O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

sabe quais sãos os apelidos dos meus leitores? Vocês que estão lendo são os Dreamers hahaha *-*



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Contendo as lágrimas e engolindo o choro que tentara mostrar o quão vulnerável eu estava, forcei meus pés a seguirem ainda mais ágeis na direção em que o grito viera. Eu sabia que Charlotte estava sofrendo em não sendo forçada a gritar para que me atraísse até lá e Lilian conseguisse o que tanto queria: minha morte.

Agora, mais sons de gritos tomavam conta do corredor, enchendo o ar de uma forma pesada e desesperada. Eu sentia que meus pulmões explodiriam de tanto que eu já correra, minhas pernas estavam doloridas e o desespero deixava-me ainda pior.

Eu me sentia culpada ao ouvir esses gritos, pois preferia estar eu ali e não eles, eu faria de tudo para trocar de lugar com aqueles alunos inocentes. Não era justo aquelas pessoas sofrerem por uma coisa que meu pai nos envolvera e pela primeira vez, tive coragem de culpa-lo e não a mim. Eu não havia feito nada, apenas seguido o que ele dissera mesmo estando morto.

Entretanto, isso não diminuía a minha vontade de estar no lugar deles e ser eu quem estivesse sofrendo.

Virei uma esquina do corredor e me deparei com uma grande porta de aço. Estava trancada por um enorme cadeado e com correntes pesadas, provavelmente ainda mais pesadas que eu. Franzi o cenho tentando arrumar uma forma de abrir aquilo, mas nenhuma viera em minha mente. Então, fiz o que seria mais conveniente naquela situação – peguei a primeira coisa pesada que estava ao meu alcance e acertei as correntes.

Nenhum resultado.

Aquilo só funcionava com Sam, o qual era bem mais forte que eu e teria conseguido acertar aquilo e quebrar de primeira.

Mais uma vez, reuni toda a força que ainda me restava e voltei a acertar, porém no lugar das correntes, atingi o cadeado.

Nenhum resultado.

Soltei o pedaço de concreto que usara no chão e desabei por conta do cansaço e exaustão. Cobrindo meu rosto com as mãos, tornei a chorar sentindo que meu desespero ainda me tomava, porém a exaustão conseguira ganhar. Não havia como eu conseguir entrar ali, mesmo com os gritos enchendo meus ouvidos e mesmo que eu os tapasse, ainda sentia o desespero em suas vozes. Estava perturbador, ainda mais desesperante que o fato de eu não conseguir entrar ali. Sam chegara segundos depois encarando-me de uma forma irritadiça, porém ao mesmo tempo rígida. Alternando o olhar entre a porta de ferro e eu, Sam foi até ela e repetira o que fiz com o concreto e os cadeados.

Entretanto, nem mesmo Sam conseguira resultado.

Droga, o que estavam fazendo com os alunos?!

- Precisamos encontrar a chave do cadeado. – disse ele andando a minha volta. – Onde poderia estar?

- Sam, é óbvio. – falei com a voz carregada de sarcasmo. – Onde Liliam estiver, o cadeado também estará.

O que se passa em uma mente terrivelmente má como de alguém como Liliam? Não há como descrever como a maldade cresce em alguém – a sede de vingança, o ódio, maus-tratos, infância sofrida ou qualquer coisa. A maldade reside dentro de nós, por mais que tentemos reprimi-la. Ela quer sair, ela quer se sentir livre mesmo que a dona a mantenha em si no lugar mais profundo da alma.

Liliam é como alguém em que a maldade conseguiu escapar, conseguiu tomar conta de um ser que já fora até mesmo bom ou sábio. Agora, o mau está fora dela, enquanto sua bondade reside no lugar onde a maldade já esteve. Contida, sombria... guardada.

Meu pai pensava dessa forma, mas se houvesse mesmo um motivo para que Lilian tivesse ficado daquela forma, não fora porque sofrera na infância e sim, porque nascera destinada a ser uma psicopata e seria sempre dessa forma que eu pensaria.



Olhando de rabo de olho, avistei Liliam sentada em meio aos seguranças, segurando em suas mãos o que parecia um celular. Ela falava alto e claramente para a pessoa que estava do outro lado da linha e na maior parte do tempo, gritou frases como “Faça de tudo para que não dê errado” e “Não quero saber o que aconteceu com o outro segurança”. Não compreendi ao certo o que ela dizia, mas tirei conclusões de que ela poderia estar tramando algo para nos pegar antes que descobríssemos onde estavam os alunos.

Pois é, Lilian, tarde demais.

Sorri com meu pensamento maldoso dispensando o fato de que estávamos próximos da própria Liliam. Sam chegou à conclusão que deveríamos esperar um pouco para que tivéssemos a chance de conseguir a chave. Porém, para mim seria perda de tempo, pois era improvável que qualquer um dos seguranças saísse de perto dela ou a própria Lilian deixar a chave.

- Temos que tentar. – murmurou ele insistente. – É nossa única chance.

- Mas isso não significa que vai dar certo. – revidei. – Precisamos de alguma coisa que certo.  Já enganamos a morte muitas vezes, Sam, não acho que seria bom enganá-la tantas vezes.

- Está bem, e qual é a sua idéia? – disse ele com uma sobrancelha negra arqueada esperando que eu tivesse a ideia. Vendo que fiquei quieta, Sam revirou os olhos de uma forma irritante.

- Droga, você está agindo como uma criança. – murmurei. – Típico de você.

- Eu?! – revidou irritado. – Você que sempre acha uma forma de acabar com qualquer ideia minha! Se prefere escolher você mesma, fique a vontade!

