Ronan permanecia desacordado, já passava do início da tarde. Elesis não tinha comido direito, pois, de acordo com ela, a comida tinha gosto de borracha queimada.

– Argh. – Elesis se sentou em um dos sacos de dormir. – Porcaria! Aquele fóssil inútil não sabe nem ao menos cozinhar!

O azulado abria seus olhos vagarosamente, sua visão estava um pouco embaçada e ainda sentia uma leve dor de cabeça.

– Han... O-o que aconteceu? – Ronan piscava os olhos frequentemente tentando enxergar melhor.

– Ah...você acordou. Tem comida ali ainda, deve estar com fome. – A ruiva deitou em seu saco de dormir e se cobriu por inteiro, ela sentia um pouco de enjoo. De fato, o Imortal não tinha dons culinários.

– Ei,está tudo bem? – O azulado descobre o rosto da ruiva, mas a mesma o cobre de novo.

– Eu estou legal, só quero descansar um pouco. – Elesis se vira para o outro lado, ficando de costas para Ronan.

– Além do mais, acho que não ficaria pior.

– Acho que ficaria... – O azulado foi interrompido pela ruiva.

– Acho que pioraria se chovessem sapos. – Disse Elesis com a voz fraca.

– Por que sapos? – Ronan perguntou confuso.

– Sei lá, veio na minha mente de repente. Essa não! A comida daquele imprestável está me deixando louca! – O azulado deu uma risada baixa pelo o que a ruiva tinha tido.

– Do que você está rindo idiota?

– De nada... Você não ia descansar um pouco?

– Acho que você tem razão. – Então, mais uma vez, Elesis fica de costas para Ronan. A ruiva adormeceu, o azulado pegou seu saco de dormir e colocou ao lado dela, e deitando logo a seguir. De dentro da barraca podia se escutar o barulho de trovões indicando que a chuva está por vir. A cor cinza invadia os céus junto com o frio que aumentava cada vez mais. A chuva fraca molhava duas certas pessoas de cima de uma árvore.

– Droga! – Sieghart diz pulando da árvore e indo em direção ao acampamento. A chuva estava ficando cada vez mais forte, se tornando uma tempestade.

– Sieghart! Mas e a Elesis e o Ronan? Vai deixá-los sozinhos assim?! – Lire diz confusa, não sabia se permanecia na árvore ou se seguia o imortal.

–Deixa eles pra lá, nessa chuva eu não fico! – Disse Sieghart, ele já estava bem próximo ao acampamento. Lire resolve pular da árvore e seguir o imortal.

– Cadê todo mundo? – A elfa diz olhando em volta do acampamento, estava completamente deserto.

– Você acha que o pessoal iria ficar nessa chuva quando se tem uma barraca seca e pronta para ser usada? – Sieghart diz irônico.

– Não sei, de repente eles poderiam estar nos esperando... – Lire diz decepcionada, a elfa achava que pelo menos Arme e Lass se preocupariam com ela.

– Então enquanto você fica esperando um resfriado, eu vou para minha barraca me secar. – O imortal diz indo em direção a sua barraca. Lire se dá por derrotada e vai para sua barraca também. Chegando lá, ela dá de cara com Lass, que estava preparando o almoço para a elfa.

– Achei que você tinha desistido de mim... – Lire diz confusa.

– Claro que não Lire, apenas achei que se eu fosse atrás de você o pessoal que estava aqui iria suspeitar. – Lass diz com um sorriso de canto. – Seu almoço, aposto que deve estar morrendo de fome. – Lire dá um largo sorriso e beija o albino, que vira sua face corado. A elfa ri da reação de Lass e começa a comer seu almoço.

– Por quanto tempo vocês dois pretendem deixar Elesis e Ronan dentro daquela barraca sem o resto do pessoal saber? – Lass pergunta sério.

– Para ser sincera Lass, não faço a menor ideia. – Lire responde séria. O albino apenas assenti e continua a observar sua amada almoçando.

