O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Se eu não contar isso ela morre, mas sabem quem foi uma das primeiras leitoras de OGC9? A Rayná e por isso esse cap vai especialmente para ela :D Beijooocas Ray xx



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281864/chapter/9

Se existe alguém merecendo uns bons tapas bem no meio da cara, esse alguém era Sam. Eu queria bater nele e dizer o quão infantil aquela cena estava sendo, mesmo sabendo que isso apenas arrancaria mais e mais risos vindos dele. Dobrei os braços em frente do peito enquanto o encarava, mas em resposta, apenas recebi um olhar cheio de brincadeira e um riso contido.

Sam estava com uma sobrancelha levantada e uma leve vontade de rir muito visível em seu rosto. Ele achara completamente ridículo nós dois procurarmos por ai alguma pista da fortuna da família de Liliam ou até mesmo algum sinal de onde meu pai morrera para que eu tivesse provas. Fiz um sinal de reprovação para ele já quando dera sua humilde opinião sabendo que dele, não sairia nada produtivo.

Eu já estava voltando para o dormitório quando senti uma de suas mãos puxando-me novamente para trás e o som de seu riso sumindo.

- Ei, ei, ei, eu estava brincando! – disse ele segurando-me pelos dois braços, mas eu não o olhava nos olhos, estava com a cabeça virada para o lado de tanta frustração que fiquei por ele achar ridículo minha procura. – É um pouco bobo sim, pois você vai estar praticamente “pedindo” para aquela mulher vir atrás de você. – ele revirou os olhos. – E até parece que vou deixa-la ir sozinha.

Dessa vez quem levantara uma sobrancelha, fora eu. Porém, de pura indignação.

- Muito irônico isso, porque há alguns segundos atrás você achava a investigação totalmente ridícula. – falei repetindo suas palavras exatamente como ele dissera. – Mas então vamos logo, pois já sei exatamente onde devemos começar.

Sem deixar Sam dizer mais nada como “isso é loucura”, “você vai acabar se matando” ou “isso vai dar em problema”, puxei-o pela mão exatamente para o lugar onde deveríamos começar. Bom, naquele momento eu estava realmente agradecendo por conhecer bem meu pai, pois assim, umas das pistas mais importantes que precisaríamos, só seria descoberta por alguém que o conhecia muito bem. Ou seja, eu.

Havia ainda muitos seguranças pela região do internato e muitos deles faziam rondas noturnas, principalmente na área próxima ao campo de futebol e a frente do internato. Do lado de dentro, nosso único problema seria os ficais, quem cuidavam muito bem das entradas dos dormitórios até o último andar, onde eram os quartos dos professores e inclusive, a sala de Lilian.

Eu e Sam seguimos em direção ao corredor da entrada dos dormitórios, mas tivemos que recuar ao ver dois seguranças passando por ali. Puxei Sam para dentro de uma sala, a qual a porta estava aberta e deixei apenas uma fresta aberta para que pudesse ver algo. Tudo o que eu conseguia ouvir eram os passos do segurança mais próximo, quem chegou a tocar a mão na porta, prestes a abri-la. Sam se preparou para ataca-lo caso nos visse, porém, alguém chamou o segurança, quem desapareceu em outro corredor.

Logo a frente, não havia nenhum fiscal, então poderíamos seguir até o dormitório masculino e seguir pelo labirinto de corredores até o último andar – meu alvo. O fato de não ter nenhum aluno à aquela hora da noite perambulando pelo corredor apenas aumentara nossas chances de seguir em frente. Sam corria ao meu lado tentando fazer o mínimo de som possível, enquanto corríamos pelo corredor sem parar por nenhum segundo.

Nossas respirações estavam ofegantes por conta do cansaço, mas já estávamos próximos. Depois de subirmos as escadas que davam no último andar, seguimos até o final do corredor, onde uma porta alta alcançando o teto feita de madeira e com alguns desenhos entalhados. Sam me olhou confuso e quando eu estava prestes a abrir a porta, me puxou para trás com força.

- Está ficando louca? – sussurrou irritadiço. – Essa é a sala de Lilian! Se entrar ai, com certeza ela vai querer mata-la!! – Sam estava me segurando contra a parede com as mãos em meus ombros. – Mel, seja lá o que for que você quer fazer ai, não é uma boa idéia.

- Sam, você tem que parar de ser tão dramático. – resmunguei me afastando dele e indo novamente em direção a porta da sala de Lilian. – São quase duas horas da madrugada, ela deve estar dormindo. Só tente pensar positivo, ok? eu sei o que estou fazendo.

Ok, isso não é tecnicamente verdade.

Ele mordeu o lábio inferior enquanto pegava um grampo que eu trouxera e o usava para abrir a tranca da porta. Fiquei apenas observando esperando-o terminar, enquanto isso, chequei várias vezes para os lados do corredor me certificando de que não havia nenhum segurança por trás.. Exatamente como o esperado, a sala estava completamente vazia, sem nenhum sinal de pessoa.

