Assassins Creed: Liberdade escrita por O Mentor


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, Irmandade.
Depois de muito tempo, venho com o quinto capítulo de nossa fanfic. Desculpem-me a demora, mas acabei passando por um período conturbado.
Mas espero que tenha valido a pena a espera. Começaremos aqui com a ação. Espero que gostem.



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Salvador, Brasil

Maio de 1808



Um mês havia se passado desde que Afonso havia iniciado seu treinamento no Esconderijo, sob a supervisão e as críticas duras e exigentes de Cauã, o líder daquele lugar que ainda continha tantos segredos para o jovem.

O treinamento consistia em esgrima, tiro ao alvo com armas de fogo e algumas habilidades que Afonso não entendia, como discrição, roubo, assassinato e algumas outras características que pareciam mais apropriadas para um assassino profissional ou um espião do que para alguém que simplesmente deseja sobreviver. Mas estava óbvio para ele que aquelas pessoas não eram soldados comuns.

Em uma manhã de Maio, Afonso estava treinando esgrima com o seu mais exigente professor: João.

– Levante mais sua guarda. Não permita que seja pego de surpresa. - dizia ele, enquanto avançava com golpes rápidos e letais.

Afonso conseguiu defender a maioria, mas acabou recebendo um corte no braço. O machucado não foi profundo ou sério, uma vez que as espadas eram próprias para treinamento e não eram afiadas. Ele rapidamente se recuperou e começou a trocar golpes com João, defendendo, estocando, aparando e cortando. Havia melhorado muito desde que havia chegado lá.

– Muito bem, jovens! - a voz autoritária de Cauã interrompeu o treino, fazendo com que ambos os combatentes abaixassem as espadas - Vejo que estão fazendo um grande progresso. Mas hoje precisarei de vocês dois para uma coisa. Vão se armar e me encontrem no portão principal quando estiverem prontos.

– Sim, senhor! - os dois jovens disseram em uníssono. Guardaram as espadas de treino e se dirigiram para o arsenal. Era um enorme galpão construído atrás do prédio principal. Tinha todos os tipos de armas que alguém poderia precisar ou querer. João escolheu um sabre modelo general e uma pistola comum. Guardou também um punhal em um bolso interno da camisa, onde poderia pegá-lo em caso de emergência.

Afonso pegou algo parecido. Uma espada de caça, a qual ele tinha um bom manejo, uma pistola e um conjunto de dardos envenenados de arremesso, que Cauã havia ensinado-o a usar. Pensou em pegar uma espingarda também, mas, apesar de não saber o que o professor queria com ele, sabia que o mesmo preferia armas menos chamativas e mais discretas. Então deixou o arsenal e seguiu para o portão principal.

Chegando lá, encontrou João e Cauã discutindo o que parecia ser algo sério, mas pararam assim que viram o mais jovem se aproximar. O líder chamou um assistente e pediu que selasse três cavalos. Isso deixou Afonso meio desconfiado. Saíriam do Esconderijo? Mas não era extamante o que não deveria fazer? Ele era caçado em Salvador por alguma coisa relacionada ao seu pai e duvidava que os soldados coloniais tivessem esquecido dele em apenas um mês. Decidiu perguntar:

– Aonde vamos hoje?

– Para a cidade. - o índio respondeu simplesmente.

– O que faremos lá?

– Temos assuntos a resolver. E um deles é que o meu café está acabando.

Afonso observou-o, confuso, mas não disse mais nada. Montou no cavalo que havia sido selado e cavalgou com os dois companheiros pela estrada que cortava a floresta e em direção à cidade grande.

Chegaram nela algum tempo depois. Evitaram todos os soldados que patrulhavam a cidade, pois Afonso ainda era procurado por lá, embora o motivo continuasse oculto para ele. Ele havia visto cartazes com o seu próprio nome na rua e acreditava que não fariam tanto por apenas alguns roubos de navios.

Pararam em uma estrada de terra que ligava à area rural da cidade. Desmontaram a amarraram os cavalos em uma árvore próxima. À distância eles podiam ver um imponente engenho de açúcar.

– Agora, prestem atenção! - disse Cauã - Nosso objetivo é entrar naquele engenho. Ele é bem protegido, como é de se esperar. Hoje ele estará pior ainda, pois receberá um novo comboio de escravos.

