Assassins Creed: Liberdade escrita por O Mentor


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Fala aí, pessoal.
Um capítulo bem curtinho, mas cheio de revelações pra vocês.
Desculpem a demora. Tive algumas coisas para resolver. Mas já estou de volta. E o próximo capítulo, com mais ação, deve sair muito em breve.



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Cauã guiou Afonso pela trilha na floresta, em direção ao quartel que ele havia visto mais cedo naquele dia. Antes de ser atacado por soldados malucos do governo. Antes de ter que lutar contra todos eles sozinho. Antes de ser salvo por uma gangue de encapuzados misteriosos. E ainda antes de conhecer um índio que sabia algo sobre o seu pai, mas que relutava em compartilhar.

– Mais tarde falamos sobre isso! - disse ele, com tom autoritário - Existem coisas mais importantes primeiro.

– Como o que? - Afonso retrucou, indignado.

– A segurança sua e de sua mãe. Não podemos arriscar encontrar mais soldados.

Afonso se calou, pois entendeu que não conseguiria arrancar nada de Cauã.

Chegaram ao quartel e os portões das paliçadas foram abertos imediatamente por dois outros encapuzados. Cauã os cumprimentou e despachou a maioria dos homens que os acompanhavam. Porém, se dirigiu a um deles:

– João, venha aqui.

Ele se aproximou e retirou seu capuz. Era um homem de pele negra, cabelo crespo e várias cicatrizes pelo rosto e pelas mãos. Uma cicatriz cortava o olho esquerdo de cima a baixo. Parecia sério e responsável, mas ainda assim, era muito novo. Talvez um ou dois anos mais velho que Afonso.

– Sim, senhor?

– Preciso de um favor. Guie Taíla para a enfermaria, apenas para checarmos se está tudo bem com ela. Depois, leve-a para seus aposentos. Ela precisa descansar.

João assentiu com a cabeça, mas quando se aproximou para chamar a mulher, Afonso agarrou seu braço com força. O negro reagiu e desferiu um soco na face do jovem. O golpe foi repelido e logo revidado por uma joelhada na barriga, uma cotovelada no nariz e um soco na bochecha esquerda. João caiu no chão, sangrando, mas não havia se rendido.

– Chega! - gritou Cauã, que se postou entre os dois. - O que é isso? Afonso, o que deu em você?

– Quem vocês pensam que são para levar minha mãe a algum lugar? Eu sequer conheço vocês! - o jovem berrou de volta, enfurecido pela ousadia daquelas pessoas.

Taíla se aproximou e colocou a mão sobre o ombro de Afonso. Acariciou seu braço levemente.

– Calma, filho, calma. Pode confiar neles. Na verdade, se aconteceu o que eu acho que aconteceu, eles são o seu único porto seguro na cidade. Acalme-se. Eu vou acompanhar João até a enfermaria e meus aposentos. Enquanto isso, você irá conversar com Cauã. Tudo bem?

Afonso relaxou um pouco. Confiava no julgamento de sua mãe. Ela deveria saber o que fazia. Ainda com certo receio, ajudou João a levantar-se e observou enquanto ele guiava Taíla pelo quartel.

– Agora, se não se importar. - continuou Cauã - Temos muito o que conversar.


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Alguns minutos depois, ambos estavam no andar mais alto do quartel, no escritório particular de Cauã. Enquanto bebia uma xícara de café e comia um pãozinho, ele ouvia atentamente tudo o que o índio tinha a dizer.

– Você está sendo perseguido pela cidade, garoto. Aparentemente, alguma das cartas enviadas pelo seu pai foi interceptada pelo inimigo. Eles devem saber que agora você é a ameaça que importa. Querem te ver mortos o quanto antes.

– Como assim? Carta do meu pai? Inimigo? Ameaça? Suas palavras não fazem sentido!

Cauã tomou um gole de sua xícara e se sentiu decepcionado.

– É claro que você não sabe. Seu pai não te contou, não é mesmo? Deixou essa tarefa para mim.

Afonso continuava confuso. Será que aquele índio era maluco?

– Dá para falar algo com sentido? Contou-me o que?

– Nada importante por enquanto, garoto. O relevante agora é o seguinte: você precisa ficar aqui. Este é o Esconderijo. É o único lugar em que você pode se manter seguro, por enquanto.

Pelo menos aquela parte ele entendia. Não conseguiria sobreviver em Salvador, principalmente quando estava sendo caçado, sozinho. Precisaria de ajuda. Ou quem sabe...

– O senhor poderia me treinar.

– Treiná-lo para que? - Cauã perguntou, sem entender.

– Para que eu aprenda a sobreviver. Eu ia morrer lá na floresta, se vocês não tivessem aparecido. Eu tive sorte, mas da próxima vez, quero poder me defender sozinho. O senhor é o líder desse lugar, não? Eu vi que são muito habilidosos. Poderiam me treinar desse jeito.

Cauã pareceu pensar por um momento. Mostrou uma cara relutante de início, mas de repente sua expressão se aliviou.

– Está certo. Acho que posso lhe ensinar uma coisa ou outra, garoto. Pela sua sobrevivência. Afinal, prometi a seu pai.

– Prometeu? Prometeu o que ao meu pai?

– Nada relevante. Vamos lá pra fora. Acho que pode chegar a tempo de ver os treinos com mosquete.

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Meia hora depois, Afonso estava a 70 metros de um alvo em formato humano e tamanho real, segurando apenas um mosquete comum em suas mãos. Ao seu redor, uma grande multidão de encapuzados havia se juntado. Seu pai havia sido famoso por lá, como Cauã lhe dissera. As pessoas estavam interessadas nele. Mas também não ligou muito para isso. Seu foco estava apenas em seus braços, na arma e no alvo.

