More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 4
Look what they’ve done to my song...




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Eu ainda estava no plano de tentar esquecê-lo, mas sabe? No fundo eu sabia que não era assim tão fácil, e eu só conseguirei mesmo quando me afastar completamente dele — mesmo que essa alternativa me doa profundamente. É difícil amar uma pessoa que não te corresponde; mais difícil ainda é virar a vítima das armadilhas de seu próprio coração. É horrível ficar na dúvida cruel se as coisas que acontecem existiam de fato — eram pistas —, ou apenas um roteiro ilusório criado por minha mente.

Sexta-feira novamente e, por incrível que pareça, eu não queria entrar nesse fim de semana. Fim de semana era o mesmo que não ver Edward, e isso me consumia. Era horrível admitir que sentiria sua falta, e mais horrível ainda não saber se o sentimento era recíproco. Eu nunca ia saber, de fato.

Estava jogada no meu sofá, mais uma vez atrasada para o primeiro horário de biologia. Dei-me conta que não havia frequentado a aula do Sr. Banner uma vez sequer essa semana, e isso era preocupante. De qualquer forma, eu não estava com pendências nessa matéria mesmo, porém sabia que perder uma aula, significava menos tempo com Edward, ainda mais dia de sexta, que querendo ou não, nós apenas tínhamos três aulas.

Enquanto lia as páginas finais do O código da Vince, o telefone de minha casa tocou. Pela hora só podia ser alguém da escola, provavelmente Renesmee ou Jessica, com seus bônus infinitos do celular. Pelo número na mica, era a primeira.

— Alô, alô? — atendi sorridente, na expectativa de ser uma fofoca das boas.

— Menina, venha para a escola agora, tem uma cadeira vaga ao lado de Edward! — Atrás de sua voz, ouvi o barulho dos meus queridos colegas na sala.

Olhei o relógio do microondas, franzindo o cenho ao constatar que eram 07:49. Como ela achava que eu ia conseguir entrar na sala? O prazo de tolerância já havia terminado fazia tempo.

— Já bateu o segundo horário? — perguntei, sabendo a resposta.

— Não!

— E o professor está aí?

— Está, mas ele me deixou entrar agora, venha logo ou você vai perder o lugar.

Ela desligou antes mesmo de eu dizer algo. Sorri, correndo para guardar meu livro na mochila, e logo após jogá-la contra minhas costas. Dei uma última olhada no meu reflexo no espelho, satisfeita pelo meu novo visual, e saí. Dez minutos depois estava passando pelo portão de entrada da escola, o vento batendo freneticamente em meus cabelos, agora tão finos e sedosos que deslizavam por meu rosto como uma pluma suave. Estava louca para saber o que Edward diria, mas tentava me conter, pois dele podia se esperar de tudo. Ou nada.

Subi as escadas quase correndo, por sorte, estava sozinha. No segundo piso, a funcionária mais chata dos corredores estava lá sentada, fazendo não-sei-o-quê. Quando me viu despontar na escada, olhou-me interrogativa.

— Já bateu? — perguntei casualmente.

— Ainda não.

Olhei para a escada que estava virando minha companheira mais do que deveria. Semana que vem eu irei chegar cedo, prometi. Sem outra escolha, sentei-me no degrau e peguei meu livro na mochila. Aff, você acha que iria entrar como, mulher-maravilha? Bem feito. Agora espere aí sozinha, sentada, e na escola.

Tentei me distrair com a leitura para deixar o tempo passar mais rápido, e por mais que eu tentasse, escutava a voz do Sr. Banner ecoando no corredor. Jurei ter escutado a voz de Edward, mas poderia ser coisas de minha mente fantasiosa.  Várias cenas começaram a inundá-la, e mesmo não querendo, uma nova situação surgia: eu parada na porta da sala, falando algo que atraísse a atenção do Sr. Banner, e ele riria achando engraçado; Edward estaria olhando para mim, com ciúmes e curioso para saber o que conversávamos; logo depois, Sr. Banner deixaria eu entrar.

Depois dessa, outra cena me veio à mente: eu pegando a cadeira que estava ao lado de Edward, e arrastando para sentar ao lado de Renesmee, mas o mesmo me impediria e diria que não. Daí quando eu perguntasse o porquê, ele iria dizer “Você pode sentar, mas sem tirar ela daqui”.

É, eu era bem criativa.

