Hopeless II escrita por Letícia M


Capítulo 42
Chapter 42 - Finally, it's over.


Notas iniciais do capítulo

agradeçam a Kelly Clarkson, pois foi ouvindo todos os CDs dela que eu tive um surto de criatividade, e já terminei Hopeless.
Mais um capítulo, e oficialmente acabou a fanfic.



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Droga. Quero dizer, sabe quando sua vida é perfeita, você realmente não tem problemas, tem um namorado, uma melhor amiga que também tem um namorado, uma família boa e tudo o mais? E do nada, tudo que você conhece e ama, é destruído e cai sobre a sua cabeça, deixando uma dor insuportável em seu lugar? É assim que eu me sinto agora.

Com todas as pessoas que são especiais para mim, todas as pessoas que eu amo e faziam parte de minha vida perfeita - tá bem, nem todas, mas a maioria delas - estão à minha frente, sofrendo, tudo por que eu não tive pulso firme e permiti que o problema entrasse me nossas vidas. E, nesse caso, o problema se chama Nicole-com-sua-doença-mental-retardada.

Eu sinto que vou morrer. E quando eu digo morrer, não em um caso exatamente bom. Eu sinto que eu vou morrer. Droga! Meu coração provavelmente, está acelerado. E provavelmente, por que eu não consigo senti-lo agora. Estou ocupada demais examinando todas as pessoas que fizeram de minha vida, uma vida melhor, uma vida com felicidades e, oh, claro, muito arrependimentos. Mas, é graças a eles, que eu provei de tudo um pouco, e sei que não perdi nada.

-Você sabe, Nicole... Isso não vai levar a nada. Você não é capaz de machucar ninguém aqui, pois apesar de você estar fora de si... você ainda é você. E eu conheço você, sei que você não tem mais o controle de nada, e está totalmente dependente da Pamela, ou isso é o que você pensa, mas não é. 

Lisa sussurra do outro lado, ainda agarrada com Mateus. Levanto o olhar, vendo-a tremendo, e com lágrimas nos olhos. 

Isso é dez vezes mais difícil para ela do que para qualquer um aqui. Ela já passou por isso, e ela conhece a Nicole a tanto tempo que é como se quem estivesse precisando de ajuda era ela.

-Lisa - ela falou, tão concentrada em Lisa que fosse como se a vida dela fosse ela. - Lisa!

Nicole deu um pulo para o lado, soltando o braço de Pamela que correu em minha direção, e se sentou em meu colo, me abraçando. A abraço de volta, sentindo uma sensação de calma que ela sempre me passou, em todos esses anos. 

Minha atenção é direcionada a Nicole quando ela grita. Lisa corre em sua direção, se ajoelhando ao seu lado e tirando uma injeção do bolso, injetando rapidamente no braço de Nicole, que grita e se debate contra Lisa, que a abraça e espera, até que Nicole apague completamente. 

-MAS QUE DIABOS...?! - eu e Pamela gritamos juntas, apontando para Lisa e Nicole. 

Lisa acabara de sedar a Nicole. POR QUE DIABOS ELA NÃO FEZ ISSO ANTES?

-Eu... tenho que fazer uma ligação. - Lisa se levanta, deixando Nicole jogada no chão e vai em direção a porta da frente.

Olho para todos na sala, que estão como eu: paralisados, tentando aceitar que a Lisa podia ter acabado com isso desde sempre e não o fez, apenas prolongou.

-Acho que eu preciso ir para a casa. Agora, se estiver tudo bem para vocês. 

Olho pela janela da cozinha, vendo Lisa no quintal com o celular grudado na orelha. Sua expressão era de total... medo. Lisa estava tão apavorada com tudo isso, e em nenhum momento eu pensei que ela se sentia assim. Mas Nicole era sua amiga a tanto tempo, e ela já havia passado por aquilo, então com certeza aquilo era doloroso para ela. 

-Você já está em casa, Jessica. - Mateus se pronuncia, olhando-me como se estivesse com dor. 

Analiso-o, escolhendo as palavras com cuidado. Fico assim por mais segundos do que o esperado, e quando finalmente decido falar, Guilherme me interrompe. 

-Ele tem razão. Sua casa é aqui. Você tem que ficar aqui com a sua mãe, Je. A Sarah sente falta dela. E eu sei que você é uma ótima mãe para a Sarah, e tudo o mais... mas você é a irmã dela, não mãe. Você vai ser mãe logo, mas por enquanto, é apenas uma irmã. A Sarah precisa da mãe dela.

-Para quê? Ela transar com um desconhecido enquanto eu e a Sarah estamos no quarto ao lado? Ou será que é para os clientes dela praticamente transarem comigo mentalmente quando me verem?

-Eu larguei isso, Jessica - olho para o lado oposto da sala, observando-a com cuidado.

Alguns meses atrás, ela era tão linda, radiante, realmente tinha aquela beleza de parar o transito. Eu realmente tive a quem puxar, mas ela somente estragou tudo. 

-Sabe, você poderia ter pedido ajuda para mim, Silvia. Você poderia ter pedido para que eu economizasse, para que eu arrumasse um serviço, ou somente, poderia ter me avisado. Mas você preferiu o caminho que era mais fácil e prazeroso: ser uma prostituta suja.

-O quê é pro... pro... uta? - Sarah tenta repetir a palavra, rindo de seu embaraço.

-Mateus, tira ela daqui. Eu preciso falar com a Silvia sozinha...