Quando chegara no treino, assistiu a tudo, perplexo. A mira daquelas pessoas era perfeita. Sem falar que conseguiam recarregar o mosquete com uma velocidade impressionante.

– Meu Deus! O que foi isso? Bruxaria? - o jovem perguntara, boquiaberto, para o índio. Este respondera sem olhar para ele.

– Não. É apenas treino. Um treino bem mais rigoroso que a maioria dos exércitos tem. E temos mais paixão e comprometimento, também. Nenhum soldado dá a vida pela pátria, garoto. Nós, pelo contrário. Vivemos e morremos pela Irmandade.

– Irmandade? - Afonso perguntou, confuso.

– Você entenderá com o tempo, eu espero. Por enquanto, acho que sei como começar a treiná-lo. Vamos expulsar estes babacas inúteis do campo. Quero testar a sua mira.

E então, lá estava Afonso. Não sabia porque aceitara ter que atirar daquela distância, que era quase o limite de um mosquete comum. Mas agora não poderia recuar. Talvez desse sorte. E talvez ele não seria humilhado na frente de todo o quartel.

– Quando estiver pronto, senhor. - o treinador de tiro ao alvo anunciou.

Afonso esperou, ajustou, mirou, ajustou novamente e então... Buum! Um anel de fumaça surgiu próximo ao cano da arma. O som do disparo pode ser escutado claramente logo antes do grito da plateia. A bala acertara exatamente o ombro esquerdo do alvo, um pouco acima do coração. Para um primeiro tiro, não havia sido ruim.

– Parabéns! - exclamou Cauã, enquanto pegava o mosquete e o recarregava - Não esperava que fosse se sair tão bem. Aqui, tente mais uma vez. Dessa vez, ande cinco metros para trás.

Afonso obedeceu, um pouco mais confiante. Para ele, havia sido um tiro perfeito. Mesmo estando na distância máxima na qual o mosquete ainda teria efeito, ele não hesitou. Parecia que ele tinha um dom de nascença para atirar. Uma mira natural.

– Quando estiver pronto! - o treinador voltou a falar. Dessa vez, Afonso atirou direto. Mas não houve o grito da multidão. A bala chegou apenas perto de atingir o braço direito do alvo.

– Ninguém acerta sempre, garoto. - conformou-o Cauã, um tanto desapontado - Por isso vamos treiná-lo. Até o fim da semana, quero ver você atingindo a cabeça na marca dos 75 metros!

Afonso concordou com a cabeça, mas ainda estava se perguntando se aquilo seria possível.

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Alguns minutos depois, eles estavam sentados em um banco ao lado de uma arena de terra batida. Dentro dela haviam dois homens duelando com espadas de treinamento, o que significa que não tinham o fio muito afiado. Um deles era João, aquele que Afonso havia brigado mais cedo naquele dia. Lutava muito bem, mas o jovem notou que ele tinha um estilo muito parecido com o dos colonos brasileiros. Isso só poderia significar que ele havia nascido no Brasil. Decidiu perguntar sobre isso para Cauã.

– Sim, ele nasceu aqui. - o índio respondeu - Mas não seus pais. Foram trazidos da África para trabalhar nos engenhos. Tiveram sorte de sobreviver e colocar um filho no mundo. E ele teve mais sorte ainda de conseguir fugir e nos encontrar. Duvido muito que ainda estivesse vivo naquele lugar asqueroso. - e cuspiu no chão para mostrar o seu desdém - Não entendo estes europeus e "brasileiros". Dizem que são civilizados e avançados, mas não entendo como alguém que nos coloca em jaulas, nos maltrata, vende, oprime e explora pode ser chamado de tais coisas. Hipócritas. Estas terras estavam muito melhores antes de vocês.

Afonso ia retrucar, mas voltou seus olhos para as diversas cicatrizes no corpo de João, que suava na arena. Mudou de ideia. Ele tinha certeza que o negro havia sofrido em um dia muito mais do que ele durante sua vida toda. Ficou em silêncio e observou o duelo terminar.

João saiu vencedor quando conseguiu desmaiar o seu adversário com uma pancada do pomo da espada na lateral da cabeça. Cansado e suado, sentou-se ao lado de Cauã.

– Grande luta. - elogiou o índio - Você está melhorando cada vez mais.

– Obrigado. - ele respondeu - Mas ainda estou longe de ser como o senhor.

– Mas você chegará lá um dia, tenho certeza. E Taíla, como está? - quando Cauã perguntou, Afonso se inclinou no banco para ouvir melhor.

– Muito bem. - João respondeu - Não sofreu nenhum machucado na luta. Está em seus aposentos agora, descansando. Ela precisava disso.

– Quando poderei vê-la? - Afonso perguntou imediatamente.

– Hoje, ao final do dia você poderá ir. Mas por enquanto, vamos treinar. Não poderá se tornar realmente bom se distrair-se muito facilmente. Precisamos de comprometimento, disciplina e paixão. Por isso somos tão bons no que fazemos.

– E o que vocês fazem exatamente?

– Isso você descobrirá em breve! Por enquanto, por que não treina um pouco com João? Ele é um bom espadachim e pode te ensinar muitas coisas. - E com isso, Cauã se levantou e caminhou serenamente em direção ao edifício principal, onde ficavam os seus aposentos.



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Notas finais do capítulo

Curtiram? Bem curto e parado, né? Mas era apenas uma conexão entre o anterior e o próximo, que será bem mais interessante, ativo e agitado. Espero por vocês nele.
Até lá.
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