A porta de minha sala se abriu, e Embry saiu de lá, indo pra não-sei-onde.

— Vai para sala, rapaz — disse, antes de virar as escadas e descer.

Sorri e voltei a ler meu livro. E pensar que Edward estava a apenas alguns passos de distância de mim... Isso estava se tornando incomodo. Alguns minutos se passaram, e escutei vozes vindo da escada. Embry e mais alguém... depois Embry falando sozinho... deduzi que ele estava no telefone. Que coisa feia! Saía da aula para ligar para os amigos? Tisc, tisc.

Ele subiu as escadas, e ao me ver sentada ali, disse a mesma coisa novamente.

— Ainda não bateu — falei prontamente.

— Você já está passada nele? — indagou, ainda andando para a sala.

— Sim — sorri, inclinando-me para vê-lo, pois a parede ao lado da escada me impedia.

— Sortuda, passada, nem precisa ir pra aula. — E então entrou, e lá estava eu sozinha novamente no corredor.

E esse sinal que não batia logo?

Quando finalmente o sino soou, tratei de levantar logo. Mike subia a escada despreocupadamente, dirigindo-se para a sala, e fiquei apreensiva. Ele era amigo de Edward, e poderia querer se sentar ao lado dele! Não, eu não poderia perder meu lugar de camarote! Deixei-o entrar, e esperei alguns segundos para entrar também. Segurando um suspiro, dei graças a Deus por ele ter ido a outra direção. Olhei de relance o professor, rapidamente, e logo meus olhos se conectaram a pessoa que eu mais queria ver nesses longos minutos lá fora.

Edward me olhava fixamente, e nesse tempo, eu me esqueci de onde estava, com quem estava e a cara de idiota que eu poderia estar — eu sabia que com certeza, deveria estar. Percebi que estávamos fazendo muito disso ultimamente, esse lance de conexão com os olhos.

Hoje o queridinho estava novamente na frente, mais precisamente na primeira cadeira da fila. Ora, resolveu pegar o lugar de Renesmee? Estranho. Nesse meio tempo em que eu ia para o meu lugar, indagava-me mentalmente onde estaria a bendita cadeira ao lado dele; não havia nada! Entrei na fila, e a cadeira atrás dele estava ocupada... pela garrafinha de água dele. Bendita garrafa de água! Recuei para a cadeira de trás, e apesar de estarmos uma cadeira de distância, elas estavam sinistramente juntas que parecia que eu estava mesmo atrás dele.

Fitei Renesmee, que me olhava sorridente.

— Se você chegasse cinco minutos antes, teria sentado aí — sussurrou, aprontando com a cabeça a cadeira com a garrafa.

— A tia não deixou eu entrar. Você não disse que era ao lado dele? — salientei, fuzilando-a com o olhar.

— Eu disse colado a ele. — Revirei os olhos. — E Leah entrou muito depois de mim e ele deixou.

Virei para frente, fuzilando a pobre da garrafinha. Por que ele fazia essas coisas? Garoto irritante! Renesmee elogiou meu cabelo e minha sobrancelha, enquanto Lauren, que até pouco tempo dormia que nem uma porca na cadeira, levantou a cabeça e começou a participar da aula.

— Você não estava dormindo, maluca? — perguntei, brincando.

— Quem disse que eu estava dormindo? Estava com a cabeça baixa.

De relance vi Edward prestando atenção em nossa conversa pelo canto de olho. Ele queria virar, mas eu sabia que não iria. Continuamos conversando sobre besteiras, e o professor saiu, entrando o de física. E nada de Edward falar comigo...

Arrastei minha cadeira até Renesmee, que estava sentada em nossa costumeira fila no canto da parede. Ela estava exatamente na segunda cadeira da fileira, então tratei de colocar a minha um pouco mais à frente, a fim de sentar ao seu lado, e ao mesmo tempo, ficar mais próxima de Edward. Eu iria aproveitar ao máximo enquanto ele estivesse em minha “área”.

Seu perfume logo invadiu minhas narinas e me senti confortável. Tudo que eu queria era abraçar aquelas costas larga dele, e pode afagar seus cabelos que pareciam tão macios... Por que ele não me dava bola?!

Contei, animada, o que havia descoberto no dia anterior a Renesmee, e Lauren escutou de quebra. O professor começou a copiar coisas no quadro e abri meu caderno; minutos depois, Jessica chegou, atrasada como sempre. Se bem que eu não era mais ninguém para dizer isso dela... Ela perguntou a Edward se ele podia tirar a garrafa dele da cadeira, e ele tirou-a prontamente.