Sam entrou logo atrás de mim fechando a porta lentamente sem fazer som nenhum até finalmente trancá-la usando uma chave que encontramos sobre uma mesinha de canto próxima à porta. A sala de Lilian, por ser muito grande, tivemos que separar em duas partes, então eu cuidava da mesa dela e Sam, as prateleiras e outras coisas.

A mesa de Lilian era retangular e com pelo menos um metro e meio. Vários papéis, cadernos e outros objetos estavam muito bem organizados sobre a madeira. Nas gavetas, muitos documentos de alunos e fichas de professores estavam organizados em algumas pilhas em ordem alfabética.  Todavia, esses não eram importantes, o que eu precisava provavelmente estaria muito bem guardado entre os papéis importantes dela sobre a mesa.

- Vai me dizer o que estamos fazendo aqui? – sussurrou Sam em meu ouvido quando abaixei para pegar um papel que caiu.

- Bom, minha lógica é o seguinte. – expliquei. - Se meu pai achara a fortuna, mas Liliam descobriu e o matou, provavelmente meu pai sabia exatamente onde estava escondido. Charlotte me entregou dois mapas do internato feitos por Liliam que mostram onde estão cada aluno, e isso me fez pensar o seguinte: se meu pai descobriu a fortuna, com certeza fez um mapa, e foi isso que o entregou a Liliam.

- Sim, mas por que ele faria um mapa?

- Porque, - peguei o papel amassado que estava muito bem escondido entre uma pilha e outra  – meu pai se esquece muito das coisas, é ainda mais distraído que eu. Apenas eu saberia disso, mas Liliam achou que não. E se ela o descobriu por causa do mapa, por que não escondê-lo?

Sam franziu o cenho, provavelmente muito surpreso com minha lógica certeira.

- Provavelmente é isso. – murmurou ele de forma pensativa. – Não tenho certeza, mas tenho uma sensação ruim em relação a isso, Mel, tem algo errado.

Respirei fundo. Sam não era o único que tinha uma sensação ruim quanto ao problema do mapa, porém, eu tinha que ignorar a sensação e continuar a investigação, tentando achar todas as informações possíveis naquele mapa.

- Meu pai me colocou aqui por um propósito. – sussurrei pensativa. – Só preciso saber o porquê...

Sam assentiu enquanto olhava por mais algumas coisas entre as prateleiras e livros procurando por qualquer pista ou algo estranho entre elas. O mapa em minhas mãos parecia pesado e carregado de energia negativa, provavelmente relacionado ao fato de ser um mapa de algo que estava prejudicando muitas pessoas.

Abri o mapa que achara entre as pilhas de papéis de Lilian e sorri ao ver que era muito parecido com o que Liliam fizera, porém havia um detalhe – num espaço muito perto do campo de futebol, havia um ponto circulado em vermelho e bem ao lado, algo escrito com letras muito parecidas com as de meu pai. Provavelmente, aquele era mesmo o mapa de meu pai, afinal, haviam detalhes muito suspeitos em relação a onde poderia estar a fortuna da família Mean.

Não sei exatamente o porquê, mas aquele círculo em vermelho que fizera pensar em uma coisa. Se Liliam soube que meu pai descobrira a fortuna e fez um mapa para encontra-lo, por que ela iria querer me matar se já o tem?

- Droga. – murmurei guardando o mapa rapidamente dobrado dentro de meu bolso e olhando para todos os lados. – Sam, temos que sair daqui agora!

- O que? Por quê? – perguntou confuso.

Peguei-o pelas mãos e comecei a puxá-lo na direção da porta sem dizer absolutamente nada. Tínhamos que sair dali e tinha que ser agora, estávamos em perigo dentro daquela sala.

- É uma armadilha! – berrei próxima a porta. – Liliam sabia que viríamos atrás do mapa! É uma armadilha, Sam, ela não...

Quando estávamos próximos a porta, senti que alguém a abriu fortemente, fazendo com que ela atingisse a parede violentamente. Pelo susto, eu e Sam pulamos para trás tentando nos afastar de três seguranças que abriram a porta e logo atrás dele, Lilian aparecer com suas mãos atrás das costas. Em seu rosto, havia um meio sorriso malicioso e ao mesmo tempo, vitorioso.

Dois dos três seguranças avançaram em nossa direção segurando-nos pelos braços, nos impedindo de tentar qualquer tipo de escapatória. O maior dos dois segurou Sam fortemente, tendo que usar sua força, pois Sam se debatia muito olhando em minha direção com um olhar preocupado.

- Muito inteligente de sua parte, Melanie, descobriu exatamente qual era o meu plano. – ela sorriu abertamente. – Parabéns.

- Nos solte agora! – gritei me debatendo contra um de seus capangas. – Liliam, você não vai ganhar essa, matou meu pai e vai pagar! Sua louca, como pôde fazer isso?!

