O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

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O choque tomou conta de mim mediante aquela cena – Lilian com a faca entre os dedos e um grande sorriso mal estampado em seus lábios. A lâmina roçava perigosamente próxima a pele do pescoço de Jes, ameaçando perfurar. Por um momento, a imagem de Lilian da mesma forma, porém atingindo a faca contra o peito de meu pai, causando uma morte lenta e dolorosa, sua expressão vitoriosa e o olhar de meu pai se esvaindo. Senti que poderia desabar ali mesmo se não me controlasse.

Mas, por conta do choque, estava impossível fazer qualquer coisa que fosse controlada.

- Lilian, solte ela. – falei calmamente palavra por palavra sempre olhando-a no rosto. Lembro-me de ter assistido à alguns filmes com assassinatos em que o policial dizia daquela forma com o assassino, então, apenas reproduzi a cena do meu próprio jeito. – É a mim que você quer, não Jesse.

Liliam, ainda com o olhar assassino sobre mim, respirou fundo parecendo perceber o erro que estava prestes a cometer, então bem lentamente, soltou Jesse, quem veio correndo para me abraçar. Sam segurou Jes pelos braços tentando acalmá-la, mas ela já soluçava de tanto chorar, provavelmente muito assustada com o que acabara de ver.

Continuei no mesmo lugar, encarando Lilian nos olhos esperando que dali, pudesse existir um brilho mais consciente e não apenas o mortal e assassino. Porém, estava exatamente igual – assustador e ameaçador.

- O que descobriram? – disse ela num desespero confuso e perturbador. – O que acharam? Quero detalhes.

- Você só vai saber daqui dois dias. Esse foi o trato.

Eu estava ainda mais firme que ela, quem parecia desesperada demais para ligar para seu comportamento.

Lilian se manteve da mesma forma, parecia alheia a qualquer coisa que não se referisse ao dinheiro e quando acharíamos. Dois seguranças estavam muito bem colocados ao lado da porta, com os olhos grudados em nós impedindo qualquer chance de escapar. Ao lado de Lilian, o mesmo que nos chamara estava de braços cruzados e o cenho franzido por conta da cena. Ele, provavelmente, estava ainda mais confuso que nós por Lilian estar tão desesperada daquela forma.

Pela primeira vez, estávamos numa posição de vantagem em relação a ela.

- Então continuem a busca. – murmurou mudando completamente sua expressão. – Quero ver esse dinheiro em minhas mãos daqui dois dias, Srta. Overton, sem mais nem menos. Não tentem me enganar. Como já sabem, meu segurança estará de olho em vocês, por isso, não aprontem nada.

Sam assentiu por mim antes de puxar Jes e eu para fora da sala, para que não passássemos mais nenhum segundo perto da diretora psicopata. Quando já estávamos do lado de fora, deixei que meu corpo deslizasse pela parede até que ele encontrasse o chão. Jes fez o mesmo, com uma expressão exausta pelo o que acabara de acontecer.

- Você está bem? – sussurrei para Jes sentada ao meu lado.

Jes apenas assentiu, soltando o ar como se o prendesse por muito tempo. Parecia exausta, com a respiração ofegante e suava um pouco por causa do medo e de todo o nervoso que passara.

- Ainda bem que deixamos as coisas no seu quarto, Mel. – disse Sam a nossa frente. – Ela não pode nem desconfiar que achamos a carta de seu pai e a pá, isso a faria ficar ainda mais desconfiada.  É melhor vocês duas voltarem para o quarto e dormirem um pouco, daqui algumas horas já começam as aulas. Amanhã de manhã nos vemos e tentamos resolver isso.

Sam me ajudou e Jes a nos levantarmos e nos levou até nosso quarto. Tudo parecia estar um pouco borrado por conta do sono, mesmo que eu não estivesse tão exausta quanto Jesse, quem andava com um pouco de dificuldade e tocava várias vezes na área de seu pescoço que esteve próxima da faca. Ela abriu a porta com um chute nada delicado e se jogou na cama, enquanto fiquei do lado de fora com Sam, quem tinha uma expressão pensativa.