Viu, Bella, o que custava você ter pedido?

Jessica sentou ao meu lado, colando sua cadeira na minha. Começamos a conversar besteiras, e logo a sala estava em euforia: com a vitória inesperada do time de Aro, Caius deveria pagar a aposta. Entre gritos para lá, conversas para cá, consegui distinguir um “raspar a cabeça” no meio da confusão. Eu e minhas amigas nos acabávamos de rir. Marcus vinha com uma máquina de cortar cabelo e arregalei meus olhos. Oh, tadinho! Ele teria mesmo que cortar o cabelo?

— Aquela é uma máquina de cortar cabelo? — indaguei rindo.

Para minha surpresa, Edward respondeu, meio olhando para mim, meio olhando para os garotos:

— É, para raspar a perna de Caius.

Sorri por dentro por ele ter respondido. O garoto estava ligado em tudo que eu dizia, e era por isso que eu falava de garotos de propósito com minhas amigas, para causá-lo ciúmes. Eu sabia que ele estaria escutando.

Depois da confusão — e de ninguém ter realmente raspado a perna de Caius —, Edward levantou de sua cadeira e começou a passear pela sala. Eu simplesmente odiava isso, pois, quando não estava sentado na roda de seus amigos e permanecendo lá por tempo demais, estava abraçando as rodadas das garotas de minha sala. Nem olhei o que ele estava fazendo, deixei lá.

Minutos depois, escutei sua voz próxima a mim. Ah, finalmente ele estava falando com nós... De soslaio eu via ele brincando com o cabelo de Jessica e logo fiquei com ciúmes, apesar de não haver motivo nenhum para isso. Ela ia se casar em poucos meses, com uma pessoa muito melhor que o idiota atrás dela. Ele saiu andando e veio parar atrás de Renesmee, mexendo em seu cabelo também, e eu, que estava no meio, nada! Foi então que a esperta da minha amiga agiu.

— Seu cabelo ficou lindo, Bella — disse, acariciando meus fios.

Sorri agradecida para ela, e ainda senti Edward nos olhando, mas quando penso que não, ele dá as costas e sai de lá.

— Como é bom ser ignorada — murmurei, e ela riu.

Não pude evitar lembrar que no ano passado, quando Jessica havia feito a sobrancelha pela primeira vez, ele havia notado algo de diferente em seu rosto; até quando eu havia cortado meu cabelo outra vez e partido para o lado que eu não estava acostumada, e ele com seu jeito simpático de dizer...

“O que aconteceu com o seu cabelo?”, indagou Edward, olhando-me. Estávamos sentados lado a lado.

“Cortei, oras”.

“Finalmente alguém reparou”, disse Lauren, sorrindo para nós.

“É que ela é tão invisível que só eu notei”.

Suas palavras me magoaram, e Lauren pareceu perceber.

“Se você notou é porque presta atenção nela”, rebateu, satisfeita.

Ele nada disse e apenas ficamos calados.

Eu sentia falta daquele tempo, éramos mais unidos e eu definitivamente não sabia como paramos nessa situação. Tudo bem que nunca fomos o protótipo de melhores amigos, mal nos falávamos fora da escola... Mas, de alguma forma, eu me sentia muito mais ligada a ele do que agora.

O resto da aula seguiu demasiadamente lento e tedioso. Assim que o sinal bateu para o terceiro horário, química, decidi que seria mais esperta agora. Iríamos mudar de sala, e eu faria de tudo para sentar literalmente ao lado de Edward.

Vi Jessica arrastar sua cadeira de volta para trás de Edward e fiquei brava. Aquele era o meu lugar! Porém, lógico, não iria dar bandeira. Todos se apressavam para arrumar as carteiras, para que na hora dos testes depois do intervalo, o esquema estivesse pronto.

— Não vou sentar aí atrás, a tia vai me pôr na frente do ar, como sempre — resmunguei, olhando com desgosto para o espaço vazio atrás de Jessica.

Edward estava de pé, ao lado de sua cadeira, fingindo que não estava prestando atenção no que eu fazia.

— Vou sentar aqui na frente — falei, arrastando minha cadeira para pôr na frente de Lauren; Edward agora não escondia mais que estava me olhando, e por um momento, deve ter pensando que eu sentaria em sua frente. Coitado.