Sua risada ecoou alto pela sala, num tom maléfico e pesado de sarcasmo. Quando terminou, o silêncio reinou por vários minutos antes que ela pudesse continuar.

- Sim, eu matei seu pai. – disse ela voltando a ficar séria. – Ele lutou demais, achou mesmo que escaparia de mim. Eu tinha que mata-lo. E sim, eu descobri que ele achara a fortuna e quase a conseguiu. Mas, parece que nem toda sua família é tão esperta quanto você. – ela riu enquanto me observava lutar contra os braços fortes do segurança me seguravam contra meu peito.  – Vejo que conseguiu ajuda. – disse ela se dirigindo a Sam. – Eu esperava mais de você Sr. Bower. Ajudando a me roubarem dessa forma? É muita inconveniência para alguém como você.

Sam abaixou a cabeça cerrando os pulsos. Lilian queria que ambos perdêssemos o controle e lutássemos para que ela se deliciasse com nossa agonia.

Não podíamos dar a ela, o que aquela mulher queria.

- Bom, Srta. Overton, você conseguiu o que queria, não é? – Lilian encarou-me de cima a baixo, procurando por algo entre as frestas de minha roupa. Claro, ela queria o mapa. – Diga-me uma coisa. Acha mesmo que esse mapa vai leva-la até a grande fortuna? Acredite, isso não vai acontecer. Por que acha que ainda não a encontrei e fugi desse lugar maldito, Melanie?

Franzi o cenho esperando que ela continuasse. Claro, exatamente o que pensei.

- Seu pai apenas deixou pistas de onde está a fortuna. – ela arrancou o mapa de meu bolso antes mesmo que eu pudesse notar. – Achou que seria fácil, não é? Bom, não será! – ela rosnou contra meu rosto. – Vamos fazer um trato, está bem?

- Nunca vou fazer trato nenhum com quem matou meu pai. – falei irritadiça.

- Então prefere morrer?! – berrou. Assenti soltando um suspiro. – Ótimo. Você encontrará a fortuna num prazo de 72 horas e se a conseguir, eu irei deixar você e seus amiguinhos em paz. Agora, se não conseguir ou não o fizer... – Lilian arrancou uma faca de seu bolso e a apontou diretamente para a garganta de Sam, quem fechou os olhos pelo medo. – Eu irei matar o Sr. Bower assim como fiz com seu pai.

Sam abriu os olhos ligeiramente e os dirigiu para mim, com um misto de medo e preocupação, ele respirava de forma ofegante tentando se controlar. O brilho da faca cintilava contra seu pescoço, estando perigosamente próxima a pele da região. Engoli um seco tentando não perder meu controle e tentar entende-lo quanto ao seu olhar preocupante em minha direção.

Respirei fundo e assenti.

- Tudo bem, eu farei isso. – murmurei. – Mas deixe Sam em paz.

Liliam sorriu vitoriosa, mandando logo em seguida seus seguranças soltarem a mim e Sam, saindo de perto dele e afastando a faca de seu pescoço. Sam soltou um longo suspiro ao sentir que a ponta da faca não estava mais tão próxima ao seu pescoço. Rapidamente, ele veio até mim passando um braço ao redor de minha cintura de forma protetora.

- Então seu prazo começa a partir de amanhã. – Lilian guardou a faca em seu bolso. – Não tentem fugir ou me enganar. – ela apontou para os dois homens. – Esses dois estarão vigiando vocês a todo segundo, então não façam nenhuma besteira. – Liliam me encarou friamente. – Acredite, Melanie, se sua vida já era um inferno, vai ficar ainda pior a partir de agora.

E sem dúvida nenhuma, ficaria um inferno mesmo, mas nada além do que já estava, afinal, iríamos ganhar dela, eu não a deixaria ficar com aquele dinheiro e não pagar pela morte de meu pai.

Aquela velha iria apodrecer na cadeia.

Antes que eu pudesse dizer algo, os seguranças nos mandaram sair da sala.



Sam se jogou pesadamente contra os bancos da arquibancada bem ao meu lado. Passou as mãos pelo rosto tentando secar o suor repetidas vezes.

- Não acredito que aceitou o trato dela. – ele fez um sinal de reprovação com a cabeça. – Mel, você sabe que ela está mentindo. Vai acabar nos matando mesmo se acharmos o dinheiro.

- Sam, ainda assim, tenho um bom pressentimento sobre isso. – dobrei as pernas me virando para ele. – Tenho quase certeza que Liliam está escondendo mais alguma coisa. Está facilitando muito, tem alguma coisa errada.

- Ainda assim não foi a coisa certa a fazer. – ele passou um dos braços ao redor de mim, fazendo-me deitar a cabeça em seu ombro. – Mas nós vamos conseguir. Liliam não vai conseguir o que quer tão fácil.

- Estamos juntos nessa?

- Com certeza.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto Da Camisa 9" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.