O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Eu morri escrevendo isso! Se preparem para o final do cap!



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Por que diabos minhas mãos tinham que tremer tanto justo naquele momento? Sei lá, não poderia ser daqui algumas horas quando estivéssemos com todos os alunos fora daquele lugar indo para casa ou para o internato? Seria muito melhor e eu não estria entre a vida e a morte como naquele momento em que tentava colocar a chave no cadeado da porta. Mordi o lábio inferior com força ao não conseguir encaixar a chave direito, fazendo com que uma dor se alastrasse por toda minha boca, mostrando que eu havia me cortado sozinha. Parei, respirei fundo e coloquei a outra chave tentando não tremer.

Sam estava ao meu lado, seu olhar desesperado alternava entre mim tentando encaixar a chave no cadeado e no corredor, onde os seguranças poderiam chegar a qualquer momento. Droga, por que ao invés de ficar me colocando pressão, não me ajudava?

- Rápido. – disse ele aflito. – Podem chegar a qualquer momento.

- Eu estou tentando, Sam, caso não tenha visto ainda! – indaguei furiosa. – Essa droga não entra!

Ouvi um “cleck” e o cadeado e suas correntes se soltaram caindo pesadamente ao lado de meus pés. Sam sorriu parecendo aliviado sobre o fato de finalmente as correntes se abrirem e estarmos livres para salvar os alunos.

- Rápido, vamos entrar logo. – ele preparou as mãos ao lado das minhas colocadas na beirada da porta de aço. Juntos, reunimos toda a força que ainda nos restava, ouvindo apenas o som da porta escorregando pelo chão, sendo movimentada para fora, o que possibilitava ela ser aberta.

O som da porta se movimentando era alto e disforme, provavelmente poderia chamar a atenção de Lilian e seus capangas, o que não seria nada conveniente a nós dois naquele momento.

Eu já estava ofegante e meus braços doloridos, porém após segundos a porta de aço estava parcialmente aberta. Um cheiro estranho num misto de sangue e mofo invadiu minhas narinas, fazendo-me tossir um pouco e logo, a nossa frente, a porta se abriu revelando uma quase escuridão completa e com apenas o som de algo se movendo ali dentro.

Quando meus olhos se acostumaram com a escuridão, não consegui conter as lágrimas e o sorriso.

 Primeiro, Charlotte apareceu de repente jogando-se sobre mim num abraço apertado e longo. Ela chorava como um bebê, puxando-me fortemente e dizendo coisas, as quais não pude compreender muito bem. Em seus braços, haviam hematomas muito parecidos com os de Carly e algumas manchas de sangue em sua blusa, a qual me sujavam um pouco.

- Mel, eu sabia que você viria. – disse chorosa. – Eu sabia...

- Sempre vou ajudar, sabe que sim. – murmurei tentando tirar o cabelo que insistia em cair sobre seus olhos.

Os alunos que estavam sentados, na verdade, amontoados em uma cela maior feita especialmente para colocar presos em isolamento. Nem todos possuíam ferimentos, eram apenas alguns como minha prima e mais dois garotos mais velhos. Em meio à todos que começavam a se levantar e seguir para fora da cela, avistei Jonah ali no meio, quem veio até nós e deu um rápido abraço em Sam.

- Não acredito que conseguiram! – exclamou ele. Estava pálido e com olheiras profundas. – Como passaram pelos Homens de preto?

A piada bem que fez jus ao momento, arrancando risos meus e de Sam, quem abraçara o amigo apenas mais uma vez, como se certificasse que ele estava vivo.

- Mel e seus planos geniais. – Sam piscou para mim.  – O resto é uma longa história.

- Vou agradecer eternamente por você ter conhecido essa garota. – Jonah me abraçou dando um beijo estalado em minha bochecha.

Eu não conseguia conter o riso, empurrando Jonah de uma forma brincalhona para longe.

- Onde estão Roman e Jesse?

- Levaram Carly para um hospital. – murmurou Sam. – Dois seguranças a estavam levando para um carro, mas os impedimos. O que fizeram com ela? Carly estava ferida dos pés a cabeça.