Ele saiu indo para a aula de química e eu troquei um olhar cúmplice com minhas amigas. Era hora de agir. Enquanto eu saía da sala com Jessica e Renesmee, ela me dizia, sorridente:

— Você viu? Ele estava olhando para você!

— Eu sei — falei presunçosa.

Adorava quando alguém confirmava quando ele olhava para mim, de alguma forma me sentia aliviada por não estar inventado nada; era nesses poucos momentos que me dava a certeza de estar sendo correspondida.

Renesmee agarrou meu braço e saímos correndo escada acima. Ao entrar na sala de química, metade da turma já estava lá. Na esquerda, encontrava-se Edward, no mesmo lugar de ontem, as cadeiras ao seu lado vazias. E foi para lá que eu fui. Nem me importava se estava dando bandeira, quando íamos para aquela sala, nossos lugares eram aqueles mesmo, ontem que eu havia experimentado sentar no fundo.

Puxei a cadeira no canto e arrastei para o lado, sentando alguns centímetros de distância dele. Como estava de costas, fingi não saber para onde estava indo. Renesmee, sempre esperta, puxou logo uma cadeira atrás de mim, seguindo-me. Sentei na cadeira e ela pôs a sua ao meu lado. Jessica já tinha notado o plano. Pegou a cadeira na frente, e colocou ao lado de Nessie.

— Vai mais pra lá aí — disse ela.

Levantei inocente e puxei minha cadeira para mais perto de Edward. Ele parecia concentrado em sua atividade. Senti minha cadeira deslizar ainda mais para perto dele, era Renesmee me empurrando “disfarçadamente”. Lauren entrou na sala e veio ao nosso encontro.

— Vai mais para lá para Lauren sentar aqui também.

Elas estavam tentando fazer nossas costumeiras “cordinhas” na sala, e ao mesmo tempo, colar-me ao lado de Edward. Puxei novamente minha cadeira, e agora Edward nos fitava. Eric olhava a cena, rindo.

— Não dá para Lauren sentar aqui — eu disse, e realmente era verdade. Havia sobrado pouco espaço entre Jessica e a parede, então Lauren sentou atrás.

Depois da mini confusão, abri o caderno e li as questões que estavam no quadro. Por ter conversado a aula toda ontem, não sabia nada. Novidade. Renesmee havia faltado à escola ontem, tampouco sabia.

Edward pegou a garrafinha estúpida dele e começou a beber que nem estava fazendo ontem, demorando tempo demais em um biquinho que eu me perguntava se apenas eu achava sexy. Cutuquei Renesmee para ver que eu não estava brincando quando disse isso a ela mais cedo, e ela sorriu, vendo que eu não havia mentido. Era lógico que ele estava querendo a atenção de alguém fazendo isso.

— Quem tem o pior poder de vampiro de todos os tempos? — indagou ele a mim, e eu sabia que era uma insinuação ao Top 5 da aula de inglês de ontem. Idiota.

— Você — respondi mal-humorada. Odiava quando ele fazia piadas idiotas com o Robert.

— Eu não sou vampiro — respondeu, divertindo-se com minha cara.

Então se virou para minhas amigas, contando com seu tom zombador:

— Ontem na aula de inglês o professor colocou um Top 5 dos piores poderes de vampiros de todos os tempos. Sabe quem ficou em primeiro lugar? — Eu apenas bufava ao seu lado. Estúpido.

— Bella? — disse Jessica, voando. Ela nem fazia ideia de quem era Robert Pattinson, tadinha. Desatualizadíssima essa.

— Bella não é vampira — disse ele.

— Robert — disse Lauren.

— É! — E deu aquela risada estranha que só ele sabia, nem Lauren, rainha da imitação, tinha a proeza de conseguir reproduzir.

— Nossa, Edward, olha como elas estão rindo — zombei de sua cara. As meninas o encaravam como o perfeito maluco-idiota que ele era.

— Elas não entenderam — disse, defendendo-se, mas ainda rindo.

Ignorei-o por hora. Eu até podia gostar de falar com ele, e depois até ria de suas implicações bobas; mas no momento exato que elas aconteciam, Edward me dava nos nervos, de verdade.

Enquanto eu debatia a questão dois com Nessie — Jessica e Lauren estavam ouvindo música na sala e cantando que nem duas idiotas-desocupadas que eram —, Edward se meteu respondendo uma pergunta de Nessie.