Sieghart já estava em sua barraca, pegou sua toalha, secou seu cabelo e se jogou no seu saco de dormir. Só depois percebeu a presença de uma segunda pessoa em sua barraca.

– Mari?! – O imortal levanta rapidamente e surpreso. A azulada estava sentada do seu lado e o olhava inexpressiva. – O que você faz aqui?!

– Essa não é a questão. – Mari diz friamente e encarando um canto qualquer da barraca.

– Mas eu quero saber, o que você ta fazendo aqui? – Sieghart diz tentando imitar o tom frio de Mari, mas o resultado não é satisfatório.

– Apenas me responda, aonde você estava esse tempo todo? - Mari disse encarando o imortal, que estava envergonhado com o jeito que a azulada o olhava.

– Não é da sua conta, agora saia. – Sieghart diz sem olhar para Mari. A azulada apenas se levantou e virou o rosto do imortal na sua direção.

– Me responda que eu saio daqui imediatamente. – Mari disse segurando o rosto de Sieghart.

– Porque você de repente ficou tão interessada em saber aonde vou, eu já disse não é da sua conta e... – Sieghart foi interrompido pelo beijo que Mari rouba. Foi rápido, porém o mais apaixonado possível e os dois só se separam pela falta de ar.

– Lembra de quando você se declarou para mim? – Sieghart assentiu, seu rosto estava completamente corado. – Eu fiquei muito feliz com cada palavra que você disse e sinto o mesmo por você. - Mari dá um sorriso de canto, surpreendendo o imortal, pois ele nunca a viu sorrir. A azulada dá apenas um selinho em Sieghart e sai da barraca correndo.

– Mas...Mas... – Sieghart diz confuso, porém Mari já tinha saído. – Acho que nunca vou te entender, Mari... – O imortal se joga em seu saco de dormir, dá um longo suspiro e adormece com um sorriso no rosto.

Elesis tremia de frio, a barraca parecia um freezer de tão gelada. Ronan, percebendo que a ruiva estava praticamente congelando, retirou sua própria coberta de si e a cobriu.

– Não... – Elesis resmungava algo enquanto dormia. – Não!

O azulado logo se sentou em seu saco de dormir para prestar atenção no que a ruiva dizia.

– Não pai! Não! – Elesis acorda assustada, com a respiração rápida. Ela fica quieta por alguns segundos, mas depois desaba em lágrimas.

– Calma, calma, já passou... – Ronan tentava consolar a ruiva, mas quanto mais ele falava, mais ela chorava.

O azulado, então, abraçou a ruiva, a mesma se assustou no começo mas depois retribuiu, apoiando o rosto no peito do garoto. Ronan acariciava as madeixas escarlates de Elesis.

– Eu estou aqui, acalme-se...- O azulado sussurrava e aos poucos, a ruiva parava de chorar.

– Está melhor? – Elesis fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ronan apoiou o queixo na cabeça da ruiva, mas ela percebe que isso já estava indo longe demais e empurra o azulado.

– Olha, não fale com ninguém sobre o que aconteceu agora ok?

– Está bem. – O azulado passou o dedo no rosto da ruiva enxugando suas lágrimas. – Quer me contar o que aconteceu?

– Não. Será que essa chuva nunca vai parar? – A ruiva tentava mudar de assunto.

– Daqui a pouco ela deve... – O azulado é interrompido pela ruiva.

– Espera! – Elesis se levanta e vai em direção a caixa que havia a comida. – Por que eu não pensei nisso antes?!

– Pensar no que? –Perguntou Ronan não entendo nada.

A ruiva começa a quebrar a caixa ferozmente, então ela pega um dos pedaços, que estava bem afiado e aponta para o azulado.

– Aaaaaaah! Por favor, não me mate! – Ronan implorava. Elesis ficou séria por três segundos e começou a rir.

– Seu idiota! Háháháháhá! Eu não vou te matar! – A ruiva entrega o pedaço de madeira para o azulado e ela pega outro parecido. – Vamos rasgar essa barraca!