- O que vamos fazer agora? – perguntei encostando-me na porta. – Já temos a pá e onde precisamos cavar, mas isso não parece ser uma grande pista.

- Na próxima noite, vamos tentar cavar no túmulo sem que nenhum segurança ou aluno veja. – disse ele. Só por enquanto, vamos deixar a Jes fora disso, acho que ela está muito assustada.

- Eu sei. – murmurei. – Bom, vou tentar dormir um pouco e nos vemos nas aulas, ok?

- Tudo bem. Tente parecer o mais normal possível, ouvi dizer que têm pessoas pelo internato dizendo que estamos tentando fugir. – Sam fez uma careta. – Essas pessoas acreditam em tudo que ouvem.

- Como se isso fosse novidade. – brinquei. – Alguns, até hoje, ainda acham que você matou alguém para estar aqui ou só fez alguma outra coisa muito errada. Sabe como são os fofoqueiros, acreditam em tudo que imaginam.

Sam deu de ombros, só mostrando o quanto aquelas opiniões não tinham valor nenhum para ele. Antes que eu pudesse continuar, Sam roubou um beijo meu e saiu cantarolando baixinho pelo corredor do dormitório feminino antes que alguém pudesse aparecer e vê-lo ali.



Pode-se dizer que nossa sala estava completamente bagunçada enquanto os alunos esperavam que um professor de biologia aparecesse, quem estava do outro lado do corredor e parecia muito entretido com sua conversa. August ou a estava ao meu lado desenhando algo que parecia-se muito com uma réplica perfeita do rosto de Carly. Quando percebeu meu olhar sobre o desenho, ele fez uma careta e desviou a folha para bem longe de mim. Rindo com sua atitude, voltei minha atenção a própria Carly em pele e osso, quem ria por causa de um grande desenho feito com caneta preta no rosto de Anny. A ruiva reclamava com Carly como se nem percebessem a falta de Jes.

Na verdade, perguntaram-me sobre ela quando entrei na sala sem Jesse ao meu lado, mas depois de minha explicação que Jes havia ficado doente, resolveram não tocar mais no assunto.

- Na minha opinião...

- Ninguém quer saber sua opinião, Roman. – cortou Carly revirando os olhos e rindo com todos.

- Eu só ia dizer que...

- Ela quer matar aula. – interrompeu Anny jogando uma bola de papel nele. – Você sempre diz isso. Por isso digo que se amam.

Roman deu língua e tentou desviar sua atenção de volta para August, quem voltara a desenhar tranquilamente seu meu olhar curioso sobre o desenho.

Continuamos nossa conversa por mais algum tempo, até eu sentir meu celular vibrando no bolso. Claro, eu não podia nem pensar em atender, pois os fiscais estavam vigiando a porta com muita atenção e me expulsariam se percebessem minha atenção ao aparelho. Percebi que era apenas uma mensagem, pois havia vibrado apenas uma vez, então bem lentamente, tirei o celular do bolso e por baixo da cadeira, li a mensagem.

Tudo pronto para hoje a noite? Eu queria mesmo que essa noite fosse mais romântica, mas como temos “escavações” a fazer... vamos deixar para quando sairmos do North England. Esteja lá 23h.  – Sam

A parte sobre as escavações fora um pouco engraçada, afinal, Sam conseguia ser irônico mesmo quando estávamos sobre ameaças e indo cavar em um túmulo. Fiquei pensando em como ele disse sobre querer uma noite mais romântica e não consegui conter um sorriso. Se não estivéssemos passando por uma época muito difícil, eu estaria com alguém incrível como Sam, alguém que, finalmente, se importava comigo.

As aulas da tarde foram mais rápidas do que o normal, o que foi bom já que pudemos ir embora mais cedo. Cheguei ao quarto a tempo de ver Jesse arrumando algumas coisas no quarto e escondendo de uma forma ainda melhor a carta e a pá que estavam dentro do baú no porão. Ela sorriu distraidamente e voltou para sua cama para tirar mais alguns minutos de sono.