— Como sabemos qual é a base mais forte? — indagou ela, olhando o quadro. Eu não fazia a mínima ideia.

— Vocês diminuem o número de átomos do primeiro com o último — intrometeu-se Edward. — Se der 2, é forte, 1 é moderado e 0 é fraco.

Entreolhamos-nos, surpresas por ele ter dito algo. Eu estava tão perto dele que sentia todo o calor de seu braço sendo transmitido para o meu, sem contar seu perfume inebriante. Apoiei meu cotovelo em sua cadeira, como quem não queria nada.

Depois de nossa descoberta, Nessie não perdeu tempo de perguntá-lo outras dúvidas. Eu apenas escutava calada, fascinada por sua inteligência, sem contar que sua boca estava tão perto da minha que me dava vontade de atacá-lo.

Percebi que Nessie estava escrevendo algo em sua carteira, “Pergunta algo a ele”.

— Eu não — sussurrei —, eu teria que perguntar tudo. Tô me sentindo uma burra.

— Pergunta qualquer coisa, menina, faz igual eu — respondeu, no mesmo tom de voz.

— Não tenho o que perguntar — admiti. — Ele tava olhando para mim quando te respondeu.

— Aff, você se contenta com tão pouco.

Fiquei encabulada com o que ela disse, e não pude evitar concordar. Apesar de a todo custo correr de minha timidez, ela no fundo ainda estava lá, assombrando minha vida.

Resolvi tentar responder a segunda questão com a explicação que ele tinha me dito. Agora as coisas estavam mais fáceis. Lembrei-me de quando ele me explicava ano passado matemática quando lhe pedia. Era tão amoroso... Fiquei feliz por estar revivendo um antigo costume nosso. Virei para olhar o seu caderno e conferir se a resposta estava certa, mas ele estava de costas, tirando dúvida com outras pessoas ao seu lado, e com a mão em cima do caderno. Não foi de propósito, mas só me dei conta quando minha mão tocou seu braço, quente, e tirei-o de cima da questão. Era tão boa aquela sensação esquisita de conforto que dava quando o tocava.

Voltei a fazer a atividade, como se nada tivesse acontecido. Se ele entendeu de uma forma intencional meu atrevimento em tocá-lo, eu não sei.

Fomos para a questão três e, enquanto lia, vi ali a deixa perfeita para perguntá-lo algo. É, os ventos ainda estavam ao meu lado, além de Edward, claro.

— O que é ácido perclórico?

Renesmee me olhou.

— Pergunta a ele.

Dei uma risada nervosa. De repente a vergonha tomou conta de mim. Argh, isso só provava cada vez mais o quanto estava me apaixonando por ele.

Girei minha cabeça para olhá-lo e fitei seu caderno, ainda com a bendita vergonha. Não sei porque, mas algo me dizia que ele só estava esperando eu lhe fazer a pergunta. Edward não era estúpido. Já devia ter notado algo desde o momento que minha cadeira colocou ao seu lado, no início da aula. Respirei fundo e tomei coragem. Eu não deixaria a vergonha ganhar de mim.

— Edward, o que é perclórico?

— Está no caderno, se você tivesse copiado. — Opa, o velho Edward estava de volta. Fiquei olhando com cara de tacho para ele, até que virou a página e me mostrou a tal tabela no qual eu devia ter copiado. — Aqui — mostrou, apontando com o dedo.

Gravei a substância mentalmente para anotá-la em meu caderno.

— Eu não tenho isso, deve ter sido da aula passada — disse Nessie, folheando seu caderno.

— Não foi da aula passada, foi da semana passada.

— Mas Nessie, você não faz nada na aula — tirei sarro com sua cara.

Ela revirou os olhos.

Continuei fazendo o dever, com um interesse que eu não tinha há muito tempo. O que Edward não fazia em minha vida...

— Ácido de maior base... — pensei alto.

— Oxigênio — respondeu prontamente. Alguém parecia interessado em me ajudar.

Ele levantou e foi até o outro lado da sala, entregando seu caderno a alguém. Logo senti sua falta, mas resolvi me concentrar na atividade em minha frente. Edward voltou alguns minutos depois, ainda sem seu caderno, e sentou em sua cadeira, lendo a próxima questão. Irina, que estava sentada próxima a gente, e hora ou outra trocava informações com ele, questionou algo a Edward que não escutei. Só sei que senti sua mão quente na minha, afastando-a da resposta de meu caderno, como eu fizera com seu braço mais cedo.

