabeth, qual seu nome do meio?
− Ahn... Como você faz isso com a pedra?
− É só girar o punho. Assim − disse imitando o movimento.
− Ah. − ela obviamente não estava interessada.
− Agora, Annabeth qual seu nome do meio?
Eu pude senti-la ficando nervosa.
− Qual o seu nome do meio Percy?
− O meu é Jim.
− Jim? Seu nome é Percy Jim Jackson?
− Sim. − ela curvou-se para frente e começou a rir.
− Quem se chama Jim? − ela falou pegando fôlego.
− Na verdade esse é o nome do meu falecido avô, ele morreu em um acidente de avião junto com minha avó. Eu nunca os conheci.
− Ah Percy, sinto muito. Eu não sabia.
− Tudo bem − sorri para ela − agora, qual o seu nome do meio?
− Ah... Eu não quero te contar!
− Por que não?
− Porque é um nome ridículo! Eu odeio ele!
− Ah... Vamos lá Annabeth, por favor... − inclinei minha cabeça e fiz minha melhor cara de pidão.
− Arg! Tá bom, mas você promete que não vai rir?
− Prometo!
Annabeth se endireitou e olhou para mim séria. Depois ela virou a cabeça.
− Não! Eu não vou te contar isso! Nem a Thalia sabe disso!
− Está bem! Se você contar e eu rir, você pode... Me jogar nesse lago. − era uma aposta perigosa, pois a água do lago estava congelando.
− Me parece justo.
Ela respirou fundo, me olhou novamente séria e disse:
− Proserpina.
− Proserpina − repeti.
Não falei mais nada depois disso, apenas olhei para o lago. Olhei para o lago. Olhei para o lago. E mergulhei no lago. Emergi na superfície e vi que Annabeth me olhava atônita. Comecei a gargalhar, ri como nunca ri em toda a minha vida. Meu abdômen estava doendo e eu estava começando a ficar sem respirar.
− Meu Deus, você é doente. − Annabeth disse.
− Eu? Doente? Me diga você, Proserpina!
− Você disse que não iria rir!
− Eu disse que se eu risse você poderia me jogar no lago, e aqui estou eu!
Eu ainda ria como um maníaco. O nome da garota é Proserpina! E isso lá é nome de gente? O que a mãe dela fumou naquele dia? Eu só não ri mais, porque a água estava estupidamente gelada e meus pés estavam começando a doer. Annabeth me olhava da beira do lago com os braços cruzados e uma expressão reprovadora. Acho que exagerei um pouco.
− Hey Annabeth, desculpe por ter achado seu nome tão engraçado. Às vezes eu consigo ser muito idiota.
Ela parecia realmente desapontada, mas ela respirou fundo, olhou para mim e disse:
− Tudo bem.
Me aproximei dela. Annabeth olhava fixamente para seu reflexo na água, sua expressão rígida e zangada mostrava que talvez ela estivesse um pouco ressentida comigo. De repente um sorriso encrenqueiro brotou em meu rosto.
− Hey Annabeth, você parece estar muito esquentadinha. Por que você não vai refrescar a cabeça?
Annabeth levantou uma sobrancelha para mim. Eu agarrei seus tornozelos e a puxei para dentro do lago, só pude ver a expressão dela mudar de confusa para surpresa. Espero que ela não me mate por isso.
− Oh céus! Que água gelada! Percy por que fez isso?
− Não sei. Você parecia estar querendo tomar um banho.
− Você não presta! − ela falou rindo. Boa notícia: ela não vai me matar!
A essa altura, já tínhamos enxotado todos os patos do lago. A água não era fundo, de modo que ela batia nas nossas cinturas. Eu não tinha percebido, mas minha camisa branca estava colada no meu corpo, mostrando o meu abdômen e era nisso que Annabeth tinha notado. Não pude deixar de ficar feliz pelo fato dela estar me secando.
− É... Percy − ela desviou o olhar envergonhada − sua "cabra" já saiu de sua testa.
− Sério? Que ótimo! Seu bigode já saiu, mas ainda resta uma aranha com três patas.
Me aproximei dela e passei um dedo sobre o desenho que saiu facilmente.
− Agora são duas... − disse.
A proximidade entre nós deixou Annabeth corada, por causa do frio os lábios dela estavam roxos, mas não deixaram de ser bastante convidativos para mim. Minhas mãos tremiam e eu não tinha certeza se era por causa do frio. Eu já tinha estado naquela proximidade com várias garotas, mas nunca tinha estado tão nervoso, eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo. Logo quando eu queria acabar com aquela distância entre nós, uma luz surgiu na minha cara.
− Hey! O que vocês estão fazendo aí?! − gritou um cara jogando um feixe de luz na gente − nada de mendigos nadando no lago do zoológico!
− O que é isso? − perguntou Annabeth.
− É o guarda do zoológico! Corre!