– Por que vamos entrar nele? - Afonso quis saber.

– Porque eu estou mandando. Faz parte do seu treinamento e da minha missão. - o índio respondeu. - A experiência real sempre é boa. Esse é o plano: a porta principal estará guardada, obviamente, mas meus contatos revelaram que há uma entrada na parte de trás das paliçadas. Temos um espião lá dentro que as abrirá para nós. Mas para isso, teremos que ir até lá sem sermos vistos pelos guardas de patrulha. Acham que conseguem?

João estudou um pouco o campo que teriam que atravessar e concordou com a cabeça. Afonso o imitou, embora não tão confiante. Ele talvez tivesse metade das habilidades dos dois companheiros. Mas não queria recuar. Era melhor morrer do que mostrar fraqueza.

– Certo. Lá eu explico o resto do plano. - e se moveram. Correram normalmente até uma distância de cerca de 80 metros do engenho. Então começaram a se esconder. Em arbustos, vegetação, árvores, carroças abandonadas, montes de feno. Seguiam de um esconderijo para outro, sempre atentos aos guardas de patrulha. Demorou algum tempo, mas conseguiram chegar na porta que Cauã havia mencionado. Era pequena e voltada para um bosque de árvores altas. Se o espião não tivesse dito, seria quase impossível de ser encontrada.

O índio bateu e sussurrou o que parecia ser uma senha:

– Pena de águia.

A porta se abriu imediatamente.

– Olá, Cauã. Fazia tempo que não o via. Mas acho que esta não é uma visita cordial. - disse o homem que a abrira. Devia ter em torno de 40 anos. Era alto e musculoso. Cabelos castanho-escuros e uma barba longa emolduravam sua face, juntamente com olhos castanhos duros e inteligentes. Usava a farda dos guardas do engenho e um distintivo. Afonso não entendia de hierarquia militar, mas pode supôr que aquilo significava que ele era importante. Carregava um enorme mosquete em suas mãos.

– Infelizmente, não, Marcos. Estou aqui pelo meu objetivo.

– E imagino que eu saiba qual é.

– Sim, o de sempre. Mas não quero que você se envolva. Você é um aliado importante demais no exército colonial para ser acusado de traição se alguém o vir. Faça assim: quando entrarmos, corra para o posto mais longe que conseguir. Se te perguntarem alguma coisa, você não sabe de nada. Entende?

– Certamente, senhor. - e assim que terminou a frase, Marcos se afastou.

Os três companheiros entraram, cautelosos e se esconderam dentro de uma carroça que havia ali para discutirem o resto do plano.

– Vocês veem aquela construção? - Cauã apontou para um anorme galpão rodeado de guardas - É lá que temos de entrar. Mas está muito protegido. Precisaremos de uma distração. E sei como farei uma. Vocês dois vão entrar. João, lá dentro explique o plano para Afonso.

– Sim, senhor.- o negro respondeu, meio tenso. Na verdade, ele estava assim desde que entraram ali. Não gostava da experiência de ver novamente um lugar igual aquele que o causou tanto sofrimento no passado.

– Certo. Encontro vocês depois nos cavalos. - Cauã saiu da carroça e correu. Afonso e João apenas esperaram durante algum tempo, observando os guardas posicionados na frente da construção. João contou que aquilo era uma senzala.

– Onde os escravos ficam. Onde sofrem. - ele acrescentou. Afonso permaneceu em silêncio.

Ficaram assim durante alguns minutos, apenas aguardando. Foi quando ouviram uma explosão em um lugar mais ao longe e uma nuvem de fumaça subiu aos céus.

– Ele deve ter encontrado o depósito de pólvora. - João concluiu, enquanto puxava Afonso para fora da carroça e para dentro da senzala, enquanto os guardas gritavam e corriam na direção da explosão.

Os dois passaram despercebidos por eles e já no interior,agacharam-se atrás de alguns sacos.

– O que estamos fazendo aqui, afinal? - Afonso perguntou, já impaciente.

– Viemos aqui por dois motivos. - João respondeu, sério. - O primeiro é libertar os escravos que aqui estão presos. E o segundo é matar o senhor deste engenho.