Desistindo de discutir com ele, olhei em volta atrás de qualquer coisa que poderia servir como plano para conseguir a chave que estava com Lilian a todo segundo. Nenhuma ideia de conseguir a chave me veio a mente, entretanto, arrumei uma forma de como poderíamos distrair os seguranças e conseguir arranjar um jeito de conseguir a chave.

Usaríamos o velho truque do som desconhecido, chamando a atenção de um segurança e atrair os outros para uma direção oposta numa forma muito comum de distração. Não era bem a minha melhor ideia, mas poderia funcionar e assim, arrumar uma chance pelo menos de conseguir o que precisávamos.

- No meu sinal, ok? – avise a Sam dando um selinho nele. Bom, um último beijo caso alguma coisa desse errada.

Ele sorriu com meu ato antes de se dirigir para onde realizaríamos nosso plano. Esperei que todos os seguranças estivessem atentos a qualquer movimento suspeito, pois eu precisava deles assim para que desse certo.

Do outro lado, Liliam continuava ao celular discutindo até que em um momento ela acabou se levantando da cadeira em que estava e desaparecendo para um local, o qual não pude ver onde era, pois uma parede estava bem a minha frente.

Engatinhei até atrás de uma parede longe o suficiente de onde Sam estava e de onde o som sairia, assim, não haveria possibilidade de eles me encontrarem. Sentei-me encostando minhas costas na parede fria com um bom campo de visão de onde Sam e os seguranças estavam, pois poderia visualizar exatamente o que aconteceria. Sam olhava na minha direção esperando o tão aguardado sinal, sempre atento para qualquer movimento meu.

Esperei mais alguns segundos até que os dois seguranças estivessem atentos, porém com a atenção colocada em outro ponto, sem ser eu e Sam.

E então, sem pensar duas vezes, assenti positivamente na direção de Sam indicando que aquele era o sinal para agir.

Agora!

Sam usou toda a força que pôde com o braço forçando uma tábua alta que ia do chão até o teto desabar em um corredor longe de onde eu estava. O som fora alto o suficiente para que chamasse a atenção dos dois seguranças e ainda, de mais um que aparecera de onde Lilian sumira.

 Eles olharam de uma forma curiosa na direção de onde viera o barulho e em segundos, um deles foi na direção de onde Sam estava. Senti uma pontada no peito pelo medo de que o segurança pudesse fazer algo ruim a Sam, mas ouvi outro som estranho, um baque abafado como se atingisse roupas pesadas de alguém. Tremendo de medo, rezei para que o som fosse de Sam atingindo o segurança no momento em que ele o encontrara.

Os outros dois que estavam ao lado de onde Liliam desaparecera começaram uma longa discussão sobre o que fariam a seguir. Aguardei que se movessem para que eu pudesse agir, porém eles demoravam demais. Até que, finalmente, um deles fez um sinal com a cabeça para que o outro o seguisse.

Como podem ser tão burros?

Esperei que estivessem o mais distante possível e avancei em passos largos e rápidos até o local onde havia algumas coisas da sala de Liliam no internato. Haviam muitas coisas sobre a mesa, desde papéis a outros objetos usados por ela. Achei folhas e mais folhas, porém ao abrir e puxar alguma coisa abaixo de uma das gavetas da mesa, ouvi o som de coisas metálicas se chocando. Empurrei a tábua pequena que cobria o local e encontrei uma pequena caixa triangular recheada de chaves usadas pelas portas da prisão.

Agora, meu único obstáculo era descobrir qual, em meio á tantas chaves poderia ser a que eu precisava para abrir o cadeado que segurava a porta de onde os alunos estavam.

Droga. Pensei enquanto revirava a caixa triangular atrás do que parecia a chave daquele cadeado enorme e prateado que mantinha os alunos presos. A maioria delas eram douradas por conta das grades da cela, porém, entre as muitas haviam duas grandes no fundo da caixa e eram prateadas assim como o cadeado.

Tinha que ser uma delas.

Peguei as duas chaves mesmo e as coloquei em meu bolso antes de começar a correr para longe dali antes que alguém me visse. Porém, durante o caminho, ouvi uma sessão de passos seguindo rapidamente em minha direção. O problema, era que vinham de todos os lados, deixando-me confusa de para onde eu iria.

Eu estava encurralada.

Minha respiração ficou agitada e tive que me concentrar para poder agir antes que pudesse ser pega. Os passos se tornavam cada vez mais constantes e próximos e minha indecisão de qual corredor continuar, estava me impedindo de fugir. Segurei firme as duas chaves entre meus dedos dentro do bolso e fechei os olhos me preparando para dar de cara com Lilian.

Questionei-me do fato de o porquê a vida sempre me testar, deixando-me em situações tão desafiadoras como aquela. É bom eu ter uma vida mais que normal quando sair daqui! Pensei comigo mesma.

De forma repentina, Sam aparecer do nada puxando-me pelo braço e colocando-me para trás do muro onde corremos o mais rápido possível até onde os alunos estavam. Agora estávamos ainda mais próximos para encontrar as pessoas e finalmente conseguir sair dali.

 Exausta, parei no meio do caminho para retomar o fôlego antes que desmaiasse.

- Da próxima vez, - respirei fundo. – chegue mais cedo, por favor.

- Mas eu cheguei, não cheguei? – ele sorriu abraçando minha cintura. – Vamos, temos que salvar os alunos.

Sam me deu um beijo rápido nos lábios e interrompeu o mesmo, puxando-me novamente pelos pulsos na direção do corredor maior onde as vozes de minha prima e de todos se confundiam em uma só.



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Notas finais do capítulo

Filme de terror, não?



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