Jonah soltou  um longo suspiro.

- Ela já estava daquele jeito quando cheguei aqui.  – disse. – Uma garota me explicou que um segurança a pegou conversando com você, Mel, no celular. Então, Lilian mandou que a castigassem.

Engoli um seco. Exatamente como eu imaginara.

- É tudo culpa minha. – murmurei não conseguindo conter as lágrimas. – Droga, é culpa minha!

Jonah e Sam não negaram, apenas disseram para que eu não me culpasse daquela forma, afinal, Carly já estava em um hospital e provavelmente, bem melhor do que antes.

Os alunos se aglomeravam a nossa volta buscando respostas sobre o porquê de estarem ali e se conseguiríamos fugir. Eu e Sam dissemos que responderíamos perguntas depois, pois precisávamos todos sair dali antes que Liliam nos encontrasse. Reunimos todos ajudando os que estavam feridos e montando uma espécie de fila onde poderíamos seguir para a saída antes que algo pior poderia acontecer.

- Sam, me dê o celular.  – pedi enquanto corríamos para a saída. Sem pestanejar, Sam me entregou seu celular para que eu ligasse para nosso socorro.

Demorou um pouco até que ele finalmente atendesse.

- Roman?



Roman

Jesse andava de um lado para o outro batendo o pé enquanto a enfermeira cuidava dos ferimentos de Carly. Ela não passava muito bem e alguns de seus ferimentos abertos iniciavam infecções graves, por esse motivo, teriam que fazer uma cirurgia no braço esquerdo dela para que a infecção não ficasse pior.

Jesse estava muito preocupada com ela, assim como eu quem a conhecia desde meu primeiro ano naquele internato. Seria difícil não se sentir culpado naquele momento, era como se alguém martelasse em minha cabeça que eu deveria ter cuidado dela e não deixado que os seguranças a levassem. Afinal, quem causara a confusão no refeitório fora eu.

- Ela vai ficar bem, Jes. – murmurei vendo-a se sentar ao meu lado no banco no corredor ao lado da sala onde Carly estava.  Ela mantinha os braços cruzados e tive que  forçá-los para que pudesse segurar sua mão. – Não precisa ficar desse jeito.

- Roman, olhe para ela, está quase morrendo. – ela franziu o cenho colocando sua cabeça em meu ombro. Fiquei completamente estático. Bom, Jesse não sabia sobre meus sentimentos , mas aquele simples ato foi o suficiente para que eu sentisse minha garganta seca e meu coração palpitasse. – Antes de Mel chegar, Carly era minha melhor amiga, eu tenho motivos para estar tão preocupada com ela.

Suspirei. Sempre vi Carly e Jesse juntas andando pelo internato, pelo menos até aquele ano quando foram separadas dos quartos e Jesse conheceu Melanie.

- Eu entendo você. – eu disse mal acreditando em minhas próprias palavras. Eu a entendia? Balancei a cabeça tentando esquecer meus devaneios e voltei ao fato de que Jes estava bem ali ao meu lado. – Sei bem o que sente.

Pensei em dizer alguma coisa, talvez tentar confortá-la com palavras que pudessem acalmá-la e faze-la esquecer dos pensamentos negativos, como o fato de que Carly poderia não sobreviver durante a cirurgia. Ela estava desidratada e não comia a dias, então isso dificultava o tratamento médico.

Porém, quando estava prestes a dizer alguma coisa, meu celular tocou em meu bolso. Confuso, puxei o aparelho me deparando com o nome de Sam gravado na tela.

Havia acontecido alguma coisa.

- Roman? – ouvi a voz de Melanie do outro lado da linha. Ela estava ofegante e pelos sons de fundo, provavelmente estava correndo. – Roman, pelo amor de Deus, precisamos de ajuda! Tem que encontrar algum automóvel para levar os alunos da prisão!

- O que?!  – perguntei me sentindo muito lerdo naquele momento. – Um automóvel? Tipo qual?

- Tipo qualquer um, Roman! –berrou ela do outro lado irritada por minha pergunta idiota. – Alguma coisa grande, como um caminhão! Rápido, conseguimos salvar os aluno, temos que sair daqui o mais rápido possível!

Antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa, Melanie desligou. Olhei para Jes quem me encarava confusa tentando entender o porquê dos gritos de Melanie do outro lado.

Nem tive tempo de explicar, precisávamos correr.



Melanie

Continuamos correndo até a saída, passando pelos corredores repletos de pedaços de concreto que desabavam do teto e muita poeira, tanto que alguns espirravam e tossiam frequentemente.  Sam me guiava com a mão, pois seu senso de direção era muito melhor que o meu, assim não nos perderíamos a minhas custas.

- Tem certeza que é por aqui? – perguntei ofegante quando alcançamos um corredor mais estreito. Parecia que já havíamos passado por ali, mas o ruim era descobrir se passamos quando chegamos ou agora que estávamos tentando fugir.

- Sim, tenho certeza! – ele continuou me puxando até que chegamos em um local conhecido.

A porta arrebentada do galpão o qual era interligado com a prisão estava bem a nossa frente, quase como se criasse vida dizendo “a saída para esse inferno é aqui”. Encarei aquilo como uma alucinação, pois minha vontade de sair dali era extremamente grande. Uma coincidência, pois eu tivera uma alucinação muito parecida quando entramos na prisão por aquela mesma entrada.

Esperei para conseguir passar todos os alunos pela porta, pois por ser pequena e estreita, era preciso passar um de cada vez. No fim, todos haviam passado e conseguimos ajudar aqueles que estavam feridos. Sam me esperava do outro lado, ajudando-me a passar quando atravessei a porta.

Não havia nenhum segurança do lado de fora, coisa que me deixou extremamente confusa, porém me senti bem por estarmos do lado de fora e era só uma questão de tempo estarmos bem longe dali. Olhei para a estrada a tempo de ouvir um som estranhamente conhecido – uma buzina, entretanto mais alto. Sorri ao ver que um caminhão com uma traseira grande o suficiente, onde Roman e Jes estavam na parte da frente sorrindo e buzinando.

Quase os mandei para aquele lugar por estarem fazendo barulho demais. Porém, esqueci de tudo isso quando estacionaram na calçada próxima a prisão e foram abrir a porta da traseira para colocarmos todos ali antes que fossemos pegos.

E eu tinha que me lembrar de perguntar a Roman de onde conseguira aquele caminhão.

Rápido o suficiente, cada um dos alunos entrava no caminhão comemorando, rindo, ajudando uns aos outros para que todos pudessem se salvar. Eu sorria alegre de minha façanha e orgulhosa por termos conseguido salvar a todos, inclusive os seriamente feridos. Sam sorria em minha direção, o olhar finalmente calmo e alegre mostrando o quão ficou feliz com o resultado.

Não havia nada que pudesse acabar com minha alegria naquele momento, pois o único problema que restava era futura fúria de Lilian quando percebesse que todos os alunos já haviam escapado dali. Isso seria grave no futuro, mas pelo menos, todos estavam a salvo e poderiam ser levados para onde não sofreriam mais. Eu não os deixariam passar mais uma vez pelo que passaram ao serem sequestrados por Lilian, não era justo.

Mas de repente, algo fez o mundo parar de girar.

Meus lábios ficaram ligeiramente entreabertos.

Minhas pernas ficaram bambas e cai sobre meus joelhos.

A dor na região de minhas costelas era como uma pontada, quase como sentir um espinho entrar em seu dedo, entretanto muito pior.

Senti o que me perfurou sair de meu corpo, deixando apenas uma dor eletrizante como prova de que o objeto estivera ali.

Atrás de mim, pude ouvir sua risada alta e com uma quantidade excessiva de felicidade plena com sua façanha. Ouvi o som do metal rocar em suas unhas deixando a maior prova de que o objeto em suas mãos era uma faca.

A mesma faca, que fora fincada friamente em minhas costas.




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Notas finais do capítulo

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA MALDITA LILIAN, A MEL NÃAAAAAAAAAAAAAAO UOUEWNBIUKBFIKBFKIBRFKEFK



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