Afonso segurou a respiração.

– Vamos assassinar alguém? Assim, à sangue frio?

– Sim. São tempos difíceis nos quais vivemos. Temos que ter forças para fazer isso. Ter coragem. Vamos. Marcos nos contou que ele estaria fazendo uma avaliação dos escravos hoje pessoalmente. É nossa chance de atacar.

Ele saiu correndo, sendo seguido por um relutante Afonso. Iriam mesmo fazer aquilo? Ele não era um assassino. Nunca havia matado ninguém antes. E não sabia se teria a coragem de fazê-lo. Esperava que João fizesse isso por ele.

Os dois jovens andaram silenciosamente pelos corredores da senzala, passando pelos escravos imundos e machucados. Nenhum deles pareceu notar a presença dos intrusos. E se o fizeram, não alertaram ninguém. Estavam sofrendo demais para se importarem com isso.

– Era... Era nessa situação que você vivia? - o jovem decidiu perguntar, hesitante. Sabia que estava tocando em uma ferida.

– Era pior. - João respondeu simplesmente. Não falou mais nada. Afonso respeitou o silêncio do amigo. Ele não podia dizer que entendia o sofrimento, mas já tinha uma noção.

Continuaram andando, em silêncio, por aqueles corredores que nada tinham a oferecer além de morte e crueldade.

Até que João parou repentinamente logo antes de uma esquina. Afonso mal conseguiu frear a tempo de não se chocar contra seu amigo e estregar todo o sigilo da missão.

– O que...? - ele começou, mas um gesto do mais velho ordenou que ele se calasse.

– Ouça! - João sussurrou. Afonso obedeceu e aguçou a audição. Ele concluiu que do outro lado da esquina deveria haver uma sala. Pelo eco, deveria ser ampla. Dois homens pareciam conversar, enquanto podia-se ouvir o som de algumas chibatadas e o gemido dos escravos.

– ... só preciso de mais tempo, senhor. Eu tenho certeza de que com mais algumas semanas eu posso conseguir tudo o que você quiser e... - dizia um dos homens.

– Não há mais tempo, Carlos! Ou você arruma isso para mim na próxima semana ou nas próximas três décadas! Sabe o quão dificil foi trazer aquele babaca regente pra cá? Tivemos que organizar uma invasão completa! E agora que estou quase conquistando a sua confiança, você me diz que precisa de mais tempo?

– Você está exigindo demais... Não posso arrumar tanto em apenas uma semana, senhor Brito! - o primeiro respondeu, o que aparentemente se chamava Carlos.

– Vai ter que fazer isso. - Brito respondeu - Ou terei que arrumar alguém para substituí-lo! E você sabe o que acontece com os substituídos, não?

– Sim... Sim, senhor. Sim, sim. Vou fazer o que me pede, senhor. Duas semanas e terei o que me pede.

– Uma semana e meia, Carlos. - o segundo afirmou com tom autoritário - Ou então não teremos acordo.

Um som de homens se colocando em posição de sentido e repentinamente marchando deixou claro que o susposto Brito havia saído, juntamente com sua guarda pessoal. Afonso não havia entendido muito da conversa, mas aparentemente João havia.

– Quantos soldados você acha que ainda existem na sala? - ele perguntou em um sussurro.

– Não sei... Por que?

– Carlos é o senhor do engenho e o homem que viemos matar.

Afonso não pode conter uma careta surpresa.

– Você está brincando? Como vamos fazer isso?

– Vamos ter que dividir as tarefas. Você sabe manejar a espada em um duelo. Você vai matá-lo enquanto eu cuido dos soldados. Tudo bem?

– Eu? Mas eu... Eu nunca matei antes!

– Então hoje será o seu primeiro! - João respondeu seriamente. Antes que o mais jovem pudesse protestar, ele sacou sua pistola e entrou na sala, dando o primeiro tiro. Um grito e em seguida o barulho de pés se arrastando em pânico, de homens tentando pegar suas armas para resistirem a um ataque inesperado pode ser escutado.

– Droga! - foi a única coisa que saiu da boca de Afonso antes do mesmo também entrar na sala.