Se eu achei aquilo uma provocação? Não queira saber o que eu achei.

— Ainda falta a primeira questão — relembrei a Nessie.

Lauren e Jessica, depois de escutar e cantar que nem loucas, começaram a copiar as respostas de nosso dever.

Olhei o caderno de Edward de soslaio, que estava em sua mão novamente, e comecei a copiar a primeira questão. Ele olhou para o meu rosto e riu.

— Bonito isso, né? Copiando minhas respostas?

— Só estou copiando essa.

— E as outras?

— Eu não copiei as outras, eu fiz.

— E quem te ensinou? — desafiou-me. Fiquei calada. — Diga aí, quem foi que te ensinou? — Lá vem o Edward idiota...

Deixei-o no vácuo. Se isso era uma forma de eu dizer o seu nome, eu não cairia nessa.

Ele terminou a atividade antes que eu, lógico. Quando finalmente terminei a minha, dei graças a Deus, não aguentava mais aquele surto de nerdice repentino que havia me ocorrido. Levei para a professora dar o visto, juntamente com Nessie, e nisso Edward estava de pé, perto de nossas carteiras, imitando mais uma de suas muitas guitarras invisíveis.

Como fui me apaixonar por essa criatura?

Fechei o caderno e voltei para minha carteira, passando por ele e o ignorando. A professora avisou que quem tinha terminado poderia sair, então não pensei duas vezes antes de pegar minha mochila e sair com Nessie. Ele veio logo atrás, juntamente com a metade da sala, que até então, eu nem sabia que estava fazendo dever algum. Mafiosos.

Retornamos a nossa sala e corri para o meu lugar, para me preparar para as provas de hoje. Edward não sentara mais na frente, havia voltado para o seu querido fundão. Ainda brinquei imaginando que seria porque eu não sentei perto dele, mas sabia que não. Anotei todas as formulas de física e matemática em um papel e nisso Edward ficou zanzando entre minhas amigas contando uma de suas piadas idiotas.

— Qual foi o nome da banda que tocou ontem? A dica está nessa caixinha de suco aqui — perguntou a Eric, mostrando a caixa de suco AdeS que Lauren trouxera para beber, cuja embalagem era o filme A Era Do Gelo.

— Não sei — respondeu ele.

— SOJA — disse rindo, apontando para a caixinha que tinha escrito “soja” antes do nome “suco de maracujá”.

Eric deu uma risada sem graça, só para não deixá-lo envergonhado e tratou de sair correndo dali.

Levantei da cadeira, depois de copiar minhas formulas e fui conferir se faltava alguma com Nessie. Quando me viu, perguntou-me a mesma piada.

— Soja — respondi entediada. Será que ele não tinha percebido que eu estava sentado na frente de Lauren, e consequentemente, querendo ou não, eu ia escutar o que eles estavam falando? Edward se superava.

— Sua diaba — praguejou sorrindo. Chutei-lhe a canela levemente e ele riu mais ainda. Lauren e Jessica nos assistiam, como se fossemos uma novela da Globo.

— Meu pontapé é cinco vezes mais forte que o seu.

— Problema seu.

Ele encostou o pé de leve em minha canela, e pisei em seu pé, ele retribuiu, e logo parecíamos dois idiotas, como sempre éramos.

— Chega aí, né — interrompeu Lauren, e ele saiu de lá, deixando-me com elas. — Esse pisa-pisa.

Pisa pé — disse Lauren, rindo.

— Vocês são tão amorosos — disse Jessica.

— Alguns casais se relacionam com beijos, nós somos nos tapas.

Jessica ficou dando aquelas gargalhadas estrondosas dela, como se eu fosse a melhor comediante do mundo e saí logo de lá. Só tinha maluco nisso aqui. Conferi minhas formulas com Nessie, e depois fomos para o intervalo rapidinho, já que ela teria que voltar para terminar de copiar o restante de suas formulas na cadeira. A pesca rolava solto por aqui... 

Edward terminou a prova antes de mim e lamentei por isso. Assisti-o sair da sala, sem olhar uma única vez para trás. Agora só o veria na segunda-feira, dia que ele possivelmente estaria de bom humor, pois teríamos aula de inglês! 


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Notas finais do capítulo

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