Saímos correndo do lago e pulamos o pequeno muro correndo de volta para o lugar na cerca do zoológico com um buraco.
− Como ele nos viu?
− Não sei! Talvez se alguém não estivesse usando uma blusa de cor tão chamativa, ele não teria nos visto! − falei enquanto corríamos.
− Talvez eu não estivesse usando essa roupa do Mcdonalds se alguém não tivesse jogado seu hambúrguer em mim!
Calei a boca, ela tinha ganhado essa. Eu não vi sinal algum do cara atrás da gente, vai ver ele é um guarda gordo. Passamos pelo buraco na cerca e saímos no central Park.
− Nossa nós conseguimos! − Annabeth falou saltitando feliz − nós fizemos tantas coisas!
Não importava se eu não era o seu namorado e nem nada, mas saber que eu era a razão de toda aquela alegria me fez ficar imensamente feliz, mais do que qualquer coisa.
− Obrigada por fazer isso por mim.
Annabeth jogou os seus braços ao redor do meu pescoço e me abraçou. Senti as famosas borboletas invadindo meu estômago, por menos que eu quisesse era essa a sensação que ela provocava em mim. Com os braços ainda ao redor de meu pescoço, Annabeth se afastou e eu pude ver claramente para onde ela olhava e qual era sua intenção. Ela colocou uma mão na minha nuca e me beijou, um bom e apropriado beijo. Aquilo foi diferente de tudo o que eu já tinha experimentado, parecia que eu estava novamente dando o meu primeiro beijo, uma mistura de ansiedade e nervosismo que logo foram substituídos por calma e decisão de um beijo apaixonado. Quando parei para recuperar o fôlego Annabeth me disse:
− Acho melhor irmos para casa, está ficando muito tarde.
Ela me arrastou novamente pela mão, aquilo estava virando um hábito. Andamos até a casa dela calados, mas eu não pude conter minha felicidade, eu não conseguia parar de sorrir, eu sorri para todos que passavam por mim como se eu tivesse acabado de ganhar na loteria, e de certa forma, eu tinha mesmo. Quando chegamos no apartamento de Annabeth já eram meia noite.
− Percy, como você vai para casa? A essa hora pode ser muito perigoso.
− Eu não vou para casa, vou dormir na sua casa.
− O que? − Annabeth perguntou com as sobrancelhas franzidas.
− Você vai me fazer andar até o lado de Manhattan todo molhado a essa hora da noite, correndo o risco de ser assassinado? − eu disse fazendo um pouquinho de drama.
Annabeth me olhou e depois cedeu.
− Está bem, mas se minha mãe vir você, ela não te  deixará entrar aqui nunca mais!
Entramos fazendo o mínimo de barulho possível, mas meus tênis estavam molhados e quando eu andava eles faziam um barulho nhek, nhek, nhek. Eu tirei os tênis e chegamos ao quarto de Annabeth, ela me deu umas roupas secas do pai dela, da época em que ele estava na faculdade. Ela se trocou e colocou um pijama que em minha opinião poderia ser um pouco mais indecente.
− Olha, como minha mãe não pode saber que você está aqui, você não pode dormir no sofá. Então você vai ficar no chão mesmo.
− Nossa quanta consideração. Eu não posso ficar na sua cama com você?
− Não mesmo.
Derrotado eu me deitei no chão, o que não estava tão ruim assim, Annabeth tinha colocado um cobertor e um travesseiro lá e ela estava na cama, bem acima de mim.
− Boa noite. − ela murmurou.
− O que? − fingi que não tinha escutado.
− Boa noite − ela repetiu.
− O quê? Fale de novo.
− Eu disse "boa noite"!
− Por que você não desce aqui para eu escutar melhor?
Eu a puxei pelo braço, e ela caiu em cima de mim com lençol e tudo.
− Ai! Essa doeu! − eu disse − alguém aqui tem que começar uma dieta!
− Ah, cale a boca!
Ela deslizou e ficou no meu lado.
− Ah. Estou muito cansada para bater em você.
Ela se calou. Eu reuni toda a minha coragem para falar isso:
− Sabe Annabeth, podemos aproveitar que estamos aqui para fazermos algumas coisas... − olhei para ela e vi que ela já estava dormindo − tudo bem, talvez na próxima.
O calor aconchegante de seu corpo, a sensação de estar abraçando Annabeth mais o meu cansaço, fizeram meus olhos pesarem. Em poucos minutos eu já tinha adormecido.
Quando eu acordei a luz da manhã já entrava pela janela. Uma voz de garota falou:
− Ah... Vocês estão com um problemão.


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Notas finais do capítulo

E então?? Gostaram da cena do beijo? Eu achei meio água de chuchu...
Comentem o que vocês acharam!!



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