Logo todos haviam me deixado sozinha com ela; depois de meses evitando-a, odiando-a e querendo nunca mais vê-la, aqui estou eu, tentando resolver minha vida e voltar ao que era.

Dou um suspiro longo e cansado, e percebo que estou pronta para aceitar tudo que eu quis negar em todo esse tempo: eu precisava da minha mãe. Eu estava com saudades dela, de seu abraço, de suas piadas sem graça pela manhã. Estava com saudades de vê-la correr pela casa com a Sarah no colo, ou até mesmo de ouvi-la roncar no quarto ao lado. Estava com tanto saudade dela que não cabia dentro de mim. 

Eu vou ter um filho em alguns meses, e não quero exclui-la disso. Quando pensei que já tivesse tido todos os tipos de felicidade que o mundo poderia proporcionar, eu esqueci de um. Que é tão belo quanto os outros: compartilhar a felicidade com uma pessoa que você ama. 

-Jessica, eu... - ela começou, e torceu a boca, olhando para uma qualquer lugar que não fosse eu - Eu dormi com o meu chefe. Foi por isso que eu fui demitida, sua mulher descobriu. E ele me deu dinheiro quando nós... hm, acabamos. E eu acho que me acostumei tanto com isso, que eu não consegui parar. Na verdade, o dinheiro estava entrando facilmente. Tudo que eu tinha fazer era aquilo, e eu estaria com dinheiro no bolso. Mas quando você me bateu, o que eu devo dizer, me deu várias cicatrizes e cortes, eu acordei para a vida e notei o que eu estava fazendo comigo mesma. Eu sinto muito. Eu realmente não queria tudo isso. Mas quando eu perdi o emprego, e vi que você estava feliz, e a Sarah também... Eu entrei em desespero. Não sabia o que fazer, sabe? Então eu fui pelo caminho mais fácil.

-Você poderia ter pedido minha ajuda, Silvia. Eu te ajudaria, e nós passaríamos por isso. Mas não, você não quis...

-Eu sei, tá? Eu sei! Eu sei que eu estraguei tudo, e também sei que mereci aquela surra, mesmo eu não tendo drogado a Sarah. Ela é minha filha, Jessica! No que você estava pensando quando me bateu? Que eu queria mata-la? Por Deus! Eu a amo tanto... E também amo você. 

E também amo você. 

Quanto eu senti falta disso? De ouvir minha mãe falar essas palavras que me confortam tanto?

-Eu também te amo, mãe. Mas não é por isso que eu vou voltar para casa, ou até mesmo te perdoar. Eu vou ficar na casa do meu pai, tá? Eu só preciso de um pouco de tempo para entender tudo direito. Mas eu volto um dia, tá bem? 

Empurro a cadeira para perto dela, e permito que ela me abrace. Fecho os olhos, sentindo aquele formigamento que só ela trazia para mim.

-Mm-hmm... eles vieram pega-la. 

Levanto o olhar e me separo de minha mãe, vendo Lisa entrar com dois caras vestidos de branco, e uma maca.

-A Nicole. Eles vieram pega-la. - ela aponta para o canto onde Nicole estava deitada.

Por um momento eu já havia me esquecido dela. Olho para Lisa, chamando-a. Ela caminha para perto de mim e se senta em meu colo, exatamente como Pamela fez. 

-Hospital? - pergunto, encostando minha cabeça em seu ombro.

-Hospício. - ela dá um suspiro. Vejo em seus olhos a dor em deixar com que a levem dali. 

-Liz, ela vai ficar bem. Assim que ela voltar a tomar os remédios, ela vai ficar bem, igual da última vez, tá? 

Ela soluça e se abaixa um pouco, se aconchegando em meu colo. Ela coloca a cabeça em meu pescoço, e fecha os olhos, permitindo-se a chorar. Ela chora por vários minutos, e eu apenas fico em silêncio, abraçando-a e fazendo carinho em seus cabelos longos. De vez em quando ela sussurrava algo, do tipo "Eu não quero que ela sofra de novo, eles a machucam lá" ou "Ela entra mal, e sai pior ainda. Eu não quero que ela fique mal de novo".

-Ela ficará bem, Liz. Você viu como ela ficou quando você falou com ela? Ela é forte. Ela sabe lutar contra a doença. Não se preocupe. 

-Sabe... Eu fui a única que lutou por ela sua vida inteira. Ninguém queria ela por perto, nem mesmo as outras meninas. Todas tinham medo dela, até mesmo a família. Todos tinham medo de se aproximar demais e no final acabar sendo a próxima obsessão dela. Mas eu não ligava, sabe? A Nicole era minha única amiga também. Eu só tinha ela antes de conhecer as outras, e eu sei que as outras só estão por perto por causa do dinheiro. Mas eu não ligo, sabe? E a Nic... É difícil vê-la partir assim. E o pior, é que quando eu for visita-la, ela vai olhar bem no fundo dos meus olhos e dizer o quanto ela está sofrendo lá. E, eu não vou conseguir lidar com isso de novo, Je...

-Mas agora você tem a mim, Liz. E eu vou ajudar vocês duas, tá? Ela vai ficar bem, você vai ficar bem. Todos vamos ficar bem...

-Promete?

-Prometo. 


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Notas finais do capítulo

Agora já sabem, né? Reviews/comentários no twitter (fuckdemis) e posto o outro amanhã mesmo. ;)



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