A cena não era das melhores. Cerca de dez soldados, todos armados com espingardas, estavam de frente para eles, vestindo fardas azuis. Atrás deles, sacando uma longa espada de oficial, estava um homem baixo, mas em uma boa forma física e aparentemente um espadachim razoável. Vestia um chapéu de couro e um casaco marrom.

– Cuide dele! - João apontou, enquanto sacava sua própria espada e enfrentava os soldados. Alguns tentavam desesperadamente atirar, enquanto outros atacavam com baionetas, facas ou até mesmo espadas. - Eu posso dar conta desses aqui!

– Certo! - Afonso concordou, correndo no meio da massa de homens confusos e até o seu novo oponente. Ele estava claramente assustado, pois não esperava um ataque em seu próprio porto seguro. Mas mesmo assim, estava pronto para se defender.

Ambos começaram se estudando, medindo os movimentos, o ângulo do corpo, a postura... Coisas essenciais quando se enfrenta um desconhecido em um duelo. Afonso sacou a própria espada de caça, imediatamente colocando-a em uma posição perpendicular ao próprio corpo.

– Quem é você? - Carlos perguntou, o terror visível em seus olhos através da máscara de determinação.

– Ninguém. - Afonso pensou um pouco antes de responder e atacar com uma estocada. O golpe foi facilmente repelido e revidado com um corte lateral, que exigiu que Afonso rolasse no chão para desviar e abrisse completamente a sua guarda. Se não tivesse feito um treinamento exigente com João, não teria sido rápido o suficiente para levantar a espada a tempo de bloquear um corte por cima. Se recuperando um pouco, o jovem conseguiu se levantar e bloquear mais eficientemente os golpes do inimigo.

Apesar de aparentar ser um bom espadachim, Carlos não estava acostumado a de fato lutar contra outra pessoa. Se tivesse um treinamento costumeiro com a espada, seriam feitos em exercícios repetitivos e comuns. Dariam uma noção básica dos movimentos, mas jamais o preparariam para uma luta contra um oponente real, determinado e bem treinado. Quando Afonso percebeu isso, investiu mais em ataques inesperados e incomuns. Simulou um corte diagonal pela esquerda-inferior, mas imediatamente trocou para uma estocada, abrindo um ferimento embaixo das costelas do senhor do engenho.

Com a inusitada sensação do sangue escorrendo por sua pele e manchando suas vestes, os ataques de Carlos imediatamente se tornaram mais rápidos, desesperados e violentos. Porém, também eram menos coordenados e facilmente bloqueados pela espada de caça de Afonso. Este havia aprendido muitas coisas em apenas um mês e sabia que a melhor alternativa agora era defender-se e esperar que o oponente se cansasse. Ele já havia cometido este erro uma vez em um treino. Era uma sensação ótima que o quadro estivesse invertido.

Finalmente, após alguns breves minutos, Carlos desferiu um ataque mal feito e extremamente desesperado por cima. Afonso apenas recuou e deixou que a espada passasse reto, sem encontrar nenhuma resistência e retinindo ao encontrar o chão de pedra. Nesse momento o senhor do engenho estava sem nenhuma proteção e teve a sua barriga imediatamente perfurada por uma estocada da arma de Afonso, atingindo a maioria dos órgãos vitais que ali se encontravam. Carlos abriu a boca, vomitou sangue e caiu no chão com um baque.

– Por que... Por que queriam que eu lhe matasse? - Afonso perguntou e se ajoelhou ao lado do adversário.

– Então você não sabe? Nem eu. - Carlos retrucou e cuspiu mais sangue. - A sua gente é louca, garoto. Acreditam em coisas que não existem. Fazem coisas que não podem. Lutam pelo que é inútil.

– O que? Eu... Eu não entendo! Fale algo com sentido! - o jovem exasperado chacoalhou o corpo do senhor do engenho, buscando respostas. Mas em vão.

– Já é tarde demais. Você entenderá a verdade em breve sobre os Assassinos. - E com estas palavras, Carlos suspirou. E Afonso se deu conta de que seria o seu último suspiro. Se levantou ainda um pouco confuso. Finalmente deu uma olhada ao seu redor e avaliou o campo de batalha pela primeira vez desde que chegara ali.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero reviews.
Databse:
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