- Já achou alguma coisa? – perguntei entediada apenas assistindo a Sam cavando rapidamente sobre o túmulo. Eu sei que estava sendo chata, mas aquelas escavações estavam demorando mais do que achei.

E bom, não sou um exemplo de pessoa paciente.

- É a décima vez que você me pergunta isso, Melanie. – disse ele um pouco irritado. – Nem achei o caixão da mulher ainda.

Sam estava suando muito, gotículas de suor deslizavam por seu rosto e braços, encharcando um pouco sua camiseta branca lisa. Ele parecia muito cansado, mas quando me propus para ajudar, Sam me afastou lentamente dizendo que a parte com a lógica seria o que eu faria e que era para deixar a parte difícil com ele. Não que eu estivesse reclamando, porém estava me sentindo uma inútil sentada ali.

Ele continuou cavando, jogando a terra bem ao lado do túmulo para que quando achássemos a tal pista, pudéssemos colocar tudo em ordem como se nem tivéssemos passado por ali. A terra não acabava mais e eu já estava com as pernas um pouco sujas por causa disso e tinha que passar as mãos toda a hora para tirar a sujeira.

Ele continuou cavando até que ouvimos um som quando a pá bateu no chão. Havia algo ali e eu só precisava tirar uma fina camada de terra para poder ver o que era. Sem me importar muito, limpei a sujeira com as mãos mesmo, afastando a terra e alguns pedaços de plantas até finalmente encontrar o que poderia ser o caixão, pois era marrom e com alguns detalhes em dourados em algumas pontas. Porém...

- Mas o que...? – perguntei confusa.

Sam me ajudou a puxar o objeto quadrado e um pouco pesado para fora do buraco e retirando um pouco da terra que ainda o cobria, impossibilitando nossa visão do objeto. Era muito grande e pesado, tanto que tivemos que coloca-lo o mais rápido no chão, pois parecia que arrancaria meu braço sem muita dificuldade. Limpei a terra que ainda cobria a base vendo que aquilo era uma caixa.

- Parece aqueles caixotes usados antigamente quando a pessoa queria guardar algum objeto de valor ou com alguma importância muito grande. Minha avó tinha um desse, mas eu não sabia que colocavam junto ao caixão da pessoa.

Sam verificou o cadeado que trancava a tampa do caixote e com um movimento rápido – o qual me assustou – ele conseguiu arrancar o cadeado e jogá-lo a alguns metros de distância. Quando terminou de assistir à sua própria façanha, deu um sorrisinho brincalhão e me pegou encarando-o séria.

- Você tem mesmo que parar com isso – murmurei vendo-o apenas dando de ombros.

Abri a tampa lentamente evitando a terra que caia teimosamente sobre minha calça clara e fazia muita sujeira. Dentro do caixote, tivemos uma surpresa, a qual eu realmente não estava esperando encontrar.

- Isso são...

- Documentos. – terminei.

Tirei da caixa uma pilha de documentos, muitos deles eram extremamente antigos, já outros eram mais atuais. Entre eles, haviam registros de nascimento de parentes de Lilian, por conta do sobrenome e outros, apenas com nomes desconhecidos.

- Documentos e mais documentos. Tem um aqui que parece um registro de nascimento e... uma carta. Não, um bilhete, na verdade. – murmurei levantando o bilhete para mais perto, pois a letra era minúscula.

“Se vocês já acharam isso, é porque estão muito perto de encontrar a próxima pista. No registro de nascimento que encontrarão aqui, há um nome de um integrante da família Mean que ainda está vivo. Precisarão dele para continuar a busca. Mas fiquem atentos, talvez a próxima pista, estará fora dos limites que achavam estar. - John Overton.”

- Um Mean por aqui? – perguntou Sam. – Achei que todos os parentes de Lilian estivessem mortos por causa dela. E o que ele quis dizer com “limite”?

Engoli um seco.

- Acho que entendi, Sam. – murmurei. – Vamos ter que sair dos limites do internato. Meu pai... meu pai quer que nós dois tentamos fugir do North England.



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Notas finais do capítulo

Tadinha da Jes :c



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